2005/12/17

ESCOLHAS 2005



Edição discográfica

Christine Schornsheim gravou para etiqueta austríaca Capriccio, que contou para esta produção com o apoio da WDR 3, a integral das obras para teclado de Joseph Haydn, designadas genéricamente como sonatas ou variações, utilizando instrumentos históricos que vão desde o cravo de dois teclados ao pianoforte, passando pelo clavicórdio. Importa salientar que esta intérprete é uma artista que consegue dar-nos leituras fabulosas das obras para teclado de Haydn, leituras essas onde a contextualização histórica vai de par com a grande inspiração.
Trata-se, para nós, do grande acontecimento editorial do ano 2005, consistindo em 13 cd's (mais um com a gravação de uma longa conversa - em alemão - entre a intérprete e um musicólogo), que vêm acompanhados de um muito interessante e instrutivo pequeno livro em alemão, inglês e françês, conjunto este que pode ser adquirido a preços variando entre os 35 e os 40 euros.




Re-edição discográfica

Já falamos sobre esta escolha: integral das sonatas para piano de Mozart, acompanhadas de outras obras para o instrumento, em interpretações da pianista Maria João Pires realizadas em 1974. Uma re-edição da Brilliant Classics que é, em nosso entender, "a referência" para estas criações utilizando um instrumento moderno.







Acontecimento musical

Integral da obra para piano de Jorge Peixinho por Francisco José Monteiro cuja primeira parte aconteceu na "box" do CCB em Lisboa a 18 de Dezembro e a segunda acontecerá no mesmo local em 29 de Janeiro de 2006.

Francisco Monteiro é um excelente pianista português que estudou na Universidade de Viena e que trabalhou directamente com o compositor português, que é uma das figuras centrais da cultura lusa do século passado.

O pianista, nesta integral, oferece-nos obras que não foram incluídas por outro pianista, Miguel Borges Coelho, no registo que fez, este mesmo ano de 2005, das obras para piano do compositor. Nestes dois recitais Francisco Monteiro possibilita-nos uma visão da transformação estética operada pelo criador desde as Cinco Pequenas Peças, escritas em 1959 e com influências nítidas da linguagem dodecafónica inventada por Schoenberg, até obras como Glosa, escrita em 1989/90, onde Peixinho afirma uma estética pessoal dotada do lirismo que caracterizou a sua fase "pós-experimental".