TAFELMUSIK DE TELEMANN SEGUNDO MUSICA AMPHION
Musica Amphion é um grupo recente que se dedica à interpretação da música antiga. Não é mais um grupo. É constituído por excelentes músicos que pertencem a agrupamentos paradigmáticos na interpretação das obras antigas nos instumentos da época, segundo as técnicas interpretativas da época em que são escritas, que procuram oferecer ao ouvinte um ambiente sonoro e uma leitura próxima daquela que se poderia escutar quando foram criadas. O grupo é dirigido pelo cravista e flautista Pieter-Jan Belder com Rémy Baudet como concertino, função que também exerce na célebre Orchestra of the Eighteenth Century dirigida por Frans Bruggen. Esta formação promete tornar-se num dos "agrupamentos-chave" na interpretação da música antiga para este século. Prova disso é a leitura que nos oferecem da "música de mesa" (Tafelmusik) de Georg Philipp Telemann (1681-1762), um compositor do "último barroco" que contrariando a severidade (genial) da música de Bach adoptou um estilo menos cerebral que abriu portas para a primeira escola vienense que teve o seu apogeu em Mozart, Haydn e Beethoven (se bem que este na última fase, que foi visionária, abandona totalmente o estilo e as formas do clássico).
Talvez por isso a designação de "música de mesa". Música para ser ouvida à mesa... Não pensem por isso que é algo fútil. Pelo contrário. Estas peças de Telemann são uma jóia do final do barroco pela enorme musicalidade aliada a uma brilhante técnica formal, harmónica e contrapontística e também pela diversidade estrutural e instrumental. Só intérpretes excelentes e inspirados conseguirão fazer justiça a este ciclo de composições. É isso que acontece na versão dos Musica Amphion. Destreza interpretativa, contraste, absoluto domínio técnico-instrumental, compreensão estilística e grande inspiração são os adjectivos que poderão definir uma interpretação que seguramente marcará as edições discográficas deste início de século. Uma gravação de 2003. A etiqueta é Brilliant Classics. O preço pelo estojo de 4 cd's? 12 euros! Comprei no Porto onde esta etiqueta se vende ao preço justo. Em Lisboa, como quase tudo nesta cidade, os cd's da Brilliant estão artificialmente inflacionados.
Nota: Como em Lisboa não se encontra este registo devo dizer que foi na fnac da Rua Santa Catarina no Porto que o adquiri, local onde as edições da Brilliant estão a preços mais baixos que aqueles que se praticam em Lisboa ou seja ao "preço justo".
Devo também aconselhar os leitores a não se deixarem deslumbrar pelos autocolantes vistosos e brilhantes que as edições francesas ostentam nos cd's. A indústria discográfica tradicional está em crise, crise esta que começa a afectar a pequenas e médias editoras francesas que pouco ou nada contribuiram para uma nova e mais justa política de preços ao consumidor. É função (...) das revistas que atribuem os "galardões" tentar salvá-las da mesma forma que é nosso dever fornecer aos leitores indicações no sentido de conseguirem adquirir grandes interpretações a preços "decentes". AST