2008/12/20

Konzerthausorchester Berlin interpreta Prokofiev e Falla

Com a "Suite aus der Oper Krieg und Frieden", op 91, deu-se início ao concerto dirigido por Vladimir Fedoseyev que conseguiu conduzir a orquestra a grandes e poderosas sonoridades. Mas não foi para isto que as pessoas encheram a sala...

Foi para o concerto para piano e orquestra nr. 3, op 26. Alexei Volodin, ao piano, convenceu-nos de ser um grande solista. Mas não só: a orquestra conseguiu balancear o ritmo de Prokofiev com o clima de sonho e mistério que ele cria neste concerto, assim como no nr. 1 para violino e orquestra. São obras especiais onde o ritmo percutivo tem de coexistir com um ambiente de pianíssimos e legatos.

Volodin neste aspecto foi mestre: um ritmo marcado, seguro e contrastante electrificou a plateia mas o solista possui igualmente uma notória capacidade poética, como ficou demonstrado no segundo andamento. Não vale a pena dizer-se que Volodin possui um técnica suprema, porque isso é básico e pressuposto. A orquestra esteve exímia, sem dúvida também devido a Fedoseyev. Houve pequenos desacertos rítmicos entre o piano e a orquestra, pontuais, prontamente corrigidos, e irrelevantes face ao que nos foi oferecido.

Já no "Chapéu de 3 bicos", de Manuel de Falla, ficamos com algumas dúvidas. O casal de espanhóis que passa temporadas em Berlim por causa dos concertos, e que estava ao nosso lado, estava encantado. Fomos simpáticos e quando nos pediram a opinião dissémos que gostamos muito. Mas na verdade foi um Falla interpretado ao estilo de Prokofiev. Não foi mal, mas Falla pede um conceito interpretativo mais ao estilo de Ravel que de Prokofiev. Livios Pereyra