2006/12/16

A história traduziu-se na obra de Fernando Lopes-Graça

Como forma de homenagear o compositor Fernando Lopes-Graça re-editamos a conversa tida com Marc Tardue após a interpretação, realizada na Aula Magna da Universidade de Lisboa, do Requiem pelas Vítimas do Fascismo em Portugal

Álvaro Teixeira: Há cerca de duas semanas, creio, parei o carro para escutar na rádio o final da 9ª de Malher. Qual o meu espanto quando disseram que era a Orquestra Nacional do Porto! Fiquei impressionado porque não imaginei que em Portugal se pudesse tocar Malher daquela maneira.

Marc Tardue: Foi na rádio?

AT: Sim, sim...

MT: Mas eu não dei autorização... Deve ter sido outra obra...

AT: Pois, deve ter sido... Fosse que obra fosse estava muito bem tocada. Nunca tinha ouvido uma orquestra portuguesa a tocar daquela maneira e isto é o relevante. O que é que nos podes dizer sobre o assunto, tu que és o conductor-titular e director-artístico da orquestra?

MT: Quero dizer que é uma nova orquestra e tive a possibilidade de recrutar novos músicos através de um concurso internacional. Colocámos a barreira muito alto. Exigimos aos candidatos um nível verdadeiramente bom. Com os músicos muito bons que já estavam na orquestra e com os novos conseguimos uma orquestra excepcional. Estes músicos estão motivados, trabalham muito apesar de nem sempre terem as condições necessárias. Mas agora com a Casa da Música esperamos que tudo melhore. Iremos ainda mais longe. Esta orquestra é muito disciplinada e existe um desejo de fazer qualquer coisa de primeira classe mundial. Penso que o dinheiro que nos dão é devido a isto.

AT: De facto ouvi duas interpretações da mesma obra em dias consecutivos por orquestras diferentes e gostei muito mais da sonoridade da ONP.
Bom... Ouvimos a Requiem de Lopes-Graça, que é ao estilo de Lopes-Graça, mas gostava de saber se vocês têm o hábito de apresentar música do século vinte, e música contemporânea, ou se isto foi a excepção.

MT: Eu já apresentei obras contemporâneas em estreia mundial na Suiça e em França. Ganhei um prémio no concurso de Genéve pela interpretação de música contemporânea. Existem coisas muito interessantes e outras que têm menos interesse. É necessário colocar cada obra no seu contexto, no contexto em que foi escrita. Lopes-Graça viveu um periodo particular que está refletido na sua música. Sente-se um grande sofrimento e cólera naquela obra. Ele não deve ter sido feliz, tenho a impressão. Ele escreveu coisas difíceis para o côro e para os solistas. Coisas muito difíceis. Coisas bi e poli-tonais por vezes coladas por notas que nem sequer fazem parte dos acordes. Há coisas que causam irritação mas que levam o público a sentir que a vida não é sempre bela. É uma obra muito dramática e sente-se uma grande tradição pois ele escreve muito bem e faz pequenas imitações de Mozart e Verdi, de outros requiem. Encontram-se mesmo excertos de música da idade-média. É uma espécie de desafio para o público. Para mim é este o interesse e o poder desta obra. Eu sei que Lopes-Graça não cria em deus mas utilizou o requiem talvez no sentido de um memoriam para as vítimas do fascismo em Portugal.

AT: Ao nível da música contemporânea quais são os vossos planos?

MT: Apresentamos uma obra de Tinoco, outra de Filipe Pires e vamos fazer um concerto para piano do primeiro. Mas estamos limitados pois o nosso orçamento sofreu um grande corte. Não temos dinheiro para alugar o material.

AT: Qual material?

MT: As partituras para toda a orquestra e o pagamento dos direitos de autor. Por isso temos de escolher coisas já do domínio público. Gostaria por exemplo de fazer Charles Ives que não é exatamente contemporâneo mas para o público do Porto é bastante avant-gard. Gostaria também de fazer Pendereki.

AT: Que está vivo...

MT: Sim e também John Adams, mas nem sempre temos essa possibilidade. O nosso objectivo é construir um público. No Porto temos o Remix que faz a música verdadeiramente contemporânea. Nós devemos tocar Brahms, muito Mahler, Schönberg e Berg, quando possivel.

AT: Achas que o público do Porto é conservador?

MT: Em Portugal no general... isto não é um insulto. Eles não tiveram a possibilidade de aprenderem e ouvirem esta música. Não basta tocar uma obra. É necessário educar o público. Tem de se lhe dar a possibilidade de seguir o percurso da história da música até aos nossos dias. Nós temos muitas ideias para no futuro fazermos exatamente isto. Mas como em todas as dietas é necessário um regime equilibrado.

AT: E ao nível da vossa relação com a escola superior de música do Porto e os novos compositores?

MT: Sempre tive a ideia de fazer uma espécie de workshop e atliers para os jovens compositores. Seria muito interessante que Portugal desse a possibilidade aos jovens maestros e compositores não de apresentar sómente uma obra que se esquece de seguida. A minha ideia é ter dentro de um ano, em conjunto com a Casa de Música, dois compositores residentes que poderão escrever para nós obras para nós tocarmos durante esse ano e desta maneira poderemos trabalhar em conjunto. Também para o público ouvir cinco ou seis obras de um compositor leva-o a perceber o que é um estilo e uma linguagem particular. Para os músicos será igualmente interessante.

AT: Espero que esse projecto que me parece interessante vá em frente.

MT: Os meus músicos querem. Têm vontade e motivação mas neste momento estamos muito limitados ao nível orçamental. Espero que com a Casa da Música as coisas começem a andar.

AT: E eu espero que o Ministério da Cultura veja e ouça bem o vosso trabalho que eu acho francamente muito bom.

MT: Recebi em Outobro* a medalha de mérito cultural de Portugal e penso que há um desejo de ir mais além. Eu sei que há problemas de dinheiro em todo o mundo. Há que fazer escolhas e ver as coisas muito claramente. As duas sinfónicas portuguesas (a OSP e a ONP) têm e merecem todo o apoio.

AT: E irão tê-lo, estou certo.

* 2004














Garzón, di Pietro e... Morgado?

Mas Carolina precisa de ter credibilidade? Carolina apenas precisa de dizer verdades que os tribunais possam provar. Nada mais.

Porque no fundo, em Portugal, estamos a começar pelo futebol, mas o best-seller de Carolina pode ter efeitos arrastadores. Todos ansiamos por isso. E porquê? Porque desejamos que começe pelo futebol, mas, se Maria José Morgado fôr certeira e implacável, muitos figurões vão deixar de ver o céu azul e passar a vê-lo aos quadrados pretos e brancos.

Porque Maria José Morgado pode fazer uma triangulação e isto alargar ao branqueamento de capitais. Ou fazer um passe em profundidade e atingir as autarquias. Ou rematar de fora da área e aproximar-se dos partidos. Ou marcar um penaltie e acertar em políticos em pleno desfrutar do seu enriquecimento rápido e fácil. Horácio Piriquito in Oje, 18 de Dezembro de 2006, pag 4















DOUTORES DA TRETA

Os "doutores-veteranos", parte dos quais ocupam lugares em cursos universitários de utilidade duvidosa, pagos com o dinheiro do estado, quando deveriam, em meu entendimento, estar a fazer cursos técnicos e de formação profissional, os "doutores-veteranos", dizia, encontram nas praxes académicas um modo, talvez o único ao longo da suas "carreiras", de afirmação dos egos inchados de nada. É um problema de líbido mal dirigida (e digerida), isso já o sabemos. O miolo da questão é que esses "doutores" e "engenheiros", veteranos todos eles, violentam os limites do elementar respeito pelo "outro", limites sem os quais o mundo passaria a cenário de guerra permanente e generalizada. Muitos desses "veteranos" portugueses, em outros países da Europa, e não só, estariam em liberdade condicionada ao respeito pela integridade do "próximo". Outros estariam já sem a referida limitada liberdade dado terem demonstrado, muito insistentemente, que são animais de trela. Como por estes e aqueles lados não se colocam trelas em gente, só restará ao Estado colocá-los num lugar onde pensem (esperança inútil...) sobre os seus consecutivos atentados à mais elementar dignidade da "outra" e do "outro". Os "doutores-veteranos" são um dos casos mais gritantes das causas do atraso de Portugal, que tem vindo a ser tranquilamente ultrapassado pelos novos membros da UE. Os "doutores-veteranos" não transmitem a qualidade, a generosidade e a excelência: transmitem a hierarquia pela hierarquia, como se isso tivesse qualquer valor. Transmitem a brutalidade e o prazer, perverso, de subjugar e humilhar os mais desprotegidos. Muitos dos "doutores" e "engenheiros" veteranos estão nas juventudes partidárias à espera oportunidades de carreira. Vários políticos profissionais em Portugal entraram para a política no tempo em que eram "doutores-veteranos". Outros foram dirigentes das associações de estudantes que são um trampolim para a política e para a conquista de "cargos". Na verdade, com "élites" como os "doutores" e "engenheiros" portugueses, todos eles muito veteranos, não há país que consiga acompanhar o passo da história. AST



Um professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), com sede em Vila Real, decidiu fazer um breve inquérito escrito e anónimo sobre a praxe académica a alunos de duas turmas do 1.º ano. Os resultados da iniciativa foram surpreendentes e deixam perceber a violência de algumas destas práticas.
Entre outras denúncias, os estudantes dizem que foram obrigados a "fazer posições sexuais em público", a "fazer de escravos" dos chamados "doutores", tratando da limpeza das suas habitações. Os jovens caloiros denunciam ainda que tiveram de suportar "certas brincadeiras indecentes", "morcões [larvas de insectos] nas meias, nos cabelos e no corpo", tiveram que comer alho, cebola e malagueta, rastejar na lama. in http://www.petitiononline.com/praxe/













Para Maria José Morgado sai caro ao Estado não dar prioridade ao combate à corrupção. O crime cresce diariamente em Portugal, aumenta as desigualdades sociais e atrasa ainda mais o desenvolvimento da economia. A corrupção... gera um país ainda mais pobre e atrasado. in http://sic.sapo.pt (05-02-2006 12:51)












Os procuradores passam, os políticos revezam-se, os Governos mudam... e o resultado é sempre o mesmo: nada. in Jornal de Negócios, 07/12/2006, pag 2 (editorial), sobre a corrupção em Portugal











Jorge Vasconcelos "bateu com a porta". Mas o presidente da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) não vai de "mãos a abanar": vai receber 12 mil euros por mês até encontrar um novo emprego. in www.correiodamanha.pt (2006-12-17)