O Kölner Kammerchor e o Collegium Cartusianum dirigidos pelo fantástico Peter Neumann, tendo como solistas Simone Kermes, Franziska Orendi, Virgil Hartinger e Markus Lemke, ofereceram aos lisboetas no segundo dia da Festa da Música uma leitura assombrosa destas obras de Beethoven.
Tudo o que anteriormente foi escrito sobre o Concerto Köln aplica-se a este agrupamento que também utiliza instrumentos da época. Neste caso sob direcção de um maestro inspirado, com um côro deslumbrante e com solistas à altura. Simplesmente genial.
Genial foi igualmente a interpretação pela mesma orquestra e côro dirigidos pelo fantástico Neumann da oratória Cristo no Monte das Oliveiras, tendo como solistas Simone Kermes (soprano), Virgil Hartinger (tenor) e Markus Lemke (baixo). Para além dos aspectos já referidos noutro local foi impressionante a gestão das tensões por parte do chefe de orquestra que nos transmitiu uma leitura impressionante que comoveu o público que enchia totalmente o auditório principal do CCB. Destaque também para a grande técnica e expressividade dos solistas. A orquestra e o côro, tal como já foi escrito, são do melhor que existe no mundo não só para interpretações do periodo clássico como para um Beethoven da "segunda época" que já transcendeu o classicismo. A minha escolha antecipada, já o tinha dito na antena 2 da rdp que esteve totalmente entregue de corpo e máquinas à "festa", vai portanto para os dois agrupamentos alemães, para director Peter Neumann e para este fabuloso côro que nos trouxeram a Lisboa o que de melhor se pode fazer na interpretação do grande Ludwig (e também na interpretação dos amigos do van Beethoven).
A grande decepção foi a Missa Solemnis op 123, à volta da qual se geraram as maiores expectativas. O Concerto Köln que no dia anterior, sem maestro, foi genial demonstrou logo no início descordenação entre os naipes e até entre os instrumentistas do mesmo naipe. O grupo coral de renome (Rias-Kammerchor) surpreendeu pelo agudos gritados das sopranos sendo as cantoras solistas fracas. O maestro (Daniel Reuss) parecia nunca ter dirigido uma orquestra e foi ele quem provocou as descoordenações num agrupamento que é dos melhores do mundo em instrumentos da época. Malogro total. Ast