WIENER KAMMERORCHESTER / WKO
Por Lívios Pereyra
Pelo segundo dia consecutivo, apresentou-se ontem, de novo no velho mas espectacular Teatro Colón em Buenos Aires, este agrupamento de cämara sob direccäo do violinista Joji Hattori.
Para comecar uma interpretacäo impressionante, pelas dinämicas, pelo fraseado, pela perfeicäo técnica absoluta (sem o espectro das desafinacöes do dia anterior), da Sinfonia 1 en Mi bemol maior, KV 16 de Mozart. Composta aos 9 anos de idade! Simplesmente inacreditável. A obra e a interpretacäo (com instrumentos modernos...).
O concerto para violino denotou, nas partes rápidas, um som agreste, por vezes ríspido, por parte do solista que em contrapartida, no "andante cantabile" conseguiu um som redondo e belo. Estamos a falar do concerto para violino 4, em ré maior, KV 218, do mesmo e genial Mozart.
Depois do intervalo o "prato forte" deste concerto: Sinfonia de Cämera en Dó menor Op. 110a, arranjo de Rudolf Barshai feito em 1967, a partir do extraordinário quarteto 8, Op110 do grande Dmitri Shostakowitch.
Há que dizer em voa verdade que raras vezes se tem a oportunidade de ouvir um Mozart tocado daquela maneira, seguido de algo como a "Sinfonia de Cämera Op.110a". Tem-se por vezes a ideia (errada) que "especialistas" em Mozart näo podem fazer uma interpretacäo grandiosa de uma compositor como Shostakowitch.
De facto, quem teve o privilégio de estar naquela enorme sala, sabe bem que esta ideia näo tem qualquer realidade pois ambas as interpretacöes foram paradigmáticas. Tanto a Sinfonia do "primeiríssimo" Mozart, como a obra de madurez do compositor russo.
E o concerto poderia ter terminado aí pois as desafinacöes do dia anterior já estavam totalmente redimidas e o agrupamento afirmado como um dos melhores do mundo. Mas näo.
Constava do programa e assim aconteceu, trës pecas de Toru Takemisu (1930-1996), que näo sendo das mais representativas deste compositor deram o sobraram para demonstrar que este compositor é um dos grandes nomes da música do sec.XX.
Sem admiracäo a interpretacäo foi sublime de obras pequenas mas extraordináriamente bem escritas do compositor japonës. Destaque para "Música Fúnebre" que se aflora a genialidade favorecida pela interpretacäo também genial do agrupamento.
No final de todo o concerto, ficamos com a impressäo que talvez Joji Hattori possa vir a ser um grande director.