DUAS OBRAS DOIS CONCERTOS E DOIS "BALLETS"
Foram no auditório do edifício central do "campus" da Universidade Nova, ali mesmo ao lado da Praça de Espanha e foi a Orquestra Sinfónica Portuguesa sob direcção de Donato Renzetti que executou duas obras originais e quatro sinfonias clássicas.
Das duas obras originais, bem interpretadas pelo agrupamento sob batuta de Renzetti, diria que se uma ( do compositor Luis Tinoco)prima pelo "pastiche" neo-clássico de efeitos orquestrais eficazes mas de pouco conteúdo musical, a outra (de António Pinho Vargas) segue uma linha de instrospecção mas segura-se numa estruturação simplista cujo resultado sonoro não nos faz vibrar mas também não nos causa enfado. Mais que não seja pela sua brevíssima duração... É uma obra agradável de se ouvir que deixa transparecer uma veia poética pessoal já revelada em obras anteriores.
Quanto ás Sinfonias creio que no dia 5 a orquestra se esqueceu de ensaiar... Sobretudo a sinfonia nº 101 de Haydn que estava simplesmente inapresentável.
Já no dia 6 as coisas foram melhor apesar de estragadas pelas persistentes desafinações dos violinos no "andante con moto" e no "menuetto" da sinfonia nº 39 de Mozart. A flauta e os clarinetes estiveram muito bem.
A casa estava cheia no dia 6 (sábado) o que demonstra que esta iniciativa conjunta do Teatro S. Carlos com a Universidade Nova de Lisboa deve manter-se e adquirir um carácter regular. E deverá ser feita divulgação destes eventos em todas as faculdades da UN (e não só), coisa que não me parece ter acontecido desta vez.
Um pouco mais tarde acontecia a apresentação do Ballet Gulbenkian. Atrasados lá chegamos a tempo de ver grande parte da coreografia de Didy Veldman e assistir à de Clara Andermatt.
Da primeira diria que quando os meios técnicos ao dispôr e os orçamentos são quase ilimitados e quando se não é um criador de excepção resulta, quase por regra, algo empobrecido ao nivel de conteúdos. Está claro que efeitos de espectacularidade sempre cativaram o "grande público". Eu pessoalmente aproveitaria as três lentes de distorção para fazer toda a obra pois muito haveria a explorar e a desenvolver com aqueles três objectos e os corpos dos bailarinos. Mas não: Veldman abandonou e partiu para outro quadro sem que se sentisse uma necessidade estética ou discursiva para essa opção.
Já da coreografia de Andermatt direi que conseguiu trabalhar os corpos numa continuidade da qual se percebia a fluência, utilizando simplesmente aqueles corpos técnicamente quase perfeitos como objectos de moldagem, de expressão e de composição. Um trabalho de grande interesse por uma companhia de grande nível artístico. AST