Portugal é o próximo alvo dos mercados financeiros, está, como a Grécia, à beira da bancarrota, e ambos parecem muito mais perigosos do que a Argentina em 2001, diz o antigo economista chefe do FMI, Simon Johnson, que critica fortemente a forma como Portugal se tem financiado, comparando-a ao esquema em pirâmide usado por Bernard Maddof.
A conclusão é apresentada pelo antigo economista chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Simon Johnson, numa análise realizada para o jornal norte-americano 'New York Times', intitulada "O próximo problema global: Portugal".
"O próximo no radar será Portugal. Este país escapou em grande medida às atenções, muito porque a espiral da Grécia desvaneceu. Mas ambos estão economicamente à beira da bancarrota, e ambos parecem muito mais perigosos do que Argentina parecia em 2001, quando entrou em incumprimento", diz a análise do economista, que é Professor no Massachusstts Institute of Technology.
Simon Johnson equiparou ainda o financiamento de Portugal a um esquema em pirâmide (como o utilizado pelo gestor norte-americano Bernard Maddof que lhe valeu a prisão perpétua).
O economista diz que Portugal, tal como a Grécia, em vez de abater os juros da sua dívida, tem refinanciado os pagamentos de juros todos os anos através de emissão de nova dívida, chegando mesmo ao ponto de dizer que "vai chegar a altura em que os mercados financeiros se vão recusar pura e simplesmente a financiar este esquema ponzi".
Quanto à correcção dos desequilíbrios, o economista critica fortemente a falta de medidas mais duras.
"Os portugueses nem sequer estão a discutir cortes sérios. (...) Estão à espera e com a esperança de que possam crescer suficientemente para sair desta confusão, mas esse crescimento só pode chegar através de um espantoso crescimento económico a nível global", disse.
Simon Johnson considera ainda que "nem os líderes políticos gregos, nem os portugueses, estão preparados para realizar os cortes necessários", que o Governo português "pode apenas aguardar por vários anos de alto desemprego e políticas duras", e ainda que os políticos portugueses podem apenas "esperar que a situação piore, e então exigir também bailout (plano de apoio)".
Simon Johnson é Professor na Universidade norte-americana MIT - Massachusetts Institute of Technology, faz parte do Instituto de Economia Internacional (em Washington), é conselheiro económico do Departamento Orçamental do Congresso dos EUA (Congressional Budget Office) e foi economista chefe e director do departamento de investigação do FMI. dn.pt, 15 Abril
Nota: pena que quando fala em "portugueses" não faça a distinção entre os corruptos e "boys" (muitas vezes coincidem), que se têm enchido com milhões, os "pedagogos" e os "cientistas da educação" (e outros "cientistas sociais"), que são os responsáveis da "improdutividade" e da "falta de competitividade" dos portugueses, e os "outros": os que sem culpa nenhuma ou culpa menor vão "levar por tabela".
Porreiro pá (enésimo porreio pá)
O escritório de advogados de José Miguel Júdice terá cobrado 460 mil euros (mais 110 mil euros que o contrato com Luís Figo) ao Taguspark para a realização de uma auditoria que levantou dúvidas a Vítor Castro, um dos administradores executivos do parque tecnológico. "Desta auditoria apenas tive conhecimento do relatório que foi disponibilizado quando o senhor presidente da Câmara fez uma reunião com o conselho de administração. Se foi feito mais trabalho, não tenho informação sobre os objectivos e resultados obtidos", escreveu aquele administrado, em Junho de 2009, num memorando "pessoal e confidencial" dirigido a Isaltino Morais.
Neste documento - que consta do processo sobre suspeitas de corrupção passiva relativamente a um contrato entre o Taguspark e Luís Figo e a participação deste na campanha eleitoral do PS - outras situações foram elencadas pelo administrador do Taguspark: um contrato de aquisição de sinalética para o parque no valor no 650 mil euros, sendo que 300 mil já teriam sido pagos sem que o fornecimento do material tivesse acontecido; o patrocínio de 225 mil euros ao piloto de automóveis Tiago Monteiro (mais 75 mil previstos para 2010) sem que, até Junho de 2009, tenha sido "realizada qualquer contrapartida do patrocínio concedido".
Mais: a aquisição de um novo "Sistema de Informação e Gestão", no valor de 130 mil euros, "que passado mais de um ano ainda não está a funcionar", refere Vítor Castro, acrescentando o pagamento de 73 mil euros em Abril de 2008 "para a realização de uma festa de lançamento da nova imagem do Taguspark". "Decorreu mais de um ano e o evento ainda não se realizou".
Contactado pelo DN, José Miguel Júdice declarou não poder "comentar questões que apenas os clientes podem falar". "Este escritório tem 200 advogados, por ano trabalha milhares de horas, só os clientes é que podem dizer se o trabalho foi feito, se estão ou não satisfeitos e qual o preço". Também Isaltino Morais, presidente do Conselho de Administração do Taguspark, não quis adiantar nada em relação ao memorando do administrador Vítor Castro. idem
A vingança de Pinochet *
O juiz Baltasar Garzón presta hoje declarações perante o Tribunal Supremo (TS) espanhol como arguido num processo relacionado com dinheiro que alegadamente recebeu do Banco Santander quanto esteve na Universidade de Nova Iorque entre 2005 e 2006.
É a segunda vez que Garzón presta declarações no TS depois de ter sido ouvido em Setembro de 2009, pela sua actuação no caso da investigações do franquismo, processo pelo qual será julgado pelo mesmo tribunal e pelo qual poderá ser suspenso temporariamente pelo Conselho Geral do Poder Judicial (CGPJ).
Garzón será ouvido hoje pelo magistrado instrutor do caso, Manuel Marchena.
O processo baseia-se numa queixa de dois advogados, José Luiz Mazón e Antonio Panea, que consideram que Garzón incorreu em prevaricação e suborno por ter recebido 302 mil euros do Santander para posteriormente, quando regressou a Madrid, arquivar um processo contra responsáveis do banco espanhol, incluindo o seu presidente Emílio Botin.
Garzón considera que não esteve envolvido na gestão ou administração dos fundos com que o Santander patrocinou as suas conferências no Centro Rey Juan Carlos I da Universidade de Nova Iorque, insistindo que as suas receitas não procederam desse patrocínio.
Além deste processo, Garzón está envolvido em mais dois junto do Tribunal Supremo, um apresentado por duas organizações de extrema direita que o acusam de prevaricação por decidir investigar os crimes do franquismo.
O terceiro processo refere-se a ordens que deu para serem escutadas conversações entre alguns dos arguidos no caso Gurtel - que investiga corrupção e envolve dezenas de dirigentes e militantes do PP - e os seus advogados. Estas escutas foram posteriormente anuladas pelo Tribunal Superior de Justiça de Madrid que as considerou "ilícitas". ibidem
* e seus admiradores em espanha