Decorreu no CCB, em Lisboa, um ciclo de piano dedicado essencialmente a Beethoven. Assisti aos últimos três recitais e considero que a iniciativa foi interessante. Stephen Kovacevich, o pianista em quem depositava mais expectativas, na primeira parte do seu recital tocou a Partita BWV 828 de Bach sem nada acrescentar ao que se costuma ouvir feito pelos pianistas. Já nas Kinderszenen de Robert Schumann resolveu comprimir as dinâmicas entre o pianíssimo (ppp) e o piano (p), resultando uma leitura no mínimo bizarra... Na segunda parte ofereceu-nos umas Diabelli Op. 120, de Beethoven, consistentes, apresentando uma leitura depurada e reduzida ao essêncial. Um momento importante deste ciclo. Já Giovanni Bellucci tentou fazer um fogo de artifício com a transcrição por Liszt da 5ª Sinfonia de Beethoven, mas o que conseguiu foi um pedal excessivo que impediu qualquer clareza e uma leitura sem o mínimo de consistência da transcrição, que na prática é uma redução para piano da "5ª Sinfonia", que será eventualmente a obra mais conhecida de toda a "música clássica", transcrição que deveria tocar em casa ou em serões entre amigos - sem querer ofender a memória do grande Liszt - mas nunca em recital. Já na sonata Hammerklavier, do mesmo Beethoven, da qual é apresentado como um "especialista", esteve muito bem. Ou não fosse a sua especialidade... A surpresa veio do mais jovem: Cédric Tiberghien. Fixem este nome porque vai dar que falar*. A par de uma técnica impecável, o artista revelou uma inteligência musical e uma sensibilidade dignas de um grande músico. Foi quem fez o recital mais regular em termos interpretativos e estilísticos, encerrando o ciclo com a mítica Op. 111, a última sonata para piano escrita por Ludwig, a que Cédric deu vida de maneira singular, inspirada e musical. AST *uma maneira de dizer pois o artista já possui uma apreciável carreira internacional.
2008/01/23
Ciclo Beethoven
Decorreu no CCB, em Lisboa, um ciclo de piano dedicado essencialmente a Beethoven. Assisti aos últimos três recitais e considero que a iniciativa foi interessante. Stephen Kovacevich, o pianista em quem depositava mais expectativas, na primeira parte do seu recital tocou a Partita BWV 828 de Bach sem nada acrescentar ao que se costuma ouvir feito pelos pianistas. Já nas Kinderszenen de Robert Schumann resolveu comprimir as dinâmicas entre o pianíssimo (ppp) e o piano (p), resultando uma leitura no mínimo bizarra... Na segunda parte ofereceu-nos umas Diabelli Op. 120, de Beethoven, consistentes, apresentando uma leitura depurada e reduzida ao essêncial. Um momento importante deste ciclo. Já Giovanni Bellucci tentou fazer um fogo de artifício com a transcrição por Liszt da 5ª Sinfonia de Beethoven, mas o que conseguiu foi um pedal excessivo que impediu qualquer clareza e uma leitura sem o mínimo de consistência da transcrição, que na prática é uma redução para piano da "5ª Sinfonia", que será eventualmente a obra mais conhecida de toda a "música clássica", transcrição que deveria tocar em casa ou em serões entre amigos - sem querer ofender a memória do grande Liszt - mas nunca em recital. Já na sonata Hammerklavier, do mesmo Beethoven, da qual é apresentado como um "especialista", esteve muito bem. Ou não fosse a sua especialidade... A surpresa veio do mais jovem: Cédric Tiberghien. Fixem este nome porque vai dar que falar*. A par de uma técnica impecável, o artista revelou uma inteligência musical e uma sensibilidade dignas de um grande músico. Foi quem fez o recital mais regular em termos interpretativos e estilísticos, encerrando o ciclo com a mítica Op. 111, a última sonata para piano escrita por Ludwig, a que Cédric deu vida de maneira singular, inspirada e musical. AST *uma maneira de dizer pois o artista já possui uma apreciável carreira internacional.
Decorreu no CCB, em Lisboa, um ciclo de piano dedicado essencialmente a Beethoven. Assisti aos últimos três recitais e considero que a iniciativa foi interessante. Stephen Kovacevich, o pianista em quem depositava mais expectativas, na primeira parte do seu recital tocou a Partita BWV 828 de Bach sem nada acrescentar ao que se costuma ouvir feito pelos pianistas. Já nas Kinderszenen de Robert Schumann resolveu comprimir as dinâmicas entre o pianíssimo (ppp) e o piano (p), resultando uma leitura no mínimo bizarra... Na segunda parte ofereceu-nos umas Diabelli Op. 120, de Beethoven, consistentes, apresentando uma leitura depurada e reduzida ao essêncial. Um momento importante deste ciclo. Já Giovanni Bellucci tentou fazer um fogo de artifício com a transcrição por Liszt da 5ª Sinfonia de Beethoven, mas o que conseguiu foi um pedal excessivo que impediu qualquer clareza e uma leitura sem o mínimo de consistência da transcrição, que na prática é uma redução para piano da "5ª Sinfonia", que será eventualmente a obra mais conhecida de toda a "música clássica", transcrição que deveria tocar em casa ou em serões entre amigos - sem querer ofender a memória do grande Liszt - mas nunca em recital. Já na sonata Hammerklavier, do mesmo Beethoven, da qual é apresentado como um "especialista", esteve muito bem. Ou não fosse a sua especialidade... A surpresa veio do mais jovem: Cédric Tiberghien. Fixem este nome porque vai dar que falar*. A par de uma técnica impecável, o artista revelou uma inteligência musical e uma sensibilidade dignas de um grande músico. Foi quem fez o recital mais regular em termos interpretativos e estilísticos, encerrando o ciclo com a mítica Op. 111, a última sonata para piano escrita por Ludwig, a que Cédric deu vida de maneira singular, inspirada e musical. AST *uma maneira de dizer pois o artista já possui uma apreciável carreira internacional.