2007/04/14

Doutores e engenheiros

Uma universidade privada portuguesa funcionava tão mal que teve de ser encerrada! Com a avaliação do ensino superior, em Portugal, a funcionar "pouco" e com consequências práticas mínimas, seria de prever outra coisa? E sobre as universidades públicas portuguesas onde existem "doutorados" que vêm das universidades espanholas, com diplomas passados pelas próprias universidades, que não têm qualquer valor em Espanha, e não podem ter valor nem em Portugal nem em qualquer outro país signatário do Tratado de Bologna? Evidentemente que também os há nas privadas. Mas não são as universidades públicas que, em Portugal, estão acima de qualquer suspeita? Claro que se pode, e deve, desconfiar das universidades espanholas que passam, ou passaram, diplomas sem validade. Mas, já agora, que tal os doutoramentos que acontecem nas universidades portuguesas, onde os membros dos júris são-o a convite do(s) orientador(es) do(s) candidato(s) a doutor(es)? Alguma coisa impediu que muitos desses doutoramentos tenham sido um autêntico "bluff"? Isto é muito importante: são as universidades quem supostamente desenvolve a investigação nos países "atrasados", onde as empresas privadas nela não investem, exceptuando a indústria farmacêutica que vende sempre bem os novos cosméticos e produtos de beleza... Os doutoramentos são espaços onde, por natureza, a investigação se sistematiza e teoriza. Com um enquadramento universitário que não impeça doutoramentos-bluff, "não vamos lá".

Na edição de 13 de Abril do "Semanário", António Garcia Pereira, na página nove, demonstra que as políticas "anti-sociais" do governo de Sócrates não estão a aumentar a "produtividade". Mas seria muito interessante que a imprensa portuguesa, na sua visível ânsia em "queimar" José Sócrates, não se esquecesse das supostas "pressões" sobre o gabinete de José Manuel Durão Barroso, feitas por Valentim Loureiro, um muito obscuro empresário português, ex-dirigente do partido de Barroso, e de instituições do futebol, agora a braços com processos judiciais, "pressões" exercidas quando Durão Barroso foi primeiro-ministro de Portugal. Antes de abandonar o "barco" para ir para presidente da Comissão Europeia, deixando o país aos cuidados de Santana Lopes...

A realidade, é que o "caso das habilitações do primeiro-ministro" relegou para segundo plano casos "sérios", como o da lei das incompatibilidades para os titulares de cargos autárquicos e regionais. A lei das incompatibilidades para os detentores de cargos políticos locais e regionais, foi finalmente aprovada pelo parlamento da nação. Logo a seguir, o dr. Jardim, presidente da Madeira, afirmou estar determinado em não a cumprir. Tudo devido ao respeito pela autonomia. Que talvez valesse a pena ser re-discutida, visto que a sua evocação serve para justificar tudo. A Madeira é de um arquipélago constituído por uma ilha habitada, outra semi-habitada, e algumas desertas. Um arquipélago total e absolutamente auto-suficiente... No universo da realidade virtual... Na ilha habitada, existem um pai e um filho, deputados pelo partido do governo, que são simultaneamente proprietários de empresas que vendem serviços ao próprio governo. Porque raios e coriscos iriam aplicar uma lei que vai acabar com uma dourada coutada familiar, numa carnavalesca república das bananas, que tem sido bem adubada tanto pela UE como pelos "néscios" do continente? Claro que com tanto "adubo" se "galvaniza" o "povo" e se consegue manter o poder ao longo de 30 anos (ou mais), porque a actual lei o permite, com toda a engrenagem bem "oleada" e todo o funcionarismo submisso e fiel ao "chefe". A Madeira é o retrato extremo do que pode ser o "poder local" em Portugal.

O "caso" da licenciatura do primeiro-ministro José Sócrates, que ocupou Portugal durante largas semanas, constará nos manuais de "como se trama um primeiro-ministro em alta nas sondagens de opinião". Sabemos que ter um diploma ou não, é, na realidade, pouco relevante. Todos nos lembramos bem do "engenheiro a sério", diplomado pelo Instituto Superior Técnico, com média de 18, que foi primeiro-ministro e deixou o país "de tanga" (a expressão não é minha).

Se se verificaram, como muitos ainda insistem em afirmar, "anomalias" na licenciatura de Sócrates, seria bom que isso fosse exposto claramente, porque, no fundo o que está em causa é a formação superior e universitária, que é um dos "pilares" fundamentais para a economia e para o aumento da "produtividade". Deveria ser igualmente explicado como outros políticos adquiriram as respectivas licenciaturas, alguns deles com uma rapidez muito pouco habitual. AST


Nota: Os racistas são estúpidos demais para perceberem que os imigrantes criam riqueza. Seguramente que quem vive do "rendimento de inserção social" não são os imigrantes. Quem esbanjou, em jipes e vivendas, os milhões dos subsídios que a UE mandou para Portugal, não foram seguramente os imigrantes. A culpa de Portugal ser um dos países mais atrasados da Europa, e estar a ser ultrapassado pelos que entraram recentemente na UE, também não deve ser dos imigrantes... Mas nem é esse o caso. O caso é que a publicidade de ideias racistas deveria ser simplesmente proibida. Tal como na Alemanha é crime a negação do holocaustro, o mesmo deveria acontecer em Portugal em relação à publicidade das ideias fascistas e racistas. Portugal tem um passado de regimes totalitários e de colonialismo, e é um país onde o analfabetismo funcional de parte substancial dos seus habitantes não lhes permite compreender claramente o que o resultaria se as políticas dos racistas fossem colocadas em prática: um país muito mais fechado e monótono, um país com a violência e a estupidez institucionalizadas, um país medieval, ridicularizado e isolado pelo mundo "civilizado". Teríamos outra vez o portugalinho do "doutor Salazar", figura profundamente desprezada em todo o mundo que ainda tem uns poucos de adeptos em Portugal... Teríamos outra vez o portugalinho da ordem imposta pela PIDE, o portugalinho da ignorância, da miséria e da brutalidade. O portugalinho das fardas verde-oliva da mocidade portuguesa... Que seria o modelo para toda a escumalha neo-nazi, mas ficaria completamente emparedado entre o mar e Espanha. Olhando para a realidade, não me parece de todo que nos esperem, de novo, nem o portugalinho opressivo e opressor do doutor Salazar, nem a negra ibéria fascista, isolada da Europa pelos Pirinéus, e do resto do mundo pelos mares e oceano. Claro que, nessa virtual e surrealista realidade, em que os fascistas conseguiam os governos ibéricos, teriam, esses governos, de devolver todo o dinheiro, com juros, que a Europa investiu numa península ibérica de democracia e liberdade. Complicado... Muito complicado... E, evidentemente, nesse contexto, a Catalunha e o País Basco, com o apoio activo da UE, romperiam com Espanha, de que ainda fazem parte. Os fascistas portugueses, e os do lado, não estão a ver mesmo nada bem...

Uma coisa é certa: para impedir que a gentalha da extrema-direita ganhe influência entre os que mais sofrem com o "sistema português", os pobres e os "remediados", o governo tem de conseguir elevar o nível de vida dos portugueses e reduzir o leque de desigualdades que, em Portugal, é terceiro-mundista. Coisa que só se consegue com um aparelho fiscal eficiente, com um combate cerrado à corrupção, e com um aumento da produtividade, que passa por elevar a educação, a cultura, a disciplina e as capacitações das novas gerações. Não por tentar impôr um novo estatuto aos jornalistas, que os consegue reunir unanimemente na rejeição do mesmo, e muito menos por mover processos a quem exerce a liberdade de opinião!









A rádio Europa Lisboa recorda, este Domingo, dia 15, o genocídio de 6 milhões de judeus pelos nazis. in http://jazza-memuito.blogspot.com (14 Abril 2007)