2004/07/01

Daniel Taylor e Akademie für Alte Music Berlin


Por Livios Pereyra




O contratenor Daniel Taylor acompanhado pela Akademie für Alte Music Berlin, cantou árias de ópera de Haendel que fizeram estremecer tanto a sala como o público.

Na primeira parte foram executadas obras instrumentais em que o histórico agrupamento demonstrou aquilo que já todos conheciamos: um dos mais antigos e melhores conjuntos de música antiga do mundo.

O concerto para dois oboés R535 de Vivaldi foi exemplo disso (no pouco que conseguimos escutar pois uma vez mais chegamos atrasados...).

Seguiu-se o Stabat Mater do compositor italiano em que Taylor desde logo conquistou um público que esgotou por completo a casa.


Foi porém nas árias de Haendel que Taylor se mostrou um contratenor de técnica, génio e arrebatamento.
A sua interpretacäo de "Cara sposa, amante cara" foi de tal maneira deslumbrante e forte que arrancou lágrimas a parte do público presente que, diga-se como complemento, é um público habituado a escutar grande cantores que regularmente se apresentam neste teatro (Colón). Um momento inesquecível para todos.
O último "encore", também de Haendel, deixou os presentes em estado hipnótico. "Ombra mai fu", cuja gravacäo em cd de Andreas Shcool continua a dar voltas ao mundo, foi aqui interpretada ao vivo em estado de pura emocäo acalentada por um público que se deixa arrebatar pela genialidade. Foi um momento único e raro. Um momento de despedida ao qual dificilmente se podria acrescentar algo.

Näo podemos acabar esta notícia sem referir a interpretacäo do Concerto em sol menor para cordas e baixo continuo de Vivaldi. Uma interpretacäo paradigmática escondida entre as performances do contratenor que práticamente eclipsaram um grupo que seja onde seja que se apresente costuma ser o "prato principal": intérpretes de talento com um domínio absoluto dos fraseados, das dinämicas e evidentemente dos instrumentos antigos que utilizam, com uma visäo da globalidade da obra que sómente alguns logram alcancar. Uma maestria na rápida correccäo de pequenas desafinacöes, quase inevitáveis na execucäo com este tipo de instrumentos, sem prejuízo do conceito estético e da consistëncia da interpretacäo. Em poucas palavras: um agrupamento que se mantém nos mais altos níveis daquilo que se pode esperar de um grupo famoso e histórico. Infelizmente näo pudemos assistir ao concerto do dia anterior.
Falta dizer que este concerto está integrado na temporada do Mozarteum Argentino, organizacäo privada com o apoio de várias empresas, instituicöes e embaixadas que leva a cabo temporadas anuais de concertos de excepcäo. Os concertos da Orquestra de Cämara de Viena notíciados nesta página, integraram esta temporada do Mozarteum Argentino (antes já se tinha apresentado a Filarmónica de Helsinquia). Seguem-se o pianista Daniel Barenboim (18 de Agosto), "Les Arts Florissants"(22 de Setembro), "Capella Della Pietá De' Turchini"(5 de Outobro), BBC Symphony Orchestra(21 de Outobro)e "Windsbacher Knabenchor Deutsche Kammervirtuosen Berlin"(5 de Novembro). Parabéns por isso ao Mozarteum Argentino.