"we need strong resolution authority so that any failing institution can be liquidated in a way that does not damage the financial system overall. Then tax-payers will never again have to come in and provide a bailout" - Henry Paulson - Time (February 22)
2010/02/28
2010/02/26
Want help Madeira?
Book your next holidays in Madeira and drink Madeira wine. Madeira is just one of the best and safest* places in Europe. I've been twice and I'll back for sure. Madeira wine is, like Porto wine, an wonderful liqueur that give (lots of) joy to ours souls.
* there were some killer-drivers, but (I guess), after the Tragedy, they going to keep quiet.
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* there were some killer-drivers, but (I guess), after the Tragedy, they going to keep quiet.
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Madeira
PGR é um criminoso?
No dia 24 de Junho, o Procurador-geral da Republica foi informado pessoalmente das escutas. A partir desse dia, as conversas mudam de tom e há troca de telemóveis. Quem avisou os visados?
No dia 24 de Junho, o Procurador-geral da Republica foi informado pessoalmente das escutas. A partir desse dia, as conversas mudam de tom e há troca de telemóveis. Quem avisou os visados?
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Portulândia
Alunos obrigados a praxe violenta
É mais um caso de alegado exagero nas praxes académicas. Desta vez, no pólo de Chaves da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). Um grupo de alunos do primeiro ano queixa-se de estar a ser vítima, desde o início de ano lectivo, de séries intermináveis de praxes académicas, sob ameaça de que, caso não se sujeitem aos castigos, não poderão trajar na semana académica.
"Primeiro foi a semana de recepção ao caloiro, depois veio o julgamento e o baptismo, momento a partir do qual as praxes deixaram de ser todos os dias e passaram a ser apenas à quarta-feira. Houve mais uma semana de praxe antes do semestre acabar e agora decorre [termina hoje] a semana do regresso", dizem os queixosos, sublinhando que, nos últimos dias, têm sido "obrigados a beber copos pelos bares da cidade, até altas horas da madrugada".
Nota: a sociedade portuguesa, muito devido aos governos do sr. Sousa das Beiras, chegou ao ponto em que as conversinhas e os paninhos quentes deixaram (de todo) de funcionar. Para endireitar o caos a que chegou* serão necessárias novas leis e um código penal que faça a "força da lei" doer a sério - no sentido literal - nos criminosos e "para-criminosos", como estes ridículos palhaços dos "veteranos" praxistas.
* graças a um "sistema de ensino", fundado nas "pedagogias modernas", que educou não para o esforço, para a cordialidade nas relações humanas e para o trabalho inteligente, mas para a brutalidade, a mentalidade mafiosa, e a estupidez.
É mais um caso de alegado exagero nas praxes académicas. Desta vez, no pólo de Chaves da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). Um grupo de alunos do primeiro ano queixa-se de estar a ser vítima, desde o início de ano lectivo, de séries intermináveis de praxes académicas, sob ameaça de que, caso não se sujeitem aos castigos, não poderão trajar na semana académica.
"Primeiro foi a semana de recepção ao caloiro, depois veio o julgamento e o baptismo, momento a partir do qual as praxes deixaram de ser todos os dias e passaram a ser apenas à quarta-feira. Houve mais uma semana de praxe antes do semestre acabar e agora decorre [termina hoje] a semana do regresso", dizem os queixosos, sublinhando que, nos últimos dias, têm sido "obrigados a beber copos pelos bares da cidade, até altas horas da madrugada".
Nota: a sociedade portuguesa, muito devido aos governos do sr. Sousa das Beiras, chegou ao ponto em que as conversinhas e os paninhos quentes deixaram (de todo) de funcionar. Para endireitar o caos a que chegou* serão necessárias novas leis e um código penal que faça a "força da lei" doer a sério - no sentido literal - nos criminosos e "para-criminosos", como estes ridículos palhaços dos "veteranos" praxistas.
* graças a um "sistema de ensino", fundado nas "pedagogias modernas", que educou não para o esforço, para a cordialidade nas relações humanas e para o trabalho inteligente, mas para a brutalidade, a mentalidade mafiosa, e a estupidez.
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Sousa
2010/02/25
Um erro chamado Timor?
Fui daqueles que há anos sairam à rua, repetidamente, exigindo que a comunidade internacional libertasse Timor das garras dos criminosos indonésios.
Quando leio na primeira página do pasquim Metro que Ramos Horta - um dos que mais beneficiaram com a independência de Timor sendo o seu actual Presidente da República - afirmou que a China é soberana no Tibete, só me ocorre dizer que se um dia Timor voltar a estar sob o jugo de seja quem fôr não mexerei uma simples palha.
Um código penal pervertido
Ontem li nas páginas de outro pasquim que um sujeito atropelou (matando) deliberadamente um homem que seguia de motorizada (o criminoso fez marcha-atrás propositadamente para atropelar o motociclista que provavelmente reconheceu quando o ultrapassou), tendo o juiz, ou juíza, libertado o assassino (naquela modalidade de suaves apresentações semanais no posto da PSP, ou GNR, da área da residência).
Eu acho isto um atentado à inteligência e acho que o actual código penal não passa de um peça pervertida (imensamente divertida para toda a bandidagem) que favorece toda a espécie de criminosos.
Fui daqueles que há anos sairam à rua, repetidamente, exigindo que a comunidade internacional libertasse Timor das garras dos criminosos indonésios.
Quando leio na primeira página do pasquim Metro que Ramos Horta - um dos que mais beneficiaram com a independência de Timor sendo o seu actual Presidente da República - afirmou que a China é soberana no Tibete, só me ocorre dizer que se um dia Timor voltar a estar sob o jugo de seja quem fôr não mexerei uma simples palha.
Um código penal pervertido
Ontem li nas páginas de outro pasquim que um sujeito atropelou (matando) deliberadamente um homem que seguia de motorizada (o criminoso fez marcha-atrás propositadamente para atropelar o motociclista que provavelmente reconheceu quando o ultrapassou), tendo o juiz, ou juíza, libertado o assassino (naquela modalidade de suaves apresentações semanais no posto da PSP, ou GNR, da área da residência).
Eu acho isto um atentado à inteligência e acho que o actual código penal não passa de um peça pervertida (imensamente divertida para toda a bandidagem) que favorece toda a espécie de criminosos.
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Timor
2010/02/24
Orlando Zapata Tamayo
Nas suas habituais romagens a Cuba os membros da Intersindical além de aplaudirem o regime cubano e as suas “amplas liberdades” podem fazer o favor de se informar sobre como pode uma pessoa ser condenada a três anos de prisão por ter participado num jejum?
Orlando Zapata Tamayo, que morreu hoje em Cuba após uma greve de fome, era operário, mas nem uma palavra de solidariedade levou das organizações que deste lado do Atlântico tanto dizem defender os trabalhadores e um mundo alternativo.
A malta do Sousa
Face ao imparável declive ético e político de Sócrates, o PS atém-se a uma atitude de resguardo aperreado do poder pelo poder – o que condicionará o futuro do partido por muitos anos.
Se o PS mudasse higienicamente de líder ficaria em condições de enfrentar os desafios da governação de cabeça limpa e discurso tranquilo. Ao contrário, parece ter optado por se barricar no bunker que a falta de vergonha do seu Chefe tramou para si e para os que não têm pudor em serem comparados com ele.
Um Governo assim não governa coisa nenhuma, apenas gere de forma desconexa a sua morte adiada.
O PS pagará bem caro este apoio deplorável.
Em vez de ser o partido da liberdade e da democracia passará a representar o pior do regime – a malta de Sócrates, de Vara e do Soares da PT.
Nas suas habituais romagens a Cuba os membros da Intersindical além de aplaudirem o regime cubano e as suas “amplas liberdades” podem fazer o favor de se informar sobre como pode uma pessoa ser condenada a três anos de prisão por ter participado num jejum?
Orlando Zapata Tamayo, que morreu hoje em Cuba após uma greve de fome, era operário, mas nem uma palavra de solidariedade levou das organizações que deste lado do Atlântico tanto dizem defender os trabalhadores e um mundo alternativo.
A malta do Sousa
Face ao imparável declive ético e político de Sócrates, o PS atém-se a uma atitude de resguardo aperreado do poder pelo poder – o que condicionará o futuro do partido por muitos anos.
Se o PS mudasse higienicamente de líder ficaria em condições de enfrentar os desafios da governação de cabeça limpa e discurso tranquilo. Ao contrário, parece ter optado por se barricar no bunker que a falta de vergonha do seu Chefe tramou para si e para os que não têm pudor em serem comparados com ele.
Um Governo assim não governa coisa nenhuma, apenas gere de forma desconexa a sua morte adiada.
O PS pagará bem caro este apoio deplorável.
Em vez de ser o partido da liberdade e da democracia passará a representar o pior do regime – a malta de Sócrates, de Vara e do Soares da PT.
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2010/02/20
Joseph Stiglitz on how to fix the recession
A Nobel Laureate and former senior advisor to Bill Clinton, Joseph Stiglitz is the biggest brain in economics – and he predicted the slump years ago. In an exclusive interview, he talks to Sean O'Grady about 'crazy' capitalism, Britain's chances of recovery and why the banks must be punished. The Independent
Note: Stiglitz talk about the british 'crazy capitalism', but I may tell that the british "liberal sistem" is just rubish. On London living hundred-thousand (peraphs millions) "slaves", living and sleeping on dorms in trashed private 'hostels', without any privacy, some of they plenty of bed bugs. They work in coffes, restaurants, and so on. Without they probably the british capital would stop, so UK aparently need those 'slaves'. In my opinion the actual british 'liberal sistem' is an insult to European traditions.
A Nobel Laureate and former senior advisor to Bill Clinton, Joseph Stiglitz is the biggest brain in economics – and he predicted the slump years ago. In an exclusive interview, he talks to Sean O'Grady about 'crazy' capitalism, Britain's chances of recovery and why the banks must be punished. The Independent
Note: Stiglitz talk about the british 'crazy capitalism', but I may tell that the british "liberal sistem" is just rubish. On London living hundred-thousand (peraphs millions) "slaves", living and sleeping on dorms in trashed private 'hostels', without any privacy, some of they plenty of bed bugs. They work in coffes, restaurants, and so on. Without they probably the british capital would stop, so UK aparently need those 'slaves'. In my opinion the actual british 'liberal sistem' is an insult to European traditions.
A Falklands farrago
The burning question: are we heading back to a military conflict with Argentina? My answer is unequivocal. No. This is a very different Argentina. A democracy for 27 years, it weathered the economic and social meltdown in 2001 and 2002 without a thought being given to a return to a military government. The shadow of military dictatorship, so long over hanging Argentine democracy, has been removed. John Hughes - Guardian
Note: I' m very sorry but I do believe that Falklands belong to Argentina, not to UK.
The burning question: are we heading back to a military conflict with Argentina? My answer is unequivocal. No. This is a very different Argentina. A democracy for 27 years, it weathered the economic and social meltdown in 2001 and 2002 without a thought being given to a return to a military government. The shadow of military dictatorship, so long over hanging Argentine democracy, has been removed. John Hughes - Guardian
Note: I' m very sorry but I do believe that Falklands belong to Argentina, not to UK.
2010/02/19
A edutugaria, os trastes, e o fim (anunciado) do Reino
Paulo Rangel deu ontem uma entrevista ao i onde defendeu o ensino profissional e disse o óbvio sobre a degradação do ensino quer em Portugal quer na Europa.
Como é inevitável nestas matérias lá veio a referência à escola primária do Estado Novo o que não deixa de ser uma ironia. Em primeiro lugar porque também podia ser a escola da I República que até se celebra este ano e em matéria de exigência e rigor na escola os adeptos de Afonso Costa não se distingiam em nada do de Salazar. Quanto ao ensino profissional e independentemente de poder começar aos 12 ou aos 13 a verdade é que sua extinção foi um dos desastres da passagem de Veiga Simão pelo Ministério da Educação no tempo de Marcelo Caetano.
Como na época e pelos vistos ainda hoje se achou que esta era uma medida progressista Veiga Simão passou para a po~steridade como um homem de esquerda, certamente musculada, digo eu, pois é a ele que se deve a introdução dos gorilas nas faculdades além da acentuada criminalização dos actos de contestação dos universitários de então.
A extinção do ensino profissional - e convém lembrar que nada impedia passar do profissional para o liceal - teve consequências desastrosas na vida dos alunos. Mas no reino da fantasia em que o pedagoguês se tornou contrariar as teses oficiais é muito difícil. E hoje como não podia deixar de ser o i lá trouxe um artigo sobre o assunto cujo título é este "Escola. todos rejeitam proposta de Paulo Rangel".
O todos é o costume devidamente patrocinado pelo Ministério da Educação a começar por aquele senhor Albino Almeida da Confederação Nacional das Associações de Pais cujos filhos devem ter o percurso escolar mais longo do planeta Terra.
Paulo Rangel deu ontem uma entrevista ao i onde defendeu o ensino profissional e disse o óbvio sobre a degradação do ensino quer em Portugal quer na Europa.
Como é inevitável nestas matérias lá veio a referência à escola primária do Estado Novo o que não deixa de ser uma ironia. Em primeiro lugar porque também podia ser a escola da I República que até se celebra este ano e em matéria de exigência e rigor na escola os adeptos de Afonso Costa não se distingiam em nada do de Salazar. Quanto ao ensino profissional e independentemente de poder começar aos 12 ou aos 13 a verdade é que sua extinção foi um dos desastres da passagem de Veiga Simão pelo Ministério da Educação no tempo de Marcelo Caetano.
Como na época e pelos vistos ainda hoje se achou que esta era uma medida progressista Veiga Simão passou para a po~steridade como um homem de esquerda, certamente musculada, digo eu, pois é a ele que se deve a introdução dos gorilas nas faculdades além da acentuada criminalização dos actos de contestação dos universitários de então.
A extinção do ensino profissional - e convém lembrar que nada impedia passar do profissional para o liceal - teve consequências desastrosas na vida dos alunos. Mas no reino da fantasia em que o pedagoguês se tornou contrariar as teses oficiais é muito difícil. E hoje como não podia deixar de ser o i lá trouxe um artigo sobre o assunto cujo título é este "Escola. todos rejeitam proposta de Paulo Rangel".
O todos é o costume devidamente patrocinado pelo Ministério da Educação a começar por aquele senhor Albino Almeida da Confederação Nacional das Associações de Pais cujos filhos devem ter o percurso escolar mais longo do planeta Terra.
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Portulândia
2010/02/18
Caça ao livro *
O livro do ex-inspector da polícia judiciária Gonçalo Amaral “A Verdade da Mentira” vai continuar retirado das livrarias, decidiu a juíza Maria Gabriela Cunha Rodrigues, que julga a providência cautelar entreposta pelo casal McCann.
Da mesma forma o vídeo em que Gonçalo Amaral defende a tese de que os pais de Maddie McCann estão envolvidos no seu desaparecimento, vai continuar a não poder ser emitido.
Nem o ex-inspector da judiciária nem a TVI, puderam referir-se ao assunto. A juíza transmitiu a sua decisão esta manhã aos advogados, no seu gabinete, no Palácio da Justiça, em Lisboa.
Esta decisão poderá ainda ser objecto de recurso, como aliás está a ponderar o advogado da TVI, Miguel Coroadinha.
A este incidente processual que é a providência cautelar, seguir-se-á a acção principal que tem em vista a retirada definitiva do livro do mercado. Publico.pt, 18 Feb
* como no tempo da Inquisição.
Ninguém quer substituir o Inginheiro
João Cravinho, durante o seu programa semanal de opinião na Rádio Renascença, considerou que “ninguém quer substituir José Sócrates”, seja dentro do partido, na oposição ou na Presidência da República. “Ninguém quer substituir Sócrates, aliás, não é só no PS. Não há nenhum movimento no PS nesse sentido como não há, curiosamente, nenhum movimento na oposição para substituir Sócrates nem o Presidente da República quer que Sócrates seja imediatamente posto perante a opção de saída. A grande prioridade do Presidente é que haja um orçamento aprovado e publicado”, afirmou.
O antigo ministro de António Guterres insistiu que o PSD teria um “susto enorme” se “fosse obrigado a assumir o poder”. E acrescentou: “É a última coisa que o PSD quereria na vida”. Sobre as várias reuniões do PS marcadas para os próximos dias, Cravinho considerou que são “muito importantes” e que há muito tempo que deveria ter sido promovido o debate interno. “É importantíssimo que o partido se revitalize, que não se deixe reduzir a um seguidismo sem debate e sem opinião”, acrescentou.
“É muito importante que os órgãos do partido se reúnam. É muito importante que Sócrates dê a estes órgãos o seu ponto de vista e faça perante eles uma afirmação forte, sólida e robusta de não envolvimento, em nenhuma circunstância, daqueles casos que lhe são imputados e que ele tem que frontalmente desmontar”, defendeu, em declarações à mesma rádio.
No que diz respeito à alegada ingerência do Executivo nos meios de comunicação social, entende que falar-se de falta de liberdade de expressão “é uma fantasia que não tem qualquer base na sociedade portuguesa” e que “quem fala assim não sabe o que era o período antes do 25 de Abril”. Cravinho afirmou, também, que o trabalho mais importante da comissão de Ética, Sociedade e Cultura será discutir a concentração de meios de comunicação social.
Sobre o comportamento da Portugal Telecom depois das notícias que diziam que a operadora tinha instruções do Governo para comprar e controlar a TVI, Cravinho disse estranhar o “silêncio” da empresa perante factos “extremamente lesivos” para a sua imagem. idem
Nota: deixemo-lo (ao "inginheiro") cair de maduro...
A liberdade de imprensa estava de facto a ser condicionada *
Rui Pedro Soares renunciou ontem ao seu cargo na comissão executiva da Portugal Telecom (PT), na sequência das buscas ao seu gabinete de trabalho realizadas na passada segunda-feira, por procuradores do DIAP de Lisboa e investigadores da Polícia Judiciária de Aveiro. Simultaneamente, idêntica diligência teve como alvos o antigo espaço ocupado na PT por Paulo Penedos, ex-assessor jurídico de Pedro Soares, e os gabinetes de gestores da Taguspark, em Oeiras.
Rui Pedro Soares é administrador não executivo desta gestora do parque tecnológico (em representação da PT), cuja comissão executiva é presidida por Américo Thomati, integrando ainda João Carlos Silva, ex-presidente da RTP. Rui Pedro Soares e João Carlos Silva são referenciados nas escutas divulgadas na semana passada pelo semanário Sol, cuja saída para as bancas foi alvo de uma providência cautelar subscrita pelo gestor que ontem se demitiu, após ter sido indeferida uma pretensão análoga de Fernando Soares Carneiro, que tal como Rui Soares integra a administração da PT em representação do accionista Estado.
Desde há três dias, o processo da Face Oculta tem mais uma investigação pendente no departamento de luta contra a criminalidade económica do DIAP de Lisboa, de que é responsável a procuradora Teresa Almeida. O ponto de partida são certidões extraídas do processo-mãe, nomeadamente transcrições de escutas com presumíveis alusões a um eventual favorecimento de Luís Figo, ex-internacional de futebol e hoje empresário. O inquérito ainda não tem arguidos constituídos e a apreensão de documentos em formato de papel e digital deve ter sido determinada pela necessidade de preservação de provas.
...
Com a renúncia de Rui Soares anunciada ontem à tarde, fica por esclarecer o futuro de Soares Carneiro na PT, mas, para a comissão de trabalhadores da empresa, há outras questões carecidas de resposta. "O Rui Pedro Soares renunciou ao cargo de administrador executivo da PT, mas nós queremos saber quais os contornos da renúncia e se ele vai manter alguma ligação ao grupo", disse ao PÚBLICO o presidente da comissão, Francisco Gonçalves.
Regra geral, a renúncia a um cargo não implica o pagamento de compensações, ao contrário de uma destituição que só não acarreta encargos quando há justa causa. Não havendo justa causa, os prejuízos sofridos com a demissão acarretam o pagamento das remunerações devidas até ao fim do mandato. ibidem
* fazer comparações com o que acontecia antes do 25 de Abril não passa de um exercício de vacuidade extrema.
O livro do ex-inspector da polícia judiciária Gonçalo Amaral “A Verdade da Mentira” vai continuar retirado das livrarias, decidiu a juíza Maria Gabriela Cunha Rodrigues, que julga a providência cautelar entreposta pelo casal McCann.
Da mesma forma o vídeo em que Gonçalo Amaral defende a tese de que os pais de Maddie McCann estão envolvidos no seu desaparecimento, vai continuar a não poder ser emitido.
Nem o ex-inspector da judiciária nem a TVI, puderam referir-se ao assunto. A juíza transmitiu a sua decisão esta manhã aos advogados, no seu gabinete, no Palácio da Justiça, em Lisboa.
Esta decisão poderá ainda ser objecto de recurso, como aliás está a ponderar o advogado da TVI, Miguel Coroadinha.
A este incidente processual que é a providência cautelar, seguir-se-á a acção principal que tem em vista a retirada definitiva do livro do mercado. Publico.pt, 18 Feb
* como no tempo da Inquisição.
Ninguém quer substituir o Inginheiro
João Cravinho, durante o seu programa semanal de opinião na Rádio Renascença, considerou que “ninguém quer substituir José Sócrates”, seja dentro do partido, na oposição ou na Presidência da República. “Ninguém quer substituir Sócrates, aliás, não é só no PS. Não há nenhum movimento no PS nesse sentido como não há, curiosamente, nenhum movimento na oposição para substituir Sócrates nem o Presidente da República quer que Sócrates seja imediatamente posto perante a opção de saída. A grande prioridade do Presidente é que haja um orçamento aprovado e publicado”, afirmou.
O antigo ministro de António Guterres insistiu que o PSD teria um “susto enorme” se “fosse obrigado a assumir o poder”. E acrescentou: “É a última coisa que o PSD quereria na vida”. Sobre as várias reuniões do PS marcadas para os próximos dias, Cravinho considerou que são “muito importantes” e que há muito tempo que deveria ter sido promovido o debate interno. “É importantíssimo que o partido se revitalize, que não se deixe reduzir a um seguidismo sem debate e sem opinião”, acrescentou.
“É muito importante que os órgãos do partido se reúnam. É muito importante que Sócrates dê a estes órgãos o seu ponto de vista e faça perante eles uma afirmação forte, sólida e robusta de não envolvimento, em nenhuma circunstância, daqueles casos que lhe são imputados e que ele tem que frontalmente desmontar”, defendeu, em declarações à mesma rádio.
No que diz respeito à alegada ingerência do Executivo nos meios de comunicação social, entende que falar-se de falta de liberdade de expressão “é uma fantasia que não tem qualquer base na sociedade portuguesa” e que “quem fala assim não sabe o que era o período antes do 25 de Abril”. Cravinho afirmou, também, que o trabalho mais importante da comissão de Ética, Sociedade e Cultura será discutir a concentração de meios de comunicação social.
Sobre o comportamento da Portugal Telecom depois das notícias que diziam que a operadora tinha instruções do Governo para comprar e controlar a TVI, Cravinho disse estranhar o “silêncio” da empresa perante factos “extremamente lesivos” para a sua imagem. idem
Nota: deixemo-lo (ao "inginheiro") cair de maduro...
A liberdade de imprensa estava de facto a ser condicionada *
Rui Pedro Soares renunciou ontem ao seu cargo na comissão executiva da Portugal Telecom (PT), na sequência das buscas ao seu gabinete de trabalho realizadas na passada segunda-feira, por procuradores do DIAP de Lisboa e investigadores da Polícia Judiciária de Aveiro. Simultaneamente, idêntica diligência teve como alvos o antigo espaço ocupado na PT por Paulo Penedos, ex-assessor jurídico de Pedro Soares, e os gabinetes de gestores da Taguspark, em Oeiras.
Rui Pedro Soares é administrador não executivo desta gestora do parque tecnológico (em representação da PT), cuja comissão executiva é presidida por Américo Thomati, integrando ainda João Carlos Silva, ex-presidente da RTP. Rui Pedro Soares e João Carlos Silva são referenciados nas escutas divulgadas na semana passada pelo semanário Sol, cuja saída para as bancas foi alvo de uma providência cautelar subscrita pelo gestor que ontem se demitiu, após ter sido indeferida uma pretensão análoga de Fernando Soares Carneiro, que tal como Rui Soares integra a administração da PT em representação do accionista Estado.
Desde há três dias, o processo da Face Oculta tem mais uma investigação pendente no departamento de luta contra a criminalidade económica do DIAP de Lisboa, de que é responsável a procuradora Teresa Almeida. O ponto de partida são certidões extraídas do processo-mãe, nomeadamente transcrições de escutas com presumíveis alusões a um eventual favorecimento de Luís Figo, ex-internacional de futebol e hoje empresário. O inquérito ainda não tem arguidos constituídos e a apreensão de documentos em formato de papel e digital deve ter sido determinada pela necessidade de preservação de provas.
...
Com a renúncia de Rui Soares anunciada ontem à tarde, fica por esclarecer o futuro de Soares Carneiro na PT, mas, para a comissão de trabalhadores da empresa, há outras questões carecidas de resposta. "O Rui Pedro Soares renunciou ao cargo de administrador executivo da PT, mas nós queremos saber quais os contornos da renúncia e se ele vai manter alguma ligação ao grupo", disse ao PÚBLICO o presidente da comissão, Francisco Gonçalves.
Regra geral, a renúncia a um cargo não implica o pagamento de compensações, ao contrário de uma destituição que só não acarreta encargos quando há justa causa. Não havendo justa causa, os prejuízos sofridos com a demissão acarretam o pagamento das remunerações devidas até ao fim do mandato. ibidem
* fazer comparações com o que acontecia antes do 25 de Abril não passa de um exercício de vacuidade extrema.
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Maddie,
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2010/02/15
Freeport: british business as usual *
"Some calculated that BAE system that Tanzania bought cost four times more than the system that Tanzania needed.
Nevertheless Tony Blair pushed the deal.
... the South African £5.5 billion arms deal ... Mr. Blair also supported that deal. BAE was not on the original shortlist but was put on it at late stage by Joe Modise, then South African Defense Minister. Its bid included sophisticated fighter jets that South African Air Force had never asked for. Some of them have never left their hangars - there are no pilots to fly them.
... more than £100 million paid in bribes to secure the deal." - Richard Dowden - The Times
* british just did with Portugal what they are very used to do with african countries: bribe its corrupt politicians.
Note: now we can to understanding why british SFO (Serious Fraud Office) archived Freeport's files. 4 million euros in bribes is just rubbish when compared with the amounts that british are used to pay in Africa (so, why waste time investigating a mere 4 million euro bribe?!).
"Some calculated that BAE system that Tanzania bought cost four times more than the system that Tanzania needed.
Nevertheless Tony Blair pushed the deal.
... the South African £5.5 billion arms deal ... Mr. Blair also supported that deal. BAE was not on the original shortlist but was put on it at late stage by Joe Modise, then South African Defense Minister. Its bid included sophisticated fighter jets that South African Air Force had never asked for. Some of them have never left their hangars - there are no pilots to fly them.
... more than £100 million paid in bribes to secure the deal." - Richard Dowden - The Times
* british just did with Portugal what they are very used to do with african countries: bribe its corrupt politicians.
Note: now we can to understanding why british SFO (Serious Fraud Office) archived Freeport's files. 4 million euros in bribes is just rubbish when compared with the amounts that british are used to pay in Africa (so, why waste time investigating a mere 4 million euro bribe?!).
2010/02/13
Arshile Gorky is mother's boy
The traditional images of Armenian art are frontal and hieratic. In painting the proportions are elongated, but in sculpture they are stunted; faces in both are oval, the eyes large, unfocused and deep-socketed; what sense of volume there may be is implied by line and the sculpture is in low relief.
These were the formulae that little Gorky carried with him when, with his mother and sister, he fled in 1915 into the Russian borderland to the north-east; there, in 1919, in his arms, his mother died of starvation and grief, and his long journey to America began.
He was fortunate; chance could so easily have sent him on the genocidal marches that wiped out more than a million Armenians when the Turks drove them south to die either en route or in the desert near Aleppo. Brian Sewell in Evening Standard
The traditional images of Armenian art are frontal and hieratic. In painting the proportions are elongated, but in sculpture they are stunted; faces in both are oval, the eyes large, unfocused and deep-socketed; what sense of volume there may be is implied by line and the sculpture is in low relief.
These were the formulae that little Gorky carried with him when, with his mother and sister, he fled in 1915 into the Russian borderland to the north-east; there, in 1919, in his arms, his mother died of starvation and grief, and his long journey to America began.
He was fortunate; chance could so easily have sent him on the genocidal marches that wiped out more than a million Armenians when the Turks drove them south to die either en route or in the desert near Aleppo. Brian Sewell in Evening Standard
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2010/02/12
Germans to finance the feckless Greeks
And now it turns out that the only way to save Greece is for the prudent Germans to finance the feckless Greeks.
The problem is that when Greece - which has already lied about the extent of its difficulties - inevitably fails to control public spending, it will need more money.
And if not them, it will be the Portuguese, or the Italians or the Spanish, all of whom are running unsustainable debts. dailymail.co.uk
Note: Ireland not?
"some (Pigs) are more equal than others.
Ireland's deficit is still as large as Greece's" - David Sharrock in The Times, 11 February
Kick Greece out of the euro
The cracks in the currency have long been apparent. The Greeks have acted irresponsibly and must pay the penalty. Ruth Lea - The Times
And now it turns out that the only way to save Greece is for the prudent Germans to finance the feckless Greeks.
The problem is that when Greece - which has already lied about the extent of its difficulties - inevitably fails to control public spending, it will need more money.
And if not them, it will be the Portuguese, or the Italians or the Spanish, all of whom are running unsustainable debts. dailymail.co.uk
Note: Ireland not?
"some (Pigs) are more equal than others.
Ireland's deficit is still as large as Greece's" - David Sharrock in The Times, 11 February
Kick Greece out of the euro
The cracks in the currency have long been apparent. The Greeks have acted irresponsibly and must pay the penalty. Ruth Lea - The Times
Enganar meio mundo e deixar outro meio na dúvida
Os ditadores, os corruptos e os broncos, utilizam sempre o mesmo sistema - o silenciamento - para tentarem ocultar as suas maldades. Tornou-se num lugar comum. Eventualmente os seus truques podem resultar no curto prazo, mas mais dia menos dia serão expostos aos olhos do mundo como aquilo que realmente são: indecentes corruptos e tiranos para quem o único lugar adequado - e legítimo - é a prisão.
Isto faz-me lembrar uns sujeitos que tentaram impedir a divulgação de um livro... Um dia enganaram meio mundo e deixaram outro meio confundido. Hoje já nem um décimo do mundo conseguem enganar, e ex-apoiantes choram silenciosamente o apoio financeiro que lhes proporcionaram no passado.
Sim, é perfeitamente possível enganar meio mundo e deixar outro meio na dúvida. Não é possível é manter isto eternamente.
Os ditadores, os corruptos e os broncos, utilizam sempre o mesmo sistema - o silenciamento - para tentarem ocultar as suas maldades. Tornou-se num lugar comum. Eventualmente os seus truques podem resultar no curto prazo, mas mais dia menos dia serão expostos aos olhos do mundo como aquilo que realmente são: indecentes corruptos e tiranos para quem o único lugar adequado - e legítimo - é a prisão.
Isto faz-me lembrar uns sujeitos que tentaram impedir a divulgação de um livro... Um dia enganaram meio mundo e deixaram outro meio confundido. Hoje já nem um décimo do mundo conseguem enganar, e ex-apoiantes choram silenciosamente o apoio financeiro que lhes proporcionaram no passado.
Sim, é perfeitamente possível enganar meio mundo e deixar outro meio na dúvida. Não é possível é manter isto eternamente.
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Portulândia
2010/02/11
Burn yours politicians, not EU's flag
I didn't enjoy at all when I see, on the news, Greek demonstrators burning EU's flags.
EU struggle to find how to rescue Greece, and Greeks, instead burning their corrupt politicians that lead they to the disaster, burn EU's flags?!
Sorry! There's no way. Would it depending on me and they wouldn't be rescued.
Note: of course Greece will be rescued by someone...
I didn't enjoy at all when I see, on the news, Greek demonstrators burning EU's flags.
EU struggle to find how to rescue Greece, and Greeks, instead burning their corrupt politicians that lead they to the disaster, burn EU's flags?!
Sorry! There's no way. Would it depending on me and they wouldn't be rescued.
Note: of course Greece will be rescued by someone...
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UE
2010/02/10
The Greek Tragedy
Look at European map.
Whats are you seeing?
You see that there is an European mainland wich start in Portugal and finish somewhere in the east. Very close to the north is UK, Ireland, and, a bit more far, Iceland, that share (and want to) the main European history.
On the far south-east European's border is Greece, completely out of the European mainland and surrounded either by no-european countries, like Turkey, and by countries that in this decade (at least) dosn't going to join EU.*
It's a matter of basic intelligence, for Greeks, to realise that EU cannot afford, and dosn't want, to lost a country like Portugal (will be easier, more "natural" and acceptable, to replace Portuguese government by an EU "directorate", in case, than lost this real part of EU's territory), but EU can very easily survive - psychological and political as there is no economical concerns - without Greece.
But Greeks just didn't this very simple exercice: look at map and see where they are.
* Let's not talk on Bulgaria (Romenia, Latvia...), the most UE's "failed act".
Note: probably Greece will be rescued by German but Greece going to lost a huge part of its sovereignty. The great true is it will be really good for the Greek people as they going, in some way, to get free of those corrupt and incompetent Greek politicians.
Look at European map.
Whats are you seeing?
You see that there is an European mainland wich start in Portugal and finish somewhere in the east. Very close to the north is UK, Ireland, and, a bit more far, Iceland, that share (and want to) the main European history.
On the far south-east European's border is Greece, completely out of the European mainland and surrounded either by no-european countries, like Turkey, and by countries that in this decade (at least) dosn't going to join EU.*
It's a matter of basic intelligence, for Greeks, to realise that EU cannot afford, and dosn't want, to lost a country like Portugal (will be easier, more "natural" and acceptable, to replace Portuguese government by an EU "directorate", in case, than lost this real part of EU's territory), but EU can very easily survive - psychological and political as there is no economical concerns - without Greece.
But Greeks just didn't this very simple exercice: look at map and see where they are.
* Let's not talk on Bulgaria (Romenia, Latvia...), the most UE's "failed act".
Note: probably Greece will be rescued by German but Greece going to lost a huge part of its sovereignty. The great true is it will be really good for the Greek people as they going, in some way, to get free of those corrupt and incompetent Greek politicians.
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UE
2010/02/08
Portugal's on the Very Wrong Way
If in nothing happend to fix the Portuguese present situation, EU's powers must to intervene because what's happend in Portugal is not only a big shame for EU, but also going to descredibilize EU's institutions and governments.
Portuguese institutions and politic groups allowed Portugal to get into the actual situation because the most of portuguese politicians and public administrators did corrupt deals in the past (perhaps in the present...): they are not able to rid the country out of the present corrupted mess.
Mr Barroso* was an high responsible for the portuguese chaos as him dropped the country to get his European job.
Gordon Brown, the British Prime-Minister, is also an high responsible as him (the SFO answer directly to the British Government) archived the Freeport Case, where his "comrade", the Portuguese Prime-Minister (de Sousa, J. Socrates), is embroiled, wich was investigated by the SFO (Serious Fraud Office).
Portugal need (new) politicians not embroiled with the "business as usual".
* European Commission's President and ex-portuguese Prime-Minister
Viva o jornalismo de buraco de fechadura. Morra o corrupto!
José Sócrates acusou o “Sol” de ter praticado um crime ao divulgar escutas no artigo publicado na sua última edição. Como reage a esta acusação?
Quer-se fazer crer que estas escutas não têm nada a ver com as que foram arquivadas pelo procurador-geral da República (PGR) e pelo presidente do Supremo Tribunal, invocando que o que foi arquivado foram as escutas do primeiro-ministro. Mas estas escutas estão exactamente no mesmo lote das do primeiro-ministro e fazem parte do lote de escutas arquivadas. Como vários advogados já sustentaram, não há recurso das decisões do presidente do Supremo. Assim sendo, esta parte do processo está arquivada definitivamente e não está sujeita a segredo de justiça.
Mas há quem defenda que há violação por estar a decorrer um processo.
Está-se a procurar, com artifícios legais, esconder a questão substancial. O que verdadeiramente está em causa é a decisão do PGR e do presidente do Supremo ao mandar arquivar estas escutas, porque os indícios, as suspeitas e os factos são tão fortes que só não vê quem não quer. Não pode tomar-se uma decisão de arquivar só porque sim. O despacho de arquivamento não está sustentado. O que está em causa é que a cúpula do aparelho de justiça tentou esconder e camuflar as escutas.
Essa ideia é baseada apenas nas escutas já publicadas pelo “Sol”?
Não só. Esta semana vamos continuar a publicar algumas coisas e vai ficar clara outra investida contra outro grupo de comunicação social, que também é indesmentível. Isto é uma grande operação. Para não falar do que aconteceu com o “Sol”, que foi alvo de chantagens e de tentativas de encerramento por parte do BCP, como foi anunciado em devido tempo.
Como reage à acusação de estar a fazer “jornalismo de fechadura”?
Reajo com muito orgulho. O grande jornalismo é aquele que vai aos bastidores, que vai atrás da cortina ou do buraco da fechadura. O trabalho jornalístico que verdadeiramente enobrece a imprensa é aquele que consegue desmontar e pôr a nu as coisas que o poder político, económico, judicial ou religioso pretendiam manter escondidas e camufladas e denunciar determinadas actuações ilegítimas do poder, e em que há notória cumplicidade do poder judicial.
Concorda com a ideia de que vivemos os tempos mais difíceis para a liberdade de expressão desde 1974?
No único almoço que o “Sol” teve com Sócrates em São Bento, ele às tantas disse-me que “isto de a gente tentar comprar jornalistas é um disparate, porque a melhor forma de controlar a imprensa é controlar os patrões”. Foi extraordinário o desplante de ter dito isto e depois ter posto esse plano em prática. De há algum tempo para cá, a sua estratégia tem sido controlar os patrões: foi o “Diário Económico” comprado pela Ongoing, a Controlinveste através do financiamento bancário, a TVI através da compra pela PT e depois com a Ongoing e por aí fora. A pouco e pouco, o que a gente vê é que a margem de liberdade começa a ser muito limitada através desse mecanismo simples: entrar por cima, sobretudo num período de crise económica, em que todos os grupos vivem com dificuldades financeiras e em que a chantagem e o controlo têm repercussões enormes, porque toda a gente tem medo de ter dificuldades de financiamento ou de publicidade se estiver contra o governo. ionline.pt
Escutas revelam o ‘esquema’ e os negócios
Pode parecer ficção, mas o que ressalta das conversas telefónicas interceptadas no inquérito ‘Face Oculta’ é que um plano dominava a cabeça do primeiro-ministro e de um conjunto de homens da sua confiança ao longo de 2009: controlar a principal comunicação social do país.
O plano envolveu directamente alguns dos principais gestores da PT e de outros grandes grupos económicos, mas também de bancos – todos qualificados como «os nossos».
O primeiro alvo que surge é a TVI e percebe-se que o «esquema» estava em marcha há quase um ano. Manuela Moura Guedes, que à sexta-feira abria o Jornal Nacional com notícias sobre o ‘caso Freeport’, era uma das vozes a silenciar. Mas para isso tinham de afastar da estação o director, José Eduardo Moniz. Armando Vara, quando a estratégia sofreu o primeiro revés, disse a frase certa numa das várias conversas interceptadas: «Esta operação era para tomar conta da TVI e limpar o gajo».
As primeiras escutas com relevância criminal são de Maio de 2009, com Paulo Penedos (advogado, dirigente do PS, assessor na PT e pivô para vários negócios) e Armando Vara (ex-dirigente do PS, muito próximo de Sócrates, e vice-presidente do BCP) a falarem do assunto com vários interlocutores.
No dia 26 de Maio, Penedos recebe um telefonema do administrador executivo da PT para quem trabalha: Rui Pedro Soares (ver biografia na pág. 9), o homem escolhido para ultimar o contrato com o grupo de media espanhol Prisa, que há muito se sabia estar vendedor de 30% da portuguesa Media Capital, dona da TVI.
Rui Pedro pede-lhe para ligar para a secretária de Manuel Polanco (líder da Prisa) na TVI, para «marcar a reunião para a semana, conforme combinado».
PT compra através de fundos
No dia seguinte, 27, Paulo Penedos dá conta dos seus receios a Américo Thomati (presidente executivo do Tagus Park, em representação da PT, a cujo quadro pertence). É que Zeinal Bava, presidente executivo da PT, não queria envolver o nome da empresa na compra e optara por engenharias participadas pelos bancos para a ocultar.
«O Zeinal já arranjou maneira de, não dizendo que não ao Sócrates, fazer a operação de forma que ele nunca aparece» – conta Penedos, explicando que vão «passar uns fundos para Londres». Thomati diz que «então são os fundos que aparecem a comprar». Paulo diz que não está disposto a ficar mal visto no mercado e o outro remata: «Não é conveniente para nenhum».
30% por 90 milhões
No dia 29 de Maio, Rui Pedro Soares diz que esteve «com o Júdice» (o advogado José Miguel Júdice, cujo nome é apenas referido, não existindo escutas de conversas com ele), que pensou outra solução. A Media Capital, empresa-mãe da TVI, detém outras participadas. Se a PT, aliada a parceiros de confiança, dividisse esse ‘bolo’ em fatias, conseguiriam dominar a holding através dos administradores lá colocados pelos vários compradores. Rui Pedro conta como se «inventou uma solução de antologia»: em vez de comprarem 30% da holding, «compram activos em baixo, o que permite que a PT, directamente, possa comprar a internet e a produtora de novelas, e que outras entidades mais inócuas vão comprar 30% da televisão».
Rui Pedro Soares e Paulo Penedos convocam para os ajudar João Carlos Silva (vogal da comissão executiva do Tagus Park e ex--presidente da RTP nomeado por Armando Vara, quando este foi ministro-adjunto de Guterres e tinha o pelouro da Comunicação Social).
No dia 2 de Junho, Rui pede a Paulo para fazer «aquele périplo pelos empresários do Porto, pessoas de confiança». Rui esclarece as contas: vão «comprar 30% por 90 milhões» e «era importante que o João Carlos conseguisse, pelo menos, uma participação de 9 milhões. Em dinheiro seriam 3 milhões, no máximo».
No dia 3 de Junho, Rui Pedro vai a Madrid, negociar com o patrão da Prisa, Manuel Polanco.
Manuela sai, para o entretenimento
No dia 5 de Junho, Penedos fala com um homem não identificado, mas que parece bem informado. Comunica-lhe que, na segunda-feira a seguir, vai ter «um dia lindo, que começa com Zeinal», às 8h45. Ao saber que, na reunião, o tema na mesa é a TVI, o interlocutor diz que «tem-se rido» com o assunto, pois tem «informação privilegiada».
Penedos revela que, quanto a «ela, Manuela Moura Guedes, vai ser anunciado já que vai sair» – «vai para o entretenimento». Moniz é um problema nesta altura ainda não resolvido: «Ele deve ser muito bom porque os espanhóis querem fazer a transição com tranquilidade». Têm medo de, «se o hostilizarem, perderem uma boa operação em Portugal» e afectarem os activos da Media Capital. O que Moniz «não sabe é que já não estão a pedir a cabeça dele». Ou seja, há outras formas de resolver a questão.
A 17 de Junho, Paulo Penedos não tem dúvidas sobre o desfecho do negócio e avisa um certo Luís (alguém que vive fora do país e que não surge identificado) de que «vai haver alterações imprevisíveis na comunicação social». Daí a dois dias, segundo as suas contas, a TVI «vai deixar de ser controlada por Moniz e Manuela».
O tal Luís quer saber se a Media Capital vai mudar de dono. Penedos garante o plano inicial, que apenas compram 30% à Prisa. Mas também poderão comprar o Correio da Manhã a Paulo Fernandes – já que o dono da Cofina, com a quebra das receitas de publicidade, admite desfazer-se do diário se não entrar no negócio da TVI. Pediu «140 milhões, para começar a conversar».
Impresa na mira
A Impresa, grupo de Francisco Pinto Balsemão, também é envolvida. Foram então comunicadas à CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) duas operações, fora de Bolsa, de compra e venda de acções da holding do fundador do Expresso. A Ongoing, de Nuno Vasconcelos e Rafael Mora (accionistas da PT), compra mais 1,88% da Impresa. O BCP vendeu também a sua participação na Impresa, quase na mesma percentagem.
Paulo Penedos explica ainda ao incógnito Luís: «A confirmar-se a operação da TVI», esta «terá algum fôlego na reorganização da comunicação social, da qual apenas lhe dá um lamiré» – as «transacções do grupo Impresa nas últimas horas». «Está tudo ligado».
A encenação e o jogo psicológico noutras esferas de poder também não são descurados. Entre os sócios do Benfica opositores a Luís Filipe Vieira, surgira o movimento ‘Vencer, Vencer’ que convida Moniz para se candidatar à presidência do clube. O director da TVI admite estar a pensar seriamente no assunto – e Paulo Penedos vê logo aí «um sinal», uma «saída» mesmo.
Em conferência de imprensa, Moniz anuncia que afinal desiste, pois não tem tempo para preparar convenientemente a candidatura.
Paulo Penedos lamenta, mas acha que isso até «foi bom»: acabou por ser uma excelente «cortina de fumo», que já deixou às pessoas a ideia de que o próprio Moniz até está disponível, tem vontade em sair da direcção da TVI sem dramas e conotações políticas.
O negócio com a Prisa está quase fechado. A 19 de Junho, Rui Pedro Soares manda Paulo Penedos tratar de enviar a Manuel Polanco «um documento», por email. Penedos fala com a secretária do líder da Prisa em Madrid, diz-lhe que «é a versão definitiva».
Jantar com Sócrates: ‘é tudo ou nada’
Estava-se a 19 de Junho e Rui Pedro comenta com Penedos que está «tudo a seguir o seu caminho» e que vai «jantar com o 1.º». Telefona três horas depois e conta que «o chefe estava bem disposto».
No dia seguinte, 20 de Junho, Moniz dá uma conferência de imprensa e Paulo faz o relato a Rui: «Não tem nada de pessoal contra o primeiro--ministro» e «terá dito que, se não o ouvirem na alteração ao projecto, sai sem fazer barulho».
Então, conclui Rui, «a abordagem está a correr bem». Mas avisa que há uma alteração de última hora: Sócrates diz que «tem de ser a PT, especificamente, a fazer a operação». Penedos pergunta-lhe se o documento que foi para a Prisa já reflecte isso e a resposta é afirmativa. Rui, aliás, tem viagem marcada para Madrid daí a três dias para fechar o negócio. Penedos desabafa que «é uma situação de risco» e que tem «mais medo do lado interno».
Internamente, porém, a situação parecia salvaguardada. A PT assumia o negócio e Rui seria o substituto de Moniz. Para isso, teria de fazer uma espécie de comissão de serviço na Prisa. Sócrates – que é apelidado pelos seus como o «chefe» ou «chefe maior» – dissera-lhe que tinha de ir para a Prisa «durante três meses». O que ele acata: «O chefe diz que é tudo ou nada e que não pode ficar com a fama e sem o proveito».
Rui Pedro adianta que também «já está escolhido o homem da informação, o Paulo Baldaia» (director da TSF, rádio do grupo Controlinveste, de Joaquim Oliveira, que inclui o DN e o JN).
Notícias colocadas nos jornais
Mas o caso Benfica/Moniz, causara interrogações nos jornalistas e começam a circular informações de que a PT estava na corrida à TVI. Além disso, a súbita mudança de planos obriga a acções rápidas.
A 23 de Junho, terça-feira, Rui Pedro Soares parte para Madrid, num avião a jacto, para ultimar o negócio com a Prisa. Pelo telefone, comenta com Penedos a manchete do Diário Económico (da Ongoing) que satisfaz os seus objectivos. O jornal dá conta de que não apenas a PT, mas também a Telefónica estão na guerra pela Media Capital.
Nesse mesmo dia, a PT é obrigada a fazer um comunicado à CMVM em que admite o interesse estratégico na Media Capital – mas nega ter sido concretizado qualquer acordo.
Rui e Paulo esfregam as mãos: ambos concordam que, dada a forma como as coisas foram feitas, só uma teoria da conspiração anularia a ideia de que se tratou de uma «guerra entre empresas». «Ao menos a notícia já não sai de chofre».
O ego dos dois é enorme e Rui Pedro Soares festeja o rasgo intelectual de ambos: «Podemos escrever um livro e ser pagos a peso de ouro». Com a campanha eleitoral à porta, comenta que merece mesmo ser recompensado pelos seus feitos – depois disto, espera «obter do chefe ‘luz verde’ para lhe tratar da comunicação durante três meses».
Rui telefona para Armando Vara: «O que lhe está a parecer a comunicação?». O homem do BCP não vacila: «Boa».
Mas a rápida inversão de estratégia deixa os mais próximos preocupados. José Penedos (presidente da REN) não percebe, mas o filho explica-lhe que se trata de «uma cortina de fumo para dar a ideia de que há mais interessados e que se trata de algo com mero interesse empresarial para justificar a operação».
‘Isto é que é uma tristeza total’
Conta ainda ao pai como Rui voara para Madrid num jacto particular, com as minutas do contrato na mão, que já lhes tinha enviado por email. Os bancos com que a Prisa trabalha «não estavam a aceitar as condições financeiras» e, «por isso, estão agora a negociar». E adianta: «As minutas não foram feitas por mim mas pelo Bes Investimentos». José Penedos ri-se: «Isto é que é uma tristeza total».
Aos primeiros minutos do dia 24, Paulo Penedos reporta a Rui Pedro Soares as manchetes dos jornais da manhã seguinte, que está a ver nas televisões. Mas Rui, em Madrid, ainda está preocupado com outros imbróglios do negócio. Estão a terminar «um novo documento para o Moniz assinar». Vai mandar-lhe, para Penedos o ler.
A notícia correcta já está em alguns jornais, que não engoliram a história do interesse da Telefónica: o diário i tem como manchete «PT compra 30% da Media Capital». Os comentários sobre Moniz e as más relações com o Governo multiplicam-se e o ambiente começa a ficar tenso.
Rui Pedro Soares e Paulo Penedos apostam que houve fuga de informação. Paulo recebe os ecos da PT, que está dividida. Agora «está toda a gente contra» – «o chairman (Henrique Granadeiro) está contra», «o Zeinal faz isto porque é um profissional, mas está-se a torcer».
Rui Pedro Soares sabe que vai receber ataques, mas continua mais preocupado com José Eduardo Moniz, que ainda não saiu de cena: «Se o Moniz é corrido sem nós entrarmos, é melhor para a PT», mas «é pior para o ‘chefe máximo’».
Um contrato para Moniz
Paulo não tem dúvidas que «os gajos que trabalharam ali espalharam» informações. Por seu lado, Rui já informara quem de direito: «Disse ao Sócrates que tem a noção que andam nisto há dez meses e que só nos últimos dias é que…». Mas o primeiro-ministro tinha uma ideia fixa: «O Sócrates perguntou-me se não era melhor correr com o Moniz antes da PT entrar». Rui garantiu-lhe que não, porque «tem uma grande pára-choques para ele» (o ‘chefe’).
E Penedos: «Custe o que custar em termos de dinheiro, por muito que um gajo possa pensar que o crime compensa ou vamos beneficiar o gajo, o Moniz devia sair confortável para estar calado».
Mas o que os deixa mais moídos são os comentários do socialista Arons de Carvalho no i, ao dizer que teme que a entrada da PT na TVI possa ser vista como tentativa de pressão do Governo: «Parece que põe cá a história toda e, ainda por cima, burro, dá como certa a entrada da PT».
Dia 24 é dia de debate na Assembleia da República, entre Governo e oposição e os homens do plano adivinham que vem aí um ataque a Sócrates.
Ainda em Madrid, com ordens para manter o plano, Rui aguarda a todo o momento a hora em que irá falar com a Prisa. Dá então instruções a Penedos para meter de imediato uma pessoa num avião, para lhe levar o seu computador a Madrid.
Entretanto, pede-lhe que vá ao seu gabinete e entre no seu email – «a password é ‘Sócrates2009». O contrato de Moniz está concluído e tem de ser «entregue a Zeinal».
Falta um minuto para as 11 horas da manhã, quando Fernando Soares Carneiro (outro administrador executivo da PT) telefona a Armando Vara. Recorda-lhe o almoço em que falaram «das perpétuas» (acções de direito perpétuo, que também pode significar golden share) e pergunta ao vice-presidente do BCP quando «termina o prazo». Este responde que «precisam de tomar uma decisão hoje». Fernando diz-lhe que «interessa que esteja a ser analisado o pacote da PT» – Vara responde apenas que «está» e «o outro está mas não é para já».
À mesma hora, Paulo Penedos lê um documento a Rui Pedro Soares. Trata-se de um contrato de prestação de serviços para «consultor» do grupo PT na área dos audiovisuais. Pela conversa de ambos, deduz-se que seria um contrato para Moniz assinar.
Sócrates já falou com Zapatero
Paulo Penedos diz a Rui que Soares Carneiro lhe «disse que o negócio estava feito», pois «ontem à noite o Zapatero (chefe do Governo espanhol) tinha falado com Sócrates».
São três horas da tarde (ainda do dia 24) e Rui Pedro Soares pergunta a Penedos «se a Mediapro já disparou» (trata-se de outro grupo de media espanhol, dono da cadeia La Sexta, que em Maio de 2009 os jornais espanhóis diziam ser alvo do interesse da Prisa, que estudaria uma fusão). Penedos responde: «A informação que há aqui é que dispararam; a Mediapro e as acções da Prisa dispararam 9%».
Como condicionar Cavaco
Ainda na mesma conversa, Rui Pedro Soares equaciona mais uma ideia: «As rádios (da Media Capital) vão ser compradas pela Ongoing e pelo genro de Cavaco» (o empresário Luís Montez).
Penedos comenta que «isso é bom» e pergunta--lhe se é «o autor desta patifaria». Rui Pedro acrescenta, referindo-se a Cavaco, que «é o preço da paz e que esse cala-se logo, fica a cuidar dos netos».
O debate no Parlamento começa por essa altura e Penedos vai relatando o que se passa a Rui Pedro Soares. Diogo Feio, deputado do CDS, pergunta a Sócrates se o Governo está a par do negócio da PT/TVI. E o primeiro-ministro perde a calma, mas nega: «O Governo não dá orientações nem recebe informações da PT».
Rui Pedro pede então a Paulo que vá aos estatutos da PT ver em que circunstâncias a golden share do Estado na empresa tem de dar parecer. Penedos pergunta se o negócio «está fechado ou não». Rui diz que sim, mas, como a questão «Moniz não está fechada», ele também «não fecha» – não quer «cair do cavalo abaixo, deixando a questão do Moniz por assinar antes de assinarmos». «Os gajos estão debaixo de uma pressão terrível pois as acções da Prisa cresceram hoje 14%», acrescenta. Mas chegam à conclusão que «está tudo feito em fanicos».
À noite, Armando Vara recebe um telefonema de outro arguido no ‘Face Oculta’, o empresário Fernando Lopes Barreira, que lhe pergunta se viu «a entrevista da ‘bruxa’» à SIC Notícias (referindo-se a Manuela Ferreira Leite, líder do PSD). Vara responde que não e o amigo comenta que «saiu-se bem».
Vara diz que já ouviu dizer que ela disse que Sócrates mentiu, ao dizer que não sabia de nada. Comentam que «não se dizia uma coisa dessas». Vara diz que «ninguém acredita que não soubesse», diria antes que «foi um erro trágico», «ele tinha de ter dito que não foi oficialmente informado, mas tinha conhecimento disso». Termina a dizer que as cisas vão correr mal e Lopes Barreira responde que não tem a mínima dúvida. No dia seguinte, 25, Cavaco Silva desafia publicamente a PT a esclarecer o que se passa. Zeinal Bava, presidente executivo da PT, vai à RTP dizer que não havia negócio nenhum, apenas uma disponibilidade de ambas as partes. Nos bastidores discute-se: avança-se ou não se avança. Até que Sócrates anuncia que, se a PT prosseguir, o Estado usará a golden share para vetar o negócio.
O plano sofre assim um sério revés, mas não ficaria por aqui. in sol.pt
If in nothing happend to fix the Portuguese present situation, EU's powers must to intervene because what's happend in Portugal is not only a big shame for EU, but also going to descredibilize EU's institutions and governments.
Portuguese institutions and politic groups allowed Portugal to get into the actual situation because the most of portuguese politicians and public administrators did corrupt deals in the past (perhaps in the present...): they are not able to rid the country out of the present corrupted mess.
Mr Barroso* was an high responsible for the portuguese chaos as him dropped the country to get his European job.
Gordon Brown, the British Prime-Minister, is also an high responsible as him (the SFO answer directly to the British Government) archived the Freeport Case, where his "comrade", the Portuguese Prime-Minister (de Sousa, J. Socrates), is embroiled, wich was investigated by the SFO (Serious Fraud Office).
Portugal need (new) politicians not embroiled with the "business as usual".
* European Commission's President and ex-portuguese Prime-Minister
Viva o jornalismo de buraco de fechadura. Morra o corrupto!
José Sócrates acusou o “Sol” de ter praticado um crime ao divulgar escutas no artigo publicado na sua última edição. Como reage a esta acusação?
Quer-se fazer crer que estas escutas não têm nada a ver com as que foram arquivadas pelo procurador-geral da República (PGR) e pelo presidente do Supremo Tribunal, invocando que o que foi arquivado foram as escutas do primeiro-ministro. Mas estas escutas estão exactamente no mesmo lote das do primeiro-ministro e fazem parte do lote de escutas arquivadas. Como vários advogados já sustentaram, não há recurso das decisões do presidente do Supremo. Assim sendo, esta parte do processo está arquivada definitivamente e não está sujeita a segredo de justiça.
Mas há quem defenda que há violação por estar a decorrer um processo.
Está-se a procurar, com artifícios legais, esconder a questão substancial. O que verdadeiramente está em causa é a decisão do PGR e do presidente do Supremo ao mandar arquivar estas escutas, porque os indícios, as suspeitas e os factos são tão fortes que só não vê quem não quer. Não pode tomar-se uma decisão de arquivar só porque sim. O despacho de arquivamento não está sustentado. O que está em causa é que a cúpula do aparelho de justiça tentou esconder e camuflar as escutas.
Essa ideia é baseada apenas nas escutas já publicadas pelo “Sol”?
Não só. Esta semana vamos continuar a publicar algumas coisas e vai ficar clara outra investida contra outro grupo de comunicação social, que também é indesmentível. Isto é uma grande operação. Para não falar do que aconteceu com o “Sol”, que foi alvo de chantagens e de tentativas de encerramento por parte do BCP, como foi anunciado em devido tempo.
Como reage à acusação de estar a fazer “jornalismo de fechadura”?
Reajo com muito orgulho. O grande jornalismo é aquele que vai aos bastidores, que vai atrás da cortina ou do buraco da fechadura. O trabalho jornalístico que verdadeiramente enobrece a imprensa é aquele que consegue desmontar e pôr a nu as coisas que o poder político, económico, judicial ou religioso pretendiam manter escondidas e camufladas e denunciar determinadas actuações ilegítimas do poder, e em que há notória cumplicidade do poder judicial.
Concorda com a ideia de que vivemos os tempos mais difíceis para a liberdade de expressão desde 1974?
No único almoço que o “Sol” teve com Sócrates em São Bento, ele às tantas disse-me que “isto de a gente tentar comprar jornalistas é um disparate, porque a melhor forma de controlar a imprensa é controlar os patrões”. Foi extraordinário o desplante de ter dito isto e depois ter posto esse plano em prática. De há algum tempo para cá, a sua estratégia tem sido controlar os patrões: foi o “Diário Económico” comprado pela Ongoing, a Controlinveste através do financiamento bancário, a TVI através da compra pela PT e depois com a Ongoing e por aí fora. A pouco e pouco, o que a gente vê é que a margem de liberdade começa a ser muito limitada através desse mecanismo simples: entrar por cima, sobretudo num período de crise económica, em que todos os grupos vivem com dificuldades financeiras e em que a chantagem e o controlo têm repercussões enormes, porque toda a gente tem medo de ter dificuldades de financiamento ou de publicidade se estiver contra o governo. ionline.pt
Escutas revelam o ‘esquema’ e os negócios
Pode parecer ficção, mas o que ressalta das conversas telefónicas interceptadas no inquérito ‘Face Oculta’ é que um plano dominava a cabeça do primeiro-ministro e de um conjunto de homens da sua confiança ao longo de 2009: controlar a principal comunicação social do país.
O plano envolveu directamente alguns dos principais gestores da PT e de outros grandes grupos económicos, mas também de bancos – todos qualificados como «os nossos».
O primeiro alvo que surge é a TVI e percebe-se que o «esquema» estava em marcha há quase um ano. Manuela Moura Guedes, que à sexta-feira abria o Jornal Nacional com notícias sobre o ‘caso Freeport’, era uma das vozes a silenciar. Mas para isso tinham de afastar da estação o director, José Eduardo Moniz. Armando Vara, quando a estratégia sofreu o primeiro revés, disse a frase certa numa das várias conversas interceptadas: «Esta operação era para tomar conta da TVI e limpar o gajo».
As primeiras escutas com relevância criminal são de Maio de 2009, com Paulo Penedos (advogado, dirigente do PS, assessor na PT e pivô para vários negócios) e Armando Vara (ex-dirigente do PS, muito próximo de Sócrates, e vice-presidente do BCP) a falarem do assunto com vários interlocutores.
No dia 26 de Maio, Penedos recebe um telefonema do administrador executivo da PT para quem trabalha: Rui Pedro Soares (ver biografia na pág. 9), o homem escolhido para ultimar o contrato com o grupo de media espanhol Prisa, que há muito se sabia estar vendedor de 30% da portuguesa Media Capital, dona da TVI.
Rui Pedro pede-lhe para ligar para a secretária de Manuel Polanco (líder da Prisa) na TVI, para «marcar a reunião para a semana, conforme combinado».
PT compra através de fundos
No dia seguinte, 27, Paulo Penedos dá conta dos seus receios a Américo Thomati (presidente executivo do Tagus Park, em representação da PT, a cujo quadro pertence). É que Zeinal Bava, presidente executivo da PT, não queria envolver o nome da empresa na compra e optara por engenharias participadas pelos bancos para a ocultar.
«O Zeinal já arranjou maneira de, não dizendo que não ao Sócrates, fazer a operação de forma que ele nunca aparece» – conta Penedos, explicando que vão «passar uns fundos para Londres». Thomati diz que «então são os fundos que aparecem a comprar». Paulo diz que não está disposto a ficar mal visto no mercado e o outro remata: «Não é conveniente para nenhum».
30% por 90 milhões
No dia 29 de Maio, Rui Pedro Soares diz que esteve «com o Júdice» (o advogado José Miguel Júdice, cujo nome é apenas referido, não existindo escutas de conversas com ele), que pensou outra solução. A Media Capital, empresa-mãe da TVI, detém outras participadas. Se a PT, aliada a parceiros de confiança, dividisse esse ‘bolo’ em fatias, conseguiriam dominar a holding através dos administradores lá colocados pelos vários compradores. Rui Pedro conta como se «inventou uma solução de antologia»: em vez de comprarem 30% da holding, «compram activos em baixo, o que permite que a PT, directamente, possa comprar a internet e a produtora de novelas, e que outras entidades mais inócuas vão comprar 30% da televisão».
Rui Pedro Soares e Paulo Penedos convocam para os ajudar João Carlos Silva (vogal da comissão executiva do Tagus Park e ex--presidente da RTP nomeado por Armando Vara, quando este foi ministro-adjunto de Guterres e tinha o pelouro da Comunicação Social).
No dia 2 de Junho, Rui pede a Paulo para fazer «aquele périplo pelos empresários do Porto, pessoas de confiança». Rui esclarece as contas: vão «comprar 30% por 90 milhões» e «era importante que o João Carlos conseguisse, pelo menos, uma participação de 9 milhões. Em dinheiro seriam 3 milhões, no máximo».
No dia 3 de Junho, Rui Pedro vai a Madrid, negociar com o patrão da Prisa, Manuel Polanco.
Manuela sai, para o entretenimento
No dia 5 de Junho, Penedos fala com um homem não identificado, mas que parece bem informado. Comunica-lhe que, na segunda-feira a seguir, vai ter «um dia lindo, que começa com Zeinal», às 8h45. Ao saber que, na reunião, o tema na mesa é a TVI, o interlocutor diz que «tem-se rido» com o assunto, pois tem «informação privilegiada».
Penedos revela que, quanto a «ela, Manuela Moura Guedes, vai ser anunciado já que vai sair» – «vai para o entretenimento». Moniz é um problema nesta altura ainda não resolvido: «Ele deve ser muito bom porque os espanhóis querem fazer a transição com tranquilidade». Têm medo de, «se o hostilizarem, perderem uma boa operação em Portugal» e afectarem os activos da Media Capital. O que Moniz «não sabe é que já não estão a pedir a cabeça dele». Ou seja, há outras formas de resolver a questão.
A 17 de Junho, Paulo Penedos não tem dúvidas sobre o desfecho do negócio e avisa um certo Luís (alguém que vive fora do país e que não surge identificado) de que «vai haver alterações imprevisíveis na comunicação social». Daí a dois dias, segundo as suas contas, a TVI «vai deixar de ser controlada por Moniz e Manuela».
O tal Luís quer saber se a Media Capital vai mudar de dono. Penedos garante o plano inicial, que apenas compram 30% à Prisa. Mas também poderão comprar o Correio da Manhã a Paulo Fernandes – já que o dono da Cofina, com a quebra das receitas de publicidade, admite desfazer-se do diário se não entrar no negócio da TVI. Pediu «140 milhões, para começar a conversar».
Impresa na mira
A Impresa, grupo de Francisco Pinto Balsemão, também é envolvida. Foram então comunicadas à CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) duas operações, fora de Bolsa, de compra e venda de acções da holding do fundador do Expresso. A Ongoing, de Nuno Vasconcelos e Rafael Mora (accionistas da PT), compra mais 1,88% da Impresa. O BCP vendeu também a sua participação na Impresa, quase na mesma percentagem.
Paulo Penedos explica ainda ao incógnito Luís: «A confirmar-se a operação da TVI», esta «terá algum fôlego na reorganização da comunicação social, da qual apenas lhe dá um lamiré» – as «transacções do grupo Impresa nas últimas horas». «Está tudo ligado».
A encenação e o jogo psicológico noutras esferas de poder também não são descurados. Entre os sócios do Benfica opositores a Luís Filipe Vieira, surgira o movimento ‘Vencer, Vencer’ que convida Moniz para se candidatar à presidência do clube. O director da TVI admite estar a pensar seriamente no assunto – e Paulo Penedos vê logo aí «um sinal», uma «saída» mesmo.
Em conferência de imprensa, Moniz anuncia que afinal desiste, pois não tem tempo para preparar convenientemente a candidatura.
Paulo Penedos lamenta, mas acha que isso até «foi bom»: acabou por ser uma excelente «cortina de fumo», que já deixou às pessoas a ideia de que o próprio Moniz até está disponível, tem vontade em sair da direcção da TVI sem dramas e conotações políticas.
O negócio com a Prisa está quase fechado. A 19 de Junho, Rui Pedro Soares manda Paulo Penedos tratar de enviar a Manuel Polanco «um documento», por email. Penedos fala com a secretária do líder da Prisa em Madrid, diz-lhe que «é a versão definitiva».
Jantar com Sócrates: ‘é tudo ou nada’
Estava-se a 19 de Junho e Rui Pedro comenta com Penedos que está «tudo a seguir o seu caminho» e que vai «jantar com o 1.º». Telefona três horas depois e conta que «o chefe estava bem disposto».
No dia seguinte, 20 de Junho, Moniz dá uma conferência de imprensa e Paulo faz o relato a Rui: «Não tem nada de pessoal contra o primeiro--ministro» e «terá dito que, se não o ouvirem na alteração ao projecto, sai sem fazer barulho».
Então, conclui Rui, «a abordagem está a correr bem». Mas avisa que há uma alteração de última hora: Sócrates diz que «tem de ser a PT, especificamente, a fazer a operação». Penedos pergunta-lhe se o documento que foi para a Prisa já reflecte isso e a resposta é afirmativa. Rui, aliás, tem viagem marcada para Madrid daí a três dias para fechar o negócio. Penedos desabafa que «é uma situação de risco» e que tem «mais medo do lado interno».
Internamente, porém, a situação parecia salvaguardada. A PT assumia o negócio e Rui seria o substituto de Moniz. Para isso, teria de fazer uma espécie de comissão de serviço na Prisa. Sócrates – que é apelidado pelos seus como o «chefe» ou «chefe maior» – dissera-lhe que tinha de ir para a Prisa «durante três meses». O que ele acata: «O chefe diz que é tudo ou nada e que não pode ficar com a fama e sem o proveito».
Rui Pedro adianta que também «já está escolhido o homem da informação, o Paulo Baldaia» (director da TSF, rádio do grupo Controlinveste, de Joaquim Oliveira, que inclui o DN e o JN).
Notícias colocadas nos jornais
Mas o caso Benfica/Moniz, causara interrogações nos jornalistas e começam a circular informações de que a PT estava na corrida à TVI. Além disso, a súbita mudança de planos obriga a acções rápidas.
A 23 de Junho, terça-feira, Rui Pedro Soares parte para Madrid, num avião a jacto, para ultimar o negócio com a Prisa. Pelo telefone, comenta com Penedos a manchete do Diário Económico (da Ongoing) que satisfaz os seus objectivos. O jornal dá conta de que não apenas a PT, mas também a Telefónica estão na guerra pela Media Capital.
Nesse mesmo dia, a PT é obrigada a fazer um comunicado à CMVM em que admite o interesse estratégico na Media Capital – mas nega ter sido concretizado qualquer acordo.
Rui e Paulo esfregam as mãos: ambos concordam que, dada a forma como as coisas foram feitas, só uma teoria da conspiração anularia a ideia de que se tratou de uma «guerra entre empresas». «Ao menos a notícia já não sai de chofre».
O ego dos dois é enorme e Rui Pedro Soares festeja o rasgo intelectual de ambos: «Podemos escrever um livro e ser pagos a peso de ouro». Com a campanha eleitoral à porta, comenta que merece mesmo ser recompensado pelos seus feitos – depois disto, espera «obter do chefe ‘luz verde’ para lhe tratar da comunicação durante três meses».
Rui telefona para Armando Vara: «O que lhe está a parecer a comunicação?». O homem do BCP não vacila: «Boa».
Mas a rápida inversão de estratégia deixa os mais próximos preocupados. José Penedos (presidente da REN) não percebe, mas o filho explica-lhe que se trata de «uma cortina de fumo para dar a ideia de que há mais interessados e que se trata de algo com mero interesse empresarial para justificar a operação».
‘Isto é que é uma tristeza total’
Conta ainda ao pai como Rui voara para Madrid num jacto particular, com as minutas do contrato na mão, que já lhes tinha enviado por email. Os bancos com que a Prisa trabalha «não estavam a aceitar as condições financeiras» e, «por isso, estão agora a negociar». E adianta: «As minutas não foram feitas por mim mas pelo Bes Investimentos». José Penedos ri-se: «Isto é que é uma tristeza total».
Aos primeiros minutos do dia 24, Paulo Penedos reporta a Rui Pedro Soares as manchetes dos jornais da manhã seguinte, que está a ver nas televisões. Mas Rui, em Madrid, ainda está preocupado com outros imbróglios do negócio. Estão a terminar «um novo documento para o Moniz assinar». Vai mandar-lhe, para Penedos o ler.
A notícia correcta já está em alguns jornais, que não engoliram a história do interesse da Telefónica: o diário i tem como manchete «PT compra 30% da Media Capital». Os comentários sobre Moniz e as más relações com o Governo multiplicam-se e o ambiente começa a ficar tenso.
Rui Pedro Soares e Paulo Penedos apostam que houve fuga de informação. Paulo recebe os ecos da PT, que está dividida. Agora «está toda a gente contra» – «o chairman (Henrique Granadeiro) está contra», «o Zeinal faz isto porque é um profissional, mas está-se a torcer».
Rui Pedro Soares sabe que vai receber ataques, mas continua mais preocupado com José Eduardo Moniz, que ainda não saiu de cena: «Se o Moniz é corrido sem nós entrarmos, é melhor para a PT», mas «é pior para o ‘chefe máximo’».
Um contrato para Moniz
Paulo não tem dúvidas que «os gajos que trabalharam ali espalharam» informações. Por seu lado, Rui já informara quem de direito: «Disse ao Sócrates que tem a noção que andam nisto há dez meses e que só nos últimos dias é que…». Mas o primeiro-ministro tinha uma ideia fixa: «O Sócrates perguntou-me se não era melhor correr com o Moniz antes da PT entrar». Rui garantiu-lhe que não, porque «tem uma grande pára-choques para ele» (o ‘chefe’).
E Penedos: «Custe o que custar em termos de dinheiro, por muito que um gajo possa pensar que o crime compensa ou vamos beneficiar o gajo, o Moniz devia sair confortável para estar calado».
Mas o que os deixa mais moídos são os comentários do socialista Arons de Carvalho no i, ao dizer que teme que a entrada da PT na TVI possa ser vista como tentativa de pressão do Governo: «Parece que põe cá a história toda e, ainda por cima, burro, dá como certa a entrada da PT».
Dia 24 é dia de debate na Assembleia da República, entre Governo e oposição e os homens do plano adivinham que vem aí um ataque a Sócrates.
Ainda em Madrid, com ordens para manter o plano, Rui aguarda a todo o momento a hora em que irá falar com a Prisa. Dá então instruções a Penedos para meter de imediato uma pessoa num avião, para lhe levar o seu computador a Madrid.
Entretanto, pede-lhe que vá ao seu gabinete e entre no seu email – «a password é ‘Sócrates2009». O contrato de Moniz está concluído e tem de ser «entregue a Zeinal».
Falta um minuto para as 11 horas da manhã, quando Fernando Soares Carneiro (outro administrador executivo da PT) telefona a Armando Vara. Recorda-lhe o almoço em que falaram «das perpétuas» (acções de direito perpétuo, que também pode significar golden share) e pergunta ao vice-presidente do BCP quando «termina o prazo». Este responde que «precisam de tomar uma decisão hoje». Fernando diz-lhe que «interessa que esteja a ser analisado o pacote da PT» – Vara responde apenas que «está» e «o outro está mas não é para já».
À mesma hora, Paulo Penedos lê um documento a Rui Pedro Soares. Trata-se de um contrato de prestação de serviços para «consultor» do grupo PT na área dos audiovisuais. Pela conversa de ambos, deduz-se que seria um contrato para Moniz assinar.
Sócrates já falou com Zapatero
Paulo Penedos diz a Rui que Soares Carneiro lhe «disse que o negócio estava feito», pois «ontem à noite o Zapatero (chefe do Governo espanhol) tinha falado com Sócrates».
São três horas da tarde (ainda do dia 24) e Rui Pedro Soares pergunta a Penedos «se a Mediapro já disparou» (trata-se de outro grupo de media espanhol, dono da cadeia La Sexta, que em Maio de 2009 os jornais espanhóis diziam ser alvo do interesse da Prisa, que estudaria uma fusão). Penedos responde: «A informação que há aqui é que dispararam; a Mediapro e as acções da Prisa dispararam 9%».
Como condicionar Cavaco
Ainda na mesma conversa, Rui Pedro Soares equaciona mais uma ideia: «As rádios (da Media Capital) vão ser compradas pela Ongoing e pelo genro de Cavaco» (o empresário Luís Montez).
Penedos comenta que «isso é bom» e pergunta--lhe se é «o autor desta patifaria». Rui Pedro acrescenta, referindo-se a Cavaco, que «é o preço da paz e que esse cala-se logo, fica a cuidar dos netos».
O debate no Parlamento começa por essa altura e Penedos vai relatando o que se passa a Rui Pedro Soares. Diogo Feio, deputado do CDS, pergunta a Sócrates se o Governo está a par do negócio da PT/TVI. E o primeiro-ministro perde a calma, mas nega: «O Governo não dá orientações nem recebe informações da PT».
Rui Pedro pede então a Paulo que vá aos estatutos da PT ver em que circunstâncias a golden share do Estado na empresa tem de dar parecer. Penedos pergunta se o negócio «está fechado ou não». Rui diz que sim, mas, como a questão «Moniz não está fechada», ele também «não fecha» – não quer «cair do cavalo abaixo, deixando a questão do Moniz por assinar antes de assinarmos». «Os gajos estão debaixo de uma pressão terrível pois as acções da Prisa cresceram hoje 14%», acrescenta. Mas chegam à conclusão que «está tudo feito em fanicos».
À noite, Armando Vara recebe um telefonema de outro arguido no ‘Face Oculta’, o empresário Fernando Lopes Barreira, que lhe pergunta se viu «a entrevista da ‘bruxa’» à SIC Notícias (referindo-se a Manuela Ferreira Leite, líder do PSD). Vara responde que não e o amigo comenta que «saiu-se bem».
Vara diz que já ouviu dizer que ela disse que Sócrates mentiu, ao dizer que não sabia de nada. Comentam que «não se dizia uma coisa dessas». Vara diz que «ninguém acredita que não soubesse», diria antes que «foi um erro trágico», «ele tinha de ter dito que não foi oficialmente informado, mas tinha conhecimento disso». Termina a dizer que as cisas vão correr mal e Lopes Barreira responde que não tem a mínima dúvida. No dia seguinte, 25, Cavaco Silva desafia publicamente a PT a esclarecer o que se passa. Zeinal Bava, presidente executivo da PT, vai à RTP dizer que não havia negócio nenhum, apenas uma disponibilidade de ambas as partes. Nos bastidores discute-se: avança-se ou não se avança. Até que Sócrates anuncia que, se a PT prosseguir, o Estado usará a golden share para vetar o negócio.
O plano sofre assim um sério revés, mas não ficaria por aqui. in sol.pt
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Portulândia
2010/02/07
Portugal: collapse of the democratic system?
No computador de Rui Pedro Soares, administrador da PT, foi apreendido o contrato que permitiria à PT comprar a Media Capital. Antes já a PJ tinha interceptado um mail em que estava a versão final enviada para a Prisa, em Madrid. O negócio tem vindo a ser desmentido pelos mais altos quadros da empresa de capitais públicos, mas a verdade é que as escutas telefónicas, aliadas aos documentos apreendidos, mostram exactamente o contrário. José Sócrates sabia do negócio desde o início, e o seu desejo ia mais longe. Queria que aquele se fizesse com a aparente capa de legalidade.
Numa primeira fase, deviam ser empresários a adquirir 30% dos capitais da empresa, para assim a PT não aparecer como principal accionista. O objectivo, mais uma vez, era controlar a informação e acabar com o que era considerado o maior entrave à vitória socialista: a permanência de Manuela Moura Guedes e de Eduardo Moniz à frente dos conteúdos da televisão de maior audiência.
Rui Pedro Soares assumiu um papel fundamental no negócio. A 3 de Junho vai a Madrid para negociar com os espanhóis da Prisa. A 19 de Junho pede a Paulo Penedos para enviar a versão definitiva do contrato para um mail para Espanha. Janta depois, segundo o próprio, com José Sócrates, e comenta com Penedos que o 'chefe estava bem-disposto'. Rui Pedro Soares diz depois que Sócrates quer que seja a PT a 'assumir o controlo da operação'.
O CM confrontou a administração da Portugal Telecom com a actuação do administrador executivo, mas fonte oficial da empresa afirmou que 'não há comentários a fazer'.
Entretanto, ouvidos pelo CM, vários accionistas de referência manifestaram-se visivelmente incomodados com a actuação de Rui Pedro Soares e com a sua permanência na comissão executiva da PT. Solicitam a intervenção do presidente do conselho de administração, Henrique Granadeiro, para o seu afastamento. fonte próxima de Rui Pedro Soares adiantou ao Correio da Manhã que o quadro da PT 'está muito indignado' e que 'houve uma manipulação das declarações'.
'CM' DAVA CONTA DE CRIME EM NOVEMBRO
A 14 de Novembro, pouco mais de duas semanas depois de o caso ‘Face Oculta’ ter sido tornado público, o ‘CM’ revelava que os magistrados de Aveiro entendiam haver indícios da prática do crime de atentado contra o Estado de Direito Democrático. Foi com base nesses mesmos indícios que Pinto Monteiro decidiu que não avançava com qualquer investigação, optando por um arquivamento administrativo.
DESPACHO DO PROCURADOR JOÃO MARQUES VIDAL – 23 DE JUNHO DE 2009
'Face à gravidade das suspeitas existe a obrigação de investigar'
'Nas intercepções telefónicas autorizadas e validadas neste inquérito, em diversas conversações surgiram indícios da prática de outros crimes para além dos directamente em investigação nos autos, tendo sido decidido genericamente que se aguardaria pelo desenvolvimento da investigação com vista a garantir o máximo de sigilo e eficácia, excepto se as situações decorrentes destes conhecimentos, pela sua gravidade e circunstâncias, exigissem o desenvolvimento de diligências de investigação autónomas que impusessem a imediata extracção de certidão.
Sucede que do teor das conversações interceptadas aos alvos Paulo Penedos e Armando Vara resultam fortes indícios da existência de um plano em que está directamente envolvido o Governo para interferência no sector da comunicação social visando o afastamento de jornalistas incómodos e o controlo dos meios de comunicação social, nomeadamente o afastamento da jornalista Manuela Moura Guedes, da TVI, o afastamento do marido desta e o controlo da comunicação do grupo TVI, bem como a aquisição do jornal Público com o mesmo objectivo e, por último, mas apenas em consequência das necessidades de negócio, a aquisição do grupo Cofina, proprietário do Correio da Manhã.
Face ao disposto nos artigos 2º e 38º nº 4 da Constituição da República Portuguesa, artigo 10º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem e artigos 4º e 6º da lei da Televisão (Lei 27/2007 de 30 de Julho), que a seguir se transcrevem, o envolvimento de decisores políticos do mais alto nível neste 'esquema' (expressão empregue por Armando Vara em 21--06-2009) de interferência na orientação editorial de órgãos de comunicação social considerados adversos, visando claramente a obtenção de benefícios eleitorais, atinge o cerne do Estado de Direito Democrático e indica a prática do crime de atentado contra o Estado de Direito, previsto e punido no artigo 9º da Lei 34/87 de 16 de Julho – Crimes da Responsabilidade dos Titulares de Cargos Políticos.
Encontram-se preenchidos os dois critérios acima referidos relativos à necessidade de autonomização da investigação, a saber, o da gravidade do ilícito e o de as circunstâncias imporem a realização de diligências de investigação autónomas (diligências que pela sua natureza não possam ser proteladas).
A gravidade do ilícito que na essência consiste na execução de um plano governamental para controlo dos meios de comunicação social visando limitar as liberdades de expressão e informação a fim de condicionar a expressão eleitoral através de uma rede instalada nas grandes empresas e no sistema bancário (referida nas intercepções como composta pelos 'nossos'), não se detendo perante a necessidade da prática de outros ilícitos instrumentais – nomeadamente a circunstância de do negócio poderem resultar prejuízos económicos para a PT (prejuízos que previsivelmente seriam ‘pagos’ com favores do Estado ou no mínimo colocariam os decisores políticos na dependência dos decisores económicos) ou, na 1ª versão do negócio, a prestação de informações falsas às autoridades de supervisão, Autoridade da Concorrência, CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) e ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social), ou mesmo através da manipulação do mercado bolsista (variação das acções da Impresa) – traduz-se numa corrupção dos fundamentos do Estado de Direito Democrático, o que é reconhecido pelos próprios intervenientes.
Como resulta da Constituição da República, da Convenção Europeia dos Direitos do Homem e da lei não é possível construir um Estado de Direito democrático sem meios de comunicação social livres das interferências e dos poderes políticos e económicos.
No que concerne à necessidade de diligência de investigação autónoma, esta decorre da premência da realização de diligências para esclarecimento do 'esquema' relativo ao Público/ Nuno Vasconcelos/ Impresa e Cofina/ Correio da Manhã, e à identificação de todos os participantes no 'esquema' da TVI, diligências que a não serem realizadas de imediato poderão levar a perdas irremediáveis para a actividade de aquisição da prova, sendo certo que existem indicações que o 'esquema' TVI poderá estar concluído até à próxima quinta-feira.
Face à multiplicidade e gravidade das suspeitas, existe a obrigação legal de proceder à correspondente investigação, não podendo a mesma, como vimos, aguardar para momento ulterior à sua autonomização.
O problema da partilha dos alvos que impõe uma estreita colaboração entre as duas investigações e os problemas da segurança e eficácia das investigações podem ser fortemente atenuados se ambas as investigações forem atribuídas ao núcleo da PJ que agora as executa (o que me parece essencial para garantir o êxito das investigações) e se ao nível do Ministério Público existir um entrosamento entre as equipas de direcção da investigação.
Para o efeito, e junta que seja a certidão e cópias dos suportes técnicos que a seguir se referem, será todo o expediente remetido em mão para superior apresentação e instauração do competente procedimento criminal.
Para autorização da investigação, nos termos do artigo 187º nº 1, 7 e 8 do Código de Processo Penal requeiro a extracção de cópia da totalidade das gravações relativas aos alvos, dos correspondentes relatórios e dos doutos despachos judiciais relativos à autorização, manutenção e cessação das intercepções telefónicas.
DESPACHO DO JUIZ DE AVEIRO ANTÓNIO JOAQUIM COSTA GOMES – 29 DE JUNHO de 2009
'Indícios da existência de um plano em que está envolvido o Governo'
Do teor das conversações interceptadas aos alvos Paulo Penedos e Armando Vara resultam indícios muito fortes da existência de um plano em que está directamente envolvido o Governo, nomeadamente o senhor primeiro-ministro, visando:
– o controlo da estação de televisão TVI e o afastamento da jornalista Manuela Moura Guedes e do seu marido, José Eduardo Moniz, para dessa forma ser controlado o teor das notícias através da interferência na orientação editorial daquela televisão.
– o controlo do jornal Público para, desse modo, se proceder ao controlo das notícias publicadas com interferência na orientação editorial daquele jornal.
(...) Resultam ainda fortes indícios de que as pessoas envolvidas no plano tentaram condicionar a actuação do senhor presidente da República, procurando evitar que o mesmo fizesse uma apreciação crítica do negócio.
Estes factos poderão, em abstracto, integrar a comissão do crime de atentado contra o Estado de direito, previsto e punido pelo artigo 9º da Lei nº 34/87 de 16 de Julho, conjugado com o disposto nos artigos 2º e 38º da Constituição da República Portuguesa e 10º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem.
O crime de atentado contra o Estado de direito é punível com pena de prisão superior, no seu máximo, a 3 anos.
As conversações a que o Ministério Público alude na promoção que antecede resultaram da intercepção de meios de comunicação utilizados por Paulo Penedos e Armando Vara, os quais, nos presentes autos, assumem a qualidade de suspeitos.
Considerando as pessoas envolvidas e o secretismo que rodeia toda a sua actuação, bem como o facto de a actividade suspeita ser desenvolvida em grande medida comrecurso a conversas telefónicas, afigura-se-nos que as intercepções em causa são essenciais à prova do crime previsto no artigo 9º da lei nº 34/87 de 16 de Julho, uma vez que permitirão perceber as verdadeiras motivações que estão na base dos referidos negócios.
Pelo exposto, em conformidade com o preceituado nos artigos 187º, nº 1-alínea a), 4-alínea a), 7 e 8 do Código de Processo Penal, autorizo a extracção de cópia da totalidade das gravações relativas aos alvos, dos correspondentes relatórios e dos despachos judiciais que fundamentaram as intercepções – autorização, manutenção e cessação – e sua validação.
in cmjornal.xl.pt, 06 Fevereiro 2010 - 00h30
No computador de Rui Pedro Soares, administrador da PT, foi apreendido o contrato que permitiria à PT comprar a Media Capital. Antes já a PJ tinha interceptado um mail em que estava a versão final enviada para a Prisa, em Madrid. O negócio tem vindo a ser desmentido pelos mais altos quadros da empresa de capitais públicos, mas a verdade é que as escutas telefónicas, aliadas aos documentos apreendidos, mostram exactamente o contrário. José Sócrates sabia do negócio desde o início, e o seu desejo ia mais longe. Queria que aquele se fizesse com a aparente capa de legalidade.
Numa primeira fase, deviam ser empresários a adquirir 30% dos capitais da empresa, para assim a PT não aparecer como principal accionista. O objectivo, mais uma vez, era controlar a informação e acabar com o que era considerado o maior entrave à vitória socialista: a permanência de Manuela Moura Guedes e de Eduardo Moniz à frente dos conteúdos da televisão de maior audiência.
Rui Pedro Soares assumiu um papel fundamental no negócio. A 3 de Junho vai a Madrid para negociar com os espanhóis da Prisa. A 19 de Junho pede a Paulo Penedos para enviar a versão definitiva do contrato para um mail para Espanha. Janta depois, segundo o próprio, com José Sócrates, e comenta com Penedos que o 'chefe estava bem-disposto'. Rui Pedro Soares diz depois que Sócrates quer que seja a PT a 'assumir o controlo da operação'.
O CM confrontou a administração da Portugal Telecom com a actuação do administrador executivo, mas fonte oficial da empresa afirmou que 'não há comentários a fazer'.
Entretanto, ouvidos pelo CM, vários accionistas de referência manifestaram-se visivelmente incomodados com a actuação de Rui Pedro Soares e com a sua permanência na comissão executiva da PT. Solicitam a intervenção do presidente do conselho de administração, Henrique Granadeiro, para o seu afastamento. fonte próxima de Rui Pedro Soares adiantou ao Correio da Manhã que o quadro da PT 'está muito indignado' e que 'houve uma manipulação das declarações'.
'CM' DAVA CONTA DE CRIME EM NOVEMBRO
A 14 de Novembro, pouco mais de duas semanas depois de o caso ‘Face Oculta’ ter sido tornado público, o ‘CM’ revelava que os magistrados de Aveiro entendiam haver indícios da prática do crime de atentado contra o Estado de Direito Democrático. Foi com base nesses mesmos indícios que Pinto Monteiro decidiu que não avançava com qualquer investigação, optando por um arquivamento administrativo.
DESPACHO DO PROCURADOR JOÃO MARQUES VIDAL – 23 DE JUNHO DE 2009
'Face à gravidade das suspeitas existe a obrigação de investigar'
'Nas intercepções telefónicas autorizadas e validadas neste inquérito, em diversas conversações surgiram indícios da prática de outros crimes para além dos directamente em investigação nos autos, tendo sido decidido genericamente que se aguardaria pelo desenvolvimento da investigação com vista a garantir o máximo de sigilo e eficácia, excepto se as situações decorrentes destes conhecimentos, pela sua gravidade e circunstâncias, exigissem o desenvolvimento de diligências de investigação autónomas que impusessem a imediata extracção de certidão.
Sucede que do teor das conversações interceptadas aos alvos Paulo Penedos e Armando Vara resultam fortes indícios da existência de um plano em que está directamente envolvido o Governo para interferência no sector da comunicação social visando o afastamento de jornalistas incómodos e o controlo dos meios de comunicação social, nomeadamente o afastamento da jornalista Manuela Moura Guedes, da TVI, o afastamento do marido desta e o controlo da comunicação do grupo TVI, bem como a aquisição do jornal Público com o mesmo objectivo e, por último, mas apenas em consequência das necessidades de negócio, a aquisição do grupo Cofina, proprietário do Correio da Manhã.
Face ao disposto nos artigos 2º e 38º nº 4 da Constituição da República Portuguesa, artigo 10º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem e artigos 4º e 6º da lei da Televisão (Lei 27/2007 de 30 de Julho), que a seguir se transcrevem, o envolvimento de decisores políticos do mais alto nível neste 'esquema' (expressão empregue por Armando Vara em 21--06-2009) de interferência na orientação editorial de órgãos de comunicação social considerados adversos, visando claramente a obtenção de benefícios eleitorais, atinge o cerne do Estado de Direito Democrático e indica a prática do crime de atentado contra o Estado de Direito, previsto e punido no artigo 9º da Lei 34/87 de 16 de Julho – Crimes da Responsabilidade dos Titulares de Cargos Políticos.
Encontram-se preenchidos os dois critérios acima referidos relativos à necessidade de autonomização da investigação, a saber, o da gravidade do ilícito e o de as circunstâncias imporem a realização de diligências de investigação autónomas (diligências que pela sua natureza não possam ser proteladas).
A gravidade do ilícito que na essência consiste na execução de um plano governamental para controlo dos meios de comunicação social visando limitar as liberdades de expressão e informação a fim de condicionar a expressão eleitoral através de uma rede instalada nas grandes empresas e no sistema bancário (referida nas intercepções como composta pelos 'nossos'), não se detendo perante a necessidade da prática de outros ilícitos instrumentais – nomeadamente a circunstância de do negócio poderem resultar prejuízos económicos para a PT (prejuízos que previsivelmente seriam ‘pagos’ com favores do Estado ou no mínimo colocariam os decisores políticos na dependência dos decisores económicos) ou, na 1ª versão do negócio, a prestação de informações falsas às autoridades de supervisão, Autoridade da Concorrência, CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) e ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social), ou mesmo através da manipulação do mercado bolsista (variação das acções da Impresa) – traduz-se numa corrupção dos fundamentos do Estado de Direito Democrático, o que é reconhecido pelos próprios intervenientes.
Como resulta da Constituição da República, da Convenção Europeia dos Direitos do Homem e da lei não é possível construir um Estado de Direito democrático sem meios de comunicação social livres das interferências e dos poderes políticos e económicos.
No que concerne à necessidade de diligência de investigação autónoma, esta decorre da premência da realização de diligências para esclarecimento do 'esquema' relativo ao Público/ Nuno Vasconcelos/ Impresa e Cofina/ Correio da Manhã, e à identificação de todos os participantes no 'esquema' da TVI, diligências que a não serem realizadas de imediato poderão levar a perdas irremediáveis para a actividade de aquisição da prova, sendo certo que existem indicações que o 'esquema' TVI poderá estar concluído até à próxima quinta-feira.
Face à multiplicidade e gravidade das suspeitas, existe a obrigação legal de proceder à correspondente investigação, não podendo a mesma, como vimos, aguardar para momento ulterior à sua autonomização.
O problema da partilha dos alvos que impõe uma estreita colaboração entre as duas investigações e os problemas da segurança e eficácia das investigações podem ser fortemente atenuados se ambas as investigações forem atribuídas ao núcleo da PJ que agora as executa (o que me parece essencial para garantir o êxito das investigações) e se ao nível do Ministério Público existir um entrosamento entre as equipas de direcção da investigação.
Para o efeito, e junta que seja a certidão e cópias dos suportes técnicos que a seguir se referem, será todo o expediente remetido em mão para superior apresentação e instauração do competente procedimento criminal.
Para autorização da investigação, nos termos do artigo 187º nº 1, 7 e 8 do Código de Processo Penal requeiro a extracção de cópia da totalidade das gravações relativas aos alvos, dos correspondentes relatórios e dos doutos despachos judiciais relativos à autorização, manutenção e cessação das intercepções telefónicas.
DESPACHO DO JUIZ DE AVEIRO ANTÓNIO JOAQUIM COSTA GOMES – 29 DE JUNHO de 2009
'Indícios da existência de um plano em que está envolvido o Governo'
Do teor das conversações interceptadas aos alvos Paulo Penedos e Armando Vara resultam indícios muito fortes da existência de um plano em que está directamente envolvido o Governo, nomeadamente o senhor primeiro-ministro, visando:
– o controlo da estação de televisão TVI e o afastamento da jornalista Manuela Moura Guedes e do seu marido, José Eduardo Moniz, para dessa forma ser controlado o teor das notícias através da interferência na orientação editorial daquela televisão.
– o controlo do jornal Público para, desse modo, se proceder ao controlo das notícias publicadas com interferência na orientação editorial daquele jornal.
(...) Resultam ainda fortes indícios de que as pessoas envolvidas no plano tentaram condicionar a actuação do senhor presidente da República, procurando evitar que o mesmo fizesse uma apreciação crítica do negócio.
Estes factos poderão, em abstracto, integrar a comissão do crime de atentado contra o Estado de direito, previsto e punido pelo artigo 9º da Lei nº 34/87 de 16 de Julho, conjugado com o disposto nos artigos 2º e 38º da Constituição da República Portuguesa e 10º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem.
O crime de atentado contra o Estado de direito é punível com pena de prisão superior, no seu máximo, a 3 anos.
As conversações a que o Ministério Público alude na promoção que antecede resultaram da intercepção de meios de comunicação utilizados por Paulo Penedos e Armando Vara, os quais, nos presentes autos, assumem a qualidade de suspeitos.
Considerando as pessoas envolvidas e o secretismo que rodeia toda a sua actuação, bem como o facto de a actividade suspeita ser desenvolvida em grande medida comrecurso a conversas telefónicas, afigura-se-nos que as intercepções em causa são essenciais à prova do crime previsto no artigo 9º da lei nº 34/87 de 16 de Julho, uma vez que permitirão perceber as verdadeiras motivações que estão na base dos referidos negócios.
Pelo exposto, em conformidade com o preceituado nos artigos 187º, nº 1-alínea a), 4-alínea a), 7 e 8 do Código de Processo Penal, autorizo a extracção de cópia da totalidade das gravações relativas aos alvos, dos correspondentes relatórios e dos despachos judiciais que fundamentaram as intercepções – autorização, manutenção e cessação – e sua validação.
in cmjornal.xl.pt, 06 Fevereiro 2010 - 00h30
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Portulândia
2010/02/05
Welcome to the muslim world
Turkish police have recovered the body of a 16-year-old girl they say was buried alive by relatives in an "honour" killing carried out as punishment for talking to boys. guardian.co.uk
Note: whom idiot told that Turkey should get EU's membership?
Turkish police have recovered the body of a 16-year-old girl they say was buried alive by relatives in an "honour" killing carried out as punishment for talking to boys. guardian.co.uk
Note: whom idiot told that Turkey should get EU's membership?
2010/02/04
Snub for EU as Barack Obama ducks out of summit
Washington discovered that no fewer than three EU presidents would line up to shake Obama's hand at the summit: Herman Van Rompuy, the president of the European council; José Manuel Barroso, the president of the European commission, and José Luis Rodríguez Zapatero, the Spanish prime minister who holds the title of president in office during Spain's six-month presidency of the EU. guardian.co.uk
Note: French and Flemish rejected the European Constitution because its project was basically wrong, and, I guess, because people dosn't like at all Mr Barroso. Mr Barroso (who was Portugal's first-minister and left it into the chaos: after 30 years supported by EU, corruption in Portugal is almost the same as it is in the worst of the ex-comuniste EU's new members) just cannot grasp Europeans traditions and culture. Should be another person, with world dimension and charism as well connected with the great European culture, to give a different European Constitution project, after to be elected by Europeans (not choised by governments as it is).
On the other hand it's true that some Europeans just want easy money with no duties, but this problem, in my opinion, can be very easy and fast fixed. Actually is no room to big talks with corrupts or idiots (think on that shamed blasphemy Irish law!), so EU - if provided with an elected president - may act accurately and fix problems. The moves to strength collaboration between French and UK armies can be interesting.
The real true is that Europe on the present time worth just a bit more than zero. Obama's move away from this Europe was completely right because this Europe is nothing more than show off and "family's photographs".
Washington discovered that no fewer than three EU presidents would line up to shake Obama's hand at the summit: Herman Van Rompuy, the president of the European council; José Manuel Barroso, the president of the European commission, and José Luis Rodríguez Zapatero, the Spanish prime minister who holds the title of president in office during Spain's six-month presidency of the EU. guardian.co.uk
Note: French and Flemish rejected the European Constitution because its project was basically wrong, and, I guess, because people dosn't like at all Mr Barroso. Mr Barroso (who was Portugal's first-minister and left it into the chaos: after 30 years supported by EU, corruption in Portugal is almost the same as it is in the worst of the ex-comuniste EU's new members) just cannot grasp Europeans traditions and culture. Should be another person, with world dimension and charism as well connected with the great European culture, to give a different European Constitution project, after to be elected by Europeans (not choised by governments as it is).
On the other hand it's true that some Europeans just want easy money with no duties, but this problem, in my opinion, can be very easy and fast fixed. Actually is no room to big talks with corrupts or idiots (think on that shamed blasphemy Irish law!), so EU - if provided with an elected president - may act accurately and fix problems. The moves to strength collaboration between French and UK armies can be interesting.
The real true is that Europe on the present time worth just a bit more than zero. Obama's move away from this Europe was completely right because this Europe is nothing more than show off and "family's photographs".
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