A 238ª edição da Summer Exhibition, na Royal Academy of Arts de Londres, que se encontra aberta a todos (mediante pagamento) até 20 de Agosto, impressiona logo pela colossal escultura de Damien Hirst, intitulada The Virgin Mother. Nesta obra gigantesca, em bronze, uma mulher aparece com as entranhas, de um dos lados, expostas, vendo-se um feto. Obra impressionante, para alguns chocante, fica como imagem de marca desta Summer Exhibition 2006.
No entanto existem obras, em nosso entender, mais interessantes que a espectacular The Virgin Mother.
Anish Kapoor, prosseguindo o seu trabalho de jogo com os sentidos, apresenta Untitled de 2004 e Untitled de 2006. Untitled de 2006, trata-se de um enorme prato suspenso na parede sobre o qual a nossa imagem surge distorcionada, provocando um colapso do nosso domínio das coordenadas sensoriais do espaço. Untitled de 2004, trata-se de uma pequena bola de aluminio onde a nossa imagem surge espelhada na superficie.
No entanto a grande novidade desta edição, em nosso entender, trata-se de Marilène Oliver. Em Show Me How To Float, uma obra genial feita em acrylic iluminada com luz fluorescente, percebe-se um vulto feminino tridimensional que toma forma pelos furos executados nas placas sobrepostas de acrylic. Esta obra ganhou o The London Original Print Fair Prize. Radiant, outra obra fenomenal na qual a criadora utiliza inkjet print, no acrylic, deixa perceber um vulto masculino, numa tridimensionalidade fatiada no interior de um cubo translúcido. O exemplar exposto estava vendido.
Quanto às obras dos alunos da Royal Academy, expostas noutro lugar (entrada livre), devemos destacar as colagens com pintura de Jessica Holmes, que utiliza folhas coladas das listas dos telefones chineses, construindo deste modo grandes superficies, sobre elas pintando blocos floridos, simulando continentes, cujas re-entrancias aparentam coincidir. Noutros casos os blocos pintados encontram-se dispostos simetricamente. As obras expostas de Jessica Holmes encontram-se todas vendidas.
Muitissimo interessantes são as foto-montagens de Liane Lang, onde os corpos das modelos surgem subtilmente corrompidos, pre-anunciando a estaticidez da morte simbolizada pelas esculturas decapitadas onde as modelos se entrelaçam. Pilar Villa