A Berliner Philharmoniker, dirigida por Zubin Metha, apresentou a terceira sinfonia de Gustav Mahler, 22 de Novembro, na Philharmonie, o último de quatro concertos com a mesma obra.
Lioba Braun foi a contralto e os grupos corais foram os Tölzer Knabenchor (crianças) e Damen des Rundfunkchors Berlin (mulheres).
Não é fácil escrever sobre este concerto... Quando se está perante uma orquestra como a Berliner Philharmoniker num concerto especialmente inspirado, porque dirigido por um chefe que conduz a orquestra a fazer o que de melhor e mais genial consegue, tudo o que posteriormente se escreve é pouco menos que desnecessário.
Claro... trata-se de uma sinfonia de Mahler, o mais genial e inspirado sinfonista de todos os tempos. Esta terceira sinfonia é uma obra que no contexto mahleriano desvela um "espírito" positivo e luminoso.
No primeiro andamento foi interessante a maneira como Mehta equilibrou por um lado uma certa linearidade nos diálogos das cordas com um tempo pausado que por vezes parecia que não conseguir manter o fluxo discursivo e que foi embalado num crescendo de tensão até à reexposição. O desempenho do primeiro trombone nos solos foi simplesmente fabuloso. O mesmo para o concertino.
Lioba Braun ofereceu-nos um dos momentos mais emotivos da sinfonia com uma voz que se integra completamente no "pathos" mahleriano, o mesmo acontecendo com os grupos corais.
O último andamento foi da ordem transcendental. Não é possível ser analisado em outra linguagem. Mas posso dizer que o público continuou a aplaudir mesmo depois da orquestra se retirar, obrigando Mehta a vir ao palco sózinho.