2006/02/03

EMANUEL AX INTERPRETA MOZART, BEETHOVEN E CHOPIN

Na Casa da Música do Porto, em Portugal, o pianista polaco, que reside nos Eua, brindou o público presente com interpretações inspiradas da Sonata kv 211 de W.A.Mozart, da op2 nº2 de Beethoven e das quatro baladas de Chopin. Aconteceu dia 5 de Fevereiro.

Ax é dono de um fraseado claro revestido de uma espontaneidade que foi claramente prejudicado pela acústica reverberante de uma sala desprovida de texturas e sem painéis de transmutação acústica que permitam regular o valor da reverberação, cujo limite é o efeito de eco. Se estiver repleta de público, o mesmo funciona como absorvente e a "coisa" passa bem. A questão é que frequentemente a sala não enche e num recital de piano o excesso da dita reverberação é terrivelmente nocivo, sobretudo em obras onde se exige grande clareza de fraseados. No rondeau final da sonata de Amadeus ficou-se com a impressão de uma carência de nitidez. Esta sala revela um problema acústico. Um problema, que ao contrário da inexistência de fosso para orquestra que impede a apresentação de uma infinidade de óperas antigas, clássicas e sobretudo contemporâneas, pode ser resolvido com alguma facilidade (e muito dinheiro...).

Voltando a Emanuel Ax, que é um pianista que já escutamos noutras ocasiões em melhores condições acústicas, a sua interpretação de Beethoven foi menos prejudicada que a de Mozart. Aparentemente Ax reduziu o pedal direito, o que permitiu uma maior nitidez, que a par de um leque mais alargado de dinâmicas, tal como Beethoven exige, nos ofereceu uma interpretação mais consistente do ponto de vista estilistico e dotada de maior expressividade.

Depois do intervalo mudamos para um lugar mais centrado em relação ao piano e a condição acústica melhorou.
A interpretação das quatro baladas de Chopin são sempre um acontecimento que cria algum suspense. Tratam-se de obras centrais da literatura pianística, de criações dotadas de suprema inspiração, além de que se possuiu, frequentemente, registos destas obras por uma infinidade de intérpretes.

A verdade é que Ax nem sempre foi de uma clareza paradigmática, nomeadamente no início da balada nº2. No entanto, na mesma balada, conseguiu dar-nos uma leitura de grande folgo, de grandes gestos que modelaram os contrastes dinâmicos mantendo audíveis, no entrelaçado de harmonias e movimentos temáticos, as linhas condutoras fundamentais que sustentam a estrutura da balada.

Globalmente nas quatro baladas, Ax conseguiu um bom equilibrio entre expressão e clareza, o que nem sempre é evidente nas interpretações que se fazem do génio polaco. Ax demonstrou igualmente ter um conceito pessoal que singulariza as suas interpretações. Um conceito que assenta exatamente na mediação conceptual, sem no entanto se poder dizer que a sua interpretação é "racionalista", mediação esta que impede a arrebatação descontrolada em que muitos pianistas se deixam cair nas leituras que fazem das obras de Fryderyk Chopin. Descontrole que é muito mais fácil de acontecer que aquilo que se pode imaginar. A música de Chopin frequentemente induz num arrebatamento desmesurado. AST














RODELINDA

Il Complesso Barocco, dirigido por Alain Curtis, interpretou dia 1 de Fevreiro, no Barbican, a opera de George Frideric Haendel, Rodelinda, Queen of the Lombards.

Rodelinda teve uma leitura fabulosa pela soprano Emma Bell, que repetidamente recebeu bravos dos ouvintes sempre que terminava uma das muitas e belas arias desta opera.

Sonia Prina, alto, no papel de Bertarido, marido de Rodelinda, foi igualmente muito louvada pelo ouvintes que enchiam o Barbican, se bem que se vissem alguns lugares por preencher. Uma leitura convicta, uma voz bem colocada e bem projectada e um belo timbre redondo, justificam perfeitamente este entusiasmo dos ouvintes.

No papel do malvado Grimoaldo, Duque de Benevento, esteve Fillipo Adami que demonstrou possuir uma voz excelentemente colocada e um muito belo timbre claro e projectado. Igualmente Kobie van Rensburg, mezzo, esteve muito bem no papel de Eduige, assim como Hilary Summers, alto, no papel de Unolfo, conselheiro de Garibaldo mas aliado secreto de Bertarido. Finalmente Vito Priante, baritono, foi um Garibaldo eficaz.

Il Complesso Barocco esteve excelente, com muito poucos deslizes, inevitaveis em concertos ao vivo com instrumentos antigos. Alain Curtis, uma vez mais, mostrou ser um dos mais interessantes e criativos directores de obras antigas, na actualidade. Um espectaculo cinco estrelas. Livios Pereyra














CHRIST IN THE HOUSE OF HIS PARENTS

Um trabalho considerado conservador quando comparado com outras obras do artista.
Na realidade deve ler-se nas entrelinhas desse aparente e localizado conservadorismo de estilo nesta obra de John Everett Millais (1829-1896).
Falou-se no simbolismo da madeira, etc, etc (o quadro mostra a carpintaria do pai).
Mas o que impacta e choca trata-se do outro menino. Do servente, que parece levar um recipiente para o cristo que tem cara de mimado. Uma face onde se espelha medo no seu olhar de lado. Face ao suposto poder e trancendentalismo, ao menino normal resta a serventia e receio. Isto transparece claramente assim como a face da Maria. Uma face transviada de doente mental. Depois existe um rebanho, um rebanho muito caricato, que parece esperar que o "menino-deus" os conduza para qualquer lado. Millais nunca poderia ter pintado isto por acaso. Um quadro rotulado de conservador, e por isso detestado por Charles Dickens, possuiu muito mais que o aparente academismo de estilo.
Na mesma sala da British Tate encontram-se quadros "famosos" e "vanguardistas" do mesmo pintor, como o genial "Ophelia". Pilar Villa














AMEAÇAS E DESTRUIÇÃO

Assim reagem os fundamentalistas islâmicos a uma simples banda desenhada publicada num jornal dinamarquês.
Individuos que não aceitam a liberdade de expressão, que reagem utilizando a mesma violência fanática que nos seus países usam para suprimir toda e qualquer diferenciação, não podem continuar a ser aceites na Europa. A Europa é um espaço de liberdade e criação. A Europa que sofreu guerras desvastadoras não irá deixar-se subjugar por um bando de fanáticos que não hesitam em assassinar, como fizeram com Theo van Gogh.
Tony Blair, na Inglaterra, sofreu uma derrota, que irá custar-lhe a liderança dos liberais e projectá-lo para fora do poder, ao não conseguir aprovar uma lei ridícula que impunha limitações ao tratamento pelos "media" da temática religiosa. Blair em vez de defender a liberdade com a mesma convicção e determinação com que se atolou na guerra do Iraque, essa sim absurda, queria restringi-la afim de evitar situações que toquem as infinitas susceptibilidades dos fanáticos islâmicos, que parcem ser os únicos, na actualidade, que reagem violentamente quando as suas figuras "sagradas" são submetidas ao olhar irónico que parecem não compreender, ou não desejarem de todo compreender. Esta leitura será válida para qualquer outra forma religiosa que se pretenda absoluta ao ponto de querer suprimir a possibilidade de outros a lerem de fora, com ironia ou sem ela, com mais acidez ou mais cautelosamente. Em qualquer dos casos as "sociedades abertas" têm de se defender. Defender eficazmente! Quem o disse foi Karl Popper, que voltou à ordem do dia.
É claro que poderemos lançar um olhar analítico sobre este "caso", sobre esta agressividade transbordante que se manifestou a propósito de uns "cartons", como se poderia manifestar a propósito de outra coisa qualquer.
Então, veremos multidões que em sociedades masculinas, rígidas, fechadas e de cariz obecessivo, extravasam a sua "líbido" através desta violência pública, na forma de um discurso dirigido ao "outro", um "outro que goza" na versão do "outro que nos goza" (incarnada na visão delirante de um suposto desrespeito pela figura do "profeta", visão alucinada do "outro que nos está a gozar", que assume aqui uma radicalidade psicótica). Por outro lado, o semblante de um "profeta" hiper-poderoso, o "grande pai", conforta a miséria do dia a dia daquelas multidões que desta forma sublimam o seu real pela construção de uma realidade, a sua realidade, onde a supermacia psíquica está, para eles, garantida e a supermacia material é buscada, com toda a legitimidade da "verdade", nomeadamente através da procura do poderio nuclear. Tudo em nome do "profeta" cujos textos de alguma maneira convalidam estes delírios.
"Nós" comprendemos tudo isto muito bem e desejamos ajudar. Mas não permitiremos, em caso algum, que destruam as nossas sociedades, desiguais, injustas (umas mais que outras), mas passiveis de crítica, de auto-crítica e de transmutações radicais a partir delas mesmas. Umas mais que outras... AST






O ano passado este anúncio foi proibido em Milão. Na altura, a IAP, entidade que fiscaliza a publicidade em Itália, afirmou que a fé cristã não podia ser parodiada e que era ofensivo para uma parte significativa da população. E declarou mesmo que o facto de se ver o torso nu de um homem a ser abraçado por uma mulher tornava o cartaz publicitário particularmente ofensivo.
O cartaz foi inspirado no Código da Vinci, que sugere que, na pintura, a figura de João é Maria Madalena. O livro de Dan Brown, aliás, foi durante criticado pelo Vaticano, pela voz do cardeal Bertone que, entre outras coisas disse que: “O livro é um monte de mentiras contra a Igreja, contra a verdadeira história do Cristianismo e mesmo contra Cristo. Pediria ao autor deste livro e de outros semelhantes para terem mais respeito porque a liberdade de expressão tem limites quando não respeita os outros”. http://bichos-carpinteiros.blogspot.com (Sexta-feira, Fevereiro 03, 2006, 11:45)





Enquanto a multidão entoava cânticos e palavras de ordem como “Deus é grande”, "pelo nossa alma e nosso sangue, sacrificar-nos-emos pelo o profeta" ou “não nos calaremos”, alguns dos manifestantes substituíram a bandeira dinamarquesa por outra verde com a seguinte inscrição: “Não há outro deus senão Deus e Maomé é o seu profeta”.
De seguida, o edifício de três andares, onde estão também as embaixadas da Suécia e do Chile, foi incendiado. www.publico.clix.pt (4 de Fevereiro de 2006 - 16h35)





Embora o pacifismo de Ghandi pudesse ter feito sentido quando utilizado contra um oponente "civilizado" tal como O Império Britânico, como podemos nós admitir a hipótese de darmos a outra face a adversários que estão dispostos a cometer crimes do tipo Massacre de Munique, ou do 9/11... ou até, já agora, do Holocaustro? Avner, Prefácio à edição de 2005 de Munique - A Vingança, George Jonas, pag.XV (edição portuguesa Ulisseia)





One of the offending drawings shows Muhammad's turban as bomb with a lit fuse. In another he turns suicide bombers away from heaven because "We have run out of virgins".
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Last November, Islamic extremists in Islamabad issued death threats against the authors of the cartoons. Newspaper offices are frequently attacked in Pakistan for perceived slights against Islam. www.timesonline.co.uk (February 03, 2006)





Le Syndicat national des journalistes (SNJ), majoritaire dans la profession, dénonce "les nouveaux inquisiteurs" et félicite ceux qui "défendent au quotidien ce droit démocratique" à la caricature.
"Dans une France qui fête en ce moment les cent ans de la loi de séparation des Eglises et de l'Etat, ce ne sont pas des religieux parfaitement respectables et encore moins des ultras qui dicteront aux journalistes ce qu'ils doivent écrire", souligne le SNJ. http://fr.news.yahoo.com (vendredi 3 février 2006, 18h13)





The IAEA resolution refers to Iran's breaches of the nuclear nonproliferation treaty and lack of confidence that it is not trying to make weapons.
It expresses "serious concerns about Iran's nuclear program." It recalls "Iran's many failures and breaches of its obligations" to the nonproliferation treaty, and it expresses "the absence of confidence that Iran's nuclear program is exclusively for peaceful purposes."
It requests IAEA Director General Mohamed ElBaradei to "report to the Security Council" steps Iran needs to take to dispel suspicions about its nuclear ambitions.
The resolution calls on Iran to:

_Reestablish a freeze on uranium enrichment and related activities.

_Consider whether to stop construction of a heavy water reactor that could be the source of plutonium for weapons.

_Formally ratify an agreement allowing the IAEA greater inspecting authority and continue honoring the agreement before it is ratified.

_Give the IAEA additional power in its investigation of Iran's nuclear program, including "access to individuals" for interviews and to documentation on its black-market nuclear purchases, equipment that could be used for nuclear and non-nuclear purposes and "certain military-owned workshops" where nuclear activities might be going on.

The draft also asks ElBaradei to "convey ... to the Security Council" his report to the next board session in March along with any resolution that meeting might approve.
Agreement on the final wording of the text was reached just hours before Saturday's meeting convened, after Washington compromised on Egypt's demand that the resolution include support for the creation of a nuclear weapons-free zone in the Middle East. Egypt and other Arab states have long linked the two issues of Iran's atomic ambitions and Israel's nuclear weapons status. http://news.yahoo.com/s/ap/20060204/ap_on_re_mi_ea/nuclear_agency_iran





"Nous ne voulons plus d'une immigration subie, nous voulons une immigration choisie, voilà le principe fondateur de la nouvelle politique de l'immigration que je préconise", dit-il.
"Je sais que ce principe se heurte à deux intégrismes", poursuit le ministre qui dénonce le premier: "l'immigration zéro défendue par (Jean-Marie) Le Pen (président du FN)".
Le second intégrisme est, ajoute-t-il, "celui de ceux qui estiment que tout contrôle de l'immigration porte en lui les germes d'une forme de racisme".
Défendant son "concept" d'immigration choisie, Nicolas Sarkozy souligne qu'il ne s'agit pas de prendre aux pays en voie de développement leurs "bacs +10 pour leur laisser les bacs -4".
Il propose la création d'une "carte spéciale" qui serait délivrée aux étudiants "les meilleurs" en contrepartie de "l'obligation de retourner chez eux afin qu'ils rendent à leur pays une partie du bénéfice de leur formation".
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Le ministre insiste notamment sur l'apprentissage du français et l'égalité entre hommes et femmes. "Les préfets et les maires auront la charge de vérifier si le contrat d'accueil et d'intégration a été respecté avant de délivrer une carte de résident de 10 ans", souligne-t-il. http://fr.news.yahoo.com (samedi 4 février 2006, 21h33)