2007/10/13

Porcaria de televisão

"No último mês de Agosto, a RTP, a SIC, e a TVI emitiram um conjunto de 68646 peças publicitárias, o que equivale a uma média diária de quatro horas por canal, praticamente o tempo médio (três horas e meia) que os portugueses dedicam por dia à televisão. Num país tradicionalmente miserável, a televisão transformou-se no refúgio de quem, nos tempos livres, não tem outra solução que não seja a de permanecer em casa. É por isso que aquilo que exibe - telenovelas mais publicidade mais concursos - me escandaliza. Nem todos podem, como eu, desligar o aparelho e encomendar DVD à Amazon." Maria Filomena Mónica in Meia Hora, 12 de Outobro de 2007, pag 02

Eu, que não uso televisão pois emprestei-a aos vizinhos estrangeiros para ouvirem e treinarem o português, devo ser um caso marginal. No entanto, nem os casos marginais deveriam ser obrigados a pagar por algo que liminarmente rejeitam. Mesmo se utilizasse o aparato, evidentemente que não iria desgraçar o meu tempo, e o espírito, a ver os canais das televisões acima enunciadas. Até o designado "canal cultural", do qual fui convidado várias vezes nos tempos em que existiam programas musicais de qualidade e eu fazia música, executou um crescendo de degradação que me levou a deixar de o sintonizar. No tempo em que ainda me apetecia ver um pouco de televisão com alguma qualidade, tive de pagar a uma empresa que detesto, que milhares de portugueses detestam, para ver canais por cabo, pois era (ainda é?) a única que servia o centro de Lisboa. Não vejo as televisões portuguesas porque são despudoradamente mediocres, exceptuando talvez um canal privado de notícias por cabo, e porque estão entre os grandes responsáveis, juntamente com os teóricos da educação, pelo "estado de bovinidade" que reina em Portugal. Mesmo que só existissem dez como eu em todo o país, a sua simples existência obrigaria um Estado de bem a desobrigar esses cidadãos de pagar aquilo que não utilizam. Mais: a pagarem um produto que para além de não utilizarem consideram embrutecedor, estúpido e castrador das mentes e das sensibilidades. Se os privados oferecem porcaria, e se os portugueses gostam de a consumir, é lá com eles. Agora, ser o Estado a desbaratar o nosso dinheiro em canais de televisão mediocres para conseguirem competir (em mediocridade) com os privados, isso não está nada bem. Acabe-se de vez com a "televisão do estado". AST

"Aliás, não é legítimo que o Estado me obrigue a pagar um bem que não uso. Um dia destes ainda o ponho em tribunal." idem