Realizou-se no Salão Nobre do Teatro Nacional de São Carlos (Lisboa) uma oportuna e justa homenagem ao compositor Álvaro Salazar a pretexto de um prémio de reconhecimento pela sua longa carreira como compositor, divulgador da música contemporânea nas suas variadas formas estético-estilísticas, fundador-director do grupo de música contemporânea Oficina Musical e também como pedagogo.
Nesta ocasião também foi atribuído um prémio "revelação" à jovem violoncelista Teresa Valente Pereira que iniciou o concerto executando com grande musicalidade a Sonata para violoncelo solo op 25 de Paul Hindemith e as Sacher Variation de Witold Lutoslawski. Um talento do qual muito se poderá esperar. Para já a intérprete aperfeiçoa a sua já grande técnica na Escola Superior de Música "Reina Sofia"(Madrid) sob orientação de Natalia Shakovskaya e de Michal Dmochovski.
Ainda na primeira parte foi-nos apresentada a obra LOV II de Jorge Peixinho, grande compositor e grande figura da história da cultura portuguesa, obra esta que revela o talento, a sensibilidade e a enorme intuição musical deste vulto incontornável da criação artística do século vinte que tem estado na penumbra desde a sua morte quando de facto merece um lugar na cena mundial. Foi uma emotiva interpretação da Oficina Musical e seus excelentes músicos.
Na segunda parte e depois de discursos de circustância, membros do referido agrupamento ofereceram-nos quatro interessantissimas obras de Álvaro Salazar que revelam um vulto criativo de grande dimensão, também ele de primeiro plano. Tal como Jorge Peixinho, Álvaro Salazar deveria ser tocado frequentemente em todas as temporadas. E deveriam ser as orquestras sinfónicas, entre outros agrupamentos, a dar a conhecer ao mundo estes compositores tal como o fazem as orquestras de todas as nacionalidades em relação aos seus criadores.
No que toca a este concerto o serviço de relações públicas do Teatro Nacional de São Carlos não fez qualquer divulgação. O que foi uma lástima pois muitos interessados desconheciam simplesmente o evento e por isso não puderam disfrutar da ocasião de ouvir obras de grandes compositores portugueses. AST