Ao longo dos anos o PS demonstrou ser um partido dominado por uma "máquina" somente interessada no poder e na distribuição de cargos vários, durante e após o exercício do poder (o PS esteve presente no BPN como todos já sabemos). Não é por acaso que o PS se transformou no partido apoiado por uma luminária como Luis Delgado, o comentador-administrador apoiante incondicional das políticas de Bush. O PS não tem conserto. Todos os militantes e dirigentes cantaram a música que Pinto de Sousa, o grande derrotado destas eleições, lhes disse para cantarem. Nem uma voz crítica, exceptuando o "grupo de Alegre", e até esse grupo de deputados "rebeldes" (só tolerados pelo cinzentão PS devido ao mêdo de uma improvável cisão), se remeteu a um patético silêncio durante a campanha eleitoral. E que mais poderiam fazer estando dentro do PS?
Na Europa os eleitores não escolheram entre socialismo e capitalismo, como Paulo Rangel se apressou a afirmar. O debate ideológico esteve bem ausente destas eleições e o que contou foram "ninharias" do dia a dia dos europeus. Os holandeses não são de extrema-direita. O que os holandeses não estão dispostos a continuar a suportar é os extremistas islâmicos que assassinaram um político e um realizador de cinema. Qual seria a reacção se esses assassinatos tivessem acontecido em Espanha, por exemplo? Teriam os espanhóis esperado tranquilamente pelas eleições para se pronunciarem?
A Itália é definitivamente um caso perdido. Como se não bastasse a Máfia, agora tem o "vírus" Berlusconi, para lavar e durar. Seria bom que a "direita civilizada" de Paulo Rangel se abstesse de dar o exemplo italiano, quando (erradamente) fala na "derrota do socialismo" na Europa. No caso de Itália poder-se-ia falar na vitória de uma certa Máfia. É essa forma de fazer política que o PSD de Paulo Rangel e Manuela Ferreira Leite deseja? Não me parece.
Os europeus disseram claramente que não querem que os bancos sejam salvos com o seu dinheiro. Se os bancos eram os maiores beneficiários do "mercado livre" e dele se aproveitaram até à última gota, devem ser deixados ao justo destino que esse "mercado livre" que lhes era tão querido lhes reserva, destino que é fruto da sua própria actuação e das suas próprias escolhas na procura do lucro máximo.
Em Portugal definitivamente o BE afirmou-se como alternativa ao PS. Ao PS devem ser deixadas as "franjas" da direita, como a luminária Luis Delgado, que representam não mais de 6,58% dos eleitores. Os outros 20% devem votar no BE.
Mais do que nunca a partir de agora: à polícia o que são casos de polícia e à política o que é política.
Quanto ás sondagens estamos conversados sobre a sua validade "científica": só as da Marktest davam a vitória ao PSD.
Ha! Já me esquecia! Os "barões" do PSD foram reduzidos a cinzas. Espero que Ferreira Leite e Rangel façam agora a "limpeza geral" que aquele partido necessita. Os eleitores que neles votaram e que não votariam nos "barões" estarão com eles. De resto se Paulo Rangel decidir ficar a apoiar MFL nas legislativas em vez de ir para Bruxelas, por mais que o PS e os "barões" do PSD esganicem, os eleitores não o penalizarão.
Chico-esperto
O antigo Conselheiro de Estado, Dias Loureiro, não tem bens em seu nome que permitam um possível arresto dos mesmos no âmbito das investigações das autoridades ao caso Banco Português de Negócios (BPN).
A notícia é avançada na edição de hoje do Correio da Manhã com o diário a adiantar que sabe que o ex-administrador da SLN – e braço-direito de Oliveira e Costa no banco – escapou à penhora, depois de os investigadores terem analisado minuciosamente o seu património.
Segundo o jornal, os imóveis de Dias Loureitro estão registados em nome de familiares ou pertencem a sociedades sedeadas em paraísos fiscais. As contas bancárias que tem em seu nome, por outro lado, possuem saldos médios que não ultrapassam os cinco mil euros. in publico.pt, 08.06.2009, 10h05
Nota: João Cravinho, no seu "pacote anti-corrupção", propôs que a justiça podesse deitar mão aos depósitos e bens guardados ou registados em "paraísos fiscais". O governo PS/Pinto de Sousa não aceitou. Passados uns tempos apareceu um livro com prefácio de Dias Loureiro em que Pinto de Sousa, vulgo Sócrates português, era apresentado como o "menino de oiro do PS". Agora é o que se vê...
Ele há coisas...
Enquanto o PS realizou um grande comício em Braga, o PSD teve de esperar até às 11 horas da noite para fazer um comício com meia casa. Mais valia que a líder do PSD tivesse respeitado o seu horror aos comícios. Teria poupado esta humilhação eleitoral.
17,95%
Não é verdade que o eleitorado europeu que se deu ao trabalho de ir votar tenha resolvido penalizar por regra os governos em funções. Em 27 estados, 13 partidos no governo sofreram algum tipo de perda. Há contudo um dado que se destaca: o Partido Socialista português foi, de todos os partidos no governo, aquele que de longe, maior derrota sofreu. Seja por má governação, seja pela avaliação negativa da prestação dos seus deputados europeus, seja pelo mau candidato, seja pelas 3 razões juntas.
Vejam-se as variações de voto entre 2004 e 2009 de todos os partidos actualmente no governo:
Portugal – Partido Socialista (pse): Menos 17,95% que em 2004
6,63%
236.028 cidadãos (duzentos e trinta e seis mil e vinte e oito, ou 6,63%) deram-se ao trabalho de se deslocarem às urnas para… não escolher nenhum partido.
Berlusconi é “coisa”, é “vírus”, é “delinquente”
“Uma coisa perigosamente parecida com um ser humano, uma coisa que dá festas, organiza orgias e manda num país chamado Itália.” Foi assim o começo do artigo de opinião que o Nobel português da Literatura, José Saramgo, escreveu para o diário espanhol “El País”, referindo-se ao primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi.
O título do artigo de Saramago é “A coisa Berlusconi” porque segundo o escritor “não vejo outro nome que lhe poderia dar”.
“Esta coisa, esta enfermidade, este vírus ameaça ser a morte moral do país de Verdi se um vómito profundo não o conseguir arrancar da consciência dos italianos, antes que o veneno acabe corroendo as veias e acabe destroçando o coração de uma das mais ricas culturas europeias.”
Saramago alega que os valores mais básicos da convivência humana são pisados pelo primeiro-ministro italiano e define-o como um delinquente, palavra que, segundo o escritor, tem em Itália o valor mais negativo de toda a Europa. 07.06.2009 - 10h01 PÚBLICO
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