Foi um concerto agradável, este promovido pelo Instituto Italiano de Cultura de Lisboa, em que Gianni Coscia tocou e falou numa sala pequena para uma dúzia (duas dúzias...) de convidados. Sem necessidade da amplificação a que os grandes espaços obrigam, podemos escutar a sonoridade "autêntica" do acordeonista-compositor.
Nas sonoridades jazzísticas Costia trouxe-nos nomeadamente as suas interessantes recriações do tango, mas foi pena que nas suas prelecções inter-musicais omitisse o nome do grande Piazzolla, porque é incontornável. Mesmo para os acordeonistas...
O "tango moderno", como o designou Coscia numa tonalidade depreciativa, tem um nome: Astor Piazzolla, um grande músico, um grande artista que tive o privilégio de escutar ao vivo em dois concertos no Teatro Rivoli do Porto.
Sem querer minimizar Coscia, que foi a vedeta deste dia (sábado) e que é um grande acordeonista, não poderia omitir o meu espanto pela sua omissão, desastrosamente investida de alguma arrogância. Porque uma coisa é dizer que não gosta da música de Piazzolla, outra é falar de Carlos Gardel (que disse apreciar muito) e referir-se ao "tango moderno" com um encolher de ombros, sem dizer quem criou o tal "tango moderno".