Quando um compositor tem todo um concerto preenchido com obras suas cria grandes expectativas.
Fazer colagens que revelam "feeling" parece insuficiente se se trata de um concerto numa das salas mais importantes do mundo, como o Barbican.
Os trabalhos de Osvalvo Golijov ouvem-se bem mas encontram-se muito longe de serem grandes obras musicais. No entanto o compositor teve (ainda vai ter mais a estreia de uma opera) o seu "momento Barbican". Na realidade todos os compositores com algum talento o deveriam ter.
Falemos um pouco das obras. Ayre, a mais personalizada, revelou ser um infindavel aborrecimento, que um "dj" tentava animar de tempos a tempos, mas voltava tudo ao mesmo marasmo com Dawn Upshaw a cantar lindas melodias... Para esquecer, mas como existe o cd sempre podem tirar a prova, escutando-o. Para quem quiser gastar dinheiro...
Last Round foi muito bom. Mas trata-se do "estilo Piazolla". Mais vale escutar Piazolla, ele mesmo.
Tekyah teve impacto. Afinal trata-se de um trabalho em folclore hebraico, utilizando os tradicionais "shafars", feitos de corno de animal.
Ainalama (Arias and Ensembles), uma obra com grande impacto emocional. Melodias "tocantes" trabalhadas com textos radiodifundidos que retratam o fascismo espanhol, as suas atrocidades e bestialidades. Emocionante o trabalho sobre a figura de Garcia Lorca e o seu olhar sobre Mariana Pineda, materializada no monumento que Lorca via da janela do seu quarto. Esta obra, com alguma originalidade e muito impacto, valeu o concerto. Mas Golijov tem de mostrar que consegue fazer mais do que colagens eficazes e trabalhos inspirados noutros criadores e noutras formas musicais. Livios Pereyra