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2009/10/19

Götterdämmerung

Não vou fazer filosofia mas é preciso saber-se que "O crepúsculo dos deuses" é a parte final da adaptação wagneriana de um ciclo mitológico nórdico, que resultou no maior ciclo mitológico de todos os tempos posto em forma musical (operática). Também convém saber que no final do ciclo, devido às traições entre os "seres superiores" a civilização é eliminada.

Götterdämmerung, que ainda pode ser visto no Teatro São Carlos, em Lisboa, tem duas mais valias, a saber: o chefe de orquestra Marko Letonja (iremos colocar aqui uma entrevista com ele, daqui a umas semanas) e a Orquestra Sinfónica Portuguesa, que talvez inspirada por este líder se ultrapassou. Vou ser franco: eu não fui surdo às desafinações no início, mas a peformance global reduziu esses lapsos à insignificância que de facto têm. O próprio côro (só de vozes masculinas) não esteve mal...

Passando aos solistas quero dizer que a vozes masculinas foram grosso modo melhores que as femininas mas, para além de Stefan Vinke (Siegfried), o único que me convenceu mesmo foi Michael Vier (Gunther). Sei que James Moellenhoff (Hagen) teve um problema vocal por isso não falarei sobre o seu desempenho, que de resto não o envergonhou.

Quanto a Susan Bullock, para ser honesto, acho que não tem nem dimensão vocal nem dramática para interpretar Brünnhilde. Sónia Alcobaça ofereceu-nos uma Gutrune aceitável e sem rasgos, mas de Brünnilde espera-se muito mais pois ela é a figura central que fecha todo o ciclo "O Anel do Nibelungos".

Graham Vick, o encenador, teve 3 momentos de rasgos: aproveitar o candelabro da sala para produzir uma ascensão marcante com luzes, reflexos e sombras, no primeiro Interlúdio. Aproveitar os muitos candeeiros junto aos camarotes para simular o fogo que separava Brünnhilde do resto do mundo, e, no final, com o cadáver de Siegfried presente usando somente os candeeiros do primeiro anel de camarotes como luzes (brancas) de velório. Finalmente, o par de dançarinos que na extinção do acorde final funcionou como uma metáfora poética à humanidade que acabava de se imolar (auto-explodir, neste caso).

Claro que há a forma como utilizou a sala, os figurinos que nos remetiam para um controle social maoísta, por parte dos "seres superiores": Hagen o mau, o que verdadeiramente controla e perde, perdendo todos; Siegfried, o grande líder a quem tudo escapa, que compreende a fala das aves mas ignora o destino; Brünnhilde deusa-mártir (foi anunciado desde o início) que arrasta toda a humanidade consigo; as pessoas-bomba que no final se substituiram ao fogo generalizado que acontece com a imolação de Brunnilde e que acaba com a humanidade; as motorizadas dos caçadores, dois a dois em cada, que nos remetem para as milícias Basij iranianas, etc, etc; mas na minha opinião os três momentos que assinalei são os que considero mais marcantes e genuínos, ainda que nada tragam de inovador. Mas isso que importa?

2009/09/19

O jornal onde vale tudo (menos arrancar olhos *)

Aceitar e-mails privados pela "porta das traseiras" pode implicar cumplicidade com um crime. Publicar e-mails privados sem o consentimento das pessoas em causa é crime. Qualquer um destes actos, quando praticado por um orgão de comunicação social, demonstra que esse orgão não é de confiança. Eu conheço relativamente o DN pois escrevi "crítica de musica" para esse diário. Logo na segunda peça que me encomendaram fui chamado "à pedra" ("olhe que o concerto não foi assim tão mau") pelo secretário-geral (cargo ridículo que provavelmente já não existe), que era simultaneamente o presidente da Casa da Imprensa e auto-intitulado (o DN anunciava as críticas dele com dias de antecedência, como se de uma vedeta se tratasse...) grande crítico de ópera (evidentemente sem que tivesse qualquer background no assunto para além de assistir ás estreias do São Carlos...). Basicamente eu não podia escrever mal de nada que implicasse o governo: sobre o Teatro São Carlos e a Orquestra Sinfónica Portuguesa esperavam-se ou boas críticas ou críticas "razoáveis". E nem pensar colocar em causa o "normal" funcionamento das instituições! Claro que o fiz e claro que deixaram de me publicar. É assim que funciona, ou funcionava, o DN. Por isso não me espanta totalmente a atitude de andarem a "dar à estampa" e-mails privados de terceiros. Está dentro da "onda" do DN que conheci. **

* porque senão depois não podem escrever e editar o jornal (ainda que nada de particularmente interessante se perdesse).

** sabemos bem que o mesmo poderia acontecer em qualquer outro media português, mas é o DN que está em decadência, é o DN quem necessita desesperadamente de aumentar as vendas. O DN não tem um Belmiro e os accionistas querem "resultados". Mesmo admitindo o interesse público daqueles e-mails nada justifica expôr publicamente e-mails privados sem a autorização dos interessados, especialmente quando os "interessados" são jornalistas da concorrência.

Passam-se coisas muito estranhas nos media portugueses... Por exemplo, num outro diário, mais prestigiado que o DN, foi publicada uma entrevista feita por e-mail (por e-mail até pode ser outra pessoa a responder, ou a artista - normalmente alguém por ela - fazer copy/paste a partir de outras entrevistas ou de questões pré-respondidas ***). Mas tudo bem, se se indicar que a entrevista foi feita por e-mail (o que não aconteceu). Mas o estranho foi que a entrevista foi "solicitada" pela editora da artista que também "pediu" que fosse publicada antes do concerto. E assim aconteceu. Quem fez a entrevista nem sequer questionou o processo e a metodologia (ou porque é tão portuguesa que acha estas coisas normais, ou para evitar criar "ondas" que lhe poderiam ser prejudiciais).

*** eu reconheço que há jornalistas e "críticos" que não merecem mais que um copy/paste, mas isso é outra história...


O terrível caso do PPR

Em declarações aos jornalistas a propósito da manchete de hoje do Expresso, que revela que o líder bloquista e mais quatro dirigentes do partido investiram em PPR, Louçã advogou que tem dito «sempre o mesmo» e nunca «mudou de opinião» sobre este tema, tendo já votado «há cinco anos atrás» contra os benefícios fiscais destes produtos.

«Isto é um favor que me fazem, que a manchete do Expresso, o jornal de referência do país, seja dizer que a minha poupança de uma vida inteira são 30 mil euros, que eu não recebo o meu salário porque dou aulas de graça na universidade pública e porque defendo o interesse dos contribuintes e não o meu próprio interesse acho que só valoriza a clareza e a intransigência das posições do BE», acrescentou. Sol, 19 de Setembro

Nota: quantos políticos leccionam graciosamente nas universidades portuguesas?

2008/12/25

Vespro della Beata Vergine

"Vespro della Beata Vergine", de Claudio Monteverdi, foi apresentada em 23 de Dezembro na Konzerthaus Berlin. Neste concerto organizado pela Berliner Singakademie, esta obra de Monteverdi foi interpretada pela Schola Gregoriana Berlin (partes em canto gregoriano), o Ensemble Sans Souci, o Bassano Ensemble, o Kinder und Jugendchor der Berliner Singakademie e a Berliner Singakademie. Como solistas estiveram Cecile Kempenaers (soprano), Olivia Stahn (soprano), Markus Brutscher (tenor), Thomas Volle (tenor), Tobias Berndt (baixo) e Stefan Q. Drexlmeier (baixo). Tudo dirigido por Achim Zimmermann.

Foi um concerto impressionante, onde a fidelidade aos costumes musicais do tempo do compositor esteve a par com uma grande musicalidade que fez felizes todos os que encheram totalmente a Konzerthaus. Para o excelente resultado contribuiu igualmente a forma inteligente como foi explorada a tridimensionalidade da sala. Isso exigiu um movimento constante dos solistas, dos coralistas, e de um ou outro instrumentista. Dada a disciplina e organização com que tudo foi feito a concentração musical foi salvaguardada.

(kind of...)


Harold Pinter

In 1958 Harold Pinter wrote the following:

"There are no hard distinctions between what is real and what is unreal, nor between what is true and what is false. A thing is not necessarily either true or false; it can be both true and false."

I believe that these assertions still make sense and do still apply to the exploration of reality through art. So as a writer I stand by them but as a citizen I cannot. As a citizen I must ask: What is true? What is false?

2008/12/24

Malher supremo pela Berliner Philharmoniker

A Berliner Philharmoniker, dirigida por Zubin Metha, apresentou a terceira sinfonia de Gustav Mahler, 22 de Novembro, na Philharmonie, o último de quatro concertos com a mesma obra.

Lioba Braun foi a contralto e os grupos corais foram os Tölzer Knabenchor (crianças) e Damen des Rundfunkchors Berlin (mulheres).

Não é fácil escrever sobre este concerto... Quando se está perante uma orquestra como a Berliner Philharmoniker num concerto especialmente inspirado, porque dirigido por um chefe que conduz a orquestra a fazer o que de melhor e mais genial consegue, tudo o que posteriormente se escreve é pouco menos que desnecessário.

Claro... trata-se de uma sinfonia de Mahler, o mais genial e inspirado sinfonista de todos os tempos. Esta terceira sinfonia é uma obra que no contexto mahleriano desvela um "espírito" positivo e luminoso.

No primeiro andamento foi interessante a maneira como Mehta equilibrou por um lado uma certa linearidade nos diálogos das cordas com um tempo pausado que por vezes parecia que não conseguir manter o fluxo discursivo e que foi embalado num crescendo de tensão até à reexposição. O desempenho do primeiro trombone nos solos foi simplesmente fabuloso. O mesmo para o concertino.

Lioba Braun ofereceu-nos um dos momentos mais emotivos da sinfonia com uma voz que se integra completamente no "pathos" mahleriano, o mesmo acontecendo com os grupos corais.

O último andamento foi da ordem transcendental. Não é possível ser analisado em outra linguagem. Mas posso dizer que o público continuou a aplaudir mesmo depois da orquestra se retirar, obrigando Mehta a vir ao palco sózinho.


2008/12/20

Konzerthausorchester Berlin interpreta Prokofiev e Falla

Com a "Suite aus der Oper Krieg und Frieden", op 91, deu-se início ao concerto dirigido por Vladimir Fedoseyev que conseguiu conduzir a orquestra a grandes e poderosas sonoridades. Mas não foi para isto que as pessoas encheram a sala...

Foi para o concerto para piano e orquestra nr. 3, op 26. Alexei Volodin, ao piano, convenceu-nos de ser um grande solista. Mas não só: a orquestra conseguiu balancear o ritmo de Prokofiev com o clima de sonho e mistério que ele cria neste concerto, assim como no nr. 1 para violino e orquestra. São obras especiais onde o ritmo percutivo tem de coexistir com um ambiente de pianíssimos e legatos.

Volodin neste aspecto foi mestre: um ritmo marcado, seguro e contrastante electrificou a plateia mas o solista possui igualmente uma notória capacidade poética, como ficou demonstrado no segundo andamento. Não vale a pena dizer-se que Volodin possui um técnica suprema, porque isso é básico e pressuposto. A orquestra esteve exímia, sem dúvida também devido a Fedoseyev. Houve pequenos desacertos rítmicos entre o piano e a orquestra, pontuais, prontamente corrigidos, e irrelevantes face ao que nos foi oferecido.

Já no "Chapéu de 3 bicos", de Manuel de Falla, ficamos com algumas dúvidas. O casal de espanhóis que passa temporadas em Berlim por causa dos concertos, e que estava ao nosso lado, estava encantado. Fomos simpáticos e quando nos pediram a opinião dissémos que gostamos muito. Mas na verdade foi um Falla interpretado ao estilo de Prokofiev. Não foi mal, mas Falla pede um conceito interpretativo mais ao estilo de Ravel que de Prokofiev. Livios Pereyra


2008/08/31

Proms: New York Philharmonic, Lorin Maazel...

Lorin Maazel, um dos chefes-de-orquestra que (ainda) restam de uma imaginada "idade do ouro", conduziu a "sua" orquestra em dois grandes concertos integrados nos Proms 2008, que foram, em meu entender, dois dos eventos principais destes Proms.

Em 29 de Agosto foi interpretada, em estreia mundial, um obra de Steven Stucky, bem escrita e musicalmente interessante, que recebeu fortes aplausos de um Royal Albert Hall completamente cheio. Seguidamente Jean-Yves Thibaudet foi solista no concerto para piano de Gershwin. Thibaudet, frequentemente neutralizado pela orquestra nos "tuttis", conseguiu ser convincente e demonstrar que possui grande talento e musicalidade.

Mas o "prato forte" foi, evidentemente, The Rite of Spring, de Igor Stravinsky, onde a orquestra demonstrou estarmos perante um dos mais importantes agrupamentos musicais da actualidade e onde Maazel nos relembrou, uma vez mais, ser um dos grandes maestros de todos os tempos.

No dia seguinte esta imensa orquestra, dirigida por este infinito chefe-de-orquestra, ofereceu-nos uma bela leitura da suite Mother Goose, de Maurice Ravel, seguida de um alucinante e miraculoso Miraculous Mandarin, de Bela Bartok, acabando com uma potente, e sublime, Sinfonia no. 4 de Peter Tchaikovsky.

Portanto: em dois concertos que a NYPO trouxe a Londres somente a sinfonia de Tchaikovsky fugiu da "modernidade". E funcionou. Melhor: todos adoraram e pediram mais, ao ponto da Maazel se ver "obrigado", devido ao entusiasmo dos aplausos, a oferecer um total de cinco "encores" nos dois concertos. Claro! Com uma orquestra como a NYPO dirigida por este maestro...

Seria injusto ignorar o concerto do dia seguinte, 30 de Agosto, com a Oslo Philharmonic Orchestra, dirigida por Jukka-Pekka Saraste.

Primeiro, porque se trata de uma excelente orquestra dirigida por um excelente maestro. Segundo, porque interpretou um fantástico programa que acrescentou ainda mais luminosidade e genialidade a estes Proms: Seth die Sonne, de Magnus Lindberg; concerto para piano e orquestra no. 3, de Serguei Rachmaninov, onde foi solista Nikolai Lugansky; e a fabulosa sinfonia no. 1 de Jean Sibelius.

Magnus Lindberg, todos sabemos ser um dos mais criativos e mais relevantes compositores da actualidade. Possui uma escrita libre, recusa todas as ortodoxias e baseia-se frequentemente nos espectros sonoros a partir dos quais elabora uma macro-estrutura fundada nos elementos discretos que organiza a partir da análise de um determinado espectro sonoro. Esta obra, que foi apresentada pela primeira vez em Inglaterra, reflete a filosofia que preside ao trabalho deste criador: uma obra que recusa um "corpus homogeneous" subordinado a um pensamento circular. Uma obra que trata o impacto sonoro, o jogo de sonoridades e dos elementos que as constituem. Uma obra que comunica com os ouvintes e visa a musicalidade. Pekka Saraste entendeu, a orquestra compreendeu e o resultado fez levantar os ouvintes das cadeiras (os da arena estavam por natureza, e escolha, levantados...) para aplaudir e saudar o compositor que agradeceu poder ter uma maestro e uma orquestra de grande classe para interpretar a sua obra. E claro, uma casa como o Royal Albert Hall carregada com muitos milhares de ouvintes...

O concerto de Rachmaninov por Lugansky fez, como seria de esperar, ouvir milhares de "bravos" para um pianista que prescindiu de oferecer qualquer "encore" (se tivessem aplaudido um pouco mais ele acabaria por ceder...), muito compreensivelmente pois este concerto deixa exausto qualquer um...

Finalmente a genial primeira sinfonia de Sibelius. Esta sinfonia, todas as sinfonias de Sibelius, pertencem ao grande e mais eterno patrimonio da humanidade. Mas esta primeira sinfonia consegue comover-me mais que as outras, mais inovadoras e mesmo mais interessantes, que o grande Sibelius escreveu. Esta sinfonia noticia o ponto a que Sibelius iria levar a sua escrita em ruptura com um passado marcado por obras marcadas por um pensamento de cariz wagneriano, construindo o seu estilo pessoal, "conservador" porque totalmente desinteressado do pensamento da segunda escola de Wien. Claro que Wagner deixou marcas presentes na primeira sinfonia de Sibelius. A criatividade de Sibelius assumiu-as com naturalidade mas negou-lhes qualquer papel fundamental, e Sibelius surge, com todo explendor, como ele mesmo, Jean Sibelius, um dos maiores criadores musicais de todos os tempos, logo na sua primeira sinfonia.

Pekka Saraste demonstrou compreender o seu compatriota Jean Sibelius melhor que por vezes poderiamos imaginar e o resultado foi simplesmente deslumbrante, forte e comovente. Claro: devido ao excelente desempenho da orquestra. Evidentemente. Mas depois deste concerto creio que especialmente devido ao talento de Saraste que soube conduzir a orquestra a este ponto.

2007/11/13

Integral das sinfonias de Sibelius

Los Angeles Philharmonic, dirigida por Esa-Pekka Salonen, apresentou em quatro concertos no Barbican a integral das sinfonias de Sibelius. Salonen, esperadamente, fez uma leitura clara e imaginativa do seu contemporâneo mas foi a surpreendente excelência da orquestra americana o que mais impressionou. Salonen, no concerto de 1 de Novembro, apresentou a sua obra Wing on Wing e o meu conselho é que continue a ser um bom chefe de orquestra em vez de ser um mau compositor a vaguear por lugares desprovidos de originalidade e interesse. Já de Quatre Instants, para soprano e orquestra da compositora Kaija Saariaho, interpretada no concerto de 9 de Novembro, devo dizer que é uma obra inspirada e interessante na linha estética que a criadora tem vindo a desenvolver ao longo da sua carreira. Na voz tivemos uma fantástica Karita Mattila que soube investir toda a emoção que esta obra exige. A sala, esgotada, aplaudiu de pé. No concerto de 2 de Novembro tinha sido interpretada Radical Light, criação dotada de uma orquestração notável, do compositor Steven Stucky. Já que estamos a falar de obras contemporâneas devo referir o concerto de 27 de Outobro, no mesmo local, onde Anne-Sophie Mutter com a London Symphony Orchestra, dirigida por André Previn, interpretaram In tempus praesens (Violin Concerto No 2), de Sofia Gubaidulina, obra emotiva e forte que levantou das cadeiras o público que enchia a sala. Livios Pereyra


Mas que rico país...

Deputados vão gastar 18 mil euros por dia em deslocações. in Destak, 13 Novembro de 2007

Em época de contenção orçamental, e com a administração pública sujeita a restrições na aquisição de viaturas novas, por indicação do Decreto de Execução Orçamental para 2007, o ministro da Justiça acaba de comprar cinco automóveis topo de gama. O negócio, sem incluir o imposto automóvel (IA), de que as instituições públicas estão isentas, rondou um valor global de quase 176 mil euros (35 mil contos) e foi por ajuste directo, sem recurso a concurso público...

...um dos contemplados com um novo carro de alta cilindrada foi o presidente do IGFIEJ, com um Audi Limousine 2.0TDI, de 140 cavalos. Esta viatura, sem o IA, custou ao Estado 38 615,46 euros, com 2831 euros de equipamento opcional, nomeadamente caixa de 6 CD, computador de bordo a cores, sistema de navegação plus, sistema de ajuda ao parqueamento, alarme e pintura metalizada. Antes, João Manuel Pisco de Castro tinha ao seu dispor um outro Audi A6, com motorista de serviço, e um Peugeot 404, que conduzia pessoalmente. Estas viaturas tinham sido adquiridas em 2003. Mas também quatro Volkswagen Passat Limousine 2.0TDI - 34 257,40 cada -, foram para o Ministério: um para o gabinete de Alberto Costa, outro para o secretário de Estado João Tiago Silveira, outro para Conde Rodrigues, e o último para a secretaria geral.

O Ministério da Justiça, conforme foi explicado ao DN, recorre geralmente, para o seu serviço e inclusivamente para uso do ministro, a viaturas aprendidas, a maior parte oriunda do tráfico da droga. São, em geral, bons carros. Esta prática terá sido abandonada em época de contenção financeira. in http://dn.sapo.pt (2007/11/13)


E não é verdade?

Se os artistas se recusarem a pagar as sanções devem mesmo ser detidos, defendem os advogados. Os acusados foram autores de uma caricatura publicada como forma de satirizar o anúncio, por parte do Governo de José Luís Rodriguez, de que cada família iria receber 2500 euros de cada vez que tivessem um filho.

No cartoon aparece retratado Felipe e Letizia a terem relações sexuais, enquanto o príncipe diz: «Estás a ver? Se engravidares… isto vai ser o mais parecido a trabalhar que eu fiz na vida!». in http://sol.sapo.pt (3a-feira, 13 Novembro)









2007/10/28

Quartetos de Franz Schubert por The Lindsays

The Lindsays, na re-edição de uma compilação de 1992, oferecem-nos interpretações arrebatadas, que denotam um perfeccionismo técnico e uma compreensão interpretativa paradigmáticos, de vários quartetos para cordas de Schubert, e do quinteto D 956. Tive oportunidade de escutar este agrupamento ao vivo, na interpretação dos quartetos para cordas de Beethoven e devo dizer que não é um exagero quando vários guias para a compra de cd's clássicos os colocam como primeira referência neste repertório. Na verdade, não há diferença digna de ser assinalada entre o que o agrupamento faz em concerto e o que apresenta em registo discográfico. A compilação de quatro cd's de Schubert (cerca de 15 euros) da Sanctuary Classics (que também editou uma compilação com a integral dos quartetos de Beethoven pelo mesmo grupo) é uma oferta fantástica e contém o cd com os quartetos D 112 e D 804, obras sublimes, que ficam com este registo, concretizado em 1988, imortalizadas no seu grau interpretativo máximo. Podem ser feitas interpretações diferentes, igualmente inspiradas, destas criações, mas não superiores ao que The Lindsays atingiram nestes cd's. Death and the Maiden também encontra nos The Lindsays intérpretes em que a técnica suprema e a inteligência analítica andam a par com a grande emoção, ainda que neste caso particular se possam falar de mais 2 ou 3 grandes leituras feitas por diferentes agrupamentos. AST




2007/06/16

Alfred Brendel contra a tosse

Talvez os "tossantes" não tenham percebido, mas a mensagem de Brendel ao levantar a mão era clara: ou se calam ou vou-me embora. Felizmente, entre os milhares que enchiam o renovado Royal Festival Hall, cuja sonoridade não melhorou sensivelmente, somente um ou dois exprimiram de novo a sua tosse, e com "surdina"... Apesar da brendeliana austeridade, as tosses foram menos que as notas erradas e esmagadas que Brendel deu ao longo do recital, para não falarmos da "passagem desaparecida" no primeiro movimento da sonata de Mozart. Acontece... O Haydn esteve mais ou menos bem. Anos-luz aquém daquilo que Brendel oferece nos discos... A op 110 de Beethoven foi tocada com muito cérebro e pouca emotividade. Não percebo porque é que um espectador, que estava ao meu lado a abanar-se e a mexer os dedos, como quisesse dizer "eu faria assim", se emocionou e chorou... O Schubert foi supremo. Brendel é um dos maiores shubertianos de sempre e isso ficou claro no "encore", que foi talvez o melhor de todo o recital. Os ouvintes ingleses são o que são... Depois de um "encore" fora de série, ovacionaram muito brevemente, levantaram-se e abandonaram a sala. Em contrapartida, fartaram-se de gritar bravos a uma sonata de Mozart cujo andamento central foi aborrecido e desprovido de veia... Livios Pereyra

2007/01/26

WIENER PHILHARMONIKER ESTREIA OBRA


Sob batuta de Pierre Boulez, aconteceu o ensaio do concerto que no dia seguinte foi apresentado em Salzburg.

Armonica, de Jörg Widmann, obra brilhantemente concebida e orquestrada, cuja "premiere" mundial aconteceu em Salzburg a 27 de Janeiro 2007, teve, como seria de esperar, uma leitura genial, sob a batuta do grande condutor e artista Pierre Boulez, servida pelo maravilhoso som da Wiener Philharmoniker.

Foi igualmente trabalhado o concerto para cordas, percussão e celesta, de Bartok, mostrando Boulez um rigor muito especial nesta obra que sabemos ele admirar especialmente.

Finalmente, o concerto para piano e orquestra KV 491, de Mozart, mostrou-nos que a Wiener Philharmoniker talvez seja o agrupamento que melhor compreende e interpreta o genial compositor. O pianista, Yefim Bronfmann, serviu, com grande qualidade e musicalidade, a inspirada criatividade de Amadeus. Pilar Villa

2006/11/24

RESSURREIÇÃO

Novamente a genial segunda sinfonia do grande Gustav Mahler, composta entre 1888 e 1894, revista em 1903 (em 1910 Mahler fez algumas alterações manuscritas na partitura), conduzida por Kazushi Ono* - utilizando a revisão de 1903 - à cabeça dos côros e da Orchestre Symphonique de la Monnaie (Bélgica), sendo solistas nas vozes a soprano Susan Chilcott e a contralto Violeta Urmana. Um "live" de 2002, colocado nas lojas pela etiqueta "apex" da WarnerClassics por pouco mais de cinco euros.

É verdade que as cordas deste agrupamento não são as da Berliner ou da Wiener Philharmoniker, mas a força que Ono consegue extrair da orquestra, fundada na superior qualidade e inspiração dos metais, na eficácia das madeiras, na potência e precisão das percussões e, evidentemente, nas cordas que sustentam consistentemente a excelência dos outros naipes, faz deste registo mais um exemplo de uma interpretação com o(s) sentido(s) dirigido(s) para e pelo sublime, que é a essência desta música.

No texto que acompanha os dois cd's vem um excerto de uma carta de Mahler ao crítico Marschalk na qual o compositor faz um curto esboço da estrutura da obra mas o texto já tinha explicado que foi no funeral do pianista e conductor Hans von Bülow, amigo do compositor, que a ideia de criar uma sinfonia com côro adquire consistência. A entrada do côro, na quarta parte** do quinto movimento, é um dos momentos mais sublimes da história da música. Já ouvi melhor, mas os côros de La Monnaie conseguem garantir o "coeficiente" indispensável para manter a interpretação dentro de um registo determinado pelo belo que transcende absolutamente o lugar da "normalidade". Na parte final do quinto movimento, Violeta Urmana dá continuidade ao impulso temático apresentado pelo corne inglês com a flauta na primeira parte, mais adiante apresentado pelo trombone e aqui retomado pela voz com o corne inglês***, que conduz ao remate final - fundado sobre o tema que simboliza a "ressurreição", que nos é re-exposto pelas vozes masculinas e já tinha sido anunciado pelo coral de metais (a sua primeira enunciação aconteceu pouco depois da abertura, quadro sonoro que foi re-pescado do 3º movimento, enunciação feita pela trompa havendo depois desenvolvimentos com base neste enunciado ao longo de todo o movimento), re-aparecendo com a sua máxima elevação espiritual na primeira apresentação do côro - remate este que é uma das conclusões mais grandiosas e inspiradas de toda a criação artística. AST

* o que tem esta interpretação de genial? 1)o conceito global de tempo e os tempos adoptados 2)a luminosa transparência com que nos são oferecidos os vários quadros sonoros 3)o trabalho temático que é suportado por um conceito global da obra cujo fundamento está em um e que condiciona dois.

** as "partes" a que me refiro são as faixas em que neste cd o movimento é dividido. Noutros registos o movimento aparece numa só faixa e noutros, muito poucos, num maior número de divisões. Estas divisões normalmente correspondem à mudança de "quadro sonoro".

*** não é do meu interesse fazer uma análise deste movimento que para mim é o apogeu da criação orquestral. Este tema, genialmente simples, pode ser analisado como um retardo repetido de meio tom sobre a dominante (a frase descendente que surge como "necessidade" deste retardo resolve na tónica da tonalidade onde nos encontramos que de seguida é submetida a uma modulação ascendente que aumenta a tensão dramática). Tão simples e com um efeito tão grande que só encontro paralelo na simplicidade das quatro notas, três repetidas, sobre as quais Beethoven construiu toda uma sinfonia. Neste caso o tema tem uma função dramática, não geminal, ao contrário do que se passa com as quatro notas de Beethoven. É preciso entender-se que a grande genialidade necessita de pouca racionalização, apesar de ser quem determina as grandes estruturas da racionalidade.






Convém que seja noite porque ele ri
e o seu riso é uma coisa insuportável,
uma feérica praia muito limpa
coberta de pancada e água escura.


Mário Cesariny de Vasconcelos
in Os Bantus e as Aves
citado em A Noite e o Riso
de Nuno Bragança


MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS
nasceu no dia 9 de Agosto de 1923, em Lisboa,
onde morreu no dia 26 de Novembro de 2006





Litvinenko morto pelos serviços secretos

Ex-expião russo do FSB. Em 2001 obteve asilo político no Reino Unido... in Metro-Portugal, 29 de Novembro de 2006, pag's 1, 8 e 9




2006/06/14

SHOSTAKOVICH PELA WIEN PHILHARMONIC

Dirigida por Bernard Haitink a orquestra vienese apresentou-se em Londres com uma primeira parte dedicada a Mozart, tendo na segunda sido interpretada a sinfonia 10 do compositor russo.

Vamos por partes, pois recentemente escutamos esta mesma sinfonia pela Orquestra do Concertgebouw, dirigida por Mariss Jansons, o seu titular actual.

O Mozart foi divino, como se costuma dizer. A sinfonia 32, em um andamento, foi interpretada de maneira deliciosa pelo genial agrupamento, na sua forma de orquestra reduzida, o mesmo se passando com o primeiro concerto para flauta que contou com o flautista Wolfgang Schulz, um flautista fabuloso e primeiro do naipe deste agrupamento.

Passemos agora a Shostakovich. A sinfonia 10 trata-se de uma das grandes obras do compositor, sendo simultaneamente uma obra fundamental daquilo que poderemos designar por estetica neo-classica. Trata-se de uma obra com uma estrutura bem mais consistente que aquilo que aparenta. Em termos de motivos deve ser dito que existe o motivo fundado no nome do compositor, recorrente nas suas obras, e existe um outro motivo formado de maneira encriptada sobre o nome de Elmira Nazirova, por quem Shostakovich nutria, no tempo em que criou esta sinfonia, especial afecto.
Diria que a forma como os dois motivos se confrontam a partir do terceiro movimento tem mais de afectos que de mensagem politica, se se pode falar em "mensagens" na obra do compositor. O motivo sobre o nome do compositor apresenta-se como corrosivo, explosivo, por vezes em pesados unissonos nas cordas, enquanto o motivo de Elmira se apresenta como temperado, apaziguador e aparece nas trompas. Este motivo, que surge no andamento lento (Allegretto) cria uma nova dialectica que domina a obra a partir do seu aparecimento, obra que vinha sendo determinada fundamentalmente pelo motivo do nome do compositor. Claro que outras coisas podem existir mas tentar a todo o custo querer ler mensagens subliminares na obra se Shostakovich pode nem ser uma metodologia que valha a pena continuar a explorar, limitando-nos a recepcionar novos dados objectivos, como cartas, notas escritas pelo criador, etc.
Creio que na altura escrevi que Jansons, "especialista" em repertorio da alemanha, seria um chefe-de-orquestra muito pouco consensual, se bem que na arte os consensos se possam dispensar, para dirigir Shostakovich. Depois de ouvir a Wien Philharmonic son batuta de Haitink, devo dizer que, definitivamente e sem colocar em causa a grande qualidade musical de Jansons, a leitura de Haitink foi milhares de vezes mais convincente, mais sentida, mais "profunda" e mais transparente. Claro que a Wien Philharmonic tem uma sonoridade singular mas, estou convicto, que foi a leitura do chefe-de-orquestra que mais contribuiu para esta antinomia na leituras desta mesma sinfonia.
Finalmente, mesmo a melhor orquestra do mundo pode ter falhas: no primeiro surgimento do motivo de Elmira o trompa a custo atacou directo a nota. Num resurgimento mais adiante o ataque delizou meio tom abaixo. Mas que foi isso tendo em conta a grande performance que o mesmo trompa garantiu ao longo de toda aquela genial leitura, feita pela Wien Philharmonic dirigida por Bernard Haitink, desta obra impressionante? Livios Pereyra














2005/12/12

SINFONIAS DE EDUARD TUBIN POR NEEME JÄRVI

Se a terceira sinfonia do compositor estoniano é um trabalho dentro dos parâmetros de um neo-classicismo onde a tonalidade é utilizada estruturalmente de forma inteligente, musical e singular, a oitava sinfonia é uma criação que transcende a escrita tonal e reforça a personalização de um idioma, denotando grandes rasgos e grande inspiração.

Trata-se de uma obra onde as tensões se densificam e equilibram de maneira extraordinária, uma obra que acaba num estranho e impressionante suspense que só um ser genial é capaz de conceber.

Esta oitava sinfonia, escrita numa linguagem atonal-temática, é mais uma criação que passará a ser fundamental entre toda a literatura musical do século vinte, dada a sua espiritualidade intrínseca, o grande talento que presidiu à sua concepção assim como a singularização alcançada no uso de uma linguagem que à época (1966) não era nova.

O também estoniano Neeme Järvi, que já tinha dirigido interpretações paradigmáticas das sinfonias de Shostakovich, entre outros, revela aqui, uma vez mais, ser alguém dotado de uma visão especial e única na interpretação da música do século passado. Um grande maestro e um imenso músico que nos oferece, à frente da Swedish Radio Symphony Orchestra, uma "interpretação-chave" desta obra de grande génio. A etiqueta Bis re-editou o cd com aquelas fantásticas sinfonias, ambas dirigidas por Järvi, que pode ser adquirido a um preço "suave" variando entre os sete e os nove euros. AST


SÃO CARLOS COM O MESMO ORÇAMENTO QUE A GULBENKIAN?!

Há cerca de meio ano, mais precisamente no dia 13 de Abril de 2005, colocamos online um "post" que se mantém actual e por isso o re-editamos com algumas alterações

Pode ler-se em bajja.blogspot.com no artigo "O cancelamento de parte da temporada em São Carlos":

"O S. Carlos leva a cabo 4 ou 5 produções por ano, com 4 ou 5 récitas de cada uma. Não existe qualquer itinerância ou mesmo récitas populares (coliseu, etc.) que levariam as suas produções a um auditório muito alargado. Assim, o seu orçamento, só equivalente ao do serviço de música da Gulbenkian (e compare-se a actividade...) ou ao total do orçamento do IA, para todas as áreas!!! (teatro, música, dança), embora proveniente das contribuições de todos os cidadãos, é gasto num plano de actividades de uma irrelevância incontornável, já que a acção do Teatro apenas afecta uns 2000 portugueses. É muito, muito grave e começa a ser altura de alguém dizer que o rei vai nu."


Em conversa com o ex-ministro da cultura, Pedro Roseta, este demostrou-nos o seu cepticismo em relação à veracidade da informação acima veículada e informou-nos que uma parte do orçamento da ministério da cultura é cativo, isto é, só pode ser disponibilizado pelo ministro das finanças, coisa que de resto é sabida. Sugeriu também que o suposto orçamento da Gulbenkian não incluiria as despesas com a orquestra e o ballet.

Numa curta conversa tida com o presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, no dia 30 de Junho por ocasião de um evento onde casualmente nos cruzamos, soubemos que as despesas com a orquestra e o ballet estavam de facto incluídas no orçamento do serviço de música. "Excepto as despesas de cena", que estão orçamentadas nas despesas centrais uma vez que os auditórios servem para várias actividades para além das relacionadas com o serviço de música.
Paradoxalmente esta conversa aconteceu um par de dias antes de vir a público a notícia da extinção do Ballet Gulbenkian. Talvez por isso Rui Vilar nada mais especificou, aconselhando-nos a falar com a "Drª Teresa", coisa que tentamos, inutilmente, nos dois dias que se seguiram... Depois "caiu" a notícia do fim do Ballet Gulbenkian.

No que diz respeito à descentralização, tema abordado na conversa com o ex-ministro da cultura durante uma qualquer exposição, ficou bem claro que existem por todo o país salas com fosso de orquestra que possibilitam a produção de óperas. Que de facto têm acontecido, interpretadas por companhias espanholas e do "ex-leste da europa", que são obrigadas a fazerem digressões para ganharem "o pão nosso de cada dia", sendo portanto estranho que o Teatro Nacional de São Carlos (Lisboa-Portugal), instituição suportada com os dinheiros públicos e nacionais (a contribuição do "mecenas", que dá um milhão e deve gastar outro tanto a publicitar o que dá, representa 1/15 do seu orçamento), não desenvolva uma política sistemática de itinerâncias pelo país que o paga.


É claro que o montante de ambos os orçamentos (que são semelhantes se incluídas as despesas com o extinto Ballet Gulbenkian e excluídas as quantias oferecidas pelos "mecenas") não passa de pinhões se fôr comparado com o custo da via em que vai circular o TGV. Será que fizeram bem as contas à ocupação média necessária do dito e aos preços dos bilhetes para que o re-dito não se venha a transformar num buraco de prejuízos absurdos a serem suportados no futuro integralmente pelos impostos a pagar pelos portugueses? Ou estão a pensar que o nível de vida destes vai subir tanto que lhes vai possibilitar viajar regularmente entre Lisboa e Porto no famoso Tê-gê-Vê? E na ligação a Madrid quais são exatamente os números para os prejuízos não virem a assumir proporções desastrosas?
E a OTA? Um aeroporto que sairá muito caro e é um investimento em contraciclo com a política generalizada de criação de aeroportos de taxas baixas para as "low-cost" que marcam o ritmo do mercado do transporte aéreo de passageiros?!
Ainda todo o mundo comenta "aquela" dos 10 (ou nove?) estádios de futebol...
Para não falarmos dos dois submarinos e respectivos torpedos que são virtualmente importantes para o controle e vigilância das águas territoriais, mas que custaram substancialmente mais que os 10 (ou nove ou onze) estádios...

Como a UE vai continuar a abrir a torneira do "combustível" (a um ritmo de mais de 8 milhões de euros por dia) a barcaça lusa vai-se aguentar.

Seria fantástico que deste incrível maná a UE destinasse, explicitamente (se não a "coisa" esvai-se...), uma parte visando combater a escandalosa miséria que grassa no Portugal de hoje, nomeadamente para a construção de residências para os sem abrigo, para assistência aos idosos que vivem na penúria e para outros não bafejados minimamente pelo sopro de riqueza que sempre atravessa os países terceiro-mundistas - versus em vias de desenvolvimento - e alguns "desenvolvidos", como Portugal. AST




Todos os anos Portugal entrega 1/6 do seu orçamento às Forças Armadas. Metro, 16 de Dezembro 2005, pag 16, in "Cartas ao Director"




BARCELONA E COPENHAGA SÃO OS CENTROS NEVRÁLGICOS DO JAZZ NA EUROPA


Michel Camilo veio a Lisboa lançar o seu novo cd onde fez uma curta apresentação, ao piano, de alguns temas. No final conversámos com ele


Álvaro Teixeira: Disse há pouco que ao mesmo tempo que, em New York, tocava jazz, seguia uma formação clássica. Mas as suas influências mais fortes são as jazísticas, não é?

Michel Camilo: Bem... Sim e não. A minha carreira nasce a partir do jazz mas a minha formação é totalmente clássica porque estudei clássico desde os nove até aos dezoito anos. Graduei-me no Conservatório Nacional de música, na República Dominicana e depois fi para New York. Claro que o jazz é mais importante pois tenho 14 discos de jazz e, até agora, só dois clássicos.

AT: Já tocou repertório mais clássico como Beethoven e Brahms, por exemplo?

MC: Sim, sim. Este mesmo ano toquei no Festival de Pererada, em Santander, em Espanha, com o maestro Jesus Lopez Cobos, o concerto em fá maior de Ravel, por exemplo, e o Gershwin que para mim é um clássico. O que se passa é que é um clássico moderno. O concerto em fá, tocava-o muito também.

AT: Falando dos clássicos modernos: nunca tocou Schoenberg, por exemplo?

MC: Gosto mais dos clássicos melódicos ainda que conheça muito bem a música de Schoenberg . Mas toquei vários compositores modernos americanos e toquei com a filarmónica de New York no festival de música moderna com o nome de Novos Horizontes.

AT: As influências da música do Caribe são muito nítidas...

MC: Sim. Nunca se pode negar as raízes. Eu penso que é muito importante saber-se de onde se vem para se saber para onde se vai. Eu venho do Caribe que tem uma tradição afro-americana. É muito importante conservar as raízes.

AT: Costuma ir tocar frequentemente aos países do Caribe?

MC: Também mas não tanto como desejava pois tenho compromissos em todo o mundo. Vou pelo menos uma vez por ano a uma grande gala de beneficiência, no meu país, destinada a ajudar as crianças pobres que sofrem de cancro. Vou ajudar a angariar fundos para essas causas nobres que são muito importantes.

AT: De que gosta mais nos Eua?

MC: New York é o centro do jazz. Não há outro lgar no mundo onde hajam tantos clubes de jazz e concertos todas as noites. Ali pode-se escutar o futuro. Também no clássico. New York é como um microcosmos onde estão representadas todas as tendências e culturas do mundo. Onde não há discriminações. New York é muito diferente do resto dos Eua. New York é um centro de cultura mundial onde um pode expressar a sua singularidade e ser aceite, ou ser negado, mas pelo menos um pode exprimir-se e expôr públicamente o seu trabalho. Há sempre um lugar para qualquer um se expôr.

AT: New York é a Paris dos novos tempos?

MC: Depende em que nível.

AT: Paris foi o centro das artes...

MC: Isso foi nos anos vinte... Isso foi na "bel-époque". Já passou. De resto o Stravinsky imigrou para os Eua.

AT: Isso é verdade...

MC: Copland também... e outros.

AT: Pois é...

MC: Mesmo o Boulez foi para o Lincoln Center pelo menos seis anos...

AT: O Boulez é só uma pequena faceta da música europeia do século passado....

MC: Pois sim mas todos os contemporâneos europeus, incluindo Bério, foram para New York... O facto de se estar em New York é muito importante porque qualquer coisa que se faça em New York tem repercussão no resto do mundo.

AT: Pensa que se vivesse na Europa não teria o sucesso e a projecção mundial que tem?

MC: Depende de onde. Este meu disco saiu primeiro em Europa e só depois nos Eua.

AT: Mas a iniciativa veio dos Eua. A Telarc é uma etiqueta americana...

MC: Não, não. A Telarc foi a última instância. Os meus discos sairam inicialmente numa companhia japonesa chamada King Records que foi a primeira que me editou. De Tókio vieram para a Alemanha. De lá para Paris e de Paris para o resto da Europa. E só depois para os Eua. É curioso, não? Mas no meu caso foi assim. Depois de King Records foi a Sony, depois a Universal e só depois a Telarc. Agora gravo para as duas. Para a Universal e para a Telarc. Gravo a música clássica para a Decca que é da Universal. Para a Telarc gravo música jazz. Mas este último cd que foi lançado primeiramente em Portugal e Espanha, com música de Gerswin, é da Telarc. Gravado com a sinfónica de Barcelona.

AT: Que tal as orquestra espanholas?

MC: Maravilhosas! Sobretudo a de Barcelona que tem uma visão muito aberta e o auditório de Barcelona é maravilhoso: tem uma acústica perfeita, igual que o Palau de la Música em Barcelona. Não há igual. E Barcelona tem uma coisa muito importante que é, na actualidade, uma das capitais mundiais do jazz. Tem um festival de jazz que este ano teve 45 concertos! Muito poucos festivais de jazz no mundo têm esta quantidade de concertos. E não sómente jazz norte-americano. Muito jazz europeu também. Antes era Paris e Copenhagen agora é Barcelona e Copenhagen. Curioso...

AT: Sim...

MC: E Paris... Tenho ido muito a Paris também... tenho tocado no festival de jazz de Paris e nos Champs Elisés e por todo o lado em França... Mas últimamente a visão contemporanêa está em Barcelona e em Copenhagen. Não sei porquê... Um mistério...

AT: Foi um prazer conhecê-lo e ter esta curta conversa.

MC: O prazer foi meu.

AT: Muito obrigado e até à próxima.




"BELÉM - Cerca de 700 hectares de florestas foram invadidos e desmatados por fazendeiros na Terra Indígena (TI) Kayapó, próximo ao município de São Félix do Xingu, no extremo norte da reserva, entre as aldeias Kikretum e Kokraimoro. As primeiras denúncias da Fundação Nacional do Índio (Funai) à Polícia Federal e ao IBAMA foram feitas há três meses, mas as invasões, além de não combatidas, se intensificaram. Com a ausência de providência por parte das autoridades os índios ameaçam usar a força para garantir a integridade de seu território. Desde a semana passada, uma comissão da Funai está no local para fazer um levantamento detalhado do estrago provocado pelos fazendeiros e acalmar os índios que ameaçam expulsar os invasores. Imagens de satélite analisadas pelos técnicos da organização não-governamental Conservação Internacional comprovam a existência de áreas desmatadas na TI Kayapó." http://indios.blogspot.com (Dezembro 12, 2005)

2005/11/20

MARIA JOÃO PIRES INTERPRETA AS SONATAS DE MOZART

A Brilliant Classics teve a ideia genial de colocar à disposição do público a integral das sonatas para piano de Amadeus Mozart, gravadas no longínquo ano de 1974 pela grande pianista portuguesa, gravação esta feita em Tókio, dotada de uma muito excepcional qualidade sonora possuída por uma belíssima sonoridade cristalina. Já sabemos que esta etiqueta tem "mexido" com o mercado discográfico mundial que a olha cada vez com mais receio. Editar uns músicos holandeses dos quais ninguém ouviu falar, apesar de serem excepcionais, ao mesmo tempo que re-edita um Gilels ou um Richter que estão mortos, é uma coisa. Re-editar uma pianista viva e activa, que actualmente grava para a mais prestigiada etiqueta de música clássica do mundo, é outra. Sobretudo se se trata de um registo que corre o risco de se tornar um marco na interpretação do compositor austríaco. Mas assim é. Felizmente para a humanidade. Será escusado acrescentar que o preço do estojo de cinco cd's da Brilliant Classics arruína toda e qualquer concorrência. O que não é nada bom. A verdade é que a "concorrência" recusa rever os preços artificiais e inaceitáveis dos cd's. Assim sendo não é de prever grande futuro para as etiquetas que parecem não perceber que nos tempos que correm cd's a 15 e 20 euros não são minimamente aceitáveis e acabarão, um dia não longínquo, por ficar nas prateleiras na sua quase totalidade.

Agora voltemo-nos para a música que é para isso que por aqui andamos.
Quando se trata de um vulto grande da interpretação musical, como é o caso, as comparações ajudam-nos a tentar objectivar aquilo que intuímos logo ás primeiras audições. Um grande só pode ser comparado com outro grande mas neste caso, dado que Maria João foi durante muito tempo considerada como a maior, ou uma das maiores intérpretes de Mozart, vamos compará-la com ela própria.

No ano de 1984, exatamente passados dez anos da gravação que nos ocupa (foram ambas realizadas durante o mês de Fevreiro), Maria João voltou a gravar algumas sonatas de Mozart para a Erato. Num dos cd's gravou a Fantasia Kv 475 seguida da sonata em Dó menor Kv 457, tal como tinha acontecido na década anterior. Ambas as peças estão na sombria tonalidade de dó menor. Foi uma gravação muito saudada pelo público e pela crítica. Em 1984 Maria João já era uma vedeta internacional.

Que conclusões extrair de uma audição comparativa?
Sem termos que ouvir e refletir longamente, a interpretação de 1974 é nitidamente mais espontânea, utiliza andamentos mais rápidos mas é mais clara porque existe uma utilização muito mais criteriosa do pedal de sustentação, sendo na generalidade uma realização mais inspirada. Em 1974 Maria João estava em sintonia com a imensidão do génio mozartiano onde a espontaneidade é alimentada pela genialidade da sua inesgotável e fluída inspiração. Em 1984 a interpretação é mais artificial, artificialidade que se manifesta, nomeadamente, no "forcing" contrastante e nos andamentos mais lentos que adoptou, provavelmente para reforçar o carácter dramático de obras onde o dramatismo tem de ser conseguido de forma espontânea e intuitiva, tal como o que realizou na década anterior. Também se verifica um pedal mais fundo que quebra a clareza luminosa que conseguiu em 1974, ano em que concretizou o que será, provavelmente, a "grande-referência" das sonatas para piano de Wolfgang Amadeus Mozart. AST




EX-DIRECTOR DE LA FENICE?

Propomos-lhe um pequeno exercício de carácter lúdico.
Entre na página do Teatro La Fenice (www.teatrolafenice.it). Aquele onde supostamente o actual director-artístico do Teatro Nacional de São Carlos em Lisboa exerceu cargo idêntico.
Ao entrar na referida página abrir-se-á uma janela que diz "Archivio Storico/Digitale della Fenice". Tenha a bondade de clicar. Irá dar aqui: http://81.75.233.46:8080/fenice/GladReq/index.jsp
Em baixo de "Schede informative" clique em "Persone". Colocando o apelido e o nome do actual director artístico do TNSC sair-lhe-á isto:
Pinamonti, Paolo - Nuova vers. mus., 1985; Relatore, 2000; Ripr. finale napoletano 1831, 1988; riprist. vers. orig., 1987
Aparentemente o actual director-artístico do TNSC nunca exerceu cargo idêntico no La Fenice... AST



Abuse payout for native Canadians

Canada has offered to pay more than C$2bn (US$1.7bn) compensation to indigenous people who were abused at government-funded residential schools.
Some 80,000 people who attended the schools over decades are eligible.
About 15,000 of them have begun legal claims against the government and Church, which ran the schools - to be dropped if they accept the deal.
The draft package must still be agreed by the courts but has been welcomed by indigenous leaders.
Thousands of former pupils at the 130 boarding schools have made allegations of physical and sexual abuse spanning seven decades.
...
Justice Minister Irwin Cotler described the abuse which took place as "the single most disgraceful, racist and harmful act in our history".
He said he hoped the settlement would mark a turning point for Canada.
http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/americas/4465102.stm


Today marks the first step towards closure on a terrible, tragic legacy

Phil Fontaine
First Nations chief



Frente Parlamentar em Defesa do Povo Pataxó Hã-Hã-Hãe e Tupinambá de Olivença

Reza o bom direito que, para se atingir a justiça social, é necessário que o Estado trate “desigualmente os desiguais”, na medida de suas desigualdades, para que estes se igualem. Os povos indígenas e as comunidades negras formaram a mola mestra que impulsionou o surgimento da Nação Brasileira. O Brasil foi gerado às custas do massacre de milhares de índios que, ao longo de centenas de anos, foram sendo expulsos de suas terras, ora por conta da escravidão, ora por conta da exploração do pau-brasil; da expansão da criação de gado; da busca pelas riquezas contidas nas seringueiras; e, mais recentemente, pela atividade cacaueira na região Sul do Estado da Bahia. Em todos estes casos, o Estado Brasileiro, à revelia de suas próprias normas constitucionais, fez a temerária opção de aprofundar as desigualdades sociais de nossa Nação ao relegar aos povos indígenas o desterro em solo que consideram sagrado e que, por direito, lhes pertence. Desta forma, privilegiou as camadas sociais mais abastadas e influentes politicamente, em detrimento daqueles que deveria cobrir com o manto da dignidade e da justiça social.
Segundo fontes do Conselho Indigenista Missionário, nestes mais de 500 anos de “achamento” do Brasil, mais de 1470 povos indígenas foram extintos. Restaram aproximadamente 235 povos distribuídos em 841 terras indígenas, que ainda preservam suas 180 línguas. Milhares foram morar nos centros urbanos e perderam suas identidades étnicas. O Censo Demográfico do IBGE de 2000 aponta a existência de 734.131 índios no Brasil; os índios baianos representam 8,75% da população indígena brasileira, o que equivale ao número de 64.240 índios. (documento completo em http://www.cimi.org.br/?system=news&action=read&id=1586&eid=342)



Música de origen mapuche

Beatriz Pichi Malen, mensajera de la palabra entonada

Escribe Mariana Fossati

Desde Bahía Blanca - Argentina

Una de las notas por las cuales la autora obtuvo una Mención Especial en el XIII Premio Latinoamericano de Periodismo José Martí. Fue publicada originalmente el 22-07-04


Beatriz recuerda la escena con precisión: fue cuando era adolescente. El cuerpo le avisó que algo no andaba bien y ella decidió “ponerle oído al cuerpo, como dicen las viejitas mapuche”. Fue así que se sentó frente a su madre y le dijo que algo le pasaba, pero que no podía precisar qué era.

-Entonces habrá que volver a Los Toldos -dijo la mujer.

Beatriz había nacido allí, y su familia había sido despojada de su tierra y echada de ese pueblo de la Provincia de Buenos Aires.

-¿A qué vamos a volver? Yo no tengo nada que ver, ahí no conozco nada.

-Usted nació ahí.

Esa respuesta corta fue el comienzo de una larga búsqueda, la de la identidad de quien hoy es cantante mapuche: Beatriz Pichi Malen. El primer viaje lo hizo con su madre, y tiempo después reflexionó que “fue un gran acto de amor el de ella porque hay que ser desalojado del lugar y volver”. En esos primeros viajes Beatriz empezó a preguntar a la gente de Los Toldos por los mapuche , sin saber cómo hacerlo, pero con la convicción y el deseo de querer llegar a la verdad. “Recuerdo que lo primero que nos dijeron cuando nos servían el café con leche una mañana de mucho frío fue: acá no hay indios, con un desprecio como diciendo ¿qué viene a buscar acá? Esto de andar me enseñó también a preguntar, y entonces no me encontré con respuestas tan duras, me encontré con respuestas, y en algunos casos con silencios”.

Con la insistencia y los viajes sucesivos a su pago natal, se encontró con algunos parientes y pudo comenzar a ahondar en la cultura mapuche. Pero aquella época no era la mejor para preguntar, Beatriz se encontró en Los Toldos con que había una gran negación del ser mapuche, cosa que hoy ya no sucede. “Esta cuestión de no ser, no querer ser, querer parecer. Con los años yo me vengo a dar cuenta de que eso trasunta un gran temor, el querer parecerse a quienes nos invadieron, nos impusieron y nos sojuzgaron. Indudablemente nunca se va a ser como esa agente, ni desde el aspecto ni desde lo interno. ¿Pero por qué nuestra gente quiso ser de esa forma, parecerse así? Justamente porque lo otro era sinónimo de muerte, entonces mejor callar todo. Parecerse al invasor era una forma que aquellos antiguos que sobrevivieron decidieron para poder seguir viviendo.”

A pesar de que ya pasaron muchos años del comienzo de la búsqueda de Beatriz Pichi Malen y de que hoy canta en lengua mapuche por los más diversos lugares de Latinoamérica y el mundo, es consciente de que el trabajo nunca está completo. “Yo no dije un día: ¡eureka, ya sé quién soy! porque todavía estoy en esa búsqueda de partes, pedazos de una cultura que estamos tratando de recuperar entre todos, de reorganizar y de poner en funcionamiento”.
(trabalho completo em http://www.ellibertadorenlinea.com.ar/paginas_moviles/cultura/239.htm )


EE.UU. advierte a España que no venda armas a Venezuela

PRESION DE LA CASA BLANCA: UN CONTRATO POR 2.000 MILLONES DE DOLARES

Se trata de 10 buques y 12 aviones que incluyen tecnología estadounidense. Para Washington, la venta es "un factor desestabilizador" en Latinoamérica. Madrid afirma que "es una cuestión entre empresas".

El litigio entre España y EE.UU. por la venta de ocho naves patrulleras, dos buques de aprovisionamiento y 12 aviones a Venezuela, se agravó ayer cuando el embajador norteamericano en Madrid, Eduardo Aguirre, afirmó que su país esperaba que el compromiso no se firme el próximo 28 como está previsto. Añadió que las naves y los aviones "incluyen tecnología norteamericana" y que Washington debe decidir si concede su "permiso para esa utilización".

Se trata de la mayor operación de este tipo en la historia de la industria de defensa española ya que alcanzará un total de 2.000 millones de dólares. Chávez quiere otorgar a la firma de la operación el mayor contenido político. Por eso espera que el ministro de Defensa español, José Bono, viaje a Caracas para la suscripción del acuerdo. Este fin de semana, el presidente venezolano dijo que el acuerdo con España es una prueba de la "derrota" de Estados Unidos. "España dijo 'no' a la pretensión de Washington para que no nos vendieran esos equipos. El doctor Pepe Bono viene a firmar los contratos", señaló Chávez.
...
A su vez, el canciller español, Miguel Angel Moratinos, sostuvo que la operación es una "cuestión entre empresas" y se negó a opinar sobre el derecho de veto que se arroga EE.UU.
www.ellibertadorenlinea.com.ar/paginas_moviles/pol_internacional/613.htm



A silenciosa violência dos nossos brandos costumes

Portugal, que se orgulha pachorrentamente dos seus brandos costumes, não é em brandura que se excede ao conseguir ficar à frente da maioria das nações Europeias no campo da violência doméstica e ser campeão absoluto dos dezassete países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) em 2004, no que toca à violência contra crianças.
Esta façanha colectivamente caseira de abusar fisicamente e matar de maus tratos as mulheres e as crianças traduz-se numericamente nas assustadoras cifras de 4 mulheres mortas por semana no primeiro semestre de 2005 e, em média, 66 crianças anualmente mortas por maus tratos e negligência, existindo 150 mil crianças a viver no limiar do perigo. http://pt.indymedia.org (23-11-2005 às 17:55:18)



Sofia: Protestos contra as bases militares americanas na Bulgária

A 12 de Novembro ocorreu em Sofia (capital da Bulgária) um protesto contra as bases militares dos Estados Unidos, situadas nos arredores das vilas de Novo Selo, Bezmer e perto do porto de Burgas. Mais de 500 pessoas marcharam nas ruas centrais de Sofia, manifestando a sua posição contra as bases militares. O protesto terminou em frente do Teatro Nacional "Ivan Vazov". No protesto participou um bloco anarquista de grupos autónomos e anti-autoritários denominado "AnarchoResistance" (cerca de 60 pessoas). Alguns nacionalistas do BNS (União Nacional Búlgara) estiveram também presentes mas abandonaram o local rapidamente depois da manifestação.
Na noite de 10 de Novembro dois activistas foram detidos e brutalmente agredidos quando colavam cartazes convocando o protesto perto da Sinagoga. A policia alegou que Vladimir Trichkov e Stefan Andonov estavam colando os cartazes no muro da Sinagoga (o que é uma completa mentira!) e eles resistiram à ordem de prisão. A sua presença na área da Sinagoga foi usada pela Policia para os acusar de escreverem palavras de ordem «anti-semitas» e «nacionalistas» (o que é completamente falso!). Desde 12 de Novembro os dois encontram-se em greve de fome depois da recusa pela policia dos pedidos de ajuda médica e de visita dos seus familiares. Foram ambos acusados em processo sumário. O Ministro do Interior, Rumen Petkov, reconheceu no fim de semana o "trabalho perfeito" dos dois policias que prenderam Vladimir e Stefan, tentando com isto pressionar o tribunal e convencê-lo da «culpa» dos dois activistas. http://www.indymedia.org/pt (22 Nov 2005)
Marco Aurelio Treuer, aún camina libre por las calles!!


A 3 años del asesinato de Alex Lemun a manos de la policía

El 7 de noviembre del 2002 mientras el joven (17) Alex Lemun participaba junto a su comunidad de una recuperación de tierras apropiadas por la empresa forestal Mininco fue impactado por un balín de acero (al igual que Daniel Menco en el ‘99) de la policía antimotines. Alex sufrió la agonía durante 5 días en el Hospital Regional de Temuco, para posteriormente perecer. http://valparaiso.indymedia.org (7 de Noviembre)



A QUIEN COMBATE POR LA VIDA, NO LO MATA NI LA MUERTE
...
Así, el Estado chileno y su democracia capitalista se han caracterizado por una política permanente de represión, encarcelamiento y asesinato de chilenos y Mapuche. Desde 1990 a la fecha, cientos de compañeros han sido apresados por luchar, muchos son perseguidos y más de 30 han sido asesinados durante el período democrático.
Reivindicamos a nuestros luchadores y luchadoras, reconocemos en ellos la mejor calidad humana, la entrega, la generosidad, y denunciamos el intento sistemático de criminalizar las luchas sociales catalogando a los mejores hombres y mujeres como delincuentes, como antisociales. Quienes han dado su vida por una transformación profunda de la sociedad, no pueden ser sino nuestros hermanos/as.
Luis, Aldo, Julio, Ariel, Emilio, Odin, Enrique, Ignacio, Sergio, Juan, Mauricio, Fabián, Alex, Pablo, Mario, Andrés, José Miguel, Pedro, Mauricio, José Luis, Norma, Alejandro, Yuri, Raúl, Francisco, Fernando, Claudia, Daniel, Alex, Carlos, Alfredo...
lucharon contra el capital, por la conquista de los derechos del pueblo, por una democracia justa y verdadera, por territorio autónomo, por una vida verdadera para todos/as...
...
1990-2005: 31 compañeros y compañeras asesinados en "democracia"...

http://chilesur.indymedia.org




Se rebelan indígenas de Tianguistenco y deciden luchar por su dignidad

Detenciones arbitrarias los obligan a migrar a Estados Unidos

http://mexico.indymedia.org/tiki-index.php (08-nov-05 02:25 UTC)



AS PALAVRAS NÃO DITAS

Nélia Pinheiro, da Companhia de Dança Contemporânea de Évora, apresentou a coreografia com aquele título, sob supervisão de Susanne Linke que "poliu" o trabalho de portuguesa até ao resultado final que pudemos ver no dia 19 na "box" do CCB.

Este trabalho da bailarina-coreógrafa portuguesa, supervisionada pela histórica Susanne Linke, constitui-se como um marco na dança contemporânea portuguesa. Nomeadamente porque há uma singularização estética que mantém laços evidentes com a história recente da dança. Nélia é claramente uma artista pós-Pina Baush (tal como na música há o ante e o pós Schoenberg, por exemplo, também na dança há o ante e o pós Pina), encarnando uma estética já longe da ironia-kitsh de Pina Baush(evidentemente que não nos estamos a referir à Pina dos últimos inócuos trabalhos, nem seria necessário dizê-lo...). O corpo trabalhado por Nélia é o corpo instrumentalizado (o da manuseabilidade a que o instrumento se presta tratado por Heidegger) que resulta, ciclicamente, num corpo convulsionado. O trabalho de Nélia não é um trabalho esteticizante. Basta olhar para um cenário feito de "quase detritos". É o trabalho de um corpo trespassado por uma instrumentalização insuportável que o conduz à ultrapassagem do limite. Aí já não funciona, já não se presta ao manuseamento nem a qualquer funcionalidade: é o corpo convulso.

O trabalho do espaço é também claramente pós-Pina: é um "open space" demarcado pelos instrumentos que servem também de filtro ao olhar do público e de lugar de demarcação. Não existem "gags" dirigidos ao público, nem existem saídas para a plateia. O espaço dramático não pretende integrar o público que simplesmente está lá para testemunhar. O espaço dramático extravasa da "cena", não na direcção da "plateia" mas noutra qualquer direcção, no final, pelo som. Pelo som daquilo que já perdemos de vista, que já se escapou (a mala de viagem esteve omnipresente, como simbolo e no final fica em "cena"). O som dos passos de uns pés mal inseridos nuns sapatos altos, brilhantes, que não encaixam.AST


SHEN WEI DANCE ARTS

A célebre Sagração da Primavera, na versão de Fazil Say para piano a quatro mãos, é aqui trabalhada pelo coreógrafo, cenarista e figurinista Shen Wei de maneira totalmente diferente que aquilo que estamos habituados a ver quando se coreógrafa esta obra.

Nada de simetrias sistemáticas. Nada de posssantes e vigorosos movimentos de conjunto geometrizados. Nada de inspirações em "danças tribais". As simetrias são pontuais e regra geral em dupla simetria (dois grupos fazem simetria diferentes), os movimentos são redondos e nunca há utilização da força simetrica do conjunto. Aqui o movimento emerge do chão desenvolvendo-se para cima e para os lados, ao contrário da generalidade das coreografias da "sagração", onde os movimentos mais característicos são sobretudo no ar (saltos repetidos em simetria).

Trata-se portanto de algo diferente, subtilmente trabalhado, em que em vez da potência do grupo há um (a) bailarino (a) que desencadeia movimentos diferenciados em cascata, como de diferentes solos se tratassem, o que resulta num trabalho, bem conseguido, de estetização do movimento utilizando uma obra musical fundamentalmente ritmíca. O interessante deste trabalho é exatamente a forma inteligente como o criador trabalha e conjuga o carácter da obra musical com um trabalho de estética visual e do movimento.

Já em Folding onde utilizou cânticos tibetanos e música plasmada, pobre em acontecimentos, de John Tavener, Shen Wei situou-se na estetização da imagem. Os movimentos muito lentos levam-nos a concentrar-nos nas figurações que lentamente se vão construindo num despojado fundo oceânico. A cenografia, os figurinos e o tipo de movimentação dos "seres", conduzem-nos a um universo habitado por uma fantástica irrealidade. Seres híbridos, por vezes siameses que se desconstroem, deslocam-se contemplando a luminosidade que brota da superficie (ou contemplando o vazio à sua frente), para a qual se projectaram, finalmente, em lenta e espectacular ascensão, quando a noite caiu... Um trabalho que arrancou prolongados bravos do público que enchia completamente o grande auditório do CCB. AST


MÁS DE 500 EFECTIVOS Y TANQUETAS DE LA FUERZA PÚBLICA CONTRA COMUNIDAD INERME EN EL JAPIO, CALOTO, CAUCA, COLOMBIA

Bajo el argumento gubernamental de no conversar hasta tanto se desalojen los más de 15 predios liberados por las comunidades indígenas en departamento del Cauca, el gobierno nacional ordena el desalojo violento de las mismas haciendo uso de las fuerzas antimotines. Es así que desde el día 8 de los corrientes los uniformados han iniciado ataques indiscriminados usando gases lacrimógenos y disparos con armas de fuego contra la comunidad que permanece pacíficamente en posesión del predio El Japio, en el municipio de Caloto. La comunidad en proceso de recuperación denuncia que como consecuencia de la represión oficial hay 4 heridos y un número indeterminado de detenidos.

Como se recordará, el pasado 12 de octubre, en el departamento del Cauca se dio inicio a un proceso denominado Liberación de la Madre Tierra buscando la atención del gobierno nacional para que cumpla viejos compromisos adquiridos con los pueblos indígenas y las organizaciones sociales, en especial aquellos referidos a la problemática de tierras.

Teniendo en cuenta que los predios afectados por los procesos de Liberación de la Madre Tierra son de más de 100 hectáreas, un ejemplo es El Japio que mide 4.000 hectáreas y al parecer el titular no vive en el departamento del Cauca, y al observar la fuerza de la represión, que según versiones sobrepasa los 500 efectivos y más de 10 tanquetas, se hace incompresible que estas titularidades sean defendidas con tanto ahínco por el Gobierno nacional, mientras ha permitido que más de 3 millones de colombianos hayan sido desplazados de sus territorios por acción de los paramilitares y sus territorios estén hoy produciendo banano, palma africana o pertenezcan a empresas mineras o petroleras.

Se interrogan los indígenas, cómo es posible que el mismo gobierno que ataca estos procesos desarrollados por vías pacíficas en busca de una verdadera reforma agraria, haya permitido que se irrespeten los títulos colectivos de las tierras adjudicadas a las comunidades afrocolombianas de Jiguamiandó y Curvaradó. En este caso, la opinión pública conoce que dichas comunidades fueron expulsadas por paramilitares y sus tierras fueron ocupadas por empresarios de palma aceitera y que el gobierno nacional ordenó, por intermedio del Incoder, descontar al titulo de las comunidades las tierras ocupadas por la empresa; es decir que las comunidades afrocolombianas por acción de los paramilitares fueron expulsadas de sus territorios y con la acción "legal" del gobierno nacional resultaron expropiadas de 10.162 has. La pregunta sencilla de las comunidades es por qué en esos casos el gobierno y las fuerzas antimotines no reaccionaron contra los paramilitares y por el contrario hoy se mantienen diálogos con esos grupos, desconociendo la verdad, la justicia y la reparación de millones de colombianos que han sufrido el flagelo de la violencia en nuestro país.

Han denunciado también, las comunidades indígenas la situación de amenaza sobre otros procesos como el atentado contra Antonio Quilindo, gobernador del resguardo indígena de Quintana, quien fue baleado por desconocidos que se movilizaban en una camioneta blanca polarizada o la alerta sobre el reingreso de paramilitares a la región del Naya.

Los consejeros CRIC rechazamos el tratamiento de guerra que está dando el gobierno nacional a las comunidades que se encuentran en proceso de liberación de la madre tierra; denunciamos las informaciones que pretenden enlodar el buen nombre de las comunidades al afirmar que están infiltradas por fuerzas oscuras y que desarrollan acciones vandálicas, por lo cual reclamamos, de forma inmediata, la presencia de las instituciones de control del Estado, la veeduría de los organismos nacionales e internacionales de defensa de los derechos humanos, y que el gobierno nacional evite el uso de la fuerza y brinde las soluciones necesarias y oportunas de conformidad con los requerimientos e iniciativas de los pueblos indígenas


CONSEJO REGIONAL INDÍGENA DEL CAUCA – CRIC

Noviembre 9 de 2005



Please send message of protest (sample message below) to the following Colombian authorities:

President Alvaro Uribe Velez:
auribe@presidencia.gov.co

Vice President Francisco Santos:
fsantos@presidencia.gov.co

With a copy to CRIC at cric@emtel.net.co

www.colombiasolidarity.org.uk



Ecuador/Argentina: Comunidades indígenas impiden a la petrolera argentina CGC realizar sus trabajos en Ecuador

Las comunidades indígenas han impedido el trabajo de la petrolera argentina Compañía General de Combustibles (CGC) durante una década, y por esta razón la empresa no ha podido cumplir con las tareas de exploración y explotación de crudo en la amazonia ecuatoriana, expresó el gerente general de la empresa, Diego Guzmán.
...
"Quienes se oponen son indígenas de la comunidad quichua de Sarayaku, y su nueva presidenta, Hilda Santi, dispuso dar "continuidad y seguimiento a la lucha antipetróleo".
Ecuador adjudicó a la CGC en 1996 el bloque petrolero 23, de 200.000 hectáreas en la provincia de Pastaza, en la amazonia, unos 210 kilómetros al sureste de esta capital. Cuenta con un contrato de 20 años, de los cuales apenas han podido ejecutar labores durante algo más de 12 meses. http://ar.news.yahoo.com (Martes 22 de noviembre, 11:57 AM)



Países se preparan para discutir nuevo plan sobre el clima

OSLO (Reuters) - Alrededor de 190 países se reunirán en Canadá la próxima semana para intentar enrolar a Estados Unidos y a países en vías de desarrollo, como China e India, en la lucha contra el calentamiento global más allá del 2012, liderada por Naciones Unidas.
Los negociadores se reunirán en Montreal del 28 de noviembre al 9 de diciembre para negociar un plan sustituto del Protocolo de Kioto de 1997 de la ONU, un pequeño primer paso para frenar la subida de gases de efecto invernadero que emiten principalmente instalaciones eléctricas, fábricas y automóviles.
Los ministros de medio ambiente de todo el mundo asistirán a los últimos tres días de la cumbre de Montreal. Algunos predicen que las negociaciones que se lancen pueden durar cinco años.
"Será complejo," dijo Elliot Diringer, un director del Centro Pew sobre el Cambio Climático, con sede en Washington. "Cualquier acuerdo tiene que ser más flexible que Kioto, pero al mismo tiempo tiene que lograr reducciones reales en las emisiones."
"Y la administración Bush se opone firmemente a cualquier proceso que amplíe (los objetivos) de Kioto," dijo. idem (Martes 22 de noviembre, 11:32 AM)


El hambre mata a 6 millones de niños al año

ROMA (Reuters) - La Organización de Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentación (FAO) renovó el martes su petición de más esfuerzos para mejorar la situación de los cultivos en los países pobres con el fin de aliviar el hambre y la malnutrición, que matan a casi seis millones de niños al año.
En el informe anual "El Estado de la Inseguridad Alimentaria en el Mundo," la FAO dijo que los objetivos de reducción del hambre para el 2015, establecidos en varios encuentros políticos durante los últimos diez años, aún están muy lejos. ibidem (Martes 22 de noviembre, 9:35 AM)

2005/11/04

PINA BAUSCH EM VERSÃO PORTUGUESA

Música "nostálgica" com simetrias repetitivas. Diz-lhe algo?
Rapariga que se escapa da cena pela plateia. Também?
Homem vestido a rigor que abre garrafa de champagne enquanto bailarinos/actores correm de um lado para o outro numa atecipação de um final em grande e patética alegria (à qual se poderia juntar uma foto de família feliz...)?
Pina Baush? Evidentemente. Mas em Portugal foi Olga Roriz na sua coreografia "O AMOR AO CANTO DO BAR VESTIDO DE NEGRO".
Não falaremos de plágio, evidentemente. Falaremos talvez de falta de singularização na produção dentro de um estilo que é claramente o estilo de outra criadora. É isso que torna desinteressante este trabalho de Olga Roriz. O odor a Pina é tão intenso que anula momentos belos que não foram suficientemente desenvolvidos, como o início da segunda parte ao som do adágio da quinta de Malher, para nós o melhor momento desta coreografia. Ao nível das simetrias (que não se devem confundir com movimentos em espelho como o fez a crítica do "jornal mais poderoso" de Portugal...) há que dizer que o trabalho de Olga está longe de conseguir a potência dramática e irónica que Pina conseguia há vinte anos atrás. Mas isso foi há vinte anos... Em Cravos, por exemplo. Hoje o ideal de simetria - ao contrário do que escreveu a crítica do poderoso jornal - não determina nem o pensamento coreográfico, nem qualquer concepção "forte" da produção artística contemporânea (e muita atenção porque na Pina de Cravos as sequências de simetria eram utilizadas não como ideal mas dentro de um registo de ostentação da tragédia da repetição que é transversal à existência humana, para de seguida serem absoluta e radicalmente desconstruídas partindo dos próprios movimentos que instauraram a simetria). AST









Dans une maison, dans une communauté, ceux qui sont parvenus à reconnaitre l'altérité de l'autre se trouvent en situation d'hostilité avec ceux qui ne sont pas encore sortis des relations fusionelles à deux. Marie Balmary in Le sacrifice interdit - Freud et la Bible, Le livre de Poche, Grasset, 1986, pag 115









Après quarante-huit heures de silence, l'Inde a laissé entendre, lundi 31 octobre, que les auteurs des attentats de New Delhi (62 morts, samedi 29 octobre) pourraient avoir un lien avec le Pakistan. Dans une conversation téléphonique avec le président pakistanais, Pervez Musharraf, qui l'avait appelé pour lui offrir ses condoléances, le premier ministre indien, Manmohan Singh, a affirmé : "Nous continuons à être troublés et consternés par les indices selon lesquels des groupes terroristes responsables des attaques à la bombe ont des liens avec l'extérieur. L'Inde espère que le Pakistan agira contre le terrorisme qui la vise." www.lemonde.fr (01.11.05 13h18)


URI CAINE EM DIVAGAÇÕES SONORAS

Apresentou-se, um dia na Fnac do Chiado em Lisboa, num pequeno concerto de entrada livre, no outro na Culturgest, também em Lisboa, onde apresentou as várias maneiras que pode revestir uma mesma abordagem para estilos musicais diferentes.
Uri Cane é básicamente um pianista de jazz, tal como ele o confirma na estrevista que brevemente colocaremos online. No entanto, é um pianista de jazz com horizontes alargados. Alargados tanto para o clássico, o romântico e até o barroco, como para a produção contemporânea da chamada música "erudita".

Assim, se umas vez é o típico jazzman que se escuta, onde uma forte ritmicidade coexiste com uma abordagem temática bem delineada, outras é o homem do jazz que se deixou atravessar por estéticas abstratas oriundas da designada "música erudita contemporânea", vertente esta que aliás se coaduna bem com uma certa forma de fazer jazz na actualidade. Mas o interessante é a oscilação, enquanto jazzman, entre uma postura mais clássica e outra mais "avant-garde".

Interessante, interessante é mesmo quando o pianista se imiscue na música "clássica". As "rememorações" de Mahler, que infelizmente foram pouco desenvolvidas nestes recitais, podem ser momentos mágicos sob os dedos de Uri Caine. Assim como as Variações sobre um tema de Diabelli de Beethoven que no recital da Culturgest sofreram uma "malandragem" ao ser introduzido um tema da nona sinfonia (de Beethoven) sem que daí o pianista tivesse tirado grandes consequências ao nível do desenvolvimento da sua improvisação. AST

2005/10/17

ORQUESTRA SINFÓNICA NHK DE TÓQUIO INTERPRETA DEBUSSY E RAVEL

Sob direcção de Vladimir Ashkenazi a conhecida orquestra nipónica (que já tinha actuado na capital portuguesa em 1994) apresentou, na segunda parte do concerto realizado a 16 de Outobro em Lisboa, duas obras que têm tudo em comum: foram encomendas de Serge Diaghilev (para serem coreografadas, portanto), fazem parte da escola "impressionista" (a compositora e professora Constança Capedeville preferia o termo "simbolista") e são de compositores contemporâneos um do outro. São ambas geniais, deve-se acrescentar.

Se Jeux de Claude Debussy nos são dados tal como foram escritos inicialmente, já Daphnis et Chloé de Maurice Ravel nos aparece em arranjo só para orquestra, neste caso a segunda suite das duas que Ravel concebeu, extraído da peça mais vasta com o mesmo nome que foi escrita para côro e orquestra.

A leitura de Ashkenazi foi fabulosa conseguindo, evidentemente graças à grande qualidade da orquestra, restituir-nos o ambiente luxuriante e maravilhoso que Ravel criou, nomeadamente no "Lever du Soleil" com que se inicia esta segunda suite extraída da referida obra. A orquestração de Ravel é, como todos sabemos, "paradigmática", o que aumenta a magia inerente à sua música.

Também em Jeux nos foi oferecida uma leitura inteligente e musical o que demonstraria, se fosse necessário, que Ashkenazi não só foi um grande pianista como é um grande chefe de orquestra.

A primeira parte foi preenchida com A Flock Descends into the Pentagonal Gardens de Toru Takemitsu, obra "contemporânea" interessante e bem escrita, onde é patente a influência da música de Debussy.

Para finalizar a primeira parte do concerto foram interpretados, com voz da soprano finlandesa Soile Isokosi, os Vier Letzdte Lieder de Richard Strauss.

Como bónus Ashkenazi e a NHK ofereceram-nos Pavane de Gabriel Fauré.

Um grande concerto totalmente preenchido com obras do século vinte. AST

















Portugal é o país da União Europeia onde há mais desigualdade entre ricos e pobres, uma situação que é característica dos paises em vias de desenvolvimento... e 20 por cento dos mais ricos controlam 45,9 por cento do rendimento nacional. Diário de Notícias, 17 de Outobro, pag. 25



Corrupção causa pobreza
"Esta é a maior causa da pobreza, assim como uma barreira para a ultrapassar", disse o presidente da organização, Peter Eigen. Metro, 19 de Outobro, pag. 03



Investigação a bancos envolve mais de dois mil milhões de euros, Público, 20 de Outobro, primeira página

As suspeitas, neste caso, centram-se nos milhões de euros que um grupo alargado de empresas, sobretudo do sector têxtil, contabilizou a título de pagamento de comissões sobre encomendas, sempre com intermediários resgistados em território inglês.
...
As autoridades inglesas alertaram, no entanto, para a aparente falsidade de tais movimentos financeiros uma vez que a quase totalidade das comissões (mais de 95 por cento) era imediatamente remetida para contas em off-shores, a título de subcontratação de serviços - ou seja, o agente registado em Inglaterra servia apenas para evitar a retenção na fonte por parte da empresa portuguesa - cobrando uma percentagem mínima - destinando-se o grosso do pagamento a ser depositado num off-shore, em contas que as autoridades suspeitam pertencer aos próprios empresários portugueses. Além da fuga ao fisco, o esquema tem também o efeito de inflacionar os custos da empresa e, ao mesmo tempo, descapitalizá-la através da correspondente diminuição da receita. idem, pag. 33









Portugueses...
*Casais jovens preferem ler sobre saúde e beleza
*O desporto é o tema preferido de 28 por cento dos jovens
*A internet é o meio que os jovens menos utilizam para se manterem informados
Metro, 18 de Outobro, pag. 04



...não valorizam tanto a educação e a formação como outros povos.
"Todos os portugueses devem ser persuadidos de que é do seu interesse instruirem-se e reforçarem as suas competências, sejam eles operários ou patrões: cabe ao governo persuadi-los" (Andrea Canino, presidente Conselho de Cooperação Económica in Público, 4/10/2005, pág. 37)










Justiça espanhola ordena captura de militares americanos que mataram Couso
...morto no Iraque a 8 de Abril de 2003.
"Esta é a única medida efectiva para assegurar a presença dos imputados no processo e a sua colocação à disposição da autoridade judicial espanhola, tendo em consideração a nula cooperação prestada pelas autoridades norte-americanas", escreve o juiz Santiago Pedraz, da Audiência Nacional de Madrid.
"...como os Estados Unidos não extraditam os seus nacionais, a única forma de os deter é quando viajarem para o estrangeiro como particulares", considerou Pilar Hermoso, advogada da família do jornalista espanhol. Público, 20 de Outobro, pag. 17















2005/09/28

GUSTAV LEONHARDT NO FESTIVAL DE ORGÃO DE LISBOA

A carreira de Leonhardt corresponde ao nascimento da "nova" interpretação da "música antiga", ao seu desenvolvimento e à sua contemporaneidade. Foi Leonhardt quem no cravo e na direcção de pequenos grupos usando instrumentos da época, esteve na origem de todo um revivalismo que atinge, na actualidade, uma espécie de apogeu, com alguns dos seus ex-alunos a imporem-se na cena internacional com algum vedetismo, por um lado. Por outro lado, o quase infindável filão de cravistas excelentes que, provindos de uma linhagem quase directa, garantirão a continuidade da obra de Leonhardt que ficará para sempre como o "grande pai" e simultâneamente como o "paradigma".

Seria árduo fazer-se uma listagem exaustiva da obra de Gustav Leonhardt. Decidi por isso isolar três momentos, muito próximos, da sua obra que dificilmente poderemos não qualificar de "grandiosa": a gravação da partita do Clavierubung II no dia 3 de Novembro de 1967; o registo das suites francesas em 1975 e finalmente o das variações Goldberg em 1978. Obras, todas elas, do mestre de Leipzig.

Isolei estes três momentos, em meu entender particularmente conseguidos (não obstante a genialidade de todas as gravações mais recentes do intérprete), porque nos permitem fazer uma ponte directa, de quase 40 anos, com o recital que ontem (27 de Setembro de 2005) Gustav Leonhardt nos ofereceu em Lisboa.
Estou-nos a remeter, nomeadamente, para a obra com que finalizou o recital: Aria Variata alla Maniera Italiana BWV 989 de Johann Sebastian Bach.

Ontem, como nas gravações de há quarenta anos, Leonhardt situou-se numa espécie de transcendentalidade que pela inspiração profunda e tranquila, sem necessidade de recorrer a pirotecnias rítmicas, nos dá uma dimensão outra, que é dele Gustav Leonhardt, que o coloca sempre pelo menos um grau acima do mais genial dos génios do cravo, sejam eles quais forem, pois, felizmente, graças a ele - Leonhardt - há muitos na actualidade.

A interpretação que fez das variações "alla maniera italiana" à volta de uma ária simples, emanadas do punho do grande Johann Sebastian, remetem-nos directamente para o passado, nomeadamente para aqueles três momentos que escolhi, em que Leonhardt optou pela metafísica. Simplesmente a sua metafísica é uma metafísica do belo. Uma metafísica do genial. Ao acesso de todos. Basta estar disponivel, livre, e ouvir. E pela audição somos conduzidos, pelos dedos inspirados de Leonhardt, através do melhor que a "humana condição" nos conseguiu oferecer. E que já foi bastante. AST









FESTIVAL DE ORGÃO DE LISBOA
Junto um elogio a este festival que já vai na nona edição e é querido dos lisboetas, e deixo só a sugestão de no programa constar SEMPRE a tonalidade das peças, para nos ficarem elucidados os caprichos de diapasão dos instrumentos.
A bicha de pessoas que se estendia até depois da Trindade também pode elucidar a opinião corrente e liberal que reza que o povo não dá valor a concertos grátis. http://arauxo.blogspot.com (29.9.05)















2005/07/21

SABINE MEYER INTERPRETA LUTOSLAWSKI, ALBAN BERG E BRAHMS


A histórica clarinetista apresentou-se acompanhada ao piano pelo norueguês Leif Ove Andsnes. Também veio o violoncelista Heinrich Schiff que participou na interpretação do trio para clarinete, violoncelo e piano op 114 de Johannes Brahms, para além de ter apresentado uma pequena peça do compositor polaco e a sonata nº 3, op 69 de Beethoven, ambas para violoncelo e piano.
O concerto, integrado no Festival de Sintra, aconteceu numa sala abafada do hotel Penha Longa e revelou-nos que a clarinetista tem de facto um interesse maior pela música do século vinte. A única peça "clássica" (neste caso romântica) em que participou foi o trio, único momento em que os três músicos tocaram juntos.

O concerto iniciou-se com os Prelúdios de dança para clarinete e piano de Witold Lutoslawski que são umas peças agradáveis que Meyer usou como "aquecimento", acompanhada por Andsnes que se revelou aqui, como ao longo de todo o recital, um pianista com inteligência e musicalidade (para além da técnica excelente que possui). Já tinha ouvido falar dele e agora acho que deve ser convidado a voltar para nos oferecer um recital a solo.

Seguiu-se a sonata para violoncelo e piano de Beethoven. Todos nós conhecemos esta obra prima da música clássica que existe registada por inúmeros violoncelistas. Muito recentemente saiu uma edição da integral destas sonatas pela dupla Wispelwey / Lazic (que Portugal já teve oportunidade de ouvir em concerto).
Esta introdução foi para explicar porque é inadmissível nos tempos que correm um violoncelista apresentar-se seja no que fôr, muito menos nas sonatas de Beethoven, com desafinações sistemáticas nas tessituras agudas ainda por cima com uma sonoridade pobre, por vezes pouco mais que um silvo. A culpa não é seguramente dos instrumentos em que toca... Tratam-se afinal do Stradivarius "Mara" e do Montagnana "Bela Adormecida"!

Já em Grave para violoncelo e piano do compositor polaco o "cellista" conseguiu uma boa performance, com o apoio eficaz do pianista. Peça esta em que o compositor utiliza práticamente só as tessituras médias e graves do violoncelo.

O mesmo aconteceu no trio de Brahms em que a parte do violoncelo não passa das tessituras médias pois as agudas estão reservadas ao clarinete. O pianista novamente foi a "cola" fundamental da peça onde Sabine Meyer demostrou ser uma intérprete que faz juz à fama que tem.

No final do concerto o violoncelista histerizou quando lhe perguntei se não se sentia mais confortável nos românticos, em Brahms por exemplo, começando a gritar repetidamente: "é uma pergunta estúpida"!!! Dever-lhe-ia ter sugerido para só tocar obras que não utilizem as tessituras agudas. O que é um pouco complicado...

Foi nas Quatro Peças para Clarinete e Piano op 5 de Alban Berg (que antecederam Brahms) que a clarinetista e o pianista conseguiram o que foi para mim o grande momento deste concerto. O controle tímbrico e dinâmico pela clarinetista, a criação de sonoridades e ambiências pelo pianista, resultaram numa visão transcendente destas pequenas peças que foram transformadas numa belíssima "suite" de quatro pequenos-grandes momentos que só por si justificariam a ida à Penha Longa. AST











Na terça-feira, Campos e Cunha disse no Parlamento que os grandes investimentos, como a OTA e o TGV, ainda teriam de ser avaliados. Mas ontem de manhã, no mesmo local, Mário Lino (Obras Públicas) afirmou que a decisão política já estava tomada. http://dn.sapo.pt (2005/07/21)

A questão é, pois, a de compreender o significado da desistência do ministro das Finanças; se o cansaço invocado por Luís Campos e Cunha deve ser interpretado à letra ou se é o reconhecimento de que não é possível governar com rigor, ignorando as exigências dos ciclos eleitorais. http://dn.sapo.pt (2005/07/21)











Las pérdidas, sólo en el sector agrícola, están estimadas en más de 2.000 millones de euros, el 1,5% del producto interior bruto de Portugal. Pero los cálculos son provisionales, porque otros cultivos están en riesgo de perderse en el sur. http://elpais.es (Internacional, 21-07-2005)














2005/05/21

ANTÓNIO PAPPANO DIRIGE A ORQUESTRA SINFÓNICA DE LONDRES

Actual titular do Convent Garden, Pappano teve uma actuação fantástica à frente da justamente célebre sinfónica inglesa que nos trouxe obras de Bernstein, Chostakovitch e Rachmaninov. Pappano revelou-se um dos principais e mais prometedores chefes de orquestra da actualidade, onde a absoluta precisão se alia a uma grande inteligência e musicalidade.
On the Waterfront é uma espantosa Suite Sinfónia de Leonard Bernstein que teve nestes intérpretes uma leitura deslumbrante que hipnotisou a grande sala do Coliseu de Lisboa onde se viam algumas clareiras na plateia.
O Concerto para Violoncelo e Orquestra nº1 de Dimitri Chostakovitch, do qual falamos recentemente, teve como protagonista a jovem Ha-na Chang, Coreana, 22 anos, que levantou o público das cadeiras. A sua técnica suprema e a sua intuição musical fazem dela uma grande artista mundial da qual muito há a esperar.
Finalmente a Sinfonia nº2 de Sergei Rachmaninov, que é uma obra longa e formalmente pouco consistente, teve nesta formação uma leitura grandiosa que conseguiu "encher as medidas" de toda a sala. Apesar da obra...
Um concerto de primeiríssimo plano que foi um dos grandes acontecimentos da temporada que agora acaba. Ast















OUÇAM A SOMA DOS SONS QUE SOOAM


É este o título da obra de Jorge Peixinho interpretada pelo Remix Ensemble na Gulbenkian.

Foi um momento em que de alguma maneira se homenageou o compositor prematuramente falecido e também um momento em que podemos uma vez mais compreender aspectos da estética musical de Peixinho. Ele tinha uma capacidade interessante em lidar com a grande forma. A peça com cerca de 15 minutos em um único andamento, onde não existem roturas temáticas substânciais, atesta-o.

Basta comparar com todas as outras obras apresentadas onde ou havia movimentos claramente demarcados ou existiam cortes temáticos evidentes que introduziam a variação e o contraste. A metamorfose em Peixinho acontece dentro e partir do mesmo, o que gera uma consistência elevada mas também é um risco que a não ser bem gerido pode criar uma sensação de monotonia. Tal não acontece pois o compositor era mestre na gestão da tensão. Esta obra é só uma amostra do talento e capacidade de um criador que trabalhou pouco ao nível sinfónico graças a um país que não o soube estimar.

O espectáculo acabou com o Concerto para Clarinete de Elliott Carter, que é uma interessante obra onde o contraste e as oposições solista/agrupamento ou naipes são concebidas de maneira inteligente e eficaz, resultando numa criação de interesse máximo. Ast















SINFONIA 14 DE CHOSTAKOVITCH COM BORIS MARTINOVICH E MIHAELA KOMOVAR


A Orquestra Metropolitana de Lisboa, dirigida por Brian Schembri, re-criou esta obra genial dia vinte na aula magna da universidade de Lisboa, tendo como solistas aqueles fabulosos cantores.

Martinovich demonstrou por que é considerado um dos melhores baixos-baritonos da actualidade. Com uma voz potente mas clara, bem colocada e expressiva, foi protagonista de alguns dos momentos mais emotivos deste concerto. Komocar, a surpresa, trata-se afinal de uma soprano grave capaz de performances do mais elevado nível, devendo-se a ela em grande parte a grandiosidade deste espectáculo.

Esta criação inteligentemente contrastante, densa e com elevada consistência formal, como todas as sinfonias do compositor, pode ser de alguma maneira comparada ao Canto da Terra de Mahler. Estilísticamente são bem diferentes, mas em termos conceptuais podem-se estabelecer parentescos evidentes. Esta sinfonia número catorze é uma impressionante obra lírico-sinfónica de grande impacto emocional. A leitura que nos foi oferecida (literalmente pois foi um concerto de entrada livre) foi inteligente, musical e fez juz a esta obra principal da arte musical.

A orquestra (cordas e percussões) entregou-se totalmente e o maestro foi eficaz e preciso, revelando ter estudado bem a obra, o seu estilo e o seu "espirito". Para resumir basta dizer que foi uma grande interpretação.

A primeira parte foi preenchida com o concerto número um para violoncelo e orquestra do compositor russo sendo Irene Lima a solista. Trata-se de uma obra de elevado grau de dificuldade para o violoncelo solo. Irene Lima revelou-se uma excelente artista. No entanto este concerto exige uma técnica mais apurada, sobretudo nas tessituras sobre-agudas. A orquestra esteve muito bem, com um naipe de madeiras que uma vez mais demonstrou ser excelente. A trompa cumpriu com honestidade e as cordas revelaram-se coesas.

O público presente ovacionou longamente (e justamente) os protagonistas deste grande concerto que nos deixa a pensar como as imagens e as virtualidades condicionam totalmente os comportamentos do público português. A sala que leva muitas centenas de espectadores, tinha apenas algumas dezenas. Perderam (e muito) os que faltaram. Não só perderam um grande concerto sinfónico no qual foi interpretada uma obra fantástica, como perderam o que para mim foi claramente o melhor concerto lírico-sinfónico da temporada e o melhor evento de toda a temporada lírica portuguesa. Agora que se agarrem ás suas imagens (e aos respectivs cd's). Ast















JORGE MOYANO INTERPRETA CHOPIN

Acompanhado pela Orquestra Gulbenkian o pianista interpretou no dia 19 o concerto nº2 de Chopin (que na realidade é o nº1).
Se no primeiro andamento o fraseado de Moyano foi pouco transparente e demasiado linear, já no segundo o intérprete deu-nos uma leitura do "larghetto" plena de poesia. Também no terceiro andamento Moyano teve uma boa performance conseguindo um contraste eficaz e um movimento ritmico convincente. Este concerto é particularmente bem orquestrado. Dizer, como se pôde ler nas notas do programa, que em Chopin "a orquestração é débil" e que nunca há "de facto" diálogo entre o piano e a orquestra é uma tonteria que até o ouvinte desprevenido compreende ser uma idioteira total. É esse o cliché do final do romantismo. Que Chopin não sabia ou não se interessava pela orquestração. Mas isso foi um cliché de há cem anos atrás! Nada mais absurdo e basta ouvir o primeiro movimento para perceber que as intervenções do fagote, do oboé e do clarinete são "diálogos" com o piano. A orquestração do segundo movimento é absolutamente espantosa: trata-se aí sim quase de puro acompanhamento, mas um acompanhamento que contribui decisivamente para todo o balanceamento estrutural do movimento. Só um idiota não compreende isso e pode dizer barbaridades como as que se lêm no programa do concerto. Também no terceiro movimento a orquestração é absolutamente eficaz contribuindo para o contraste dançante dos temas. Chopin esse demasiado inteligente para o caso de não ser necessário uma orquestra para os seus concertos de piano, prescindir dela, como o fez Schumann no seu concerto sem orquestra.
A Orquestra não esteve mal, apesar da não direcção de Scimone que está doente mas sempre dirigiu assim ou seja, incrivelmente mal, sem alma, batendo desacertadamente o tempos (nem sequer marca os compassos), arrastando-se atrás da orquestra que se não se segurar por ela própria entra em colapso e pára. Aliás espantou-me a boa performance no Idilio de Siegfried de Wagner que abriu o concerto pois as cordas estiveram excelentes numa obra em que os violinos, especialmente os primeiros, têm um papel fundamental.
Mas nada justifica a grosseria dos músicos da orquestra que foram incapazes de se levantar e oferecer uma cadeira ao maestro, nitidamente doente, depois deste ter pedido ao pianista um extra (para contentamento de uma sala repleta de público entusiasta) e ficou de pé, durante longos momentos, a escutá-lo num "encore" de Chopin (uma grande valsa) onde o intérprete demonstrou a sua profundidade de leitura e a sua grande intuição musical. Ast




"Quando pudermos ver nos ecrãs o equivalente à Vida de Brian, com Maomé como protagonista, realizado por um Theo van Gogh árabe, então teremos dado um grande passo." do livro De Maagdenkooi (A jaula das virgens) de Ayaan Hirsi Ali, citada no volume seis da edição portuguesa do Courrier Internacional