Num dos suplementos do jornal "Público" de hoje, escreve-se sobre o escritor Nuno Bragança, resistente anti-fascista (apesar de que era funcionário superior do Estado), católico (ainda que não seja dito no trabalho do Público). Devido (também) à mediocridade e estupidez dos portugueses acabou por se suicidar. Fê-lo já no tempo da "democracia". Ao contrário do que no jornal (não) se escreve, Nuno Bragança não "morreu" mas suicidou-se. É chato para Portugal, para os portugueses e para a Igreja (que considera o suicídio um grande pecado)? Sem dúvida. Mas não se pode, nem deve, esconder um facto que é de alguma maneira revelador. Obras como "A Noite e o Riso" e "Directa" estão entre o que de mais criativo e genial foi escrito em língua portuguesa. Só um povo muito pobre de espírito as poderia ter esquecido.
Os cinzentos
Também num dos suplementos do Público de hoje se revela o estudo que traça o DNA dos portugueses. A norte há uma forte predominância de ibéricos. O sul é um "mix" de ibéricos, sefarditas e mouros, em percentagens muito aproximadas. Curiosamente há maior quantidade de mouros no sul de Portugal que no sul de Espanha. Em vez de promover a heterogeneidade e a diferença Portugal desenvolveu-se e estruturou-se numa paz podre fundada no "não fazer ondas", com cada "tribo" e cada "padrinho" a dominarem totalmente o "seu galho". Agora Artur Pizarro poderá compreender melhor porque Portugal é um dos reinos onde existe a estupidez institucionalizada.
Tudo gente de bem
A operação de aquisição de duas sociedades tecnológicas com sede em Porto Rico pela Sociedade Lusa de Negócios (SLN) em 2001 e 2002, numa transacção ocultada das autoridades portuguesas, foi desaconselhada por escrito pela equipa técnica do grupo que avaliou o projecto por o considerar de elevado risco.
O negócio foi liderado por José Oliveira Costa, antigo líder da SLN/BPN, e por Dias Loureiro, que na altura era administrador executivo do grupo. A transacção acabaria por ser concretizada com base num relatório favorável entregue pelas próprias empresas de Porto Rico que tinham como investidor o libanês Abdul Rahman El-Assir, amigo do ex-ministro e que é descrito na imprensa internacional "como traficante de armas".
Feios, porcos e maus.
Um ano depois de ter esfaqueado atè à morte a ex-namorada, o aluno da Universidade de Coimbra António Manuel Assunção, de 24 anos, confessou-se arrependido de ter feito "uma coisa tão parva e monstruosa".
"Ninguém deve tirar a vida a ninguém... Eu só penso que eu é que devia estar no lugar dela, debaixo da terra...", desabafou o arguido, de voz embargada, quando o juiz Vítor Amaral lhe perguntou como olhava, agora, para o homicídio que vitimou Maria José Maurício. Uma jovem de 20 anos...
Espanha: sempre (muito) à frente
1. Em Portugal, temos um Governo que calunia os professores, maltrata, insulta e passa para a opinião pública a ideia falsa de que os professores trabalham pouco e faltam muito.
2. Quando os professores são agredidos - e é raro o dia em que não há um professor vítima de agressão física - o Governo fica em silêncio.
3. Quando os professores se levantam numa luta prolongada pela defesa da sua dignidade, o Governo ameaça com a repressão e invoca a mão pesada da Lei e do aparelho repressivo do Estado.
4. Aqui ao lado, na Província da Extremadura, o Governo Autonómico faz passar anúncios na televisão e na rádio a valorizar os professores e a enaltecer o seu trabalho. Veja aqui o vídeo. Vale a pena ver. A Junta da Extremadura chama a esta campanha de Valoracion Docente.
Políticos portugueses do "centrão": o brio de sempre
Um projecto do CDS-PP que recomendava a suspensão e simplificação da avaliação dos professores poderia ter sido aprovado no Parlamento, não fossem as ausências de deputados nas bancadas da oposição.
Seis deputados do PS votaram ao lado do PSD, CDS-PP, PCP, BE e Verdes a favor do projecto do CDS-PP e uma deputada socialista absteve-se. Outros treze deputados do PS faltaram à votação, reduzindo o peso da maioria parlamentar de 121 para 101 votos.
Os 101 votos contra do PS foram, no entanto, suficientes para chumbar o projecto que recomendava ao Governo a suspensão da avaliação, isto porque do lado da oposição faltavam 35 deputados: em vez de 109 apenas 74 estavam presentes.
Com os seis votos de deputados do PS, houve um total de 80 votos a favor do projecto do CDS-PP. Ou seja, bastaria haver mais 22 deputados da oposição presentes na votação para o projecto ter sido aprovado, com 102 votos a favor.
No PSD, que tem 75 deputados, registaram-se 30 ausências. No CDS-PP faltaram dois deputados e um terceiro não entrou na sala a tempo de participar na votação. No PCP registou-se a ausência de um dos 11 deputados, que o partido informou estar doente. Nos Verdes, um dos dois deputados faltou, enquanto o BE teve os seus oito deputados todos presentes. A deputada não inscrita Luísa Mesquita esteve também presente.
Mesmo que todos os 121 deputados do PS tivessem estado hoje presentes, como seis deles votaram a favor e uma se absteve, haveria possibilidade de aprovar o projecto do CDS-PP, se os 109 deputados da oposição estivessem igualmente no hemiciclo.
O resultado seria, nesse caso, 115 votos a favor da suspensão da avaliação, uma abstenção e 114 votos contra. in jn.sapo.pt (05 Dezembro 2008, 13h33m)
Política à portuguesa
Para a ministra, o modelo de avaliação do desempenho docente pode ser simplificado, alterado, revisto, o que for, até mesmo substituído por qualquer outro, desde que tal substituição ocorra já para lá do seu mandato.
Como se percebe facilmente, esta é a última posição na defesa do indefensável. O modelo é reconhecidamente mau, exige todo o tipo de remendos para se aguentar de pé para além de uma ou duas dezenas de escolas no país, é mesmo recomendável que seja reformado, mas nunca enquanto Maria de Lurdes Rodrigues estiver em funções.
Esta não é uma posição que defenda os interesses da Educação ou mesmo dos alunos que a ministra os seus secretários tanto apregoam defender. É apenas uma posição que vida preservar uma posição pessoal.
O que está em causa já não é um modelo de avaliação do desempenho docente. Já não é a melhoria do trabalho dos professores ou das aprendizagens dos alunos. O que está em causa é a posição pessoal da ministra, enredada na sua própria «firmeza» e «determinação».
A solução seria fácil: substituindo-se a ministra antes de alterar o modelo, ela não perderia a face, apenas o lugar. Mas aí entra em cena o papel e a posição pessoal e política do Primeiro-Ministro que decidiu assumir esta questão como sua, o que o inibe de substituir a Ministra.
E assim a Educação fica, perante 120 a 130.000 posições docentes mas ruas e/ou em greve, refém da posição pessoal de dois protagonistas políticos, enredados nos meandros da imagem que criaram para si mesmos. O erro deve permanecer, desde que eles se mostrem «firmes» e «determinados».