JOHN O'DONNELL NO FESTIVAL DE ORGÃO
O organista que conseguiu encher totalmente a Sé de Lisboa decidiu oferecer um repertório inteiramente dedicado a Bach.
O Prelúdio e Fuga em Si menor bwv 528 pareceu-me padecer de uma interpretação uniforme com um fraseado linear que de alguma forma obscureceu as polifonias. Nem as opções de registos foram particularmente bem sucedidas. Não se poderá dizer foi uma interpretação empolgante...
O mesmo sucedeu na Sonata nº 4 em mi menor até ao "andante" onde a escolha dos registos foi luminosa (o efeito sonoro foi de requintado intimismo, de luminosidade espiritual, luminosidade por contraste), conseguindo um momento de grande poesia no interior desta peça, momento este que não teve consequências na linear monotonia que se seguiu. Tirando o "andante" também não posso dizer que me senti especialmente afectado por esta interpretação.
O grande momento da noite veio com o Prelúdio e Fuga em mi menor bwv 552. Aqui, tanto pela escolha dos registos como pela interpretação global, foi-nos oferecida uma leitura plena de musicalidade e arrebatação. Só por ela ficou justificada a ida à catedral.
Depois deste bela interpretação fiquei com pena de não ter assitido aos corais com prelúdio que antecederam esta última obra do programa. É que o enfado no final da sonata obrigou-me a ir respirar um pouco de ar fresco. AST