2006/10/20

O MAL ABSOLUTO

No país do filósofo que preconizou o fim da história com a afirmação do "absoluto", tomou forma aquilo que poderemos definir como o paradigma absoluto do mal: o nazismo.

Os regimes "totalitários", definição "soft" para regimes fundados na violência e na repressão, acabaram por olhar o nazismo, clara ou envergonhadamente, como o seu "paradigma". Seria um exercício interessante vasculhar as histórias de vida de alguns defensores da "vida", contra o direito das mulheres à interrupção da gravidez. Seria de facto uma curiosidade "interessante" se se constatasse, ainda que remotamente, que "muito lá no passado", alguns dos grandes defensores da "vida" e da "família", colaboraram, activa, passivamente, ou pelo silêncio, com os mais atrozes regimes que torturaram e mataram indivíduos e famílias. Já agora será ocasião para perguntar de que modo, em cada país, a igreja católica se opôs ao genocídio levado a cabo pelos nazis. Será que em muitos lugares se limitou a olhar o "ser" que se "desvela" na história, tal como fez Heidegger? E as outras igrejas e religiões, já agora?

Olga, um filme de 2004, de Jayme Monjardim, apresentada na 1ª Mostra de Cinema Brasileiro, em Lisboa, pode não ser um "paradigma estético" da realização cinematográfica, se isso por acaso existe. Nele acontecem "cenas clichés" que, evidentemente, não podiam dispensar as belas mamas, quero dizer belos seios, de Camila, que de resto teve uma performance impressionante na interpretação de Olga Benario, o mesmo se passando com Caco Ciocler que representou Luis Carlos. Mas este filme é sobretudo um documento "para-histórico" importante para a humanidade se confrontar, ainda que em diferido, com o "puro mal", a "pura atrocidade", que Heidegger, com muita filosofia, dizia fazer parte da "humanidade do homem". Deveria ter dito "humanidade" de uma certa espécie, ou sub-espécie, de homens e mulheres. AST