A famosa "diva", acompanhada ao piano por Graham Johnson, ofereceu-nos o segundo melhor acontecimento da temporada lírica portuguesa (o primeiro já o referenciei um pouco mais acima). Foi dia 3 na Gulbenkian (para não variar) e a escolha do repertório denota a enorme inteligência destes dois intérpretes de referência na arte do "lied". Poder-se-ia dizer que foi uma colagem de canções, como fizeram outras "divas". Seguramente que o foi. A questão diferencial reside não só nas canções escolhidas mas também na sua sequenciação e na forma ininterrupta como foram apresentadas, evitando aplausos e tosses convulsas. Mas não só. Os Drei Lieder der Ophelia de R. Strauss tiveram aqui uma leitura só comparável a interpretações "míticas" de artistas já desaparecidas ou que já não actuam, como Elisabeth Schwarzkopf. Para isso muito contribuiu o piano de Johnson que na actualidade é talvez o melhor pianista acompanhador de "lied". Mas também nas canções de Wolf, Hughes, Bliss, Britten e Weill, Lott demonstrou estar muito para além do vedetismo fútil das divas vulgares que cobram milhões para entreterem o público das peles de marta que felizmente não é o "público típico" em portugal. Felicity Lott demonstrou estar na sua maturidade técnica e interpretativa e ser uma cantora dotada de inteligência e intuição musical. Qualidades que não são evidentes em grande parte dos cantores/as líricos/as do nosso tempo. Com isto não estou a promover Felicity Lott a "maior cantora da actualidade". Essa "elevação" guardo-a para outras duas: Karita Mattila e Magdalena Kozena. Ast
2005/05/05
FELICITY LOTT EM LISBOA
A famosa "diva", acompanhada ao piano por Graham Johnson, ofereceu-nos o segundo melhor acontecimento da temporada lírica portuguesa (o primeiro já o referenciei um pouco mais acima). Foi dia 3 na Gulbenkian (para não variar) e a escolha do repertório denota a enorme inteligência destes dois intérpretes de referência na arte do "lied". Poder-se-ia dizer que foi uma colagem de canções, como fizeram outras "divas". Seguramente que o foi. A questão diferencial reside não só nas canções escolhidas mas também na sua sequenciação e na forma ininterrupta como foram apresentadas, evitando aplausos e tosses convulsas. Mas não só. Os Drei Lieder der Ophelia de R. Strauss tiveram aqui uma leitura só comparável a interpretações "míticas" de artistas já desaparecidas ou que já não actuam, como Elisabeth Schwarzkopf. Para isso muito contribuiu o piano de Johnson que na actualidade é talvez o melhor pianista acompanhador de "lied". Mas também nas canções de Wolf, Hughes, Bliss, Britten e Weill, Lott demonstrou estar muito para além do vedetismo fútil das divas vulgares que cobram milhões para entreterem o público das peles de marta que felizmente não é o "público típico" em portugal. Felicity Lott demonstrou estar na sua maturidade técnica e interpretativa e ser uma cantora dotada de inteligência e intuição musical. Qualidades que não são evidentes em grande parte dos cantores/as líricos/as do nosso tempo. Com isto não estou a promover Felicity Lott a "maior cantora da actualidade". Essa "elevação" guardo-a para outras duas: Karita Mattila e Magdalena Kozena. Ast
A famosa "diva", acompanhada ao piano por Graham Johnson, ofereceu-nos o segundo melhor acontecimento da temporada lírica portuguesa (o primeiro já o referenciei um pouco mais acima). Foi dia 3 na Gulbenkian (para não variar) e a escolha do repertório denota a enorme inteligência destes dois intérpretes de referência na arte do "lied". Poder-se-ia dizer que foi uma colagem de canções, como fizeram outras "divas". Seguramente que o foi. A questão diferencial reside não só nas canções escolhidas mas também na sua sequenciação e na forma ininterrupta como foram apresentadas, evitando aplausos e tosses convulsas. Mas não só. Os Drei Lieder der Ophelia de R. Strauss tiveram aqui uma leitura só comparável a interpretações "míticas" de artistas já desaparecidas ou que já não actuam, como Elisabeth Schwarzkopf. Para isso muito contribuiu o piano de Johnson que na actualidade é talvez o melhor pianista acompanhador de "lied". Mas também nas canções de Wolf, Hughes, Bliss, Britten e Weill, Lott demonstrou estar muito para além do vedetismo fútil das divas vulgares que cobram milhões para entreterem o público das peles de marta que felizmente não é o "público típico" em portugal. Felicity Lott demonstrou estar na sua maturidade técnica e interpretativa e ser uma cantora dotada de inteligência e intuição musical. Qualidades que não são evidentes em grande parte dos cantores/as líricos/as do nosso tempo. Com isto não estou a promover Felicity Lott a "maior cantora da actualidade". Essa "elevação" guardo-a para outras duas: Karita Mattila e Magdalena Kozena. Ast