2009/05/06

Velha Europa

A velha europa, sempre agarrada ás suas velhas tradições, quer agora controlar o acesso à internet, dando a possibilidade dos fornecedores venderem pacotes, como o que acontece com o acesso ás televisões por cabo. Se quer aceder a determinados sites, terá de pagar mais. Toma lá! Basta pensar que em países pouco desenvolvidos, como Portugal, canais como o ARTE ou o Mezzo, quando estão disponíveis (porque por vezes nem sequer constam), fazem sempre parte do "pacote" mais caro, e que o valor dos "pacotes" de televisão por cabo são, nesses países, em termos relativos, e frequentemente absolutos (nominais), substancialmente mais caros que nos países mais desenvolvidos. A velha europa há-de andar sempre a anos-luz dos EUA, e os "cérebros" hão-de continuar a preferir os EUA, pois a velha europa nunca se há-de conseguir libertar dos seus tiques controladores* e das suas tradições obsoletas.

"Um operador pode cobrar tarifas diferenciadas a alguns sites para os incluir no seu pacote ou então cortar o acesso a determinado serviço (exemplo: uma empresa que é também detentora de uma rede de telemóveis corta o acesso ao Skype, que é um serviço concorrente). Ou pode pura e simplesmente exercer censura."

* exceptuando os bancos, que têm feito o que querem sem qualquer controle eficaz. Basta olhar para os casos dos portugueses BPP e BPN.


Conselho Europeu derrotado

Na sequência do texto aqui publicado ontem, é bom informar-vos que o Parlamento Europeu (PE), reunido em Estrasburgo, acaba de decidir, numa emocionante e complexa votação em que os dois grandes grupos políticos e o Conselho Europeu foram derrotados, que as operadoras de internet ou as autoridades administrativas não poderão cortar o acesso de internet aos utilizadores sem uma prévia decisão judicial, respondendo assim positivamente às propostas de inúmeros movimentos de cidadãos utilizadores da internet.

O PE aprovou uma emenda adoptando “o princípio de que, na falta de decisão judicial prévia, não pode ser imposta qualquer restrição aos direitos e liberdades fundamentais dos utilizadores finais, previstos, designadamente, no artigo 11º da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, em matéria de liberdade de expressão e de informação, salvo quando esteja em causa a segurança pública, caso em que a decisão judicial pode ser ulterior“.

Esta posição tinha sido subscrita pelos grupos GUE/NGL, IND/DEM, Verdes/ALE e alguns liberais, bem como pela Comissão parlamentar responsável, e era apresentada contra uma posição de compromisso negociado entre o Conselho e os dois grandes grupos políticos que constituem a maioria do parlamento, os socialistas do PSE (onde se inclui o PS português), e o PPE/DE (onde se incluem os nossos PSD e PP), a que se tinha associado o grupo liberal ALDE.

Tudo estava preparado para que esta emenda dos pequenos grupos nem sequer fosse sujeita a votação, já que a lista de voto preparada pelos serviços previa que se votasse antes o compromisso do PPE/DE + PSE e que a emenda dos grupos mais pequenos fosse considerada prejudicada pelo voto antecedente. Isto aliviaria os deputados dos grandes partidos da responsabilidade de terem votado contra um direito fundamental dos utilizadores da internet, o que em véspera de eleições é sempre problemático.

A primeira batalha era, pois, a alteração da ordem do voto. No meio da discussão, os liberais informam que decidiram na véspera à noite, por maioria, retirar-se do acordo com o PPE/DE e o PSE, o que acrescentou algum dramatismo à situação. Vota-se e a alteração da ordem da lista de voto foi aprovada. Ganho este ponto, e tendo sido solicitado pela esquerda que o voto sobre a sua emenda fosse registado nominalmente, não havia mais forma de os deputados dos grandes grupos fugirem à questão.

Procedeu-se então ao voto e a emenda foi aprovada com 407 votos a favor e 57 contra. O PE acabava de rejeitar o compromisso estabelecido para segunda leitura pelos dois grandes grupos políticos com o Conselho Europeu. Em consequência, a Directiva não foi aprovada e entra agora numa nova fase do processo legislativo chamado de conciliação.

Foi uma importante vitória, mas nada está definido; o assunto continua em aberto e a merecer a nossa atenção nos próximos meses.

Nota: mas que credibilidade tem uma europa cujo conselho e os principais partidos representados no seu parlamento apoiam uma proposta daquelas?


Apoio à corrupção

Este governo veio permitir a adjudicação, por ajuste directo nas empreitadas de obras públicas, para contratos até 5 150 000 euros. No parlamento, foi aprovada legislação que permite que os donativos aos partidos, em numerário, possam atingir valores superiores a 1.250.000 euros.

As leis portuguesas sempre foram permissivas com a corrupção. Agora, apoiam-na descaradamente.


Sócrates projectista

A Concelhia da Guarda do PCP divulgou hoje um comunicado onde "lamenta" o arquivamento do inquérito ao caso dos projectos de obras assinados por José Sócrates na década de 1980.

Depois de uma denúncia apresentada pelos vereadores do PSD na Câmara da Guarda, o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Coimbra mandou arquivar o inquérito aos projectos de obras assinados pelo actual primeiro-ministro por considerar que os eventuais crimes já prescreveram.

Em nota hoje enviada, o PCP local "lamenta o arquivamento de um processo que exigia uma investigação séria e aprofundada e que as leis sejam de tal modo permissivas que impeçam que os suspeitos de corrupção da gestão pública sejam investigados e punidos".

A concelhia também lastima que "a maioria PS, na Câmara Municipal da Guarda, perante tão graves acusações, tenha apenas nomeado uma comissão interna para averiguar suspeitas que envolviam directa ou indirectamente o presidente" da autarquia, o socialista Joaquim Valente.

A estrutura comunista recorda que nunca se pronunciou sobre o assunto porque "estava no âmbito dos Tribunais", só o fazendo agora, após ter conhecimento da decisão do DIAP.

O despacho do DIAP de Coimbra justifica a decisão quanto ao processo, referente a procedimentos internos do município da Guarda para aprovação dos projectos, recordando que "decorreram mais de dez anos sobre a data dos factos em apreciação, o que importa, por força da lei, a extinção do respectivo procedimento criminal, por efeito da prescrição".

O mesmo entendimento é tido quanto à autoria dos projectos e em relação a um eventual "crime de favorecimento pessoal" devido à circunstância do actual autarca ter nomeado uma comissão interna que elaborou um inquérito relativo aos procedimentos verificados na altura. in dn.pt, 12 de Maio


Um banqueiro amigo de Sócrates

O fundador do Banco Privado Português (BPP), João Rendeiro, terá pago despesas pessoais relacionadas com processos judiciais, com dinheiro de uma "offshore" pertencente ao próprio banco, segundo um relatório da Deloitte encomendado pela actual gestão do banco. A denúncia, a confirmar-se, indicia um acto doloso de gestão ruinosa.

Na sua avaliação ao BPP, em relatório datado de 2009, os auditores dão conta de um conjunto de factos que, a provarem-se, indiciam irregularidades especialmente graves, no quadro do artigo 211 do Regime Geral das Instituições de Crédito, envolvendo alegadas falsificações de contabilidade e inexistência de contabilidade organizada; e actos dolosos de gestão ruinosa em detrimento dos depositantes, investidores e credores. E, a confirmarem-se, podem ainda indiciar crimes de branqueamento de capitais.
...
Contactado para comentar as suspeitas que pendem sobre a sua acção à frente do BPP, João Rendeiro limitou-se a dizer: “Não tenho nada para lhe dizer. Consigo não falo, porque você não merece que eu fale consigo”.

De acordo com o documento a que o PÚBLICO teve acesso, e que já está nas mãos das autoridades, a Deloitte começa por esclarecer que vai apresentar um “conjunto de assuntos que chegaram ao nosso conhecimento no decorrer da presente auditoria e que, pela sua natureza, são da maior importância para avaliar a situação financeira e patrimonial do BPP a 31 de Dezembro de 2008”.

Entre outros pontos ... a auditoria revela ter-lhe sido “comunicado recentemente a existência de offshores, cujos beneficial owner eram entidades do Grupo Privado Holding”, accionista única do BPP, sociedades que eram “denominadas por contas de recuperação”. As offshores “financiavam-se através de emissão de divida que colocavam na carteira de clientes”, tendo como “principais objectivos” proceder ao “alisamento de resultados”, ao parqueamento de posições e ao “pagamentos de bónus à administração e a alguns colaboradores”. in publico.pt, 07.05.2009 - 22h39


Um político amigo de Sócrates

Entrou na política a ganhar quarenta contos e só lucrou quando saiu. Ficou rico com a valorização do grupo de José Roquette e declarou rendimentos superiores a Belmiro de Azevedo. Gosta de poker e diverte-se a ganhar dinheiro. Será pecado? in jn.sapo.pt, 2008-12-02 (título original: O primeiro milhão de Dias Loureiro)


Dias Loureiro mentiu à comissão de inquérito

O ex-ministro Dias Loureiro disse no passado dia 27 de Janeiro à comissão de inquérito ao caso BPN, não saber da existência da Excellence Assets Fund, que permitiu uma compra ruinosa de duas empresas tecnológicas em Porto Rico, da qual resultou um prejuízo de 38 milhões de dólares. O semanário “Expresso”, garante, porém, na sua edição de hoje, que o Dias Loureiro assinou dois contratos onde esse fundo é parte.

“Ou seja, além de ter participado em todo o negócio”, como semanário já tinha divulgado na semana passada, Dias Loureiro “não disse a verdade ao Parlamento, o que é considerado grave, uma vez que as Comissões de Inquérito funcionam com a mesma dignidade que os inquéritos da Justiça”, avança a edição de hoje do “Expresso”.


Um professor amigo de Sócrates

O primeiro-ministro foi arrolado como testemunha de Ana Maria Simões, acusada de corrupção passiva e branqueamento de capitais no caso da Cova da Beira. O processo começou com denúncias de corrupção contra José Sócrates, mas as suspeitas foram arquivadas por falta de provas.

José Sócrates vai ser chamado a testemunhar no julgamento do ‘caso Cova da Beira’. O primeiro-ministro é o primeiro nome da lista de testemunhas de Ana Maria Simões que foi pronunciada pelos crimes de corrupção passiva e de branqueamento de capitais relativamente ao concurso e adjudicação da obra de central de tratamento de resíduos sólidos da Associação Intermunicipal da Cova da Beira no final dos anos 90.

A primeira sessão do julgamento está marcada para o próximo dia 14 de Outubro.

O nome de José Sócrates consta na denúncia anónima que deu origem à investigação judicial do caso Cova da Beira. Quando o concurso da central de tratamento de resíduos sólidos foi lançado (1996), José Sócrates desempenhava as funções de secretário de Estado do Ambiente do Governo de António Guterres, tendo a tutela do Programa Estratégico dos Resíduos Sólidos Urbanos.

Segundo a denúncia, José Sócrates, Jorge Pombo (então presidente da Câmara da Covilhã) e João Cristóvão (assessor de Pombo) teriam recebido dinheiro do grupo HLC a troco da vitória no concurso da Cova da Beira. O Ministério Público considerou que não havia qualquer prova que sustentasse as suspeitas originais, tendo decidido arquivar o processo contra Sócrates, Pombo e Cristóvão.

Ana Maria Simões foi casada com António Morais – também pronunciado pelos crimes de corrupção passiva e de branqueamento de capitais, por alegadamente ter recebido cerca de 60 mil euros de Horácio Carvalho (presidente do grupo HLC), através de uma conta bancária de que era titular, juntamente com a mulher, na ilha de Guernesey (localizada no canal da Mancha e sob jurisdição britânica), para favorecer o grupo HLC.

Ana Maria Simões sustenta na sua contestação apresentada esta semana no Tribunal da Boa-Hora que foi ‘usada’ por António Morais, de quem se divorciou litigiosamente, acrescentando que desconhecia totalmente a existência da conta bancária na ilha de Guernesey até ao momento em que foi confrontada com a mesma, em 2006, pela Polícia Judiciária. António Morais, por seu lado, assegurou ao Tribunal que os pagamentos do grupo HLC estão relacionados com trabalhos que realizou para aquele este grupo empresarial depois da adjudicação da obra da central de compostagem da Cova da Beira.

Em 1996, quando o concurso da Cova da Beira foi lançado, Morais era director-geral do Gabinete de Estudos e Planeamento de Instalações (GEPI) do Ministério da Administração Interna (por nomeação de Armando Vara) e era professor de José Sócrates na Universidade Independente. Já no Governo de José Sócrates, Morais foi nomeado pelo ministro da Justiça para presidente do Instituto de Gestão Financeira e Patrimonial, tendo apresentado a demissão em Janeiro de 2006, na sequência da requisição de uma funcionária sem realização do devido concurso. in sol.sapo.pt, 7 de Maio


PS com Sócrates favoreceu corrupção

Henrique Neto, empresário e ex-dirigente do PS afirmou hoje, em declarações ao Rádio Clube, que o PS de José Sócrates “favorece, facilita ou não combate claramente a corrupção". Neto comentava assim aquela que lhe parece ser a conclusão sobre a recente aprovação da lei do financiamento dos partidos.

“O partido socialista da era Sócrates favorece, facilita ou não combate claramente a corrupção”. Afirmou Henrique Neto.

O ex-dirigente socialista lembra o pacote anti-corrupção apresentado por João Cravinho no passado, que não colheu o apoio do PS, e acusa os partidos políticos de nunca terem desejado a transparência e diz não ter confiança num parlamento que aprovou, por unanimidade a nova lei do financiamento dos partidos. Para o empresário a decisão não prestigiou a Assembleia da República.

“Os partidos políticos, no seu conjunto, nunca desejaram a transparência. A corrupção sempre existiu nos partidos políticos. Agora passa a estar permitida por lei. A minha confiança nas pessoas que fazem leis destas é muito limitada, não apenas no PS. A lei foi votada por unanimidade”, defendeu o empresário. in publico.pt, 07.05.2009 - 10h29


Freeport

Main Discussion Thread



Os MacCann na Oprah

O caso Maddie é de antologia e tem contornos surreais. A última pincelada de surrealidade foi dada por Gerry McCann no programa de Oprah: então viu que a porta não se encontrava na posição em que a deixou (a porta foi deixada "5 graus" aberta, segundo o que Gerry MacCann afirmou no programa da Oprah Winfrey), e não foi verificar se se encontrava tudo em ordem, simplesmente porque as crianças não estavam a chorar?! Depois há aquela "coisa" dos MacCann terem dito que o "raptor" saiu por uma janela (raptor-acrobata, porque seria mais fácil, e levantaria menos suspeitas, sair pela porta), janela na qual a polícia parece ter encontrado impressões digitais unicamente de Kate MacCann.

Por outro lado até parece haver uma coincidência entre a necessidade dos MacCann voltarem a encher o fundo criado supostamente para encontrar Maddie e a nova campanha publicitária a divulgar a virtual imagem de uma Maddie com 6 anos. Claro que todos compreendemos que é mesmo coincidência... mais que não seja para não sermos processados por difamação... Mas aqui vai uma opinião mais contundente:

The entire Madeline tragedy has finally been shown to be an immoral obscene, moneymaking enterprise. Almost daily it seems, there are new sightings reported or old witnesses suddenly remember incidents and observations 8 months down the line that could not be recalled on the day the child vanished, bulletins are rehashed with a different spin by the family spokesperson invariably at the identical moment as fresh, more relevant news is released.

Sobre as sucessivas "teorias" dos MacCann:

The Mccanns latest theory is that Madeleine wandered off out of the apartment, met her abductor and was whooshed away.

That's all fine except here is Sue Healy on TV on 11.05.07 telling the world something quite different, and something everyone, at the time, was quite prepared to believe:

Transcript - Sue Healy : "Kate and Gerry knew immediately that Madeleine, that someone had broken in and taken Madeleine. There was no doubt in their mind. Madeleine would not have left the apartment therefore - she's a little girl of three".

So it's all change now.

Sue was wrong. Brian too probably - maybe thats' why he looks so cross. There were a couple of other Brians, one in Rothley and one in Manchester, who also went along with the smashed shutters and the the whole pedo smash and grab in the apartment thing.

Kate and Gerry were wrong. Renwick was wrong. Philomena was wrong. Corner was wrong. Trish was wrong. Tricky Dicky too (I am pleased to say).

Last but not least the entire worlds media was also wrong and that also includes Mitchell, Hughes, McGuinness, several PR agencies and not forgetting all the politicans in Westminster who so fervently supported the Mccanns including Alex Salmond and Gordy, all their agents, spin doctors, press attaches, communication experts, and anyone else in the UK who gave money to the millionaire Mccanns fund.

This is a bit like an Ocscar acceptance speech. It's very long and very boring but hey some one has to keep a record of the Mccanns and their lies, or they just might get away with it.

One last thought on Sues frank opinions about what Kate and Gerry knew when they found Madeleine gone. That opening line, "Kate and Gerry knew immediately that Madeleine,"...What was she going to say? Madeleine was dead?.. Kate and Gerry knew immediately that Madeleine was dead?


Outras leituras:

Here it is in all it's glorious 32bit realplayer blocky annimation. Grabbed from a Dutch video the clunk translates as "hup" highlighted in the top picture. The hand gesture Kate used was sweeping and extensive, which suggested a slap either to the face or the body.

Her expression immediately thereafter appears quite stern, cold, and errily detatched.

These parental characteristics that Kate is enacting on camera suggest that either Madeleine was, in her eyes, always deserving of a "good slap" or that on the night in question she had been particulary disobedient.


Sistema educativo que gera analfabetos (e corruptos)

ARF – Falámos há pouco na EFTA. O que é que Portugal teria de fazer para atrair investimentos estrangeiros?

Medina Carreira - Não é só estrangeiro. Investimento para produzir coisas que possamos exportar e que possam ser vendidas cá por serem competitivas. Uma economia que possa exportar e que substitua importações. Investimentos próprios para isso. Mas com o sistema educativo que gera analfabetos que não sabem fazer contas o senhor não arranja mão-de-obra. Se o senhor tiver uma burocracia infernal não investe. Ainda alguém me dizia há pouco tempo que tinha um PIN encravado há três anos. Com esta corrupção, com esta justiça que não ataca corruptos mas que condena pilha galinhas, não temos mercado de arrendamento, a lei fiscal não está bem e os tribunais fiscais não funcionam acham que alguém vem investir cá? Para arranjarem uma licença camarária têm de comprar o presidente da Câmara? Isto não é possível.

PERFIL

Henrique Medina Carreira nasceu em Bissau a 14 de Janeiro de 1931. Licenciado em Ciências Pedagógicas e em Direito, frequentou ainda o curso de Economia, que não concluiu. Secretário de Estado do Orçamento no VI Governo Provisório, foi ministro das Finanças entre 1976 e 1978, tendo negociado um empréstimo com o FMI nesse período. in correiodamanha.pt, 03 Maio 2009 - 00h30


Ensino em Portugal é uma intrujice

ARF – O investimento estrangeiro não vem para cá neste estado de coisas?

Medina Carreira - Não. Nós tivemos nos anos 60, 70 um factor de grande atracção de investimento. Foi a nossa entrada para a EFTA e o baixos salários. Como nós podíamos exportar com facilidade muita gente veio investir em Portugal. Muitas coisas que os senhores vêem das manufacturas, das montagens de automóveis, das cabelagens, dos electrodomésticos, do concentrado de tomate, da beterraba, isso veio tudo para aqui nessa altura. Porque o investidor nacional e estrangeiro vinham beneficiar de um factor favorável do ponto de vista do capital que era o salário baixo. Além de outros factores atraentes nessa época. Como a inexistência de sindicatos, ordem nas ruas e essas coisas que atraem o investidor.

LC – Mas o principal factor, os salários baixos, não era o ideal.

- Mas o ideal do ponto de vista da mão-de-obra não é este que se prega aqui. Nós para termos uma mão-de-obra que ganhe bem temos de ter outra escola. Nós não podemos andar a formar analfabetos e depois dizermos para arranjarem empregos bons a esta gente. A gente tem de ir à escola.

ARF – Aumentar a escolaridade obrigatória nestas condições é uma ideia má?

- Teoricamente é uma boa medida. Como mexer na Justiça também seria uma boa medida.

LC – Mas é preciso que a escola seja boa.

- Agora mexer na escola e ficar tudo na mesma não interessa. Se os alunos estiverem lá e são tão bons os bons como são bons os maus, quer dizer, anda lá um número grande a atrapalhar o trânsito, em nome de uma coisa esquisitíssima e que eu não aceito que é a escola inclusiva. Ora, a escola é inclusiva se as pessoas estão lá para aprender. Se não estão para aprender têm de ir para outro sítio. Um estádio de futebol, põe-se lá toda a gente aos pontapés na bola. Agora, na escola só pode estar quem queira aprender. Mas isso tem de ser aferido. Nós temos todos os anos de verificar se eles aprenderam.

ARF – Têm de ter exames, não é?

- Fazer exames. Nós temos de ter programas decentes, feitos por intelectuais, por artistas, por técnicos. Nem sei quem é que os fez. São uns programas horríveis, os manuais são de fugir. E depois inverte-se tudo. Nós não podemos ter professores a ensinar bem se os alunos nem os ouvem. O senhor pode arranjar 200 mil catedráticos que não consegue ensinar esta gente. Porque eles não querem aprender. Oitenta por cento dos que estão lá não querem aprender. Bons são sempre bons. Quando nós éramos crianças também havia bons e havia maus. E havia uns médios e estes estudavam por causa dos exames.

LC – Seriam a maioria.

- Isso foi ontem, é hoje e será na próxima geração. Agora não. Temos os bons que eram bons e temos o resto. E como não há exames nunca chega a ocasião para estudar. Portanto isto é uma falsificação. O ensino em Portugal é uma intrujice. Uma intrujice cara. E depois inverte-se isto. Vamos avaliar os professores, nem sei quais são os critérios. No estado em que aquilo está parece-me uma tontice, mas não se avaliam os alunos. Isto tem pés e cabeça? Isto é de uma sociedade de gente com juízo?

ARF – Esta nossa escola é uma certa escola, que dura há anos e anos.

- É uma escolinha. Não é uma escola, é uma escolinha. É um grupo de gente que está a praticar um crime gravíssimo que vai liquidar uma geração. Se não mais. Mas a próxima geração maioritariamente está liquidada. As pessoas não aprendem a língua. Nós pensamos em português. Se a gente não sabe bem português não pensa bem. Nós não sabemos fazer contas, nós não sabemos geografia. Se perguntarem a um rapazito qualquer onde é que é Washington não faz ideia nenhuma, é capaz de dizer que é na Ásia.

LC – Acha que a geração que vai estar no mercado de trabalho daqui a dez , vinte anos vai ser pior?

- Vai ser cada vez pior. Porque está a enraizar-se esta decadência do ensino. O ensino está numa decadência profunda. idem


Gangrena

LC – Muito bem. O que temos em cima da mesa é um primeiro-ministro chamado José Sócrates, uma líder do PSD chamada Manuela Ferreira Leite e depois temos os outros partidos. Qual é a solução para sair desta situação que acaba de nos relatar?

Medina Carreira - Eu acho que é muito difícil sair da situação porque os partidos estão gangrenados. Os partidos não trabalham em função de valores, de ideologias, de objectivos, de programas. Os partidos trabalham em função do assalto ao Orçamento. Porque o Orçamento dá para colocar os amigos, dá para fazer negócios.
...
ARF – Não perceberam que vivem em Portugal?

- Não. Porque cada um tinha uma concepção. António Guterres era palavreado. A política de Guterres era saber quantos por cento do PIB iam para a Educação. O que se fazia com os tais por cento era indiferente. Este que está lá agora, o José Sócrates, é um homem de espectáculo, é um homem e circo. Desde a primeira hora. É gente de circo. Eles prezam o espectáculo. Porque eles não percebem que os problemas não se resolvem com espectáculo. E prezam o espectáculo porque querem enganar a sociedade, para sobreviver. E sobreviver para continuar a tomar conta do dinheiro do Estado, para pôr os amigos e negociar com os amigos.

ARF – Mas o tacho tem um fundo.

- Pois tem. Foi o que o Estado Novo não percebeu. Que aquilo tinha de acabar e estes se calhar vão perceber tarde demais que isto tem de acabar. Porque se nós continuarmos num nível de empobrecimento relativo isto não vai dar um bom resultado.


Rico país...

2,2 mil milhões perdidos em negócios militares

A execução dos projectos de investimento estrangeiro obtidos com a compra de equipamento militar para as Forças Armadas é um autêntico fiasco: a meio do prazo de aplicação dos contratos de contrapartidas desde 2002, os fornecedores só cumpriram ainda com 22 por cento da verba total prevista, de 2,9 mil milhões de euros. Em plena crise económica, mais de 40 empresas portuguesas correm sérios riscos de perder oportunidades de negócio no valor de 2,2 milhões. A situação é tão grave que a própria Comissão Permanente de Contrapartidas considera "já inexequível" o programa dos submarinos, onde está por cumprir 75 por cento do contrato. in correiodamanha.pt, 04 Maio 2009 - 02h11


Portugalinho: o regresso da PIDE (2)

Em dez anos, João Ubaldo Ribeiro foi duas vezes censurado, no nosso País, por um zeloso vigilante da moral. O grupo proprietário da cadeia de supermercados Jumbo, voltou a pôr, no seu Índex privado, A Casa dos Budas Ditosos, por sinal um belíssimo romance. Acusação: o livro "é um produto pornográfico". Ubaldo é baiano, escritor importante, viveu em Portugal, e já foi distinguido com o Prémio Camões, valha isso o que valer. Em condições outras, a extraordinária proibição suscitaria, entre os "intelectuais" portugueses, um alarido de protestos, de abaixo-assinados, de repulsa, e a comunicação social seria levada a transformar a vergonha em causa.

Nada disso aconteceu. Os "intelectuais" portugueses andam tão exaustos de escrever livros maus, de participar em colóquios ridículos, debates patéticos, conferências inúteis no estrangeiro, que são indiferentes às minudências da solidariedade para com os seus camaradas. Neste caso, a João Ubaldo Ribeiro.

Que abstrusos critérios levaram alguém do Jumbo a apontar à execração o romance do brasileiro? Que conceito de "pornografia" possui o pequeno Torquemada de supermercado? E de que extraordinário poder dispõe, que iluminada noção de valores contém, com que espírito superior foi bafejado para assim atirar pedras a uma obra literária editada em numerosos idiomas? E, sobretudo, quem é ele? Esse "ele" não tem nome, como aqueles blogues que insultam, injuriam, mentem, caluniam com absoluta impunidade. Esse alguém, misterioso e, certamente, crudelíssimo, de olho feroz e ânimo comprometido com as trevas, usa uma "agência de comunicação" para revelar as suas tristes decisões. Não dá a cara: é um esboço de pessoa, um ser vago, estéril, arfante de gozo como todo o censor que se preza.

O romance foi proibido no supermercado e - insisto - que fizeram os nossos desenvoltos "intelectuais"? Limitaram-se ao silêncio que tem sido a capa da cobardia na qual se envolvem. Nelson de Matos, o editor, diz que tem recebido solidariedade de "gente grada". Ninguém sabe, ninguém viu, como se canta no samba. Essa "gente grada" também não tem nome? Protesta por sussurro? Telefona-se com cauta indignação e voz baixinha? Então, e a APE, e a SPA, também andam meio aladas?

Ao longo dos últimos vinte anos temos assistido à mais vil das demissões daqueles que deveriam arriscar o ónus da sua pretendida importância. Habita, neste mutismo miseravelmente defensivo, uma viscosa e esgueirada indignidade. Claro que é uma imprudência, um perigo, um desafio alguém afrontar os poderes que se constituíram como as estruturas da sociedade. Porém, há ocasiões em que os "intelectuais" têm de estar à altura das circunstâncias - as próprias e as históricas. Baptista-Bastos, dn.pt, opinião, 6 de Maio (título original: Os ausentes da indignação)


Vasco Granja (1925-2009)

Não obstante todas as piadas que fizemos a propósito do programa deste homem, nunca saberemos o quanto lhe devemos em termos da formação da nossa sensibilidade estética. Era a diferença, era a surpresa de programa para programa, era o reconhecimento da animação como cinema... e nunca isso nos impediu de esperarmos todas as semanas pelo programa, desejosamente.

Obrigado, Vasco Granja! in artedoperigo2.blogspot.com, 6.5.09


English Translation