2008/12/15

Uma democracia mais limpa e mais justa

Manuel Alegre defendeu, este domingo, no Fórum das Esquerdas, a criação de uma «alternativa de poder» que «vá a votos» e não excluiu o cenário de criação de um partido político.
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Alegre defendeu que a alternativa em causa deve ser escrutinada pelos portugueses e advertiu que a «reconfiguração da esquerda não se fará sem os eleitores, simpatizantes e militantes do Partido Socialista». O deputado socialista pediu ainda uma democracia mais limpa e mais justa. in tsf.sapo.pt, 14 Dezembro, 19:33


Chile e democracia

Pessoalmente, continuo a pensar que, em termos de educação, os países da Europa desenvolvida são o exemplo a seguir. O próprio Governo o admitiu, ao falar no fim das retenções até ao 9.º ano, como acontece na Finlândia.

Ora, na Áustria, Bélgica, Chipre, Dinamarca, Espanha, Finlândia, Irlanda, Itália, Islândia, Liechtenstein, Luxemburgo, Noruega, Países Baixos, Reino Unido (Escócia) e Suécia; Eslováquia, Hungria e Letónia, não existe sistema de avaliação de professores. Nalguns destes casos, são as escolas que são avaliadas, não os professores.
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Ainda em relação ao Chile: com todo o respeito pelo Filipe Moura, do «5 Dias», continuo a pensar que o modelo de avaliação chileno é de inspiração clara da ditadura de Pinochet. As medidas de fundo começaram a ser esboçadas ainda durante o seu Governo, como refere Raul Iturra na carta aberta à Ministra da Educação.

Aliás, seria ingénuo pensar que os tentáculos e as influências de Pinochet terminaram no momento exacto em que ele entregou o poder. Aliás, é elucidativo que, até 1998, Pinochet tenha continuado a ser o mais alto responsável pelas Forças Armadas do país, altura em que passou a ocupar o lugar de Senador no Congresso chileno.

E basta ver que o poder passou de Pinochet para Patrício Aylwin, que apoiou o golpe contra Salvador Allende em 1973. Durante muito tempo, no Chile, o Regime Militar é que continuou a dominar. A administração local estava ainda nas mãos de pessoas designadas por Pinochet e o próprio continuava a ser o chefe das Forças Armadas.

Aliás, Francisco Rojas, director da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais e um dos mais importantes analistas políticos do país, dizia em 1998 que, «para chegar à democracia plena, o Chile ainda precisa de uma reforma constitucional, além de superar a vocação autoritária, enraizada não só nas Forças Armadas, mas em toda a sociedade chilena» e que «as paixões estão envolvidas em certos simbolismos vinculados à situação actual, que mostra que a figura do general Pinochet continua influenciando os chilenos.»

Como referiu em 2007 Simon Schwartzman, pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, «o Chile ainda adopta o modelo educacional criado no final da década de 80 pelo ditador falecido Augusto Pinochet, com pequenas alterações.»

Em Julho de 2008, Juan Guzmán, o juiz que processou Augusto Pinochet, afirmou que «mesmo depois de 18 anos do fim da sangrenta ditadura, tem-se avançado muito pouco na direcção de uma verdadeira democracia, porque ainda hoje se mantém vigente a Constituição de Pinochet e uma Corte Suprema que colaborou com a ditadura militar.

O juiz declarou que o Chile ainda se rege pela “constituição elaborada pela ditadura de Pinochet, que cria instituições pinochetistas e permite que uma minoria autoritária continue ditando leis na República democrática”. Segundo Guzmán, desde 1990, quando Pinochet deixou o poder depois de 17 anos no comando do Estado chileno, muito pouco se transformou na estrutura jurídica e legislativa do país

Nota: em "democracia" os governos do Chile continuaram a negar a propriedade das terras aos "povos originários", como os Mapuche, sendo a política desses governos igual à do Pinochet. Em certos casos pior, pois actuam com a suposta legitimidade dada pelas urnas. O discurso do Mapuche bebâdo, preguiçoso e analfabeto, é o discurso não dito que se mantém na élite social e política chilena. Um discurso absolutamente perverso porque todo o contexto sócio-cultural e afectivo da sociedade Mapuche foi destruído pelos "conquistadores", ou "descobridores" (ou qualquer adjectivo que procure esconder o facto de serem ocupantes de um território que tinha os seus originais que viviam em harmonia com a natureza), cujos descendentes se valem hoje da palavra "democracia" para esconder que os Mapuches continuam a viver miseravelmente, que o seu eco-sistema não foi reposto, que as terras que lhes foram roubadas não lhes foram restituídas, que as grandes oportunidades no Chile são dos filhos das famílias mais importantes dos colonizadores (porque as outras também sofrem com o sistema). Exactamente como no tempo de Pinochet. No fundo nada mudou no Chile. O Chile de hoje continua a ser o Chile feudal do tempo de Pinochet, dominado por famílias que vão esquiar para Portilho (nos Andes na estrada para a Argentina), onde pagam 500 dólares a diária. O que para os banqueiros portugueses incompetentes e corruptos é uma pechincha já que, segundo o Correio da Manhã de 16/12/2008, ganharam 10.000 euros/dia durante muitos anos e continuam a desempenhar funções. Em corrupção Portugal consegue, aparentemente, bater o Chile...