2009/03/30

Um país aberrante

Em Portugal, resultado das pedagogias "modernas", os alunos insultam e agridem os professores e aterrorizam os colegas mais fracos. Em Salou, na Catalunha, há um hotel que, devido ao estado em que os alunos portugueses deixaram os quartos, se recusa a receber mais excursões de portugueses, segundo informação contida no jornal Correio da Manhã, edição impressa de 30 de Março.

Em Portugal, alegadamente devido aos "direitos individuais" (que de resto são permanente violentados nas escolas, onde professores e alunos são molestados, o mesmo acontecendo na sociedade que resulta desse tipo de escola), o PS e o PSD não aceitam que quem demonstra um estilo de vida além daquilo que o que legalmente ganha lhe permitiria, tenha explicar como arranjou os bens ou o dinheiro para os comprar. Qualquer um que os tivesse ganho de maneira legal não teria qualquer problema em dar essas explicações. Mas para o PS e o PSD tal exigência não é aceitável.

Dois exemplos do comportamento aberrante dos tugueses, digo portugueses, a que assisti:

O pianista Artur Pizarro teve de interromper um recital devido ao telefone de um sujeito que tocou 4 (quatro) vezes, sujeito que acabou por atender e falar alto durante alguns minutos!!! Nada incomodou o bronco (que vai a concertos "eruditos"), mas no final uma advogada (portuguesa obviamente...) falou em processar o Artur por ele não ter tocado tudo o que estava anunciado no programa. Eu gostaria muito que ela o tivesse processado: o Artur reside em Inglaterra, parte do julgamento seria em Inglaterra, e seria mais uma oportunidade dos por-tugueses mostrarem ao mundo como de facto são.

Um dia fiz a enorme asneira de pedir a artistas que colaboravam comigo para tocarem umas obras "modernas" numa "vernissage" de uma galeria de arte, em Lisboa. Os ilustrados ouvintes passaram o tempo a falar enquanto os artistas (dos melhores musicos portugueses que na altura viviam em Portugal, acrescente-se) tocavam. Fi-los parar e declarei que aquele comportamento dos (não) ouvintes era uma tremenda falta de respeito face aos excutantes e ao compositor, que felizmente não estava presente. Um "erudito" replicou que eu devia aceitar que os artistas tocassem com as conversas a decorrer *. Que a minha atitude revelava "pouca pedagogia"... Evidentemente que num lugar habitado por gente (erudita...) desta natureza casos vergonhosos como o Casa Pia teriam de acontecer.

* o sujeito afirmou que deviam ser os executantes a conquistar os ouvintes que falavam... Eis um bom exemplo da pedagogia rasca portuguesa que diz que deve ser a qualidade a conquistar a mediocridade, em vez de serem os mediocres a trabalharem para conseguirem atingir alguma qualidade.

Basicamente está-se a criar (a criar... ou já está criado?) um país de párias, corruptos (as leis ajudam: crimes sim, mas por acto lícito, isto é, "crimezinhos" que todos, ou quase todos, os políticos cometem... em Portugal, claro!) e imbecis, um país com passado (longínquo), mas sem presente nem futuro. Na capa do jornal Público de 30 de Março, vem a notícia de que num referendo realizado na Ilha de Mayotte 95,5 por cento da população preferiu perder a independência e integrar-se totalmente na França. Seria interessante se fosse feito um referendo idêntico em Portugal, perguntando aos portugueses se querem integrar-se em Espanha ou se preferem continuar assim.


Nota: evidentemente que grande corrupção rima com off-shores, mas foi o governo Sócrates quem não aceitou as propostas de João Cravinho para avançar com medidas eficazes nessa frente. Para já não falarmos no novo Estatuto dos magistrados, através do qual o governo de Sócrates pretende acabar com a independência do poder judicial em relação ao poder político, que é um dos pilares fundamentais que caracterizam um regime democrático. Num país corrupto tudo fica sob suspeita, desde os projectos e empreendimentos económicos até à política cultural, onde os artistas "oficiais" são os escolhidos pela teia mafiosa que domina todo o sistema.


O exemplo vem de cima

Eis um ditado popular portuguesmente cristalino, que se tem aplicado sobeja e amplamente... O que o ditado deveria dizer era: os "de cima", governantes, gestores e outros que tais, encontram-se obrigados ao bom exemplo.

Dou obviamente como adquirido que os políticos, porque têm as suas vidas mais expostas à devassa pública, estão obrigadas a regras de comportamento e de carácter mais rigorosas que o comum dos cidadãos


As portuguesas de "élite"

"meninas mais afectadas e estúpidas jamais vistas em qualquer país bárbaro". Cartas de William Warre, in Público P2, 29 Março, pag 10


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2009/03/29

Arquivar o caso Freeport?

O arquivamento do processo Freeport, no todo ou em parte, está a ser discutido pela hierarquia do Ministério Público, e os magistrados que lideram a investigação têm sido pressionados para fechar o caso. A palavra final vai pertencer a Cândida Almeida, coordenadora do DCIAP, e a Pinto Monteiro, procurador-geral da República. in Correio da Manhã, 29 de Março

Se isto acontecer (um arquivamento por encomenda) Portugal arrisca-se a entrar em grandes e sérias convulsões e Portugal não tem nem robustez económica nem consistência social para aguentar isso. Sócrates deve compreender que a sua carreira política chegou ao fim. Retirar-se da vida pública com a dignidade possível, sem se fazer passar por vítima de uma imensa e complexa cabala internacional, seria o caminho normal em qualquer parte do "mundo civilizado".


Sócrates e Costa citados nas pressões

Os nomes de José Sócrates e do ministro da Justiça, Alberto Costa, foram referidos nas conversas entre o procurador Lopes da Mota e os magistrados que investigam o caso Freeport. O CM sabe que os dois magistrados Vítor Magalhães e António Paes Faria mantiveram pelo menos dois contactos com Lopes da Mota na semana em que o assunto foi discutido. in correiomanha.pt, 04 Abril 2009, 02h10

Quem tinha dito que o ministro Alberto Costa não fazia nada? Claro que faz!


O ex-bastonário e os seus clones

O ex-bastonário da Ordem dos Advogados perora na TVI sobre investigações e provas. O mais espantoso é o tom do senhor que diz que é natural que os portugueses estejam confusos com a complexidade da questão, particularmente com a questão da prova. E depois, doutoral, começa a explicar aquilo que para ele é claríssimo e só nós por estranha falta de subtileza não percebemos. Há anos que esta loucura dura: uns clones do dr. Rogério Alves criaram um enredo legal que apenas serve as suas contas bancárias e dá um substancial jeito a quem tem poder e meios para os contratar. A clivagem entre os portugueses e a sua justiça é total. No fim disto somos tratados como parvos porque não percebemos a subtileza da coisa. De facto deve existir um algures subtil para explicar que nos casos de corrupção os corrompidos e corruptores tenham de autorizar a gravação das conversas que os incriminam. Nas próximas semanas é de esperar este desfile de especialistas para explicarem que não existem provas, que as provas que existem incriminam o contínuo que deixou entrar uma pessoa que não devia para uma reunião qualquer, que ninguém está sob investigação… e todos aqueles que não perceberem isto arriscam-se a levar um processo porque duvidar disto é não ter confiança na justiça portuguesa.


Terá de ser devidamente estudado

Sobre o caso Freeport é possível dizer de tudo: que tem sido moroso, que não se compreende por que é que não se ouviu pessoas há mais tempo, por que são tão arrastadas as perícias e por aí adiante. Este caso, por tudo o que envolve, terá de ser devidamente estudado, e isso há-de ter o seu tempo. No curto prazo, porém, muitos se interrogam sobre o que fazer com esta investigação, dada a potencial contaminação do ciclo político e eleitoral que envolve.

Sendo isto um problema do País, não é maior do que aquele que teríamos caso não se resistisse à tentação de embrulhar uma solução rápida, como um arquivamento que resulte de uma qualquer filigrana jurídica sobre uma eventual prescrição. Cozinhar um arquivamento apressado seria, mais uma vez, dar um profundo golpe na independência do Poder Judicial.

Qualquer decisão mal amanhada que venha a ser tomada nos próximos dias, para arrumar o caso antes de chegar o ciclo eleitoral mais em força, será uma forma enviesada de demolir a integridade da investigação criminal. Isso aconteceu, pela primeira vez, no ‘Apito Dourado’, com o vergonhoso afastamento dos coordenadores da investigação, e depois no processo Maddie. Deixar que uma coisa parecida ocorra, desta vez por despacho do Ministério Público, será um ataque brutal à sanidade do regime, que já é aquilo que se sabe...


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2009/03/26

Lógica da batata

"Os salários dos gestores portugueses não impedem que a nossa produtividade seja baixa. E se reduzirem os salários dos gestores portugueses a nossa produtividade não vai aumentar. O mais provável é que diminua e que eles emigrem para a Alemanha."

Vão para a Alemanha? Lavar pratos?! Porque suspeito que a Alemanha passa bem sem portugueses gestores a gerirem as suas empresas... Mas há algo curioso nesta frase de um "liberal" português (só podia): diminui-se-lhes os salários desproporcionados e absurdos num país pobre e atrasado como Portugal, e eles, os gestores portugueses, reduzem os resultados. O melhor mesmo é deixá-los ir para a Alemanha... Aqui vai um exemplo do tipo de gestão praticada pelos "brilhantes" gestores tugueses, perdão portugueses: a metáfora da maçâ podre e do pomar são...

Nota: depois da divulgação do conteúdo do vídeo de que todos falavam, que em Portugal não é prova mas constitui prova em Inglaterra e em muitos países desenvolvidos, Sócrates deve afastar-se do governo e dedicar-se a provar a sua inocência (já que insiste estar inocente). A sua permanência no governo como primeiro-ministro é vergonhosa para o país e coloca Portugal na situação de Estado pária com um chefe de governo sob a suspeita de ter praticado actos de corrupção, para além das polémicas da licenciatura, que muitos continuam a achar que foi forjada, e da sua antiga actividade como desenhador de casas com poucas preocupações estéticas e ambientais. O facto de Charles Smith vir dizer que nunca se referiu negativamente em relação a Sócrates depois de ouvirmos o contrário nas gravações só demonstra que algo lhe mete muito mêdo, coisa que não abona mesmo nada a favor de Sócrates. Há também uma história qualquer de abate de sobreiros e um empreendimento turístico, que começou no governo de PSD/PP mas acabou no governo de Sócrates... Já basta haver um conselheiro de Estado sob suspeitas várias, mas como não é um cargo executivo e não possui qualquer poder político efectivo (para além de estar completamente desacreditado e em risco de acabar na prisão quando perder a imunidade), a situação não é tão grave nem tem tanta visibilidade internacional. Curiosamente o conselheiro de Estado sob suspeita foi quem escreveu o prefácio a um livro que chamava Sócrates de menino de oiro...


No país do cinzentismo crónico

No editorial do Público de 26 de Março, chama-se "cobardes" aos que partiram uns vidros da casa de Fred Goodwin. Fred Goodwin é um terrorista económico que conduziu aos desemprego 20.000 pessoas, obrigou à nacionalização de um banco que vale 20% do PIB português, e garantiu para ele mesmo uma "reforma dourada" (mas ainda assim mais baixa que aquelas que alguns dos "brilhantes" gestores tugueses, perdão portugueses, garantiram para eles mesmos em instituições que não valem um "chavo" quando comparadas com o RBS). Num mundo justo, Goodwin e similares não andavam por aí à solta. Na verdade sujeitos como Goodwin podem causar tanto dano ao mundo e às pessoas como os terroristas tradicionais. Como é dito no mesmo editorial, um sindicalista francês suicidou-se ao compreender que não ia evitar o desemprego de 80 dos trabalhadores que representava. Esta vaga de desemprego foi causada pelos terroristas económicos que andaram a indexar os seus prémios de "produtividade" a ganhos trimestrais devidos a truques financeiros, que eles sabiam perfeitamente não terem correspondência na economia real. São uns chicos-espertos sem escrúpulos que nunca almejaram um crescimento consistente mas somente os ganhos de curtíssimo prazo que lhes garantiam prémios de dezenas de milhões, para além de honorários fixos milionários e outras mordomias. Num mundo justo esta gente não só não andaria à solta como já teriam contribuído para o amenizar da pobreza que causaram com a totalidade dos seus bens pessoais. Quando um editorialista de um suposto diário "referência" chama cobardes aos que tiveram a coragem de expressar com grande visibilidade mundial a indignação de milhões, estamos perante gente que ou faz o jogo dos terroristas que destruiram a economia mundial, ou assim escrevem porque são simplesmente portugueses correctos... Eu pessoalmente nunca me empenharia em atirar pedras a vidros, ou ao que quer que fosse. No entanto não posso deixar de reconhecer a coragem daqueles que expressando a indignação de milhões de pessoas que estão a sofrer os actos de terroristas como Fred Goodwin, arriscaram a sua liberdade num acto fútil mas simbólico (na Inglaterra partir vidros com intrusão numa propriedade privada pode resultar em prisão efectiva). Só a imprensa de um país cinzento, ultrapassado e em decadência, poderia chamar a esses "voluntaristas" de cobardes.


Jornalismo acinzentado

Lê-se no Público de 26 de Março, na página 26: "O jornal britânico The Daily Telegraph até já concedeu honras de primeira página a esta antiga apresentadora de televisão", referindo-se a Christine Kelly, provável futura ministra do governo Sarkozy.

O que aparece no diário britânico? Uma enorme foto da jornalista em biquini com os peitos bem delineados, encabeçada pelo título "Sarkozy's new minister". No texto por baixo da imagem diz-se que Kelly é bem conhecida por posar em biquini. Se Sarkozy é uma vez mais ridicularizado, nomeadamene quando diz que Kelly é não só atraente como está em contacto com o mundo actual (qualquer rapariguinha que pose em biquini e coloque as fotos no facebook também estará...), de Kelly fica a imagem de quem vai subindo na vida devido a outros dotes que não exactamente os intelectuais. No fundo é a França que é ridicularizada pois trata-se do presidente francês e de uma futura ministra. A isto a imprensa de um país cinzento e acrítico chama "honras de primeira página".

Muito pior foi quando outro jornal que se acredita uma "referência" no país cinzento, elevou a herói um bufo português que era pago pelos nazis para espiar as movimentações das embarcações dos aliados. A informação avançada como "história" pelo cinzento diário era falsa: aquilo que o bufo português não pôde transmitir aos nazis (porque entretanto foi preso pelos aliados) não só não foi fundamental, como se escreveu no cinzento jornal, como nem sequer foi muito relevante para a vitória dos aliados.

Nota: os ingleses podem gozar os franceses mas a verdade é que os islâmicos radicais estão em Inglaterra, têm nacionalidade britânica, estão cada vez mais radicais (apesar do governo britânico ter retirado o holocaustro dos curricula das escolas para não ferir as susceptibilidades islâmicas) e na primeira oportunidade farão explodir o Reino Unido. Os muçulmanos franceses são moderados (limitam-se por vezes a queimar uns carros, o que até dinamiza a indústria automóvel francesa...) e têm orgulho em serem franceses. O resto é conversa da treta à portuguesa com pitadas de humor inglês com pouca piada.


Sócrates: um rapazinho português *

Alan Perkins: O que desencadeou a acção da polícia? A queixa era sobre corrupção...

Charles Smith: O primeiro-ministro, o ministro do Ambiente é corrupto.

Alan Perkins: Quando tudo estava a ser construído qual era a posição dele?

Charles Smith: Este tipo, Sócrates, no final de Fevereiro, Março de 2002, estava no Governo. Era ministro do Ambiente. Ele é o tipo que aprovou este projecto. Ele aprovou na última semana do mandato, dos quatro anos. Em primeiro lugar, foi suspeito que ele o tenha aprovado no último dia do cargo... E não foi por dinheiro na altura, entende? Isto foi mesmo ser estúpido...

Alan Perkins: Quando foram feitos os pagamentos? Como estava em posição de receber pagamentos se aprovou o projecto no último dia do cargo?

Charles Smith: Foram feitos depois. Ele pediu dinheiro a dada altura, mas não...

Charles Smith: João, foi aprovado e os pagamentos foram posteriormente?

João Cabral: Certamente... Houve um acordo em Janeiro. Eles tinham um acordo com o homem do Sócrates, penso que é em Janeiro.

Charles Smith: Sean (Collidge) reuniu-se com o tipo. Sean reuniu-se com funcionários dele, percebe? Sean e Gary (Russel) reuniram-se com eles.

Alan Perkins: Houve um acordo para pagar?

Charles Smith: Para pagar uma contribuição para o partido deles.

Charles Smith: Nós fomos o correio. Apenas recebemos o dinheiro deles. Demos o dinheiro a um primo... a um homem...

Alan Perkins: Mas como o Freeport vos fez chegar esse dinheiro?

Charles Smith: Passou pelas nossas contas

Alan Perkins: Facturaram ao Freeport, ok?

Charles Smith: Ao abrigo deste contrato. Era originalmente para ser 500 mil aqui, desacelerámos, parámos a este nível, certo? Isso foi discutido na reunião, lembra-se? Ele disse: «Nós não queremos pagar». Se ler esse contrato, diz aí que recebemos três tranches de 50, 50, 50... Gary disse: «Enviamos o dinheiro para a conta da vossa empresa».

* para não confundir com o filósofo


Porque não se devem salvar os bancos

Criou-se uma espécie de consenso segundo o qual os bancos têm de ser salvos senão o mundo vai abaixo. Há que dizer que este mito foi inventado pelos conselheiros e assessores financeiros dos governantes. Quem são os conselheiros financeiros de Gordon Brown, que anda a dar a volta ao mundo tentando convencer o mundo a disponibilizar quantidades pornográficas de dinheiro para salvar o "sistema"? Um dos seus conselheiros mais proeminentes foi Fred Goodwin, o homem que destruiu o RBS mas que garantiu para si mesmo uma reforma dourada, que agora está a causar escândalo e indignação generalizada. Claro que com estes conselheiros e assessores a mensagem será sempre: o "sistema" tem de ser salvo custe o que custar. Com o dinheiro dos contribuintes, evidentemente.

No entanto o "sistema" não tem salvação: os valores que foram aplicados em derivativos (esse truque financeiro criado pelos bancos para conseguirem lucros grandes e rápidos) e "activos tóxicos" (empréstimos insolventes) excedem largamente a quantidade de dinheiro disponível em todo o mundo. Lançar dinheiro para salvar os bancos é lançar dinheiro num poço sem fundo. Paul Krugman, entre outros, já avisou que o pacote de triliões que Obama prepara não vai resultar. Tem razão. Dar dinheiro aos bancos é deitar o dinheiro fora, garantindo, claro, as reformas milionárias de quem destruiu o "sistema".

Dar dinheiro aos bancos é fazer duplamente de idiotas os contribuintes: 1º diz-se-lhes que sem essas injecções de dinheiro o sistema vai entrar em colapso, quando na verdade o sistema já está em colapso. 2º depois de os convencer que têm de pagar, subtrai-se dos cofres públicos quantias absolutamente inimagináveis de dinheiro que davam para pagar as dívidas de todos os que estão a ser postos na rua por falharem as prestações das casas e ainda sobrava dinheiro para distribuir aos que não têm casa própria para aquisição de habitação, aliviando-os de rendas frequentemente inflaccionadas, e às empresas, produtivas e viáveis no longo prazo, que estão em dificuldades, no sentido de estimular o consumo e fazer sentir às pessoas que o Estado existe em função delas e não dos banqueiros e "gestores". Quanto às apostas em derivativos é dinheiro perdido. Quem andou a apostar nesses produtos de lucro fácil e rápido, mas de elevado risco, sabia que podia perder tudo. O Estado não tem que lhes dar rigorosamente nada. Se salvar esses também tem de salvar os jogadores de casino e todos os jogadores que perderam dinheiro. É impensável, e ridículo, não é?

Há aqui algo de profundamente imoral pois está-se a tentar fazer pagar aos mesmos de sempre os erros dos que deles se têm aproveitado para que tudo volte ao "normal". Isso não pode acontecer. Isso não vai acontecer. O governador do banco de Inglaterra já disse que o país não tem mais dinheiro para salvar bancos. O encontro dos G20 vai ser um acto falhado porque ninguém, excepto os EUA (que têm os seus próprios timings e não andam a reboque da Inglaterra, antes pelo contrário...), vai considerar seriamente o "plano" de Brown. Por mais que custe aos grandes banqueiros que se andam a reunir com Gordon Brown, nada vai ficar como dantes. Na verdade, por bem menos já aconteceram guerras terríveis. É verdade que grande parte das populações estão embrutecidas por sistemas de ensino que as conduziu à ignorância, à estupidez e à total incapacidade reflexiva. É fácil convencer gente assim. Apesar das dificuldades continuam anestesiadas pelo futebol e pelos dramas das estrelas inventadas por televisões que trabalham no registo que corresponde exactamente ao nível intelectual (he, he, he) dessas populações. Mas será demasiado ingénuo pensar-se que, com o agudizar da situação económica a estádios nunca vividos anteriormente por gente habituada à relativa prosperidade do pós-guerra, esta gente continuará eternamente colada às televisões e a chorar as (verdadeiramente) suas estrelas (de) cadentes. Muitos já despertaram da letargia televisiva para o mal pois alguns sistemas de ensino transformaram-os em ignorantes que começam a manifestar sinais de racismo e nacionalismo. Há que pensar que a história da Europa foi sempre uma história de guerras e atrocidades. A paz na Europa é algo recente. Não é uma abstracção e muito menos um dado adquirido. É simplemente uma construção que figuras ilustres da história (que já não se estuda no ensino básico público em Inglaterra e é desleixada em países menores, felizmente poucos, que lhe seguem as pisadas) conseguiram com génio e brilhantismo.


English Translation

2009/03/13

Iannis Xenakis - Psappha
Performed by Steven Schick

2009/03/10

Free Tibet
Ver o Sol aos quadradinhos

Mario soares diz que (*) devem ser todos presos mas é testemunha de jardim gonçalves.Vá lá a gente perceber esta gente

(*) os corruptos


Simplesmente aos quadradinhos

Neste momento, começa a ser difícil descrever o caso BPN só em palavras – temos de recorrer à graça peculiar que a banda desenhada sugere. Alguns dos nomes dos protagonistas parecem fadados para histórias aos quadradinhos. Leio que alguém, sintomaticamente chamado ‘Caprichoso’, recusa falar na comissão de inquérito. Outro, designado por ‘Comprido’, revelou ter a memória em estado directamente oposto àquele com que foi baptizado e limitou-se a dizer “não me recordo”, “não tenho presente”. Há notícia de que um tal ‘Fantasia’ comprou os terrenos do futuro aeroporto de Alcochete pouco antes de a Ota ser abandonada.

Seria bom que surgisse um António ‘Indiscreto’ ou um Jorge ‘Linguareiro’ para ver se a história era deslindada de uma vez.


Estranha ideia de vida

O Vaticano condenou a interrupção da gravidez de gémeos de uma menina brasileira de 9 anos, justificada pelos médicos por aquela ser muito miúda de corpo (36 kg) e ter sido violada pelo padrasto. A gravidez, para além de resultar de um crime abjecto, colocava a vida da menina em sério risco.

Agora o Vaticano voltou a protestar. Desta vez, contra os apoios que Obama decidiu dar à investigação com células estaminais embrionárias. Segundo especialistas, estes estudos poderão conduzir à descoberta de cura para doenças hoje fatais.

O Vaticano jura que está a defender a vida. Na minha balança de valores, deixar morrer aquela menina e os muitos milhões que sofrem de diabetes e de Parkinson é esvaziar o próprio conceito de vida. E isso é um crime ainda mais grave.


Fim de ciclo

O sistema de gestão que permitiu aos presidentes das empresas ganhar 400 vezes os ordenados médios dos empregados - há duas décadas era 40 vezes mais - minou qualquer possibilidade de cortes fiscais para as classes mais abastadas. Remunerações indexadas aos ganhos trimestrais em vez de indexadas ao crescimento de longo prazo, combinadas com pára-quedas dourados... minou a produtividade.

Pontes para lado nenhum não correspondem à recuperação económica. Têm de existir pontes para ligar actividades económicas entre dois pontos para que o crescimento líquido seja fomentado no longo prazo. Paul Samuelson (Visão - 5 de Março).


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2009/03/06

MaerzMusik Festival

As the international music Festival of the Berliner Festspiele, MaerzMusik not only familiarizes guests with the latest developments in contemporary music, but is also a consistent place of encounter, a much favored rendezvous point for composers, performers, and the public. Presented at the festival between March 20th and 29th will be 10 world premieres and 23 German premieres, with many composers in attendance. Delivering the welcoming address on March 20th at the Haus der Berliner Festspiele will be composer Dieter Schnebel.

The thematic focus on the “American Avant-garde” has succeeded in luring several of the most important representatives of “Minimal und Conceptual music” to Berlin. Composer Ben Johnston – rediscovered to great acclaim in 2008 at the Donaueschinger Musiktage – will attend the German premiere of his String Quartet on March 22nd beneath the glass-roofed courtyard of the Jewish Museum. Steve Reich will be in Berlin to attend a performance of his Drumming (1971) in the Chamber Music Hall of the Philharmonie on March 25th. His most recent composition Double Sextet will be performed on March 27th at the Haus der Berliner Festspiele – a German first performance and a German debut of the Chicago ensemble eighth blackbird. To conclude this concert, the Curtis Ensemble, among others, will perform a work commissioned by MaerzMusik, a trio for clarinet, tuba and cello by Alvin Lucier. This sound artist – famous for his experimental work in the realm lying between art and science – will be present in Berlin for nearly the duration of the festival, and will participate together with Michael Nyman and Steve Reich in a podium discussion on the topic of The American Avantgarde Revisited on March 25th. Also commissioned to compose a piece for MaerzMusik is Christian Wolff. The son of publisher Kurt Wolff, who emigrated to the US in 1941, Wolff is a central figure in the contemporary music scene in the United States and will be present on March 28th for the world premiere of his For 2 Violinists, Violist and Cellist. Performing at the festival conclusion on Sunday, March 29th at the Haus der Berliner Festspiele will be vocal composer Robert Ashley together with the MAE Ensemble Amsterdam.

An Englishman who has been consistently interested in musical events in the USA is composer Michael Nyman – well-known for his film scores, among them the one for The Piano. On March 26th at the Sonic Arts Lounge, he will present his first collaborative work with Carsten Nicolai (alva noto), pretty talk for george brecht.

Composers from Russia will in attendance present at a concert performance on March 22nd beneath the glass-roofed courtyard of the Jewish Museum: Valentin Silvestrov, Vadim Karassikov, Sergej Newski, Boris Filanovski, and Dmitri Kourliandski. Kourliandski, currently residing in Berlin as a DAAD Fellow, will present altogether five works during the festival, including two world premieres.

“Eurasische Schwellen” (Euroasian Thresholds) is the title of the concert scheduled for March 23rd at Radialsystem V. The Nieuw Ensemble of Amsterdam and MaerzMusik have jointly commissioned four compositions, and will be hence presenting the most recent works by Jamilia Jazylbekova from Kazakhstan, Farangis Nurulla-Khoja from Tadzchikistan, Artjom Kim from Uzbekistan, Tigran Mansurian and Petros Ovsepyan from Armenia. All four will be present at their premieres. And of course, French composer Mark Andre, who lives in Berlin, will be in attendance at the world premiere of his orchestral trilogy …auf…, performed in the Large Hall of the Berlin Philharmonic by Sylvain Cambreling and the SWR Sinfonieorchester. (press release)

2009/03/02

Ligetti - Estudi "Galamb-Borong"