Rachel Whiteread criou, na Modern Tate, algo de grandioso.
Pelo visivel, pelo invisivel pelo suposto, pelo pressuposto Rachel inventou qualquer coisa que partindo de tudo e de nada, inova. Inova de maneira genial.
Quando se olha de longe parecem constructos em blocos de neve. Uma torre, que nos remete para os Mayas, se assim o lermos, domina. Domina imparcialmente porque tudo nasce de parcialidades. Tudo se constroi a partir do objecto elementar. Poder-se-ia remeter a uma cultura minimal. Sim, mas superada. Demasiado superada...
Tudo partiu dos recordos de uma caixa e da figura feminina desaparecida. Agora milhares de caixas translucidas que deixam perceber um interior habitado pelo vazio, erguem-se como uma cidade irreal, como ruinas de uma cultura antiga, ancestral e omipresente.
Embankment. Um lugar junto ao Tamisa. Da mesma maneira que blocos, impressionantes, esculpidos na natureza. Tudo isso. Tudo isso pode ser, tudo isso se reflete sem flectir nesta enormidade genial que Rachel inventou. Na Modern Tate.
Pilar VillaIsis Light A arte pode servir como experiencia de jogo com os sentidos? Claro que sim sem que isso seja, por norma, o seu objecto principal. Mas pode, mesmo sem intencionalidade, tornar-se fundamentalmente nisso. Nada contra. Desde que haja genio...
Esse objectivo esteve presente em
Anish Kapoor (nascida em 1954 na India mas trabalha em London), ao criar Ishis Light em 2003. Ela nem sequer esconde esse pressuposto, nem as influencias que colheu de outros criadores. Confrontados com a obra de Anish esses aspectos ficam desprovidos de peso, excepto talvez para os historiadores de arte.
Ishis mostra como partindo da ideia mais simples (uma casca de ovo gigante que pode ser invadida pelo espectador), utilizando a tecnologia simples (fibra de vidro), consegue o que artistas que utilizam grandes tecnologias informatizadas, fazem e caem, frequentemente, na vulgaridade, ao usarem ostentatoriamente uma suposta hiper-tecnologia, quase intimidante... Anish conseguiu uma obra genial com uma simplicidade franciscana.
Isis pode ser visitada (gratuitamente) no terceiro piso da Modern Tate. Obra simples e discreta que nos permite a experiencia de um resvalar para o "outro lado". Uma escultura-conceito-efeito de uma grande artista.
Pilar VillaJugosláviaÉ pena que José Saramago, que só se exprime em Português e Castelhano e que por isso o mundo, para ele, se reduz de certa maneira à Península Ibérica, fale do que não sabe ou então esconde o que sabe. A Jugoslávia (que na entrevista que deu ao La Vanguardia de Barcelona é referida como exemplo de um país que existiu e deixou de existir, tal como pode acontecer a Portugal) foi uma invenção de um sistema que Saramago apoiou. A Jugoslávia foi um pseudo-país criado pelo poder político-militar, que também inventou um idioma (o servo-croata) procurando-o impôr ás diferentes nações no sentido da perca de identidade com vista à uniformização, tão do agrado dos comunistas e dos fanáticos religiosos. Imposição que foi historicamente um fracasso, como não poderia deixar de o ser: hoje ninguém fala "servo-croata". A Jugoslávia desfez-se porque só existiu na cabeça de quem a inventou. No entanto foram liquidados milhares entre os que se opuseram áquela esquizofrenia...
O mais interessante é que o caso da Jugoslávia prova o inverso daquilo que Saramago pretende: o desaparecimento daquela "federação" demonstra que nações distintas nunca coexistem muito tempo num só estado se houver um lastro histórico adverso à integração. De resto a comparação com os países do Benelux é mais um delírio do escritor que salta do centro para o sul e deste para o norte da Europa como se existisse uma homogenia cultural, social e de mentalidades que permite fazer transposições deste calibre.
É pena que o escritor Saramago não tenha dito que a resolução do "problema" de Portugal passa por um ensino básico de disciplina e exigência (que não contrariam mas complementam uma pedagogia de abertura e criatividade) e se tenha centrado obcessivamente na ideia do integracionismo Ibérico. É pena que não tenha dito que a resolução do "problema" de Portugal passa por um ensino básico cujo alicerce fundamental seja o respeito pelo "outro" e o respeito pela diferença. Como Popper dizia: a liberdade do meu punho se movimentar acaba onde começa a ponta do teu nariz. E mesmo assim convenhamos que é um conceito de liberdade muito lato... Claro que "disciplina" é palavra tabu para alguns que indevidamente a associam a repressão. Chamemos-lhe então "civismo" que é um termo muito em moda e "politicamente correcto". Muito sintomaticamente, Sequeira Costa, que tal como Saramago mas por outros motivos foi um grande admirador da ex-URSS onde se deslocava frequentemente, que é outro nome português que se impôs ao mundo e que ao contrário de Saramago conheçe muito bem outros mundos para além do(s) "mundo(s) ibérico(s)" e "latinos", considera o ensino básico como a
questão fundamental para Portugal.
ASTNo entanto, há que dizê-lo, Galiza e o norte de Portugal encontram-se muito mais próximos, cultural, económica e psicológicamente (e também geograficamente...), que o norte de Portugal e Lisboa ou o Algarve. Os galegos sempre foram "os galegos" para o resto de Espanha, da mesma maneira que o habitantes do norte de Portugal sempre foram "os do para lá do sol posto". Não acreditando na viabilidade do integracionismo em bloco de que fala Saramago, acreditamos em aproximações "naturais" entre algumas regiões de ambos os paises, que poderão desembocar numa nova geografia de "relacionamentos previligiados", no quadro de uma Europa federalizada, que poderá potênciar (e muito) regiões que foram, de uma forma ou outra, penalizadas, quer em Portugal, quer em Espanha. Nesse aspecto o futuro está totalmente em aberto.
ASTFormar licenciados em excesso é prejudicial. Sem prespectivas, esses jovens poderão lançar-se em novos nacionalismos virulentos.
Courrier Internacional, Edição Portuguesa, 20 de Janeiro de 2006, pag 12
LA PAZ (Reuters) -
Evo Morales, que está prestes a se tornar o primeiro presidente indígena da Bolívia, fez o primeiro anúncio sobre seu gabinete-- ele descartou a criação de um ministério para cuidar da população indígena.
Morales disse que tal pasta seria uma forma de discriminação contra a maioria indígena do país.
"Aqui, os indígenas serão ministros", disse Morales, um índio Aymara, a jornalistas na quarta-feira. "Alguém disse que quando os Quechuas e os Aymaras chegassem ao governo teríamos um ministério para os brancos, mas não vamos discriminar."
Morales, que foi pastor de llamas nas montanhas bolivianas quando menino, prometeu batalhar pelos direitos dos índios quando chegasse ao poder. Ele será empossado no domingo.
http://ultimosegundo.ig.com.br (Reuters 23:48 18/01)
Portugal é também o país onde existe menos intenção de poupar nos próximos 12 meses (3% da população), acompanhando a tendência dos países em análise, apenas contrariada pela Alemanha e pelo Reino Unido - países que registaram, respectivamente, a maior subida no moral e a menor inquietação quanto ao futuro próximo.
A taxa de utilização da rede Internet manteve-se em 47% em Portugal - sendo apenas superior à da Hungria (33%) -, enquanto a média dos 12 países europeus subiu três valores em 2005 para 54%.
Os portugueses ocupam também os piores lugares quando se trata de consultar a Internet para se informarem antes de comprar bens, como viagens e lazer em geral ou produtos financeiros, embora se encontrem nos primeiros lugares na compra de carros novos através da rede.
http://diariodigital.sapo.pt (18-01-2006 16:18:00)
A maioria dos jovens condutores (em Portugal, nde) interpelados pelas duas brigadas da campanha 100% Cool estava sob o efeito do álcool. Números preocupantes, a rondar os 77 por cento, que vem confirmar o negro cenário de 2004, em que um milhar de jovens conduziu alcoolizados e alguns deles estiveram envolvidos em acidentes rodoviários, onde resultaram mortos e feridos, refere o CM.
www.tvi.iol.pt (19:22 Qua 18 Jan 2006)
Saramago não tem a certeza de que Portugal exista dentro de 50 anos. Diz que vivemos num "lento processo de decadência"...
Os portugueses continuarão a "existir enquanto comunidade de gente que fala esta língua", mas "o Estado português pode desaparecer". Lembra, por exemplo, que há pouco desapareceu um país que se chamava Jugoslávia.
Courrier Internacional, Edição Portuguesa, 20 de Janeiro de 2006, pag 9
Voltará Espanha, amanhã, a ser Hispânia?
idem, pag 10