O regresso do cacete
Ségolène Royal - que a estupidez e o machismo de alguns franceses preteriu a favor do actual presidente/show-man - não teve problemas em preconizar o enquadramento militar dos jovens violentos. Eu diria mais: todos os violentos (violência não é só agressão física) têm de ser monitorados, e os violentos que recebem subsídios e outras prestações sociais deveriam ser obrigados a desempenhar um serviço cívico que poderia ser tutelado pelos militares. Charles Melman - psicanalista histórico fundador do "movimento" psicanalítico ao qual me encontro ligado - ironizou com esta faceta de Ségolène num editorial que esteve online no site do "movimento", editorial que tinha o título deste post. Permito-me discordar e dizer que Ségolène estava correcta. Sabemos bem que se não existir uma "castração" adequada desenvolvem-se indivíduos perversos. Não percebo por isso qual o espanto se alguns jovens - provavelmente uma percentagem ínfima - forem enquadrados militarmente, onde receberão uma educação melhor que aquela oferecida pelos pais e a escola. Dada a sua especificidade como educandos...
Os "especialistas da educação" criaram case studies em Portugal. Não me refiro à agora famosa portuguesa, de 15 anos, que há dias tratou mal uma professora idosa e franzina, tornando-se assim uma vedeta - portuguesa concerteza - da internet. Refiro-me aos mais velhos, na casa dos 30/40 anos, que são puros parasitas e vivem à custa de familiares que maltratam (dos pais ou das esposas pois mais ninguém está para os aturar). Existem muitos, demasiados para um país pequeno, que são fruto da pedagogia de pacotilha que vigora há demasiado tempo em Portugal. Deveriam ser enviados para as casas dos "pedagogos" que teorizaram e criaram o "sistema educativo" português, porque são eles os verdadeiros pais desses infelizes crápulas que são simultaneamente vítimas de um "sistema" que não os soube educar para o trabalho e para o respeito pelos outros. E nem falo dos "novos criminosos". Dos que com vinte e tais anos, e menos, cometem crimes sistemáticos e violentos. Porque esses são a prova cabal da total falência e do escandaloso bluff que é o "sistema educativo" dos "pedagogos" e "especialistas da educação". Sobre os crimes só tenho uma coisa a dizer: no início da era pós-socrática (é que sou licenciado em Filosofia...) uma das primeiras medidas terá de ser a alteração do novo Código Penal. Do absurdo Código Penal que este governo impôs ao país. A idade para imputabilidade da responsabilidade criminal tem de baixar e o peso das penas tem de aumentar. Entre outras coisas.
Agora trata-se do Estado, dos cidadãos informados, dos cidadãos que pagam impostos e intervêm honestamente na vida do país, serem capazes de responsabilizar os verdadeiros culpados por este estado de coisas. Na crónica de hoje (22 de Março) na última página do jornal "Público", Vasco Pulido Valente chamou os bois pelos nomes. Este governo que está no poder com maioria absuluta há três anos é responsável pelo agravamento das situações de indisciplina nas escolas, que não são residuais ao contrário daquilo que a ministra da educação e respectivos secretários dizem. Muitos casos são escondidos da própria "comunidade educativa" e os casos mais graves não são conhecidos do público. Como, por exemplo, o daquele aluno que pontapeou uma professora grávida causando-lhe um aborto. Porque a professora se recusou a ajudá-lo num teste escrito para avaliação! Aconteceu há anos numa escola de Lisboa e parece que o aluno foi suspenso 10 dias mas continuou na mesma escola pelo menos até ao final do ano lectivo! Será isto normal? Será isto aceitável? Este seria um caso para o tal enquadramento militar proposto por Ségolène Royal e todos sabemos que há mais. É necessário acabar com esta farsa que vai matar o país. É necessário acabar com a farsa do actual Ministério da Educação que dá verbas absurdas à confederação de pais que o apoia. Os professores só podem ser avaliados quando tiverem condições dignas para o exercício da sua profissão. Sem insultos, sem mêdos, sem agressões, sem indisciplina. É necessário que o país tenha a coragem, e a capacidade, de pedir contas a quem realmente tem contas a prestar, como muito bem diz VPV na referida crónica. Acabe-se de vez com a hipocrisia e com o teatrito de andarem a arranjar bodes espiatórios para crucificação pública - não são os professores os principais responsáveis pelo estado a que chegou o ensino básico em Portugal (mas não estão isentos de responsabilidades pois muitos professores e membros das direcções das escolas têm sido veículos do "eduquês" que destruiu o país) - porque senão é Portugal que acaba. E se acabar vai acabar mal. Pior do que imaginam.* AST
* os sindicatos dos trabalhadores espanhóis acusam os portugueses (que são muitos milhares a ocupar empregos pouco qualificados em Espanha) de fazerem concorrência desleal ao trabalharem mais horas por menos dinheiro. Não pensem os portugueses que andam a maltratar os professores que vão encontrar a salvação em Espanha, ou onde quer que seja, porque não vão.
* Consulado diz nada ter a ver com o problema. Três portugueses enganados por um patrão holandês estão naquele país sem casa, comida nem dinheiro e acusam o Consulado de Portugal em Roterdão de os maltratar e deixá-los ao abandono... Sem casa e sem dinheiro, os portugueses conseguem comida graças a uma cabo-verdiana que tem um café e lhes dá umas "sandes e uns sumos". in publico.pt (23.03.2008 - 16h34 Lusa). Nota do Editor: e são trabalhadores especializados! "A história deste português de 29 anos, um serralheiro-tubista que em Portugal fazia tubagens para navios, começou há um mês quando foi contactado para ir com urgência para a Holanda." idem. Que será de alunos como os do "9ºC em grande"? Alguém os quererá como trabalhadores, funcionários, ou mesmo figurantes de novelas rascas? A pergunta poderá ser formulada de outra maneira: servirão esses portugueses do "9ºC em grande", e outros similares, para alguma coisa?
Batemos no fundo
Governantes, pais e professores saem muito mal do "filme" da sala de aula do Carolina Michaelis. Um a aluna aos gritos, batendo na professora e tratando-a a por tu, uma turma inteira satisfeita e gozando com a desordem e com a incapacidade da professora - "a velha" - , tudo isto é um retrato mau do estado a que deixamos chegar a situação.
Os pais acomodam-se com o recibo da propina que pagam à escola, como se a sua responsabilidade acabasse aí. Os filhos são entregues à escola, onde entram e saem com ligeiras e rápidas passagens por casa, para comer e dormir. Casas onde não se discute problema nenhum e nada se questiona. Casas onde muitas vezes nem tempo há para se falar, conversar.
Nas escolas, as regras são o que se sabe. Seriam assim tão maus os tempos em que os alunos se levantavam quando o professor entrava na sala? Seria assim tão penoso o silêncio que se fazia enquanto o professor falava? Seria assim tão pouco natural que um aluno fosse posto fora da aula se estivesse a perturbar os colegas e o professor? Seria assim tão fora do senso comum que um estudante que não tivesse aproveitamento fosse obrigado a repetir o ano?
Porque mudaram as leis, porque deixámos as coisas cair neste "deixa andar"?
O 25 de Abril, que nos trouxe a liberdade, levou, nos tempos revolucionários, regras que eram boas mas que voaram com o lixo fascista. Os tempos revolucionários passaram, vieram tempos democráticos, ministros de todos os partidos e o edifício escolar nunca se compôs, nunca foi capaz de responder aos desafios da democracia.
O filme vergonhoso do Carolina, que infelizmente não é nem caso isolado nem o mais grave, deve encher-nos a todos de tristeza. Pura e simplesmente somos uma sociedade que não sabe educar os seus filhos, que não tem nem valores nem referências para lhes dar. Batemos no fundo. E enquanto não conseguirmos restaurar a autoridade na escola, não sairemos da cepa torta. José Leite Pereira in Jornal de Notícias (23 Março 2008)
Pais indulgentes potenciam o bullying nas escolas
Os jornais ingleses The Guardian e The Daily Telegraph publicaram, ontem, a propósito da relação entre o bullying e pais indulgentes, as conclusões de um estudo encomendado pelo Sindicato Nacional de Professores (National Union of Teachers), que merece a nossa reflexão:
O mau comportamento nas escolas é alimentado por pais "super indulgentes" que não sabem dizer não aos seus filhos, de acordo com os estudos. Os professores estão a lidar com um "pequeno mas significativo" número de alunos que fazem birras na aula quando a sua vontade não é satisfeita, ficam exaustos porque se deitam tarde e têm pais "beligerantes" que tomam o partido dos filhos contra os professores.
"Estes pais, eles próprios sob pressão social e muitas vezes incapazes de lidar com o comportamento dos filhos, podem ser muito agressivos, por vezes recorrem à violência para proteger os interesses dos filhos." Os professores descreveram pais "altamente permissivos que permitem tudo para não se aborrecerem e que não recorrem a sanções ou incentivos." in http://ramiromarques.blogspot.com (23 de Março de 2008)
Toca a rir pessoal, que a galhofa faz bem à alma lusa
Quer-se que a Escola recupere um atraso centenar como um milagre de alminhas. Basta lembrar que em 1910 cerca de 80% da população era analfabeta (taxa maior de escolaridade tinham os netos dos antigos escravos americanos) e que à beira do 25 de Abril de 1974, esta percentagem atingia ainda os 35%. Também na entrada da revolução dos cravos o número de licenciados ficava-se pelos míseros 4%, enquanto a França contava com 40%. Sociedade, cultura e mentalidade não se alavancam de um momento para o outro, daí a demagogia feroz das comparações. Então comparemos a estatura dos nossos políticos, com a dos seus homólogos franceses, alemães e até espanhóis e toca a rir pessoal, que a galhofa faz bem à alma lusa.
É certo que os professores não estão isentos de culpas. Aceitaram e até embarcaram nas ridículas modas pedagógicas, não questionaram firme e publicamente o desvario disciplinar, o severo e preocupante desajustamento curricular, a absurda hora lectiva. Resignaram-se em demasia, vencidos pela hierarquia ou pela comodidade de não fazer mais ondas, quando o mar encapelado já torna tão difícil a vida da tripulação. António Maduro in www.tintafresca.net (edição nº 89)
Portugal pode-se dar ao luxo de perder os imigrantes que possuem qualificações?!
Imigração. A taxa de desemprego em Portugal está a levar os imigrantes de Leste a sair do País. São sobretudo ucranianos que o fazem, a maior comunidade originária desta zona . Por outro lado, os que conseguem estabilidade já trazem a família
O dia-a-dia de Maria Didych é feito a pensar no que vai deixar para trás em Portugal. Os amigos, o mar, a comida... é o que lhe irá fazer mais falta na Ucrânia, para onde regressará em Julho. Mas também parte com uma enorme frustração, a de não ter conseguido o reconhecimento das habilitações: uma licenciatura em biologia, a base da sua formação enquanto analista. "Os meus filhos sempre me pediram para regressar. Viam-me com uma bata branca e agora vêem-me com uma esfregona. Não gostam!" in dn.pt (23 Março 2008)
Et OUI!
1. Sabem em que consiste a "manutenção" do site do ministério da justiça? Não? Ok! Eu esclareço: trata-se de actualizar conteúdos, um trabalho que provavelmente muitos dos v/ filhos fazem lá na escola ou em casa "com uma perna às costas". Por falar em "costas" acham que o ministro Costa recorreu ao OTL e pediu um puto qualquer para tratar do assunto? Não! Trata-se de uma tarefa altamente técnica que justifica uma remuneração de 3.254,00 euros mais o subsídio de almoço, claro!!!
2. E sabem quem tem o perfil adequado a essa extremamente especializada função? Não? Ok! Eu esclareço. Trata-se de Susana Isabel Costa Dutra. Susana Isabel Costa Dutra, é (por um acaso daqueles que só acontecem... em Portugal!) filha do ministro Alberto Costa. Et OUI! (e-mail de leitor identificado)