2006/07/13

LES AMANTS RÉGULIERS

A Cinemateca Portuguesa apresentou, em ante-estreia portuguesa, o último filme de Philippe Garrel, cuja estreia absoluta aconteceu no Festival de Veneza, a 3 de Setembro de 2005.

Trata-se de uma longíssima metragem (183 minutos), a preto e branco, com uma narrativa plasmada onde o trabalho de claridades, sombras e penumbras, constitui, senão o essencial, pelo menos o pilar de uma narrativa onde o drama se esbate num fluir temporal que parece querer anula-lo. Se a narrativa nos situa no Maio de 68, em França, em que Godard, segundo a narrativa do próprio Garrel antes do filme nos ser apresentado, lhe deu 100.000 francos para que ele constituisse a "versão alternativa", não oficial, dos eventos de 68, a "versão alternativa", a "outra narrativa", parece ser, não a história de rua mas as histórias concomitantes à história na rua.

Sobretudo este filme lembra-nos que os finais não são felizes e mesmo que O Sono dos Justos, o fim, nos remeta, metaforicamente, para um final feliz, a metáfora reduz-se à poiesis que aquele sono incorpora ao submeter o amor ao teste da realidade que o fuzilou, como aos ideais. Se a banda sonora é mediocre e trivial, já o trabalho de sonoplastia se revestiu da poiesis da narrativa, tornando-se a sua quarta dimensão. Ou terceira, conforme se vejam as coisas... AST