2005/04/13

SÃO CARLOS COM O MESMO ORÇAMENTO QUE A GULBENKIAN?!


Pode ler-se em bajja.blogspot.com no artigo "O cancelamento de parte da temporada em São Carlos":

"O S. Carlos leva a cabo 4 ou 5 produções por ano, com 4 ou 5 récitas de cada uma. Não existe qualquer itinerância ou mesmo récitas populares (coliseu, etc.) que levariam as suas produções a um auditório muito alargado. Assim, o seu orçamento, só equivalente ao do serviço de música da Gulbenkian (e compare-se a actividade...) ou ao total do orçamento do IA, para todas as áreas!!! (teatro, música, dança), embora proveniente das contribuições de todos os cidadãos, é gasto num plano de actividades de uma irrelevância incontornável, já que a acção do Teatro apenas afecta uns 2000 portugueses. É muito, muito grave e começa a ser altura de alguém dizer que o rei vai nu."


Isto a ser verdade (ainda me custa a crer que um teatro de ópera de vigéssima categoria tenha um orçamento igual ao da Gulbenkian que é a oitava maior fundação europeia, que mantém a única temporada de música de nível internacional em Portugal e que não depende um cêntimo dos dinheiros públicos) exige algumas medidas imediatas. A saber:

1- Desvinculação da Orquestra Sinfónica Portuguesa da Fundação São Carlos. Esta orquestra que poderia ser uma boa orquestra tem vindo sucessivamente a ser destruída pela política dos responsáveis do São Carlos. A orquestra deve passar para a tutela directa do secretário de estado da cultura e de uma vez por todas deve ser ordenada à fundação do ccb (tantas fundações "públicas" para expoliarem o que os portugueses pagam de impostos...) que esta orquestra passe a utilizar a tempo inteiro as suas instalações, passando a orquestra residente.

2- Declaração de falência da Fundação São Carlos com a respectiva extinção.

3- Organizar um corpo heterogéneo de consultores para estudar e apresentar projectos para uma nova companhia de ópera, projectos a serem submetidos a debate público entre as partes interveninentes e os "críticos", "comentadores", "melómanos", políticos, etc. Não me parece pertinente a existência de uma companhia de ópera sem ser ser bem definido um projecto claro e consistente fundado sobre uma filosofia descentralizadora para a única companhia de ópera suportada com dinheiros públicos.


Um governo pode ter ou não coragem para governar contra as expectativas de alguns. Mas deve pelo menos ser capaz de impedir que os impostos dos cidadãos sejam totalmente espoliados em conjunturas nas quais nem há montanha nem há rato mas sim absurdidades que transcendem o rato e a montanha.


Nota: Uma regra básica do jornalismo é a das duas fontes: uma informação deve ser confirmada pelo menos através de duas fontes diferentes, coisa que não fiz neste caso. Em conversa com o ex-ministro da cultura Pedro Roseta, este demostrou-me o seu cepticismo em relação à veracidade da informação acima veículada e informou-me que uma parte do orçamento da ministério da cultura é cativo, isto é só pode ser disponibilizado pelo ministro das finanças. Daí as últimas peripécias do governo Santana em que a secretária de estado da cultura dizia haver todo o dinheiro necessário para a temporada do S. Carlos ser totalmente levada a efeito e o director do Ipae garantir que não. Evidentemente que não existiam as verbas porque o ministro das finanças não as tinha disponibilizado e o despacho da sec não teve qualquer efeito na libertação das mesmas.

Quanto à comparação dos orçamentos, o blog referido não diz se nele (no da Gulbenkian) estão incluídos os gastos fixos com a orquestra, o côro e a companhia dee dança (que está tutelada pelo serviço de música) ou é "únicamente" o orçamento respeitante aos artistas convidados.

No que diz respeito à descentralização, e nisto Pedro Roseta esteve de acordo comigo, existem já por todo o país salas com fosso de orquestra que permitem a apresentação de óperas, coisa que aliás tem acontecido com as companias do "ex-leste" que fazem digressões para ganharem "o pão nosso de cada dia". Ast



Uma saudação

"Desta vez tive tempo para visitar a sua página, com interesse e proveito. Tentei deixar um comentário no blog, mas não consegui. Por isso envio esta mensagem de felicitações. Cumprimentos do João Bosco Mota Amaral"