O assessor de imprensa de um eurodeputado inglês disse que o governo da Inglaterra apoia os McCann porque a polícia portuguesa é corrupta e Portugal não tem tradição de respeito pelas liberdades individuais. Um ministro português classificou de "torpes" estas afirmações. Não sei se alguém se vai dar ao trabalho de traduzir "torpes" mas o soundbit foi produzido pelas afirmações do assessor de imprensa. Toda a gente sabe que polícias portugueses estiveram implicados com as máfias da noite. Daí a misturar-se tudo e todos (são portugueses e polícias...) vai um passo. Todos viram agentes da PJ de fato e gravata ou vestidos normalmente trabalharem no local de onde desapareceu a criança britânica, quando em todo o mundo se vê esses mesmos agentes utilizarem vestuário adequado. Mas todos imaginamos que os primeiros a não preservarem o cenário do crime foi a força policial regular que inicialmente foi chamada. Ou ligaram logo para a PJ?! Independentemente da primeira hipótese ter sido a de rapto havia que selar e isolar o local para recolha de materiais que até poderiam conduzir ao raptor. Se fosse esse o caso... Não será portanto de espantar que agora o resultado das análises executadas pelo laboratório inglês seja "inconclusivo" devido à contaminação das amostras. E ficaremos sem saber se na realidade assim é ou se aconteceram pressões para que assim fosse. Não seria a primeira vez que isso aconteceria em Inglaterra para salvaguardar os superiores interesses do reino... O que as televisões internacionais mostrarão (já mostraram) são as imagens que comprovam a incompetência e falta de profissionalismo dos agentes portugueses. Noutra dimensão, todos em todo o mundo sabem que em Portugal há cães raivosos que circulam nas estradas, insultando, buzinando e atropelando quem tenha a infelicidade de se lhes atravessar à frente, tipos que num país que respeitasse a vida e a dignidade humanas estariam há muito inibidos de conduzir e na prisão os que praticaram atropelamentos com mortes ou feridos com gravidade. Um país de características terceiro-mundistas com um povo inculto e pouco qualificado não pode dar-se ao luxo de ter uma legislação decalcada de um país tido como culto e civilizado (o código penal português inspirou-se no alemão e no que toca à Alemanha e à sua civilidade muita água poderia correr porque a história recente não é para esquecer). Todo o mundo soube do abuso de menores por figuras "maiores" numa instituição do estado português e todo o mundo vai ter notícia da incompetência (no mínimo!) de uma provedora que permitiu que os abusos recomeçassem. Foi necessário uma ex-provedora vir à praça pública dizer que os abusos continuam para que se fizesse alguma coisa! É vergonhoso e inaceitável! A Europa e a comunidade internacional têm de manter Portugal debaixo de olho porque sob o europeísmo de superfície esconde-se um país muito mais atrasado do que aparenta, dominado por élites pouco íntegras. Mas, se esses assessores de imprensa ao serviço dos gabinetes ministeriais, muito bem pagos com dinheiros públicos, tivessem outras competências para além das manobras de bastidores para tentarem controlar os meios de informação, teriam informado o ministro de que actualmente existem fortes críticas e polémicas em relação a Ian Blair, conhecido chefe da polícia londrina muito apoiado pelo governo britânico, que para além de o responsabilizarem pela morte de Jean Charles de Menezes que a polícia confundiu (e matou!) com um bombista suícida, o envolvem em escândalos ligados à gestão de dinheiros. Se em vez de lhes chamar "torpes", que é mais um termo português very tipical como "arguido", o ministro tivesse respondido "está enganado senhor assessor de imprensa pois quem é acusado de corrupção e incompetência é sir Ian Blair", o soundbit seria outro. AST
Os créditos são dos mais elevados, como se sabe. A fama vem de longe, sucessivamente revista e aumentada pelo olhar que sobre ele foram deitando luminárias como Miles Davis, que mandava os pianistas dos seus primeiros grupos tocar como ele toca. A música de Miles, ela própria, deve muito às concepções de Ahmad Jamal. Se se atentar, por exemplo, na forma de tratar o espaço e o silêncio, no cromatismo e no tipo de progressão harmónica num e noutro caso, descobrem-se inúmeras afinidades entre eles. E ontem à noite (13 de Novembro), diante dos olhos e dos ouvidos do público presente no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, que enchia por completo a sala, percebeu-se porque é que Jamal tem sido motivo de inspiração para tanta gente, de há cinco décadas para cá. A verdade é que mestre Ahmad Jamal, 77 anos, tecnicista com alma, pianista de pianistas, deu um grande concerto com o seu quarteto maravilha. Assim foi, por todo um amplo conjunto de razões: tratamento do piano com extrema elegância, força percussiva e agilidade harmónica; variação dinâmica e verve lírica; mão esquerda poderosa, a gerir ritmo e harmonia, mão direita inefável e arrebatadora. in http://jazzearredores.blogspot.com (14.11.07)