2008/01/31

3 x mais que os alemães. Uau!

Em Portugal segundo um estudo da Mercer Consulting, os altos dirigentes de empresas só ganham 32 vezes mais que os seus trabalhadores. É certo que é mais do dobro do que ganham os administradores espanhóis e ingleses e do triplo dos alemães... in Notícias Magazine, 27 Janeiro 2008, pag 82

Deve ser por isso que Portugal está 2 vezes melhor que Espanha e o Reino Unido e três vezes melhor que a Alemanha... Tem lógica!


Juiz impedido de falar

Com esta deliberação do CSM, o Ministério Público, representado no processo pela procuradora Manuela Galego, perde uma das principais testemunhas.

PROCESSO EM SEGREDO

A juíza Amélia Puna Loupo decidiu fechar as portas do julgamento de Paulo Pedroso contra o Estado, apesar de nenhuma das partes o ter solicitado. O CM e outros órgãos de Comunicação Social já requereram que a exclusão de publicidade seja revogada – alegando, entre outras coisas, que o próprio julgamento do caso de pedofilia decorre à porta aberta –, mas até ao momento ainda não houve decisão, uma vez que as partes foram chamadas a pronunciar-se. Enquanto não houver despacho, o calendário de audição de testemunhas também não é público, razão pela qual se desconhece quem serão as próximas pessoas a depor e quando. Certo é que das 40 testemunhas arroladas, pelo menos metade, as escolhidas por Paulo Pedroso, já foram ouvidas – entre as quais o ex-líder do PS Ferro Rodrigues, o socialista António Costa e a mulher do ex-deputado, Ana Catarina Mendes. O julgamento teve início a 7 de Janeiro, no Palácio da Justiça, em Lisboa, e todas as audiências decorreram à porta fechada.

CATALINA ENFRENTA PEDROSO

A ex-provedora da Casa Pia Catalina Pestana é hoje ouvida como testemunha contra Paulo Pedroso. A audição está marcada para as 10h00, no Palácio da Justiça, em Lisboa, e deverá decorrer à porta fechada, apesar dos sucessivos requerimentos da Comunicação Social para que seja revogada a decisão da juíza de excluir a publicidade deste julgamento.

Esta será a primeira vez, desde a divulgação do escândalo de pedofilia, que Catalina estará frente a frente com o ex-deputado, de quem era amiga antes do processo – Paulo Pedroso tem estado presente em praticamente todas as audiências.

O julgamento da acção cível contra o Estado começou a 7 de Janeiro e já foram ouvidas todas as testemunhas de Pedroso. in http://www.correiomanha.pt (2008-01-31 - 13:01:00)





2008/01/27

Barcelona contra o uso de peles (Foto: Albert Gea/Reuters)

2008/01/26

Das Märchen

O acontecimento musical do ano português veio, no meio das expectativas mais elevadas, à luz no Teatro São Carlos de Lisboa, transmitido em directo por esse mundo português fora, com direito a sopinhas e bolinhos no final. Devo dizer que em uma ópera paga pelos portugueses, que do pouco (ou muito) que possuem constam poetas e escritores no mínimo interessantes, se esperaria que fosse trabalhado um texto em português. E não seria difícil encontrar, na poesia ou na literatura portuguesa, algo que funcionasse melhor que o texto escolhido pelo compositor. O conto de Goethe encontra-se traduzido para português por João Barrento. É uma pequena ficção que até se lê bastante bem. Emmanuel Nunes conseguiu transformá-la numa ópera de 4 horas... A maneira como geriu e contextualizou o texto resultou em aquilo que podemos ver (e ouvir).

É verdade que Nunes nasceu em Portugal, mas também é verdade que foi embora na infância, é verdade que não se identifica com Portugal, e tem as suas - boas ou más - razões, é verdade que fala alemão com o filho... Uma ópera alemã paga pelos otários dos portugueses, quase que se poderia dizer... E vem-me imediatamente à memória os alegados 700.000 euros pagos pelo ministro da economia, com dinheiros públicos claro, a um fotógrafo estrangeiro para fazer umas foto-montagens foleiras. Supostamente para promover o país...

Mas vamos ao que há de bom em tudo isto: a falta de dinheiro. É a falta do belo mas perigoso ouro, digo dinheiro, que nos salva de o Emmanuel nos brindar com uma tetralogia, com 4 horas cada parte. Sabem que estou a brincar... Na verdade uma tetratologia salvaria este país do afundamento. Uma tetralogia colocar-nos-ia na vanguarda pós-Stockausen (esse cretino que disse lembrar-se do ex-aluno e compositor Jorge Peixinho mas desconhecer quem é o Emmanuel Nunes). Uma tetralogia livrar-nos-ia definitivamente do especto Saramago/Corghi. Uma tetralogia estabeleceria, finalmente, o Teatro de São Carlos no lugar que lhe compete: à cabeça da inteligencia mundial e Portugal, de novo, a dar mundos ao mundo. AST

Nota: Das Märchen pareceu-me um retalho estilístico com momentos absolutamente brilhantes. Mas a uma ópera não basta ter partes bem conseguidas. Se existe um fio condutor para além do texto, o que pretende ser uma "lógica" musical, deve estar nos cálculos que o Emmanuel Nunes fez e no conceito Leiträume, que é a intersecção das personagens com um ambiente determinado (Leitstimmungen). E que ironicamente pode ter contribuído para a falta de consistência desta ópera como um todo... Em Das Märchen não é audível uma unidade global, elemento essencial em uma obra de arte. Especialmente em uma obra que habite o espectro estético sob o qual vive Emmanuel Nunes.

Nota 2: no tempo de Das Märchen quero lembrar Pli selon Pli, de Pierre Boulez; Requiem für einen jungen Dichter, de Bernd Alois Zimmermann; o solo do camarada Mao em Nixon na China, de John Adams; L'amour de Loin, de Kaija Saariaho com base no livro de Amin Maalouf; Medeamaterial, de Pascal Dusapin; Cries of London, de Luciano Berio, e sobretudo ...sofferte onde serene... de Luigi Nono.


Se em alguma parte do mundo um país tiver uma orquestra juvenil administrada por um chantagista promíscuo, significa que esse país está gravemente doente. Se os jovens dessa orquestra aceitarem as chantagens, não se juntarem para denunciar publicamente o criminoso, ou simplesmente fingirem que nada de anormal está a acontecer, significa que o país não terá um futuro brilhante e que esses jovens não passam e nunca passarão de uma caricatura de artistas. Se pessoas com responsabilidades souberam do que está a acontecer e nada fizeram, significa que esse país, se existe (consta que sim...), necessita de uma limpeza grande e geral.


Em A Capital! Eça dá-nos um retrato caricatural, muito negativo, dos republicanos, num capítulo relativo a uma reunião de um clube republicano da Rua do Príncipe, em Lisboa. in Semanário, 25 Janeiro, 2008, pag 44

Uma instituição de vários séculos de idade não cairia só porque mataram o rei. Havia a ideia de que o País estava numa fase decadente e que a monarquia já não o podia salvar. in Meia Hora, 28 Janeiro, 2008, pag 13








2008/01/23

Ciclo Beethoven

Decorreu no CCB, em Lisboa, um ciclo de piano dedicado essencialmente a Beethoven. Assisti aos últimos três recitais e considero que a iniciativa foi interessante. Stephen Kovacevich, o pianista em quem depositava mais expectativas, na primeira parte do seu recital tocou a Partita BWV 828 de Bach sem nada acrescentar ao que se costuma ouvir feito pelos pianistas. Já nas Kinderszenen de Robert Schumann resolveu comprimir as dinâmicas entre o pianíssimo (ppp) e o piano (p), resultando uma leitura no mínimo bizarra... Na segunda parte ofereceu-nos umas Diabelli Op. 120, de Beethoven, consistentes, apresentando uma leitura depurada e reduzida ao essêncial. Um momento importante deste ciclo. Já Giovanni Bellucci tentou fazer um fogo de artifício com a transcrição por Liszt da 5ª Sinfonia de Beethoven, mas o que conseguiu foi um pedal excessivo que impediu qualquer clareza e uma leitura sem o mínimo de consistência da transcrição, que na prática é uma redução para piano da "5ª Sinfonia", que será eventualmente a obra mais conhecida de toda a "música clássica", transcrição que deveria tocar em casa ou em serões entre amigos - sem querer ofender a memória do grande Liszt - mas nunca em recital. Já na sonata Hammerklavier, do mesmo Beethoven, da qual é apresentado como um "especialista", esteve muito bem. Ou não fosse a sua especialidade... A surpresa veio do mais jovem: Cédric Tiberghien. Fixem este nome porque vai dar que falar*. A par de uma técnica impecável, o artista revelou uma inteligência musical e uma sensibilidade dignas de um grande músico. Foi quem fez o recital mais regular em termos interpretativos e estilísticos, encerrando o ciclo com a mítica Op. 111, a última sonata para piano escrita por Ludwig, a que Cédric deu vida de maneira singular, inspirada e musical. AST *uma maneira de dizer pois o artista já possui uma apreciável carreira internacional.










2008/01/22

Juntas médicas

Atendendo a que existem cidadãos a quem as juntas médicas a que recorreram lhes negaram o direito à situação de reforma, agradeço que Paulo Teixeira Pinto divulgue os nomes dos membros da junta que julgaram o seu caso, a fim de qualquer cidadão recorrer à mesma junta. Luis Ribeiro in Público, 22 Janeiro 2008, pag 42



Pede-se também ao senhor primeiro-ministro que nos explique se o presidente do conselho de administração da Portugal Telecom ganha 185.000 euros mensais, 14 meses por ano, e a ser verdade (consta que é) o porquê de este salário milionário (talvez porque a PT deteve, e ainda detém de certa maneira, o monopólio das telecomunicações em Portugal, prestando serviços mediocres a preços elevados).



Já agora solicita-se ao senhor ministro da economia que explique porque escolheu o fotógrafo Nick Knight para uma acção publicitária sobre Portugal, se acha que fotógrafos portugueses (afinal tratava-se de promover a imagem de Portugal com figuras portuguesas) não podiam fazer melhor (não seria difícil...), e se os honorários de Knight (não contando com os da agência que organizou a campanha) andaram à volta dos 700.000 euros. Também seria interessante que o senhor ministro nos fizesse vislumbrar o motivo de aqueles grandes, enormes, estendais com as foto-montagens de Knight a publicitar Portugal cá dentro. Aparentemente a campanha destinava-se a atrair turistas do exterior...







2008/01/07

Luiz Pacheco

Luís José Gomes Machado Guerreiro Pacheco (Lisboa, 7 de Maio de 1925 — Montijo, 5 de Janeiro de 2008) foi um escritor, editor, polemista, epistológrafo e crítico de literatura português.

Nasceu no seio de uma família da classe média, de origem alentejana, com alguns antepassados militares. O pai era funcionário público e músico amador. Na juventude, Luiz Pacheco teve alguns envolvimentos amorosos com raparigas menores como ele, que haveriam de o levar por duas vezes à prisão.

Desde cedo manifestou enorme talento para a escrita. Chegou a frequentar o primeiro ano do curso de Filologia Românica da Faculdade de Letras de Lisboa, onde foi óptimo aluno (Vitorino Nemésio, na sua cadeira, atribuiu-lhe 18 valores, de 0 a 20), mas optou por abandonar os estudos. A partir de 1946 trabalhou como agente fiscal da Inspecção Geral dos Espectáculos, acabando um dia por se demitir dessas funções, por se ter fartado do emprego. Desde então teve uma vida atribulada, sem meio de subsistência regular e seguro para sustentar a família crescente (oito filhos de várias mulheres), chegando por vezes a viver na maior das misérias, à custa de esmolas e donativos, hospedando-se em quartos alugados e albergues. Esse período difícil da vida inspirou-lhe o conto Comunidade, considerado por muitos a sua obra-prima. Nos anos 60 e 70, por vezes viveu fora de Lisboa, nas Caldas da Rainha e em Setúbal.

Começa a publicar a partir de 1945 diversos artigos em vários jornais e revistas, como O Globo, Bloco, Afinidades, O Volante, Diário Ilustrado, Diário Popular e Seara Nova. Em 1950, funda a editora Contraponto, onde publica escritores como Raul Leal, Vergílio Ferreira, José Cardoso Pires, Mário Cesariny, António Maria Lisboa, Natália Correia, Herberto Hélder, etc., tendo sido amigo de muitos deles. Dedicou-se à crítica literária e cultural, tornando-se famoso (e temido) pelas suas críticas sarcásticas, irreverentes e polémicas. Denunciou a desonestidade intelectual e a censura imposta pelo regime salazarista.

A sua obra literária, constituída por pequenas narrativas e relatos (nunca se dedicou ao romance ou ao conto) tem um forte pendor autobiográfico e libertino, inserindo-se naquilo a que ele próprio chamou de corrente "neo-abjeccionista". Em O Libertino Passeia por Braga, a Idolátrica, o Seu Esplendor (escrito em 1961), texto emblemático dessa corrente e que muito escândalo causou na época da sua publicação (1970), narra um dia passado numa Braga fantasmática e lúbrica, e a sua libertinagem mais imaginária do que carnal, que termina de modo frustrantemente solitário. in http://pt.wikipedia.org (07/01/2008, 22:45h)