2005/06/28

ORÇAMENTOS


Poderá parecer inacreditável se se disser que o Teatro Nacional de São Carlos possuiu um orçamento base superior ao do serviço de música da Fundação Calouste Gulbenkian cuja actividade é conhecida de todos.

É de facto inacreditável porque a Gulbenkian não só tem uma Orquestra residente que faz o que a orquestra daquele Teatro Nacional não faz ou seja concertos regulares fora de Lisboa, como tem uma companhia de dança que também tem uma actividade descentralizadora.
Como todos sabemos a "essência" da programação da Gulbenkian é a temporada de convidados que vão desde solistas de primeiro plano mundial até ao ciclo das grandes orquestras que nos tem possibilitado escutar em Portugal os melhores agrupamentos sinfónicos da actualidade, para já não falar das "divas" do canto que não vão actuar ao São Carlos mas fazem recitais ao longo das temporadas da Gulbenkian. Portanto entre uma e outra instituição não há comparação possivel.

Mas há! Ao nível dos orçamentos... O TNSC tem um orçamento de 15 milhões de euros, um dos quais dado pelo seu mecenas. O serviço de música da Gulbenkian no presente ano deve ter cerca de 14 milhões (que tenderão a diminuir nos próximos anos). Mas na realidade a Gulbenkian conta com substancialmente mais porque há mecenas que a apoiam com milhões de euros? Sem dúvida. A Gulbenkian que conta com rendimentos próprios que lhe permitiriam garantir sem outros apoios toda a temporada preocupa-se em encontrar mecenas que lhe dão muito mais que o milhão que o TNSC consegue. Porque será...

O grande problema é que 14 dos 15 milhões do orçamento do TNSC saem direitinhos do bolso de todos os contribuintes portugueses que não recebem nada em troca. O problema é que o TNSC em termos internacionais é e vai continuar a ser um teatro de ópera de quinta categoria. O problema é que o TNSC apresenta como "grande compositor internacional" um Azio Corghi (que pela terceira vez é convidado a apresentar óperas suas todas baseadas em libretos criados a partir de obras de Saramago) que só o é para alguns italianos e para o director do TNSC. Corghi não é de todo um compositor de primeiro plano na cena mundial. Poderíamos citar dez nomes reconhecidos como compositores históricamente relevantes que Corghi não entraria sequer num grupo alargado a vinte.

Se compararmos, por exemplo, o trabalho e o interesse público das actividades desenvolvidas pela Orquestra Metropolitana de Lisboa, que conta com uma excelente academia de música, com a actividade e o interesse público da temporada do TNSC concluiriamos, sem ter de recorrer a números, que a OML é imensamente mais importante para o país que o TNSC. Poderiamos também referir como exemplo a Sinfonietta de Lisboa que recebe do estado uma quantia ridícula e que não faz menos concertos que a Orquestra Sinfónica Portuguesa (que na prática é orquestra do TNSC o que é uma anacronia pois esta orquestra deveria andar a fazer concertos por todo o país em vez de estar adstrita à programação do S. Carlos).

Interessante seria compararmos o montante total que o Instituto das Artes tem para apoios aos agrupamentos musicais, de dança e teatro de todo o país com os gastos fixos do TNSC (pois se comparado com o orçamento total seria não só escandaloso como indecente). Interessante também seria discriminar-se o que é gasto com ordenados e ajudas de custo aos directores e outros funcionários, daquilo que é gasto com os ordenados dos músicos da OSP que são várias dezenas e que são os protagonistas fundamentais deste "enredo" (ainda que toquem pouco: uma orquestra profissional em qualquer parte do mundo faz pelo menos um concerto por semana. Mas o problema da OSP é o TNSC). Para se arranjarem bons gestores, directores e relações públicas basta ir às universidades portuguesas e fazer uma selecção entre os finalistas que cada ano concluem as respectivas licenciaturas. Os músicos da orquestra foram admitidos por concurso internacional. É bom que isto fique bem explicitado pois são os únicos na Fundação São Carlos que passaram por essa triagem. Deveria especificar-se, por exemplo, quanto se gasta com o côro que práticamente só actua quando há óperas que o necessitem (há várias que não necessitam de côro). Na realidade nunca se percebeu o porquê do côro do TNSC nunca ter passado a semi-profissional (como é o caso do da Gulbenkian que funciona muito bem). O Editor


Nota: Na revista Visão de 30 de Junho 2005 são postos a público os salários, ajudas de custo e prémios anuais de alguns dos gestores públicos portugueses. Após um rápido visionamento é fácil concluir-se que tanto o orçamento do S. Carlos como as regalias dos políticos que Sócrates acaba de modificar são uma muito pequenina ponta de um iceberg com colorações terceiro-mundistas. Ao governo impõe-se agora regular estes casos tendo como referência o ordenado do Presidente da República. Num estudo internacional realizado há algum tempo ficou patente que o grosso dos gestores portugueses para além de serem desprovidos de uma visão de longo prazo e de uma dinâmica laboral de grupo, disfrutam de regalias muito além do seu valor e da sua produtividade. Seria interessante que, tal como acontece com os músicos das orquestras nacionais, estes cargos fossem preenchidos por concurso internacional, seleccionados igualmente por um júri internacional. OE










O mais velho antifascista, o maquis da lendária resistência francesa, o amigo de Humberto Delgado, o fundador da LUAR, o presidente temporário do PPD, o apoiante do PS , após uma vida estendida por três séculos, partiu, ontem, aos 105 anos, para o "Oriente Eterno", como os seus irmãos maçons designam a morte. Emídio Guerreiro foi "uma mistura de Dom Quixote e de Che Guevara", na expressão do advogado conimbricense, fundador do PS e grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL), António Arnaut.
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Contestatário do Golpe do 28 de Maio, não só seria um dos participantes da Revolta do 7 de Fevereiro de 1927, que podia ter acabado com a recente ditadura militar - se as guarnições de Lisboa se tivessem sublevado, não deixando os sediciosos do Porto isolados -, Emídio Guerreiro nem sequer ligou ao seu estatuto de assistente de Matemática na Faculdade de Ciências e, aquando da visita de Carmona à Invicta, em 1932, imprimiu um panfleto a exortar a população a receber o Presidente da ditadura com "merda, muita merda, merda às mãos-cheias".
Preso e torturado, acabaria por fugir do Aljube e exilar-se em Espanha, onde se envolveria, com o grupo dos "Budas de Madrid" (Jaime Cortesão, Moura Pinto e Jaime de Morais), na fracassada "revolução dos tanques", conforme relatou ao seu biógrafo Encarnação Viegas. Vivendo em Santiago de Compostela, seria surpreendido pelo golpe militar franquista em Vigo, onde se deslocou a pedido do alcaide, ali assistindo, impotente, ao fuzilamento do autarca. Um seu aluno, embora adepto dos falangistas, protegeu o professor, conseguindo-lhe um contacto com o cônsul inglês, que, perante as dificuldades de um irmão maçon, lhe garantiu o embarque num cargueiro para Gibraltar, de onde o português partiria para França.
Logo a seguir, retornava a Espanha, para se bater ao lado dos republicanos contra os falangistas, voltando a passar a mesma fronteira na "leva" dos derrotados. Adoeceu no campo de refugiados, mas conseguiu evadir-se dali, acabando por entrar na clandestinidade e aderir à resistência contra a ocupação nazi. O "capitão Hélio", seu nome de código, foi reconhecido como herói gaulês no fim da II Guerra Mundial, sendo integrado na forças armadas francesas com o posto de capitão e condecorado com a Cruz de Combatente Voluntário na Segunda Guerra Mundial. Desde essa época e até ao fim do Estado Novo, fixou-se em França, onde seria um dos professores que introduziram as matemáticas modernas no ensino liceal.
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Regressado a Portugal, foi um dos fundadores do PPD, assumindo mesmo a liderança, em 1975, quando Sá Carneiro se afastou para, depois, regressar em triunfo ao partido - de onde sairia Emídio Guerreiro, que, anos volvidos, dava o seu apoio ao PS. Quando alguém lhe dizia que tinha sido do PSD, lembrava ao DN Vasco Lourenço, nome da Revolução dos Cravos e membro da maçónica Loja 25 de Abril onde ambos pisavam o mesmo "pavimento em mosaico", o velho oposicionista sublinhava "Nunca fui do PSD; fui do PPD." in http://dn.sapo.pt (2005/06/30)











Os bispos portugueses querem as escolas com uma educação sexual controlada. Em nota, a Conferência Episcopal defende o direito de os pais intervirem na definição dos programas e na selecção dos professores que leccionem a disciplina, insurgindo-se contra as metodologias pedagógicas "que excitam a imaginação e exploram sensações de forma manipulatória". http://dn.sapo.pt/2005/06/29/sociedade/educacao_sexual_mais_controlada.html


Este tipo de discurso leva-nos a imaginar o que se poderá passar no interior da "igreja" e dos seminários...
E que pais é que a igreja quer que controlem os professores? Os mesmos que insultam nas estradas portuguesas? Os que cospem no chão? Os que se demitem da função de educadores? Ou aqueles que molestam as próprios filhos e que a maior parte das vezes é a "escola" quem descobre e denúncia um crime que na generalidade dos casos se prolonga anos?
Tirando estas "minudências"(...) as questões que se levantam face à intervenção da igreja são: quanto acabam de vez as interferências absurdas e inaceitáveis da igreja no ensino do estado que é laico? Que aberração é essa de ainda existir uma disciplina de "religião e moral católicas" numa Europa de diferenciação religiosa? Quando é que o Estado assume o dever de definitivamente separar as águas? OE














2005/06/27

A CASA DE BERNARDA ALVA NO TEATRO SÃO LUIZ

A Casa de Bernarda Alba, uma peça de teatro a partir da obra de Frederico Garcia Lorca, foi transformada numa obra de dança por Benvindo Fonseca, que criou uma estética interessante, com os bailarinos, no início, dispostos em plano diagonal, envergando figurinos originais, vestidos compridos, pretos, com um corte simples e com uma armação redonda na base, que os bailarinos manuseiam, criando movimentos interessantes, mas que poderiam ser mais explorados.

O facto de ser um bailado criado a partir de uma peça de teatro dá-lhe uma base rica e concreta, uma narrativa intensa; tinha tudo para resultar numa grande obra, se não fosse a incapacidade de gerir o tempo das "cenas", que são demasiado longas e que por isso esgotam o conteúdo a explorar; o público já não tolera isso no teatro, os encenadores têm de gerir muito bem o tempo das cenas para não entediar o público. Já Noverre, no século XVII, e Fokine, no início do século XX, com as suas ideias renovadoras (e reformadoras), abordam esta questão, e os coreógrafos devem estar atentos a ela; talvez nem todos se preocupem ou nem sequer se questionem se o que estão a criar pode saturar o público, pois talvez a sua subvenção não dependa directamente dele; o ponto de vista do espectador é essencial - colocar-se "na pele" do espectador.

Todo o aparato do cenário montado e desmontado pelos próprios bailarinos era desnecessário, um palco vazio teria tido maior impacto, e evitar-se-iam as interrupções geradas. O teatro experimental tem sabido criar ambientes subjectivos, espaços materialmente vazios, mas cativando o público pelo imaginário. Para os teatros experimentais e amadores foi inicialmente uma imposição devido à falta de meios financeiros e técnicos para criar grandes cenários, mas que resulta muito bem. Por vezes quando se tem todos os meios financeiros, o esforço criativo e a auto-exigência diminuem.

Existem momentos em que os bailarinos dançam em simultâneo, ou em cânone: os movimentos de simultaneidade não foram bem conseguidos, não existe rigor e exactidão onde supostamente as bailarinas deveriam fazer gestos iguais e ao mesmo tempo. O grupo que dança atrás, ao fundo do palco, composto por três bailarinos e uma bailarina, foram tecnicamente muito mais rigorosos. Mas é de salientar toda a parte interpretativa, em que os bailarinos conseguem transmitir emoções fortes, sentindo realmente o que dançam. Destaque para a bailarina que interpreta a Criada mais nova, com uma técnica excelente, e para o par de bailarinos que desempenham os amantes, que fazem um "pas de deux" muito interessante. Sofia Meireles














2005/06/25

SINFONIETTA APRESENTA NEO-CLÁSSICOS NA SOCIEDADE DE GEOGRAFIA


A Sinfonietta de Lisboa apresentou-se dia 24 de Junho na fabulosa sala da Sociedade de Geografia (também em Lisboa) sob direcção do seu maestro titular, Vasco Pearce de Azevedo.
Do repertório constaram Cinco Peças de Carácter de Eurico Carrapatoso para corne inglês e orquestra de cordas. O solista foi Pedro Ribeiro que teve uma prestação notável.
O concerto começou com Pelimannit-Fiddlers de Einojuhani Rautavaara que é uma peça com algum interesse.
A segunda parte iniciou-se com uma peça aborrecida e desinteressante: Six Préludes de Jean Français onde o contrabaixista Panta Nunes executou um difícil solo, demonstrando ser um intérprete excelente dotado de uma sólida técnica.
Também Dowland Suite de John Ireland, que finalizou o concerto, carece de rasgos criativos e fica-se por lugares comuns. Nesta peça a Sinfonietta demonstrou maior consistência interpretativa. É um trabalho que utiliza muito as tessituras médias e graves ficando patente que esta orquestra se move melhor nestas zonas que nas agudas e sobre-agudas.
Uma orquestra de cordas necessita de ter uma afinação perfeita, para além de uma sonoridade "cheia" e "redonda" em todas as tessituras. Como "base". Por isso este agrupamento tem ainda um caminho, que seguramente irá trilhar, até conseguir afirmar-se como um conjunto de excelência. Quanto à escolha do repertório considero absolutamente fundamental que haja uma maior variedade estético-estilística e que em cada concerto seja interpretada pelo menos uma obra contemporânea "referência", sob risco de desmotivação dos músicos e do público. Ast





Democrática, espontânea, próxima das emoções do homem moderno, a dança contemporânea entusiasma os russos. Arte experimental, colmata a impossibilidade de dizer por palavras aquilo que não podemos calar. in Courrier Internacional nº12, pag.38














2005/06/20

COMPAGNIE LINGA APRESENTA UN TRAIN

Un Train peut toujours en cacher un autre (Um Comboio pode sempre esconder um outro) apresentado no Centro Cultural Olga Cadaval, em 18 de Junho, é inspirado em Le Train Bleu (O Comboio azul, 1924) de Bronislava Nijinska, Companhia Ballets Russes, considerado não uma bailado mas uma comédia musical, um espectáculo muito inovador para a década de 1920, misturando a linguagem do ballet clássico com elementos de ginástica acrobática e vários tipos de desport (Nijinska dançava, atrevidamente, passos de ballet com uma raquete de ténis na mão).
A Companhia Linga reproduz algumas imagens alusórias à obra de Nijinska, como homens na praia que mostram os seus músculos em port-de-bras desportivos; a mesma imagem de uma praia imaginária, onde as pessoas chegam num comboio…azul (que em 1924 simplesmente não aparece, porque já partiu, a alta velocidade, e que a companhia suiça agora em 2005, realça, pela inclusão de cadeiras dispostas em filas, dentro do próprio palco, onde sentam parte do público, o que dá a ideia de um comboio parado).
Os dois pares de namorados encontram-se, descem do comboio para a praia, a praia espera por eles…
Duas raparigas e dois rapazes: elas não como rivais, mas sim como amigas, conversam sobre banalidades do quotidiano, fazendo gestos e movimentos independentes da conversa que estão a ter, como se o corpo e a fala estivessem desligados. Eles, por seu lado, observam-nas, dentro de um “comboio de pensamento-movimento”. A homossexualidade, ou a bissexualidade, demonstradas abertamente (elemento ausente no bailado original), os dois homens com vestidos compridos dançam juntos, de forma romântica e dramática.
Os movimentos são mais agressivos, mais sentidos, mais vividos, mais expressivos que os do bailado de Nijinska. Os dois homens são como que atingidos por algo que faz os seus corpos pender para trás. Linguagens que se repetem, “Le Train Bleu” como um passado, pois agora junta-se um outro comboio, com mais impulsos e novas histórias.
Cenas delimitadas, como se estivessem dentro de diferentes vagões, sempre ligados por algum movimento ou linha condutora.
Uma sociedade onde os interesses já são outros, diferentes dos interesses dos anos vinte, onde a vida parece mais rápida… a temática é semelhante ao bailado de 1924, que também reflecte uma nova época e uma nova velocidade, um novo estilo de vida, relativamente ao século XIX.
A temática da infidelidade surge novamente, tal como em 1924: a imagem de um elevador cheio de pessoas que impedem o relacionamento entre um homem e uma mulher apaixonados que tentam beijar-se mas há sempre alguém que interfere e os separa. Elas correm com o peito nu, já não sobre a praia como as pintava Picasso, mas sim continuando com a procura da liberdade. Sofia Meireles e Lib Pitalúa










Giulini deixa tanto entre nós: aquele D. Giovanni impossivelmente belo e perturbante; o Stabat Mater do Rossini; a sem dúvida mais diferente de todas as outras versões da "Incompleta" de Schubert; o meu Falstaff favorito; pessoalíssimas versões das sinfonias de Beethoven; e o Requiem de Verdi que, finalmente, se cumpriu, na versão de Carlo Maria: um requiem para os vivos e não para os mortos, como o queria Verdi. (in bajja.blogspot.com)











"C'est la seule chose qui importe vraiment pour les Etats-Unis : l'accès de la Turquie à l'Europe." (Walter Russell Mead, du Council on Foreign Relations in lemonde.fr - 20.06.05, 13:07h)


Em conferência de imprensa para analisar a actual situação na Europa, Durão Barroso apelou ainda aos 25 para não ignorarem as preocupações das opiniões públicas de diversos Estados-membros sobre a Turquia. (15:54 / 22 de Junho 05) in tsf.sapo.pt/online/internacional


Note-se que o Reino Unido apoiou este figurino de orçamento até 2013 no acordo agrícola de 2002 e apenas protestou a quatro dias da cimeira, justamente quando o seu cheque britânico foi posto em causa.
Diário Económico (23 de Junho 2005, pag. 42)


"Jean-Claude Juncker precisa ser colocado na galeria das grandes personalidades européias", avaliou Schulz.
Juncker, que foi aplaudido várias vezes durante um discurso cheio de entusiasmo e muito crítico aos colegas do Conselho que mantêm posturas inflexíveis, disse que "a crise" que a Europa vive "é profunda", mostrando que "não está madura, mas ainda em fase de crescimento".
...
Em relação ao "cheque britânico", disse que "não é verdade dizer" que "tenha pretendido eliminá-lo", mas sim quis dar "um aspecto mais solidário".
A última oferta da presidência foi de um "cheque britânico" de 5,5 bilhões de euros por ano, frente aos 4,7 bilhões da primeira proposta.
Caso esta primeira proposta tivesse sido mantida, seria possível ter amenizado a carga excessiva sobre alemães, suecos e holandeses.
"A Holanda sabia que eu queria diminuir sua contribuição em um bilhão por ano, mas não foi possível porque Londres não quis renunciar a seu cheque. Por isso a Alemanha teve de pagar esse um bilhão, mas já havia cedido bastante", disse.
Juncker também lamentou que Londres tenha rejeitado uma proposta de última hora para considerar uma nova divisão do orçamento que entraria em vigor em 2009, ou a "reflexão sobre todos os aspectos do orçamento", incluindo a Política Agrícola Comum (PAC).
Em relação à PAC, Juncker disse que sua última proposta era uma redução periódica, como os britânicos queriam, de 17% em 2013, mas não foi possível.
br.news.yahoo.com (Qua, 22 Jun, 17h47)














2005/06/17

DEBUSSY E LISZT POR JEAN-YVES THIBAUDET

Na folha que serve de programa no Festival de Sintra lê-se: "Pianista de extraordinária sensibilidade musical... conhecido mundialmente pela sua técnica sofisticada e elegante".
Até pode ter sido o próprio a ter escrito aquilo como muitas vezes sucede. O que nos importa é que é pura verdade. Jean-Yves Thibaudet surprendeu-me. Surprendeu-me porque já assisti a alguns "bluf's" mundialmente promovidos pelas editoras e revistas francesas. A verdade é que também já assisti à apresentação de grandes pianistas trazidos a público pela poderosa "indústria musical" francesa. O caso de Thibaudet é relevante. Apresentando-se logo na primeira parte com o segundo caderno dos Prelúdios de Debussy e deixando para a segunda a espectacularidade lisztiana à qual por vezes parece faltar um pouco de "essência", Jean-Yves fez uma opção inteligente. Após a virtuosidade lisztiana, Debussy poderia surgir ao público muito específico do Festival de Sintra como técnicamente menos exigente, o que não é verdade dado que se tratam de técnicas diferentes. Mas vamos à música que é o que nos interessa.
Os Prelúdios de Debussy tiveram em Jean-Yves uma espécie de mago dos sons. Uma espécie de feiticeiro que trabalhando dinâmicas, colorações e intensidades com a sua técnica que é sem margem para dúvidas "elegante e sofisticada", ofereceu-nos momentos especiais em que a magia da música do compositor francês adquiriu o seu poder máximo. É impressionante escutar Debussy em recital. Mas se e só se fôr por um pianista especial que não só tenha uma técnica exímia como tenha uma intuição e uma inteligência que faça dele um intérprete capaz de se fundir com o peculiar universo debussyano. O absoluto e inteligente controle dinâmico de Thibaudet aliado à depuração sonora, pois ele utilizou muito criteriosamente os pedais, deu-nos um Debussy límpido e cristalino onde tudo foi magia interpretativa. Sem "truques" ou misturas de sonoridades para "baralhar e tornar a dar". Thibaudet será um dos grandes paradigmas da interpretação debussyana.

Na segunda parte, toda dedicada a Liszt, começámos com os "Jeux d'eau de la Villa d'Este" do terceiro livro dos Anos de Peregrinação onde de novo o artista revelou a sua capacidade de criar cores e paisagens sonoras.
Na Balada nº2 pequenas imprecisões não impediram um grande leitura de uma obra virtuosística que denota alguma inconsistência formal, pequenas imprecisões que também aconteceram com a Paráfrase de concerto do Rigoletto que é uma das obras mais defíceis algum dia escritas para o instrumento e onde o pianista conseguiu uma leitura electrificante, deixando para segundo plano as já referidas imprecisões que se manifestaram sobretudo ao nível de quebras dinâmicas nos fraseados em oitavas que aconteciam no meio de intrincados arpejos. Com esta peça terminou em apoteose o memorável recital ao qual acrescentou como extra um nocturno de Chopin e uma deliciosa peça de Monpou: "La jeune fille aux jardins". Mas o melhor da segunda parte foi, em meu entender mas sem grande margem para dúvidas, a interpretação da trancrição que Liszt fez da Morte de Isolda da ópera de Wagner. Já na interpretação da trancrição de "O du mein holde Abendstern" do Tannhäuser, Jean-Yves se tinha mostrado profundo e meditativo. Mas na interpretação daquele excerto de Tristão e Isolda o artista mostrou uma capacidade "genética" no desenvolvimento da tensão dramática com base em crescendos geniais e num fraseado dotado de um balanceamento digno de um grande mestre. Foi para mim, depois do ciclo de Debussy, o melhor momento do pianista neste recital e um grande momento de música sublime. Houve uma só nota errada que face à perfeição interpretativa e à forma arrebatada e consistente da leitura causou um certo sobressalto. Coisas que só acontecem mesmo ao melhores. Bravo Jean-Yves! Ast










En 2003, les trois premiers contributeurs nets étaient les Pays-Bas (0,43% de leur PIB), l'Allemagne et la Suède (0,36%). La France était un faible contributeur net (0,12%) parce qu'elle touchait 23% des dépenses agricoles.
Le Royaume-Uni n'était contributeur qu'à hauteur de 0,16% car il bénéficie d'une ristourne équivalente aux deux-tiers de sa contribution nette et payée par les autres Etats. C'est le seul à avoir ce privilège, attribué en 1984 parce qu'il bénéficiait notamment peu des dépenses agricoles.
Inversement, les plus grands bénéficiaires nets étaient en 2003 le Portugal (2,66% de son PIB), devant la Grèce, l'Irlande et l'Espagne, les pays les plus "en retard" de l'UE à 15.
...
Avec la hausse des dépenses liées à l'élargissement à 25, le rabais britannique va passé à une moyenne annuelle de 7,1 milliards d'euros et sera également financé par les "nouveaux venus pauvres" de l'Est.
Sans modification du système actuel, le Royaume-Uni serait le plus faible des dix contributeurs nets (avec 0,25% du PIB), les Etats baltes et la Pologne devenant les premiers bénéficiaires (avec 4% de leur PIB)
Les Pays-Bas, l'Allemagne et la Suède resteraient de loin les trois premiers contributeurs nets. La présidence luxembourgeoise propose une réduction de leur charge financée par la remise en cause du rabais britannique.
Sans rabais, le Royaume-Uni devient le plus important contributeur net de l'UE (0,62%), ce qui, souligne la Commission européenne, ne ferait que correspondre à son statut de pays le plus riche parmi les contributeurs nets.
(AFP 15.06.2005-13:13h)



"En France, le débat pourra continuer (...) C'est le début d'un débat très honnête", a prédit, confiant malgré tout, M. Barroso, alors que des milliers de manifestants à Paris persistaient et signaient dans leur rejet de la Constitution.
Décalage entre rêve européen et réalité? Alors que les pays membres reportent en cascade leurs référendums, M. Barroso a admis la faiblesse majeure du "plan D": "quel sera le résultat? On ne peut évidemment en préjuger".
(AFP 17.06.2005-13:22h)














2005/06/14

MORREU EUGÉNIO DE ANDRADE


O grande poeta português que marcou toda a segunda metade do século vinte faleceu dia 13 de junho no Porto. Eugénio de Andrade é o poeta português mais traduzido em todo o mundo após Fernando Pessoa. Nasceu em 19 de Janeiro de 1923 na aldeia de Atalaia no Fundão e em 1939 publicou o primeiro poema: Narciso. O seu nome "real" é José Fontinha. oe









GINEBRA, jun 16 (Reuters) - La responsable de Derechos Humanos de la ONU, Louise Arbour, elogió el jueves la decisión de la Corte Suprema de Argentina de anular dos leyes de amnistía que evitaban que los militares enfrentaran a la justicia por los crímenes de la última dictadura.
...
El martes, la Corte Suprema de Argentina anuló dos leyes del perdón que impedían que los oficiales fueran enjuiciados por causas relacionadas con violaciones de los derechos humanos.
La anulación de las leyes permitiría que cientos de militares sean juzgados por los secuestros, torturas y muertes de la dictadura de 1976-1983.
...
De acuerdo con un reporte del gobierno argentino, 11.000 personas murieron o desaparecieron durante la represión sistemática que llevaron a cabo los militares contra los grupos de izquierda. Los activistas de derechos humanos dicen que el número se aproxima a las 30.000 víctimas.
ar.news.yahoo.com (Jueves 16 de junio, 9:24 AM)




La situation est encore plus délicate avec le Royaume-Uni, qui veut absolument garder la compensation obtenue en 1984 et désormais jugée exorbitante par ses partenaires européens, puisqu'elle a atteint l'an dernier 5,3 milliards d'euros.
Si rien n'est fait, ce mécanisme prévu pour un des pays les plus pauvres de l'UE devenu entre temps l'un de ses membres les plus riches, dépassera bientôt les sept milliards d'euros, soit 50 milliards d'euros de 2007 à 2013.
fr.news.yahoo.com (jeudi 16 juin 2005, 15h58)


A posição de partida do Reino Unido é de não negociar o reembolso. Abrir-se-ia, no entanto, uma janela de oportunidade se a França aceitasse uma revisão do método aplicado para a distribuição dos subsídios agrícolas. Para Paris, trata-se de um cenário impossível, porque Jacques Chirac, com a sua reputação já de si afectada pelo "não" francês à Constituição, sabe que uma tal cedência provocaria uma autêntica tempestade política com o epicentro no influente segmento dos agricultores do país.
dn.sapo.pt/2005/06/16/tema/fracasso_anunciado_bruxelas.html




Os passageiros que utilizam o sistema de metrô de Londres estão sendo instruídos a "tomar uma ducha" para evitar odores desagradáveis no subsolo. Tim O'Toole, diretor-gerente do Metrô de Londres, pede que os usuários tenham consideração pelos companheiros de viagem. "Garanto a todos que só ando de metrô, e sempre tomo uma ducha", disse O'Toole a uma estação de rádio, segundo a TV CNN.
br.news.yahoo.com (Qui, 16 Jun - 14h30)














2005/06/11

A SIMPLES GENIALIDADE DO MOVIMENTO

O Ballet du Grand Théatre de Genéve abriu o 40º Festival de Sintra com a apresentação de três coreografias, respectivamente de Saburo Teshigawara, que utilizou uma colagem sonora de Willi Bopp, Andonis Foniadakis, que utilizou os corais das aberturas das paixões Segundo Sao Mateus e Segundo São João de Bach e por último uma coreografia de Sidi Larbi Cherkaoui que utilizou excertos das Mystery Sonatas de Biber.

Em Para-Dice, Teshigawra trabalhou duas cores (o negro e o amarelo) sobre um cenário negro. A conjunção som/movimento permitiu um fluir de construções dinâmicas contrastantes que potênciadas pela bipartição colorística produziram impactos visuais/auditivos espectaculares. Um trabalho memorável em que foram dispensados quaisquer acréscimos cenográficos para além do que acima foi dito. Básicamente um pano preto como cenário e figurinos negros para os homens e amarelos para as mulheres.

Selon Désir de Foniadakis começou com um tratamento electroacústico de excertos dos corais que depois foram ouvidos na totalidade. Esta introdução sonora criou um efeito de expectativa aproveitado por formas extáticas ao nível coreográfico que entraram numa dinâmica de formações figurativas ao longo de toda a obra sob a potente emocionalidade produzida ao nível sonoro pelos coros das paixões de Bach. A cenografia aproveitou o mesmo fundo negro desta vez com um figurino colorido de roupas comuns que davam ao movimento uma paleta colorística que não assentava aparentemente numa estruturação fixista. Uma obra de impacto visual, dinâmico, sonoro e emocional máximo.

Loin de Sidi Larbi é uma longa peça de teatro-dança onde se ironiza com os conceitos estéticos eurocentristas e onde se assiste a construções dinâmicas impressionantes. No entanto a peça peca, em meu entender, pela falta de consistência formal que investiu as anteriores o que deixa uma sensação de insuficiência. Trata-se no entanto de um interessante trabalho "coreográfico-dramático".

O 40º Festival de Sintra começou da melhor maneira e esperamos que assim continue.Ast


O programa pode ser visto em festivaldesintra.blogspot.com














2005/06/09

ÓPERA DOS TRÊS VINTÉNS NO TEATRO ABERTO

Estreou dia 8 de Junho a conhecida opereta de Kurt Weill naquele teatro em Lisboa.
Uma interessante produção sob direcção musical de João Paulo Santos a quem louvamos a iniciativa de ter abandonado a tutela do côro do Teatro Nacional de S. Carlos para colaborar na constituição de um teatro de ópera alternativo que se está a tornar num paradigma do que pode ser a produção operística em Portugal.
Aqui não há divas a ganharem milhões por vezes com desempenhos que deixam a desejar. Aqui não há supostos "maestros vedeta" alguns dos quais parece só terem mesmo o nome e a imagem. Aqui há trabalho sério onde as pessoas dão o seu melhor e com uma infíma parte do orçamento do S. Carlos conseguem pôr em cena produções "totalmente portuguesas" (excepto neste caso a obra musical cujo texto de resto foi traduzido para português) de interesse maior. Por isso convidamos os leitores a disfrutarem desta muito interessante produção de uma obra datada mas que é um incontornável da "ópera ligeira" de todos os tempos. Parabéns a todos os que com afinco e dedicação ergueram mais um espectáculo que merece o nosso aplauso e incentivo. Ficamos à espera dos próximos. Ast










Lisbonne a reçu des milliards d'euros en aide au développement de Bruxelles depuis son adhésion à l'Union européenne en 1986. in fr.news.yahoo.com (jeudi 9 juin 2005, 10h45)

E quem é que beneficiou com estes milhões de milhões que entraram no país? Onde está a indústria "de ponta", a formação, a educação e a grande competitividade internacional de Portugal?





"Nous ne pouvons pas accepter une réduction quelle qu'elle soit des aides directes à nos paysans", a déclaré M. Chirac. (AFP 09.06.2005 - 15:49)

A Europa da PAC não faz sentido. A PAC enriquece os já ricos agricultores europeus e invalida qualquer competividade por parte das exportações agricolas dos países "em vias de desenvolvimento". É uma aberração e uma imoralidade. A PAC leva 45% do orçamento total da UE e a França é a principal beneficiária.
Cada vez mais o problema, para além dos "nãos" à constituição, parece ser a fixação dos estados em posições irredutíveis no que concerne às políticas financeiras, como por exemplo a Inglaterra que não aceita (supostamente porque a França não quer renegociar a PAC) revêr as compensações que continua a receber como se de um país em dificuldades se tratasse e que a não serem congeladas, como o pretendem todos os outros estados europeus, atingirão níveis absurdos até 2013. Há que (re)lembrar que os holandeses são quem mais contribui "per capita" para os cofres da UE. OE





Samedi dernier, le numéro deux du gouvernement et président de l'UMP, Nicolas Sarkozy, a rappelé son opposition à l'adhésion d'Ankara. "Est-il raisonnable d'ouvrir des négociations avec la Turquie puisqu'il s'agit d'une grande nation d'Asie mineure, pas d'Europe ?" a-t-il demandé lors d'une réunion de son parti.
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Dominique de Villepin a également estimé que le vote du 29 mai avait posé la question du modèle économique et social européen. "L'Europe est-elle d'inspiration purement libérale, comme le craignent certains ? Doit-elle renforcer sa dimension sociale ? En France comme en Europe, je crois que la vérité est plutôt dans le dépassement de ce clivage, dans la fidélité à un héritage universaliste et humaniste", a-t-il dit.
in fr.news.yahoo.com (mercredi 15 juin 2005, 17h32)


BERLIN (Reuters) - Angela Merkel, chef de file de la CDU allemande et donnée future chancelière fédérale par les sondages, juge qu'il serait "irresponsable" que l'Union européenne ouvre des négociations d'adhésion avec la Turquie.
in fr.news.yahoo.com (jeudi 16 juin 2005, 14h01)




"Las instituciones europeas están a punto de lograr un acuerdo para fijar en 7 000 euros el salario mensual de todos los eurodiputados, independientemente de su nacionalidad, para acabar con el régimen actual en el que los sueldos oscilan desde los 11 779 euros de los italianos a los 800 de los húngaros, pasando por los 2 540 euros de los españoles o los 3 448 euros de los portugueses."
es.news.yahoo.com (7 de junio de 2005, 9h55)