2007/12/19

Exército para quê?

Portugal tem um general por cada três sargentos-mor no Exército. No topo da carreira de oficiais, existem 61 generais, sendo 45 de 2 estrelas e 16 de 3 estrelas.
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Para quê tantas estrelas, galões, divisas, e euros; tantas viaturas e quartéis, tanto armamento, bandas militares e charangas, se não há nada a defender, a não ser o tacho de cada um? in Jornal do Norte, 2007/12/17, pag 3

Os grandes perigos para Portugal vêm de dentro, não do exterior. A Noruega, que é um país desenvolvido, seguro e respeitado, não tem exército, apesar de ter petróleo e estar perto da Rússia.


Portugal perde com a Grécia...

Nessa Europa a 12, lutávamos com a Grécia para não sermos os últimos. A Espanha estava já demasiado longe para ser ultrapassada, mas os gregos, pouco mais de dez milhões como nós, pareciam um adversário razoável. Depois vieram as Europas a 15, a 25 e a 27 e deixámos de ter medo do fundo da tabela. Mas e a Grécia? Bem, quase sem notarmos, tem hoje um rendimento por habitante que chega aos 98% da média da União Europeia , enquanto Portugal se fica pelos 75%. Ao mesmo tempo, os espanhóis acabam de celebrar a ultrapassagem aos italianos (105% contra os 103%). E no topo do campeonato lá está o Luxemburgo, que, graças ao minúsculo tamanho e à avalanche de instituições financeiras, exibe uns astronómicos 280% do rendimento médio europeu. No fim, a Bulgária.

Desde 2001 que falhamos o tal ideal de convergência que justificou tantas verbas vindas de Bruxelas e cujas marcas são bem visíveis pelo menos nas auto-estradas (passou-se de 207 km em 1986 para mais de 2000 km hoje). Estamos a desenvolver-nos, sim, mas outros países estão a ter melhores resultados. E não apenas a Grécia (que ainda por cima foi campeã europeia de futebol há três anos derrotando Portugal e logo em Lisboa). Também República Checa, Malta, Eslovénia e Chipre nos ultrapassaram na listagem da UE, onde estamos em 19.º lugar. E a queda tem-se notado também noutra classificação, a do Índice de Desenvolvimento da ONU, em que Portugal já esteve em 23.º, mas surge agora em 29.º.

Vale a pena algum optimismo? Certamente, pois a economia dá sinais de recuperar (1,8 este ano, 2,2 % em 2008, 2,8 em 2009 - finalmente a reiniciar-se a convergência com o resto da UE) e o benefício das duras reformas governamentais vai sentir-se mais cedo ou mais tarde. O controlo do défice é já o primeiro resultado e garante que a revista The Economist não voltará a chamar a Portugal "o novo homem doente da Europa" como fez em Abril. Mas a falta de êxitos não pode ser só culpa dos governos, há-de haver outros responsáveis. Talvez todos nós, uns mais que os outros. E a Grécia? Vai crescer 4,1% este ano, 3,8 em 2008, 3,7% em 2009. Continua a ganhar-nos. No futebol e não só. in http://dn.sapo.pt (2007/12/24/opiniao)


Democracia adoentada

O ano passado morreram 33 mulheres às mãos dos seus maridos ou companheiros.
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Há dois anos que o Governo fala da colocação de pulseiras electrónicas nos agressores mais violentos. Agora, veio dar o dito pelo não dito e anunciar que em vez de pulseiras electrónicas vai distribuir telemóveis às vítimas. Um telefone para evitar uma agressão? Ouve-se e não se acredita. Como é que o Governo espera que as mulheres se defendam com um telemóvel? Atirando-o ao agressor ou pedindo-lhe para interromper o ataque para fazer uma chamada para a polícia? in Meia Hora, 20 Dezembro 2007, pag 4

O facto de as ruas das nossas cidades, as escolas e, por vezes, até as famílias se terem convertido em campos de batalha não é senão o resultado da erosão da autoridade.
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Devíamos exigir o fim da deriva permissiva que os sucessivos governos têm protagonizado, por mero facilitismo ou cedência à "expertise" mais do que duvidosa dos especialistas em educação. in Diário Económico, 20 Dezembro 2007, pag 3

Esta demagogia democrática conduziu à escola dos dias de hoje, em que ninguém é responsável, em que campeiam a indisciplina e a violência, em que a tão necessária autoridade do professor é posta em causa por alunos, pais, e até pelos restantes funcionários das escolas.

Esta escola dita democrática só pode produzir analfabetos e bandos de pequenos malfeitores, matéria-prima para os gangs de bairro, das actividades da noite e outras. in Oje, 20 de Dezembro de 2007, pag 4


Foto do ano 2007 da UNICEF

Mostra um afegão de 40 anos ao lado de uma menina de 11. Se não houvesse legendas pensar-se-ia que eram pai e filha. Nas legendas lê-se serem marido e mulher. Perguntaram à menina o que estava a sentir. Ela respondeu que não estava a sentir nada e questionou sobre o que deveria sentir por um homem que nunca tinha visto anteriormente. Foi mais um casamento arranjado. Tal como costuma acontecer por aquelas paragens. A foto é de Stephanie Sinclair.


Reino das arábias

Na página 15 do diário Global Notícias (18/12/07) lê-se que o rei da Arábia Saudita - obscuro país propriedade de uma família que o Reino Unido e os EUA consideram um "aliado" - indulta mulher vítima de violação. No corpo da notícia fica-se a saber que a jovem de 19 anos foi violada por sete homens e seguidamente condenada a seis meses de prisão e 200 chicotadas (que o rei indultou). Porque na altura se encontrava num carro na companhia de um "desconhecido"...


A reter

Um estudo da revista Fortune sobre as 500 empresas mais lucrativas do mundo, demonstra que quando existem mulheres em lugares top os lucros acontecem num crescendo e a longo prazo. Segundo um estudo do Barclays e da revista Economist, em 2025 60% dos bilionários serão bilionárias, mulheres.

A Universidade de Reykjavik, desde que dirigida por mulheres, melhora o seu estado financeiro todos os anos e 95% dos que lá trabalham dizem-se muito satisfeitos. (fonte: Education Guardian, 11 Dezembro 2007, pag 1)

No Lewisham College, no sul de Londres, os alunos com idades entre os 14 e os 16 anos aprendem a construir muros e casas. (fonte: idem, pag 3)


A UE até já fala grosso e tudo...

Denpasar, Indonésia, 13 Dez (Lusa) - A União Europeia boicotará a reunião sobre alterações climáticas organizada pelos EUA no Havai se Washington se recusar a aceitar objectivos de redução das emissões de gases poluentes em Bali, alertou hoje o ministro alemão do ambiente.

"Se não houver resultados en Bali, não haverá outras reuniões das economias mais poderosas", disse o ministro alemão Sigmar Gabriel, referindo-se à Iniciativa das Grandes Economias (MEI), uma série de reuniões sobre o clima iniciadas em Setembro pelo presidente norte-americano, George W. Bush, e que deverão prosseguir no próximo mês em Honolulu, Havai. in http://noticias.sapo.pt (13 de Dezembro de 2007, 12:39)

Há que compreender que qualquer acordo que não inclua, para além dos EUA, pelo menos a China e a India, entre os grandes poluidores, será pouco mais que folclore pois estes países são dos mais poluidores e vão continuar a aumentar os níveis de emissões poluentes. Há igualmente que proteger as florestas tropicais desvastadas sobretudo nos "países em vias de desenvolvimento", como a Indonésia, para comércio das "madeiras exóticas". É verdade que se os habitantes dos países ricos se recusassem liminarmente a comprar essas madeiras o problema estaria em parte resolvido. Mas também é verdade que se a sua importação fosse declarada ilegal pelos países ricos a destruição das florestas e selvas tropicais se poderia atenuar substancialmente.


Bem comer e bem beber?!

«Como nos podem exigir que bebamos café em copos de plástico, como podem impedir a venda de bolas de Berlim nas praias, ou proibir que os cafés vendam produtos de fabrico próprio não empacotados?» pode ler-se no documento, cujos autores reclamam defender as «tradições do bem comer e bem beber portuguesas». in http://sol.sapo.pt (17/12/2007)

Olhando para a quantidade de baixos (as) e gordos (as) em Portugal ficamos conversados. Quanto ao plástico sem dúvida que destrói o planeta. Na realidade é um cancro. Não se percebe como aqueles que agora se reclamam das tradições do "bem comer e bem beber", e até falam justamente na malignidade dos copos de plástico, não se insurgem contra o lixo desmesurado que representam os sacos de plástico distribuídos gratuitamente pelos super-mercados portugueses, que seguem o mau exemplo dado pelo Reino Unido. Afinal os portugueses sempre foram seguidistas... E o governo português, que tem tomado medidas impopulares de necessidade duvidosa, recuou na ideia, correcta, de taxar este lixo fácil mas impressionantemente nocivo e duradouro. Em Portugal os lobbys financeiros, mesmo sussurrando, falam mais alto que manifestações com dezenas de milhares de trabalhadores...


2008 vai ser bonito

À semelhança da festa que fizemos no #211 da AVENIDA, com 13 concertos, em 13 salas numa sexta-feira 13, irá haver 21 concertos - não em 21 salas – de um grupo de gente que vai tornando a tuga um sítio incrível para se presenciar música contemporânea, medido em que escala seja (ainda para mais em véspera de solstício). As portas abrem às 21h e o som arranca às 21h30, logo com três concertos - Phoebus e p.ma, Osso Exótico com Francisco Tropa e Heatsick, pelo que atrasar é mesmo desperdiçar. Mais, para quem não está numa de jantar a correr para chegar a horas, a Comida do Povo vai fazer também refeições a 5€ (cous cous vegetariano e brownies). Um bom Natal para vocês. 2008 vai ser bonito. Beijos e abraços, Filho Único (www.filhounico.com) in http://jazzearredores.blogspot.com (19.12.07)