2005/08/30

SÍLVIO TEIXEIRA: O DISCURSO DOS POLÍTICOS JÁ NÃO CONVENCE NINGUÉM

É o decano dos jornalistas transmontanos. Tem 77 anos e raramente falha uma conferência de imprensa. É repórter, tira fotografias, redige os textos, "vigia" a internet, trata da parte comercial...
Deu cara pelos ideiais monárquicos mas não quer ser filiado em qualquer partido. É um regionalista convicto e trabalha todos os dias, de manhã à noite...

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Mas é muito interventivo. Não receia ser mal entendido?
Não me incomoda. Cada um é como cada qual. Sou assim e não vou deixar de ser eu próprio. Não sou capaz de pertencer a um rebanho ordenado.

Como vê a classe política?
O discurso dos políticos já não convence ninguém. Desperdiçam dinheiros em causas inúteis e em lautos vencimentos. Os partidos são uma decepção para mim que me considero um democrata.

Como era a sua vida antes do "25 de Abril"?
Vivi atormentado, durante muitos anos, com a política de Salazar. Sobretudo, porque tenho um irmão que foi revolucionário. Foi condenado a 17 anos e meio de prisão em Cabo Verde. Eu e a minha família vivemos sempre numa situação muito assustada. Ele acabou por cumprir 11 anos, voltou doente para o Hospital de S. José, em Lisboa, de onde se evadiu. A primeira pessoa que procurou foi a mim. Acabou por fazer uma vida "normal", na clandestinidade, com uma identidade falsa e assim se reformou.

Acha que é altura de uma nova revolução?
Não. Estou farto de revoluções. Acho que era tempo de os homens se unirem a sério, darem as mãos, porem de lado egoísmos e contribuírem de forma global para um mundo melhor, para que todos tivessem trabalho, uma casa decente e não houvesse fome...

Excerto da entrevista de Ermelinda Osório
in Jornal de Notícias, 03/08/2005, suplemento "Sénior", pág.4