2008/04/30

10.000 hooligans invadiram as ruas de Londres

O mais interessante é que, para os padrões agora habituais na Grã-Bretanha a greve foi bastante seguida na imprensa e teve um forte impacto público. Em especial a marcha de 10.000 professores pelas ruas de Londres.

Comparativamente, foi uma mini-marcha, se a compararmos com a de Lisboa no dia 8 de Março, em especial porque o NUT engole, numa simples bicada, os nossos sindicatos em termos de associados.

Mas aqueles que agora colocam Gordon Brown tão down-down-down, na edição a seguir à manifestação dos docentes portugueses que levou 100.000, mais ou menos 10.000, às ruas de Lisboa (Visão de 13 de Março último), colocavam a nossa Maria de Lurdes Rodrigues praticamente no centro da escala, só a deslizar para o cinzento. in educar.wordpress.com (2008/04/30/questoes-de-escala)

Curiosidade (zita): em UK existem cerca de 450.000 professores no ensino básico e secundário.


Nos entretantos...

enquanto os professores (portugueses) postam na net...

a ministra posta nos professores!

Duas novas portarias: função não docentes de natureza t

Foram publicadas, hoje, em Diário da República, duas portarias do ME que importa conhecer: a portaria 343/2008 que fixa as funções não docentes consideradas de natureza técnico-pedagógica e a portaria 345/2008, que fixa as condições para dispensa de serviço para efeitos de formação contínua. Publicada por Ramiro Marques em 21:37 in professoresramiromarques.blogspot.com
São rosas e resíduos, senhores!

Laranjeiro: Na semana passada
Aluno expulso após agressão a auxiliar
Um aluno de 16 anos, do 8.º ano do curso de Educação e Formação na Escola 3.º Ciclo e Secundária Ruy Luís Gomes, no Laranjeiro, agrediu na passada quarta-feira, com um murro na cara, uma cozinheira após esta o alertar para comportamentos impróprios, como jogar à bola e gritar no bar da escola.

Na sequência da agressão, ao que o CM apurou junto de professores e auxiliares, o aluno foi expulso da escola e terá de ser transferido. A funcionária agredida, chefe de cozinha da Eurest, apresentou queixa na esquadra da PSP do Laranjeiro.
Depois de, num primeiro momento, dizer que a sanção disciplinar é do “foro interno da escola” – a menos que implique expulsão e transferência, como será o caso –, o director regional de Educação, José Leitão, recusou ontem prestar mais esclarecimentos. O Conselho Executivo da escola já remetera qualquer informação para a Direcção Regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo (DREL).

Pelo contrário, alunos (um dos quais testemunha ocular da agressão), auxiliares e professores confirmaram a agressão e explicaram como foi.

TESTEMUNHA

Um dos alunos que viu a cena relatou-a ao CM, sob anonimato, por recear represálias: ”Estávamos no bar, uns a jogar à bola, outros a batucar. Ela chamou a atenção por causa do barulho, e o ‘Eta’ [alcunha do agressor] não gostou e deu-lhe um murro.”

A mesma versão, acrescida de um outro pormenor, como ”linguagem imprópria”, foi a contada ao CM por uma auxiliar da escola, que ali exerce funções há cerca de dez anos. “Ela pediu tento na língua e o rapaz deu-lhe um murro.”

A auxiliar pediu anonimato tanto para si quanto para a vítima, garantindo que ”os alunos gostam imenso dela” e lamentando que “os políticos só se lembram dos professores”.

Certo é o apreço de alguns alunos pela vítima, havendo quem perguntasse o seu nome para logo comentar: “Ah foi essa!? Tchii! Mas ela é bué de fixe e bué de baril.”

bigbrother Diz:
Abril 30, 2008 at 2:29 pm
E hoje no correio da manhã: aluna violada na escola por três colegas…
E já agora reprovar alunos custa 6oo milhões ao estado - Público.
Meus caros começem a fazer contas: se nós pouparmos nas reprovações talvez o governo canalize a poupança para a subida de escalões... in educar.wordpress.com, nos comentários ao post A Música (Desvairada) Do Umbigo, Abril 30

2008/04/28

Ainda o insucesso

Três em cada dez alunos das licenciaturas não conseguem completar o curso dentro do tempo normal, isto é, sem chumbar ou perder o ano por qualquer motivo. O grau global de sucesso no Ensino Superior português tem subido e situava-se, em 2005/06, nos 67,6%. Ou seja, havia um grau de insucesso de 32,4%. Segundo Luís Reis Torgal, coordenador do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra, “o facilitismo de Bolonha vai contribuir para elevar ainda mais o grau de sucesso nos próximos anos”.
...
Se pensarmos que a Mariano Gago é assacada a responsabilidade (in)directa pela indicação de MLR para a Educação, é de esperar que as afinidades intelectuais existam - desde os velhos tempos do anarquismo anti-sistémico - e assim seja colocada em prática uma reforma profunda do Ensino Superior, para além da já existente bolonhização que tornou a licenciatura como uma espécie de Secundário Superior e uma espécie de Mestrados como o patamar mínimo de qualificação.

Deste modo sugere-se que seja revisto o Estatuto dos docentes do Ensino Superior, que a progressão na carreira seja indexada ao sucesso dos seus alunos, que sejam implementadas aulas de substituição e actividades de enriquecimento curricular como módulos em «Inglês Algarvio», sobre «As TIC aplicadas ao online dating», não esquecendo ainda uma «Introdução às Ciências Anatómicas na Perspectiva do Utilizador Lúdico» ou mesmo acerca «Da Moral Kantiana Como Impossibilidade De Conhecer o Verdadeiro Tu». in educar.wordpress.com (Abril 27, 2008)

Evidentemente que o Ensino Superior é o culpado, ou um dos principais culpados, pelo "estado de bovinidade" que reina em Portugal, e que os docentes desse nível de ensino deveriam ser avaliados de forma séria e independente, pois são eles que formam os futuros "quadros" e governantes. Olhe-se bem para o estado do país e já se pode fazer uma avaliação "tout-court" do ensino superior em Portugal. No entanto, sem exigência, respeito pelos professores e colegas, e hábitos de trabalho (exactamente o oposto do que está a ser feito pelo governo), no ensino básico, o ensino superior não poderá fugir à mediocratização plena e generalizada. Assim sendo nada melhor que bolonhizar as universidades... Como acontece nalgumas escolas superiores e em alguns muy peculiares departamentos de universidades. Portugal talvez acabe absorvido não se sabe por quem, mas isso não preocupa a Europa. Nem o mundo. Nem os portugueses...


O outro mundo

Finlândia - o país dos professores...

Decidem o que ensinam, como ensinam, a quem e a que ritmo. Têm tanta liberdade como preparação. São os professores da Finlândia, venerados por toda a sociedade e uma peça chave para que o seu país lidere, desde finais dos anos noventa, a lista educativa da OCDE, mais conhecida como Relatório Pisa. "Fazemos a escola que queremos. Dependemos de nós mesmos. É maravilhoso." Conta Eine Liinanki, professora da escola primária no Arábia, uma das 200 escolas de Helsínquia.

São nove da manhã e na sala de professores do Arábia toma-se café, lê-se a imprensa e conversa-se sobre os planos do dia. Os colegas de Liinanki não ficam atrás em elogios a um sistema educacional dominado pelas escolas públicas - mais de 90% - e que não se caracteriza por ter muitos alunos brilhantes, mas por ter um número muito baixo de fracassos escolares. Segundo dados de 2001, a Finlândia dedicou à educação 6,25% do PIB.

O Conselho Nacional de Educação da Finlândia, um organismo dependente do ministério, é encarregado de elaborar os conteúdos mínimos que depois os professores, todos com formação universitária e a maioria com um master no seu currículo, desenvolverão segundo os seus critérios."Damos-lhes muita liberdade e isso é fundamental para a motivação do professorado. É verdade que os professores não estão muito bem pagos, mas gozam de um grande reconhecimento social", explica Reijo Laukkanen, do Conselho Nacional. Um professor da escola primária na Finlândia recebe cerca de 25% menos que um colega seu espanhol, segundo os dados da OCDE. Mas os professores estão conscientes do seu papel como motor fundamental da sociedade finlandesa. Por isso, há disputas para entrar na escola de Pedagogia e para obter um lugar como professor.

Mas, que faz com que num país a educação se transforme no eixo sobre o qual gira a sociedade? Que leva um país a venerar os seus professores? "É uma questão de cultura, de reconhecimento histórico", indica Jari Jokinen, que representa o seu país na UE, "a Finlândia foi o segundo país do mundo, e o primeiro da Europa, a permitir o voto das mulheres. As mulheres sempre tiveram muito claro que os seus filhos teriam uma vida melhor se estudassem e elas próprias incentivaram a participação na vida pública para que o nível educativo seja alto na Finlândia". Outro dos argumentos que se ouve nos círculos educativos aponta o nacionalismo do século XX. Helsínquia, desejosa de desfazer-se do domínio sueco e russo, apostou na educação e na aprendizagem do finlandês como ferramenta para a emancipação cultural. Foi então que se criaram as escolas públicas.

Toca a campainha no Arábia e os professores vão para as salas. Os alunos - todos descalços - perguntam sem complexos quem é aquela visita que ali está. A relação com os crescidos é muito fluente e os alunos fazem gala de uma saudável segurança em si mesmos. Um grupo de 15 e 16 alunos tem na primeira hora da manhã aula de Sueco, língua oficial que é falada por 6% da população. Na aula, Justus Mollberg, vestido ao mais puro estilo da moda londrina, aborrece-se. Levanta-se no meio da lição e fala em inglês fluído. "Não gosto do sueco, porque é obrigatório". "Está muito bem e aprecio a tua sinceridade", responde-lhe a professora. A aula de Mollberg tem 16 alunos, o número máximo permitido. in emdefesadaescolapublica.blogspot.com, 22 de Abril de 2008, 15:49

2008/04/27

Mas qual futuro, senhor?

É conservadora e de centro-esquerda, o que, no PSD, não é impossível. Mas o futuro é ser de centro-direita e liberal. Quem escreve assim, referindo-se a Manuela Ferreira Leite, que há dias defendeu a privatização do ensino, não é seguramente disléxico, mas só pode mesmo viver no reino de Portugal e ter fortes interesses num ainda maior "liberalismo". Se disser que o autor daquelas linhas delirantes se chama José Miguel Júdice, fica tudo esclarecido. Pois!

Numa altura em que o mundo assiste à derrocada do chamado "sistema liberal", com falências atrás de falências (falências reais que, artificialmente, estão a ser controladas pela injecção, ainda que dissimulada, de dinheiros públicos) de bancos que são autênticos "pilares do sistema", quem escreveu aquilo (não soubessemos nós os interesses que a liberal pessoa tem nos negócios muito pouco liberais do e com o Estado português) aparenta ser não de outro país mas de outro planeta (créditos a quem inventou esta frase e que não fui eu).

Já quando afirma que Sócrates está mais à direita que Ferreira Leite, o senhor mostra que está ancorado, e bem, no planeta Portugal, e que, de quando em vez, diz coisas que têm algum sentido.


Avaliação Por Objectivos, PJ Style

Inspectores da PJ avaliados pelo número de acusações

Isto faz-me lembrar aqueles coitados do telemarketing que recebem à peça, conforme consigam enganar os incautos a aparecer no sítio tal, em troca do brinde xis, sem mais nenhuma obrigação que não seja apanhar com umas horas de ensaboadela comercial.

Eu queria mesmo é que tudo fosse avaliado pelas condenações efectivamente conseguidas. Do que me interessam acusações se são arquivadas ao dobrar da esquina? in educar.wordpress.com (Abril 27, 2008)


Insucesso real e insucesso estatístico

Alguns comentadores de pena leve olham para as estatísticas de insucesso escolar e manifestam a sua incontida indignação pelos resultados. Contudo, se as estatísticas reflectissem apenas as aprendizagens tout court dos alunos, o panorama seria bem mais negro. Muitos dos resultados positivos vertidos nas estatísticas reflectem apenas modestos progressos dos alunos e não aprendizagens significativas. Contudo, a responsabilidade deste insucesso relativo jamais poderá ser seriamente atribuída aos professores, uma vez que resulta de problemas a montante da sala de aula que, em última análise, cabe ao poder político resolver. Não cabe seguramente aos professores e à escola solucionar os graves problemas sociais, familiares e de saúde de muitos milhares de alunos e das suas famílias. Os professores assumem as suas responsabilidades, o Governo que assuma as suas.

Ao contrário do que diz a senhora ministra da Educação, os professores não estão zangados por terem recebido este ano mais 30 mil dos piores alunos. Não. Os professores sabem que todos os alunos, melhores ou piores, devem estar na escola e não na rua. Os professores estão zangados, sim, é por lhes enviarem esses alunos “difíceis” para a escola, sem os devidos meios complementares que os permita recuperar de facto. Onde está a intervenção na família, muitas vezes desestruturada e maltratante? Onde está a intervenção ao nível da economia familiar, muitas vezes, em colapso? Onde está a indispensável intervenção terapêutica junto de muitas destas famílias? Os professores são profissionais polivalentes, têm uma formação em banda larga, alguns até se assumem como missionários da causa, mas ainda não têm o dom divino de fazer milagres. Não se formam eficazmente alunos problemáticos com palmadinhas nas costas, como não se tratam doentes graves com aspirinas. A escola inclusiva não pode ser confundida com um armazém de alunos, exige meios complementares de apoio significativos para ter sucesso efectivo.

A diminuição do abandono escolar no último ano tem sido um dos troféus apresentado por esta equipa do Ministério da Educação. Como sempre, as estatísticas devem merecer uma leitura mais atenta. O que fez alguns milhares de alunos regressarem ou decidirem não abandonar a escola? Além de outros factores, na minha opinião, como a situação difícil do actual do mercado de trabalho e a menor aceitação social da contratação de menores, houve dois factores decisivos: a promessa de diplomas profissionais fáceis e a oferta de computadores portáteis a preço reduzido. O Governo teve o mérito de pedir às escolas para recrutar o maior número de alunos possível e estas deram o seu melhor para o conseguir. O problema está no dia seguinte.

Não faltará muito até as empresas começarem a perceber que a leveza destes diplomas é incompatível com as suas necessidades de recursos humanos. Não basta conceder diplomas, é preciso que eles sejam credíveis e aceites no mercado de trabalho. Seguramente, alguns alunos tirarão proveito da formação ministrada e faço votos para que sejam muitos, será o País a ganhar. Todavia, o panorama não se afigura cor-de-rosa, numa época em que as empresas exigem cada vez mais dos seus profissionais. As escolas podem fixar objectivos mínimos para os alunos com dificuldades, mas nas empresas os objectivos serão sempre máximos. E o pior que qualquer sistema de ensino pode oferecer é diplomas sem credibilidade.

Já aqui defendi que a solução profissional para muitos destes jovens passa pela criação de uma bolsa de mercado social de emprego, apoiado pelo Estado, ao qual acederiam prioritariamente. Num mercado concorrencial, onde grassa o desemprego, a possibilidade de muitos destes jovens problemáticos conseguirem um emprego duradouro é quase nula. Só espero que, mais uma vez, não recaia sobre os professores, que dão o seu melhor em condições muito difíceis, o ónus destas políticas voluntaristas, traçadas para fazerem brilhar rapidamente as estatísticas. E estatísticas, como os chapéus, há muitas. Mário Lopes in tintafresca.net (edição nº 90)


Populistas clichés

Repete o Governo que é preciso distinguir os bons dos maus professores. Ora, quem percebe alguma coisa de educação sabe que esta divisão maniqueísta entre professores bons e maus não passa de uma ficção. Há professores com umas características, outros com outras e, de um modo geral, todas são importantes. A escola é feita de diversidade e os alunos só têm a ganhar em ter professores com características diferentes. Há, por isso, também fundados receios de que este sistema seja castrador das diferenças e promova mais a intolerância do que o mérito.

Uns professores valorizam mais a autoridade, outros a tolerância. Qual é o bom e qual é o mau? Um professor traz as aulas milimetricamente preparadas, outro é mais criativo e valoriza mais a interacção e a participação dos alunos. Qual é o bom e qual é o mau? Um professor é circunspecto, outro cultiva a proximidade com os alunos. Qual é o bom e qual é o mau? Como se vê, a avaliação de professores está muito longe de ser uma ciência exacta.

Outro cliché afirma que esta avaliação visa distinguir os professores com vocação dos professores sem vocação. Ora, não conheço nenhum “vocaciómetro” para medir a vocação de cada um, sendo a noção de vocação seguramente mais um estado de alma do que um dado objectivo. Nada garante que um professor supostamente com muita vocação seja melhor que um professor com menor vocação, mas que faz o seu trabalho com profissionalismo, como há péssimos cantores a jurarem que nasceram para cantar e óptimos músicos a dizerem que só o são por acidente. Exemplos não faltam, na música, na profissão docente ou em qualquer outra área. idem


Escrutínio e gestão escolar

Além do crédito comum à generalidade dos portugueses, os professores têm ainda o crédito de serem um exemplo para os seus alunos. E são-no de facto, ou não fosse a profissão docente das mais escrutinadas do mundo, sendo o comportamento de cada professor controlado diariamente por centenas de alunos, pais, auxiliares de acção educativa e pelos próprios colegas professores. Dificilmente este sistema de avaliação, informal mas efectivo, toleraria professores que não fossem um exemplo, pelo menos na escola. Têm, portanto, esse crédito acrescido.

Por último, uma nota para o novo sistema de gestão das escolas. Como já referi atrás, a comunidade docente numa escola reduz-se a algumas dezenas de professores. De entre estes, pouco mais de uma dezena podem, geralmente, ascender ao cargo de director, sendo necessário, para tal, experiência no cargo ou o curso de Administração Escolar. Ora, este número, em muitos casos, é claramente insuficiente para garantir massa crítica e proporcionar a indispensável pluralidade de opções para o cargo. Muitas vezes, só irá haver um candidato ao cargo de director. Por isso, nada garante que o futuro director seja uma pessoa reconhecidamente competente no cargo.

A democraticidade interna das escolas assegura hoje que estejam em cargos intermédios pessoas tanto ou mais capazes que os presidentes dos conselhos executivos, o que permite às escolas respirarem mesmo que um presidente do conselho executivo seja menos competente ou dialogante. Ora, o novo modelo de gestão escolar vai concentrar todos os poderes numa só pessoa, o que não garante necessariamente maior eficácia às escolas e vai fatalmente potenciar situações de prepotência e compadrio pessoal e partidário. Uma vez mais se comete o erro de importar mal um modelo das empresas para a Administração Pública, apesar de serem realidades completamente diferentes.

... temos assistido a um frenesim de comentadores do regime brandindo as estatísticas da educação para defender que “é preciso fazer qualquer coisa” e que estas “reformas” têm de continuar. Ora, o que o País certamente não precisa é que se faça “qualquer coisa”: isso foi o que fizeram os 26 ministros da Educação dos últimos 30 anos! O Ministério da Educação não deve ser um campo para o experimentalismo inconsequente nem palco de reformas voluntaristas. O que Portugal precisa é que a Educação seja definitivamente levada a sério e executada serenamente com o aval de quem sabe do assunto: os professores. ibidem

2008/04/26

Pena simbólica para os broncos praxitas

No Público de ontem, a propósito do processo das praxes violentas na Escola Superior Agrária de Santarém, lê-se:

Também o Ministério Público leu na atitude dos arguidos uma demonstração dos "pequenos poderes que humilham quem está por debaixo e idolatram os que estão em cima", na raiz dos quais estão muitos dos males da História do século XX. "É o padrão civilizacional que nos distingue da barbárie", disse.

Muito bem. Assino por baixo. Sendo assim não deveriam os arguidos - que imagino serem uma espécie de broncos para quem este tipo de discurso não passa de "tretas" - serem condenados pelo menos a uma pena de prisão suspensa em vez de uma "pena simbólica"?

Maria! Como e onde se formam os broncos?


Separar o trigo do diesel

É o título de uma peça de absoluta pertinência, publicada naquele mesmo jornal, no "Dia da Liberdade". Não nos podemos esquecer que sob o manto da nossa liberdade ecológica e da moda "ser verde", não temos o direito de ocupar os espaços cultiváveis com plantações para produzirem diesel e gasolina "verdes", quando esses campos são necessários para produzir trigo. Trigo (nomeadamente) não para fazer diesel "verde" mas para alimentar os esfomeados, que são centenas de milhões neste mundo "avançado" e ultra-tecnológico...
Terroristas reúnem em Lisboa

Organização classificada pela Europa fora como terrorista volta a reunir tranquilamente em Portugal onde conta fortes apoios e destacados líderes. Nos últimos tempos, a maioria dos terroristas envolvidos em ataques na Europa passaram primeiro por concentrações dos Tabligh Jamat na Mesquita de Lisboa, da CIL, presidida pelo banqueiro Abdul Vakil. Vários destes factos são referenciados nos relatórios policiais sobre os atentados de Madrid, curiosamente pouco divulgados por cá. Ver link. Registe-se que este movimento, segundo se sabe, foi vítima de uma cerrada investigação no Jornal Independente pelo jornalista Paulo Reis, à época, diz-se, com base em informações divulgadas por fontes ligadas a uma Embaixada muçulmana não sunita em Lisboa. Mais recentemente consta estar no topo das preocupações de vigilância as ligações e organização deste grupo na cidade do Porto. Curiosamente tem sido sistematicamente bloqueada, ao que se diz e sem confirmação, divulgação de notícias sobre esta matéria em órgãos da comunicação social até muito recentemente ligados ao grupo PT de Zeinal Bava. in suckandsmile.blogspot.com (Abril 25, 2008)


Seguramente, senhor Presidente!

Para Cavaco Silva, "num certo sentido, o 25 de Abril continua por realizar".

O Presidente destacou que "ainda há um longo caminho a percorrer" naquilo que o 25 de Abril continha em termos de ambição de uma sociedade mais justa, no que exigia de maior empenhamento cívico dos cidadãos, e naquilo que implicava de uma nova atitude da classe política. in ultimahora.publico.clix.pt (25.04.2008 - 12h31 Lusa)


Sim, Senhor Presidente!

Cavaco Silva fez hoje (ontem, 25 de Abril) um interessante discurso nas cerimónias oficiais das comemorações do 25 de Abril no Parlamento. Começou ele assim:

Não vou repetir o que aqui afirmei o ano passado. Apenas direi que me impressiona que muitos jovens não saibam sequer o que foi o 25 de Abril, nem o que significou para Portugal. Os mais novos, sobretudo, quando interrogados sobre o que sucedeu em 25 de Abril de 1974 produzem afirmações que surpreendem pela ignorância de quem foram os principais protagonistas, pelo total alheamento relativamente ao que era viver num regime autoritário.

Não poderia estar mais de acordo, sendo eu por deformação professor de História antes de qualquer outra coisa polivalente e generalista que me obriguem a fazer.

Continuando de forma algo incisiva, O PR interpelou os políticos presentes e responsabilizou-os pelo alheamento dos jovens em relação à política e evocou um estudo que encomendou para demonstrar como a juventude tem escassos conhecimentos sobre a vida política:

O estudo colocou aos inquiridos três perguntas muito simples: qual o número de Estados da União Europeia, quem foi o primeiro Presidente eleito após o 25 de Abril e se o Partido Socialista dispunha ou não de uma maioria absoluta no Parlamento. Pois, Senhores Deputados, metade dos jovens entre os 15 e os 19 anos e um terço dos jovens entre os 18 e os 29 anos não foi sequer capaz de responder correctamente a uma única das três perguntas colocadas. Repito: metade dos jovens entre os 15 e os 19 anos não foi capaz de responder a uma única de três perguntas simples que lhes foram colocadas. No dia em que comemoramos solenemente o 34º aniversário do 25 de Abril, numa cerimónia todos os anos repetida, somos obrigados a pensar se foi este o futuro que sonhámos.

Na transmissão televisiva a que assisti, houve um momento em que as declarações do PR foram intercaladas com um plano da nossa Ministra e do nosso ex-Ministro Santos Silva, numa insinuação visual longe de subtil.

Efectivamente, há falhas na Educação a este nível. A rapaziada realmente não tem muito interesse em saber se são 7, 27 ou 77 países na União Europeia e provavelmente pensa que o Ramalho Eanes nunca existiu ou então foi um qualquer descobridor quatrocentista. Se o PS tem maioria ou não? Who cares? in educar.wordpress.com (Abril 25, 2008)


Politicamente correcto ou a cobardia política

Há umas semanas atrás ocorreu um episódio, ou conjunto de episódios, que demonstram bem o estado geral da Democracia em Portugal. Infelizmente, penso que pouca gente deu a real importância a este acontecimento. Estou a falar da visita de Cavaco Silva, Presidente da República, à Madeira. Relembrando os factos: Cavaco Silva, como Chefe de Estado, não teve direito a sessão solene por parte da Assembleia Legislativa da Madeira, o órgão máximo de soberania regional, com a justificação do presidente do governo regional, Alberto João Jardim, de que os partidos nela representados são "um bando de loucos".
...
Voltando à democracia representativa existente e placidamente aceite, esta representa numa assembleia legislativa, a totalidade do “povo”. Ora, Alberto João Jardim, presidente de um governo regional, constantemente insulta, desvaloriza, muitas vezes até, constrange a liberdade democrática de partidos políticos opositores representados na Assembleia Legislativa da Madeira, logo, está a fazer exactamente o mesmo a quem eles representam. Num país que se diz democrático, esta condição madeirense é vergonhosa e indecorosa. Mas nada disto é novo! O que é novidade é um Presidente da República ter aceitado colocar-se numa posição de ir à Madeira e olhar para o lado e assobiar como se não fosse nada com ele… Mas é! E muito! Ele é o representante máximo da nossa República! Cavaco Silva tem responsabilidades na exigência da manutenção da democracia, responsabilidades essas que descartou em nome de um passeio sossegado pela linda ilha da Madeira.
Noutros tempos, em tempos mais honrados, teria sido o suficiente para pedirem a sua demissão… Cavaco Silva optou pelo “politicamente correcto”, mas eu digo que não, foi mesmo politicamente incorrecto, e pior que isso, foi cobarde e atraiçoou um país inteiro! in candidatoaprofessor.blogspot.com (26 de Abril de 2008, 1:37)


Na net encontram-se coisas impressionantes. Olhem só isto, isto e isto.

2008/04/25

Democracia é sem promiscuidade!
Morte ao fascismo!
34 anos depois

O meu tio, que esteve preso no Tarrafal alguns anos - e de lá saiu vivo devido aos esforços do meu avô que viajou de Vila Real até Lisboa infinitas vezes para finalmente conseguir que o regime o deixasse voltar para uma prisão-hospital, pois estava doente, como estavam todos os que foram degredados para aquele local tórrido e insuportável - o meu tio, dizia eu, quando me viu envolvido nas juventudes revolucionárias foi dos meus mais acutilantes críticos. E eu dizia: o Tarrafal fez-lhe tão mal que ficou choné da cuca e agora é de direita. Não, não ficou, nem era de direita. Percebia era que os chicos-espertos e os mediocres estavam a tomar conta do país. Por isso recusou liminarmente qualquer envolvimento partidário. Nunca ouviram falar no Nuno Bragança, pois não? O Nuno Bragança é um dos mais geniais escritores em língua portuguesa, que agora, nos tempos dos cocozinhos e das pseudo-pedagogias, está totalmente esquecido. O Nuno Bragança era católico e foi um resistente ao fascismo, ainda que se movesse por dentro do "sistema" uma vez que era funcionário público superior. Foi convidado para ocupar cargos, após o 25 de Abril. Não aceitou e nunca se meteu com os partidos políticos. Talvez porque percepcionasse que Portugal se estava a transformar num graneiro da patagem brava. Suicidou-se. Viva a Democracia! Aquela que os militares que fizeram o 25 de Abril desejavam. Aquela que nós desejamos.


Textos incompreensíveis para certos "pedagogos"

Neste texto há uma coisa bastante curiosa e talvez incompreensível para os nossos inovadores pedagógicos.

Quando se diz: «As a result, they follow a pattern in which innovations are piloted, briefly become very popular, then decline rapidly before the next new innovation appears.», aquilo que está em causa é a destruição contínua de uma tradição de ensino.

Uma escola é uma instituição que tem um tempo diferente do das empresas. Para ser eficaz, precisa de construir uma tradição de ensino (no ME já estão a vomitar com o uso da palavra ensino). Só nessa tradição pode ocorrer inovação. E esta não é para destruir a tradição, mas para a reforçar, pois uma escola é a sua própria história, que cresce com cada nova geração de alunos e de professores.

Não se pode pensar uma escola sem o conceito de tradição. Porquê? Porque a escola é a instituição que a sociedade criou para transmitir as suas tradições cognitivas, éticas, estéticas, morais e políticas. Por isso a escola não é analogável ao mercado. A troca de bens que se faz na escola não é do mesmo tipo daquele que se faz na economia. É por isso que muito do que quer o actual ME não faz sentido. Apenas destruirá a escola portuguesa, o seu «ethos» e a sua finalidade. Isto não quer dizer que escolas e professores não devam prestar contas. Devem, mas daquilo que é a sua verdadeira função: ensinar e transmitir os valores que a sociedade seleccionou e colocou no currículo. in educar.wordpress.com (comentário 8, 9:27 pm , ao post Primaries are ‘bedevilled by policy hysteria’, de 25 de Abril)


Figuras do PS criticam situação actual do país

Várias figuras do PS assinaram um documento emitido pela Associação 25 de Abril, que apela à participação no desfile do 25 de Abril e faz uma análise crítica à situação do país.

O "Apelo à Participação", divulgado ontem pela Associação 25 de Abril, conta com a assinatura de diversas figuras do PS, entre os quais Mário Soares, Manuel Alegre, Ferro Rodrigues, Almeida Santos ou Maria de Belém Roseira.

Ao longo do documento pode ler-se que "as incertezas de uma conjuntura económica, afectada pela eclosão e desenvolvimento de várias ordens de crises e, no plano interno, pela permanência dos problemas estruturais de que o país continua a padecer, fazem com que as comemorações do 25 de Abril de 2008 se processem num clima pouco desanuviado e escassamente propício à jubilação colectiva".

"Numa altura em que os diversos índices sociais e económicos continuam a remeter-nos para os últimos escalões da Europa Comunitária, não poderá haver lugar para o enfraquecimento dos serviços que cabe ao Estado assegurar", refere ainda o manifesto emitido pela Associação 25 de Abril.

Vasco Lourenço, presidente da associação, disse hoje à Lusa que o documento "não é, de maneira nenhuma", uma crítica ao Governo de Sócrates e que "cada um lê o que quiser".

"Não há crítica, nem se pretende que haja. O documento é uma análise não conjuntural, além disso, o PS faz parte da Comissão Promotora, essa especulação não faz qualquer sentido", concluiu Vasco Lourenço. (22.04.2008 - 15h13 Lusa)

2008/04/23

Dia do Livro

Livros, recomendaria muitos, mas eu próprio não sou um leitor compulsivo, apesar de ter estudado filosofia. Ou talvez por ter estudado filosofia...

Mas, assim de repente, aconselho todas as obras da Marguerite Yourcenar, porque a senhora é genial. Aconselho o Quinteto de Avinhão, de Laurence Durrel, porque é fabuloso, e do Slavoj Zizec aconselho As Metastásis do Gozo, pela sua complexidade e pertinência, assim como alguns dos textos contidos em Violência no Acto, que acho não estar traduzido para português apesar de eu estar a traduzir o título. Claro, há também The sublime object of ideology, que é quase uma obra de culto...


Concursos manipulados

Grande parte dos concursos abertos pela Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve (DRAPALG) e, de um modo geral, em toda a função pública, são concursos que, à partida, já os dirigentes sabem quem vão colocar em primeiro lugar...
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De modo que, o Papa Açordas, a bem do Serviço Público, resolveu denunciar estas manobras, tendo assim publicado em 7/Dez/2007, o resultado final de um concurso que só ia terminar daí a 4 meses, portanto, já em 2008.
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Como pode verificar pelo "post" que então publicámos, os resultados foram precisamente aqueles que indicámos, assim para:
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Dir. Serv. de Planeamento e Controle: J.P.V.S.M. - João Pedro Valadas Silva Monteiro
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Dir. Serv. Apoio e Gestão de Recursos: M.J.M.A.N. - Maria João Mendes Almeida Nabo
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Dir. Serv. Val. Amb. e Apoio à Sustent.: M.N.V.L.D. -Mário Nuno Valente Lopes Dias
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Dir. Serv. de Agricultura e Pescas: J.M.E.F. - José Manuel Entrudo Fernandes
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Como então informámos, o concurso para a Direcção de Serviços de Inovação e Competividade não foi aberto, porque o candidato oficial, Júlio Mendes Isidoro Cabrita, actual director do ex-Ifadap/IFAP, ainda não tem a respectiva lei orgânica aprovada, ficando o lugar em "alqueive" à sua espera.
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Saliente-se que este dirigente, na mudança que fez de Faro para o Patacão, "esqueceu-se" de meia dúzia de funcionários nas instalações da Rua Vasco da Gama, em Faro, aos quais não lhes é distribuído qualquer trabalho... Dentro de pouco tempo, contaremos em pormenor este caso...
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Dada a gravidade da situação, o Papa Açordas vai apresentar o caso na Procuradoria Geral da República e aos líderes parlamentares dos partidos com assento na Assembleia da República.
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Como é costume, o sr. ministro, assobia para o ar... in papaacordas.blogspot.com (22 de Abril de 2008, 9:25 )

2008/04/22

DIA DA TERRA

O Dia da Terra foi criado em 1970, pelo Senador norte-americano Gaylord Nelson, que convocou o primeiro protesto nacional contra a poluição, protesto esse coordenado a nível nacional por Denis Hayes. Esse dia conduziu à criação da Agência de Protecção Ambiental dos Estados Unidos (EPA).

A partir de 1990, o dia 22 de Abril foi adoptado mundialmente como o Dia da Terra, dando um grande impulso aos esforços de reciclagem a nível mundial e ajudando a preparar o caminho para a Cimeira do Rio (1992).

Actualmente, uma organização internacional, a Rede Dia da Terra coordena eventos e actividades a nível mundial que celebram este dia. in confagri.pt (21.04.2004)


A essência do ser periférico

Quando posso vou a récitas de óperas e concertos ao fim de semana, em Londres. O avião, se comprado com a devida antecedência, sai quase ao mesmo preço que viajar em Alfa pendular até ao Porto para ir à casa da música, por exemplo, e seguramente que o que lá vejo e ouço não poderia, exceptuando talvez os recitais de piano, ver e ouvir por estas bandas, mesmo tendo em conta as "grandes orquestras" que pelo lisbonense coliseu vão passando. É lá também que vejo a "grande arte" e compro quase toda a discografia que ainda vou adquirindo, embora já sem espaços onde a colocar. O meu espanto, quando olho para os preços dos mesmos cd's nas Fnac's em Portugal, que parece serem o local onde os ditos se podem comprar a melhor preço cá no nosso renctangulozito, só não me conduz ao estado trânsico (diferente de transido, pois transido de espanto, em Portugal, fico muito frequentemente) porque transe, transe, só mesmo o xamânico. Cá, na bela east coast os preços chegam (não vão ler mal) a 500% mais que em Londres, em alguns casos de re-edições ou compilações (pela integral dos quartetos de cordas de Shostakovitch, pelo Quarteto Borodine, lá paguei 15 libras e cá vi-a a 70 euros). Atenção portanto a essas compilações do Simon Rattle, nomeadamente, que por aí (aqui na portulândia) andam a rondar os 25/30 euros, porque lá, em London city (mais concretamente na HMV da Oxford Circus) compram-nas bem baratuchas, pois são gravações antigas. Também os triplos cd's de re-edições da Deutsch Grammophon e Phillips lá encontram-se por 6 ou 7 libras e cá vendem-nas a 25 euros... Já agora, a integral das sonatas de Mozart para piano, pela Maria João Pires, re-editadas pela Brilliant Classics, lá podem-na adquirir por 8 libras, contra os dezassete euros de cá. Quanto ao preço e programas dos concertos, vão às páginas online do Barbican, do Royal Festival Hall e da ROH e logo verão. E não têm petróleo...

2008/04/21

A todos os meus concidadãos

Tenho cinquenta e tal anos de idade, trinta e muitos dos quais como docente no ensino secundário e no ensino superior.

Fiz a Licenciatura com 16 valores, o Estágio Pedagógico com 18 e um mestrado em Ciências da Educação com Muito Bom.
Dediquei a minha vida à Escola Pública. Fui Presidente do Conselho Executivo (dois mandatos), orientador de estágio pedagógico (3 anos), delegado de grupo / coordenador de departamento (dois mandatos), Presidente do Conselho Pedagógico (um mandato) e director de turma durante vários anos.

Nos últimos tempos leccionei no ensino superior, com ligação permanente à formação de professores.Desempenhei vários cargos pedagógicos, participei em múltiplos projectos e desenvolvi dois trabalhos de elevado valor científico.
Entretanto, regressei ao ensino secundário e à minha escola de origem.
Alguns dos antigos colegas, embora mais novos do que eu e com menos tempo de serviço (compraram o tempo, explicaram-me depois) já se tinham reformado. Eu também já tinha idade, mas faltavam-me alguns meses para o tempo necessário quando mudaram as regras do jogo. E como se não bastasse a alteração dessas regras, é aprovado, entretanto, um novo estatuto para a carreira docente. E logo de seguida é aberto o concurso para professores titulares. Um concurso para uma nova categoria onde eu não tinha lugar!
Não reunia condições. Mesmo com um Mestrado em Ciências da Educação e sem ter dado uma única falta nos últimos sete anos, o meu curriculum valia, apenas, 93 pontos! Faltavam 2 pontos para o mínimo exigido a quem estivesse no 10º escalão.

Com as novas regras, o meu departamento passou a ser coordenado, a partir do presente ano lectivo, por um professor titular. Um professor que está posicionado no 8º escalão. Tem menos 15 anos de serviço do que eu. Foi meu aluno no ensino secundário e, mais tarde, meu estagiário. Fez um bacharelato com média de 10 valores e no estágio pedagógico obteve a classificação de 11 valores. Recentemente concluiu a licenciatura numa estabelecimento de ensino privado, desconhecendo a classificação obtida. É um professor que nunca exerceu qualquer cargo pedagógico, à excepção de director de turma. Nos últimos sete anos deu 84 faltas, algumas das quais para fazer 15 dias de férias na República Dominicana (o atestado médico que utilizou está arquivado na secretaria da escola, enquanto os bilhetes do avião e a factura do hotel constam de um outro processo localizável). O seu curriculum vale 84 pontos, menos 9 pontos do que o meu. Contudo, este docente foi nomeado professor titular. in gestavea-caminhando.blogspot.com (19 de Abril de 2008)


“É mentira!, é mentira!, Sra. Ministra”

Afirma, a Sra. Ministra da Educação, o seguinte:

“O que fizemos foi reestruturar, no fundo formalizámos essa diferença e os professores com mais experiência e mais competências devem assumir mais responsabilidades no interior da escola mais tempo de trabalho na escola e devem ter mais responsabilidades na avaliação e acompanhamento dos professores mais novos.” (Excerto da entrevista da Sra. Ministra da Educação ao Correio da Manhã, de 20/04/2008).

O país decente e com sentido de justiça precisa de saber que esta afirmação da Sra.Ministra da Educação prefigura, em inúmeras situações, uma mentira grosseira e um aviltamento à dignidade profissional de muitos docentes portugueses.

O Concurso que, supostamente, permitiu aferir a diferenciação qualitativa a que a Sra. Ministra se refere foi um autêntico embuste administrativo, que não avaliou nenhuma competência específica nos professores e nenhuma qualidade de desempenho, assim como não valorizou a experiência dos docentes, reduzindo-a, injustificadamente, à mera ocupação automática de cargos nos últimos sete anos lectivos, quando a média de tempo de serviço dos professores que se apresentaram ao Concurso de Acesso a Professores Titulares tinha mais de 20 anos de serviço docente efectivo.

Ao arrepio do que a Sra. Ministra afirma, a sua avaliação, consubstanciada nesse execrável Concurso, é que foi automática e discricionária, pois tomou toda a leccionação como se tivesse igual mérito (avaliação automática), não se preocupou em avaliar a qualidade e a adequação com que os cargos foram desempenhados (avaliação automática), tornando o concurso uma verdadeira lotaria que contemplou os que estavam em exercício de cargos (quantas vezes, sujeitos a rotatividade entre grupos de docência), ignorando aqueles que os desempenharam até durante mais anos, antes de 1999 (mais experiência Sra. Ministra?!…), aniquilou aqueles docentes que se procuraram qualificar e obter formações pós-graduadas, penalizou aqueles que leccionaram em níveis de ensino superiores, habituados a formar e a avaliar futuros professores (ao mesmo tempo que valorizou, vergonhosamente, docências fantasmagóricas, que não existiram, como, por exemplo, as dos Directores dos Centros de Formação), entre outras arbitrariedades indescritíveis. Octávio V Gonçalves in educar.wordpress.com, Abril 21, 2008 - Uma Entrevista Jeitosa (E Adorável)
Por uma nova ordem mundial

Não é por acaso que o insuspeito Financial Times, que é o mais importante jornal financeiro e económico do mundo, decidiu apoiar Obama. Quando poderosos bancos falem (o segundo maior banco de Inglaterra, soube-se na passada sexta-feira, está em vias disso) e pedincham apoios dos Estados, bancos esses que não hesitaram em colocar na rua milhares de famílias insolventes, vendendo-lhes de seguida as casas ao preço da chuva para minimizarem as perdas, salta aos olhos do mundo que o "liberalismo" é uma farsa. Uma instituição mundial como o Financial Times, quer cavalgar a onda e não ser apanhado por ela. O tipo de capitalismo dos chicos-espertos que o senhor Sócrates incarna (enfim... dentro da importância minimal que Portugal tem), é muito liberal para especular e maximizar os lucros, mas transfigura-se em "proteccionista" para aceitar as ofertas, indirectas, dos biliões que os governos, obviamente preocupados com o sistema que eles próprios materializam, lhe injectam. Obama está atento a esta insofismável realidade, e o grande capital, o capital que manda, nomeadamente a última geração de capitalistas que actualmente cavalgam, muitos com sinceridade, a onda do "ético" e do "verde", percebe a necessidade de encontrarem alguém que encarne os novos tempos. Tempos em que a informação corre mais depressa que as jogadas políticas e económicas de bastidores, lhes trocam as voltas e as arruinam. Por também acharmos que Obama é o único candidato a presidente dos EUA que encarna o "espírito do tempo", do nosso tempo, e porque os Estados Unidos e as suas políticas são importantes demais para poderem ser ignorados/as e são fundamentais para a instauração de uma nova ordem mundial, mais justa e mais eficaz, este blog identifica-se e apoia a candidatura de Barack Obama e apela aos seus leitores residentes nos EUA, e outros leitores em condições de votarem nas eleições presidenciais dos EUA, que participem na campanha para levar Obama à presidência dos Estados Unidos da América.

JOHNSTOWN, Pennsylvanie (Reuters) - Barack Obama, candidat à l'investiture démocrate pour la présidentielle de novembre aux Etats-Unis, a reçu dimanche le soutien du Financial Times, à l'avant veille de la primaire potentiellement décisive de Pennsylvanie. (imagem: Copyright © 2008 Reuters)

2008/04/19

Mais um caso residual

Um rapaz de 12 anos apertou o pescoço a uma professora, em Castanheira de Pera, depois de a docente o ter advertido.

Um rapaz de 12 anos apertou o pescoço a uma professora de Matemática na escola Bissaya Barreto, em Castanheira de Pêra, depois de a docente o ter advertido para parar de dar pontapés numa porta.

De acordo com uma fonte da escola básica do segundo e terceiro ciclo Bissaya Barreto, o incidente ocorreu cerca das 13:10 horas de quinta-feira, 17 de Abril, quando a docente de matemática foi para a sala dar uma aula de substituição de informática.

O aluno foi advertido porque estava a pontapear uma porta, disse a fonte.

A professora advertiu o jovem, que provém de uma família desestruturada e apresenta sinais de hiperactividade, e este reagiu apertando-lhe o pescoço, injuriando-a e tentando dar-lhe um pontapé na face.

Segundo António Alves, presidente do Conselho Executivo, o caso foi já sinalizado pela direcção mas falta ainda o relatório da professora.

“Houve qualquer coisa mas só me posso pronunciar depois de ter a exposição da professora”, disse o mesmo responsável, embora salientando que se trata de um “aluno difícil”.

No entanto, António Alves não esclareceu se o aluno irá ser punido disciplinarmente, tudo dependendo do relatório da docente.

Fonte da GNR confirmou a ocorrência mas negou que tenha sido apresentado qualquer queixa por parte da docente, que não teve de receber assistência médica. in http://www.noticiasdocentro.net/artigo.php?ArtID=3719

Exactamente como foi previsto há 60 anos…

É uma questão de História lembrar que, quando o Supremo Comandante das Forças aliadas (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, etc.), General Eisenhower, encontrou as vítimas dos campos de concentração, ordenou que fosse feito o maior número possível de fotos, e fez com que os alemães das cidades vizinhas fossem guiados até aqueles campos e até mesmo enterrassem os mortos.

E o motivo, ele assim explanou: "Que se tenha o máximo de documentação - façam filmes - gravem testemunhos - porque, em algum ponto ao longo da história, algum idiota se erguerá e dirá que isto nunca aconteceu".

'Tudo o que é necessário para o triunfo do mal, é que os homens de bem nada façam'. (Edmund Burke)

Relembrando:

O Reino Unido removeu o Holocausto dos seus currículos escolares porque 'ofendia' a população muçulmana, que afirma que o Holocausto nunca aconteceu...

Este é um presságio assustador sobre o medo que está atingindo o mundo, e o quão facilmente cada país está se deixando levar.

Estamos há mais de 60 anos do término da Segunda Guerra Mundial.

Este email está sendo enviado como uma corrente, em memória dos 6 milhões de judeus, 20 milhões de russos, 10 milhões de cristãos, e 1900 padres católicos que foram assassinados, massacrados, violentados, queimados, mortos à fome e humilhados, enquanto Alemanha e Rússia olhavam em outras direcções.

Agora, mais do que nunca, com o Irão, entre outros, sustentando que o 'Holocausto é um mito', torna-se imperativo fazer com que o mundo jamais esqueça. (em e-mail enviado por leitora)

2008/04/17

Muito obrigada, senhores!

2008/04/15

Helsinki Festival 15 – 31 August 2008

40 YEARS OF ART FOR ALL

This year's Helsinki Festival programme whisks festival goers back to 1968. A free concert at the Senate Square and a big top circus mark the Festival's 40th anniversary. Artists from Sweden to Nigeria and India to Israel will be performing at the Huvila Festival Tent. A stellar line up of classical music stars take over at Finlandia Hall and Björk will be headlining the anniversary concert on 10 July.

”We are timetravelling back to 1968 and taking a glimpse into the future by showcasing some of the work being done in the field of art education. Venezuela's Simón Bolívar Youth Orchestra is a truly excellent example of the power of music and the future.” says Risto Nieminen, Helsinki Festival Director.

Circus magic, powerful dance and European theatre

The French new circus troupe Cirque Plume will be pitching its 1,000 capacity big top – and caravans - at the Hietaniemi seafront. The Festival's theatre programme kicks off with The Sound of Silence, a play set in 1968, by the Latvian Alvis Hermanis. Co-operation with the Korjaamo Culture Factory continues in the form of the Stage Theatre Festival. Eleven new works from around Europe will be staged at the recently renovated Korjaamo venue.

Joining the dance programme line-up is the Cullberg Ballet, a company that counted among the performers at the first ever Helsinki Festival. Tero Saarinen Company's Next of Kin will receive its Finnish debut and Eeva Muilu's Something Somewhere will be seen in Helsinki for the first time. ”Dave St-Pierre, the contemporary dance wunderkind, will be mindblowing, utterly unforgettable”, promises Kenneth Kvarnström, Helsinki Festival Artistic Advisor on dance.

Classical music, Venezuelan charm and rare treats

Helsinki Festival introduces the Simón Bolívar Youth Orchestra, led by conducting sensation Gustavo Dudamel, on the orchestra's first visit to the Nordic countries. A concert performance of Leo‰ Janáãek's rarely seen From the House of the Dead will be conducted by Esa-Pekka Salonen. Other rarities are to include a visit by the Belgian conductor Philippe Herreweghe and Juha Uusitalo's Lied debut with Schubert's Winterreise.

Receiving its world premiere at the Festival is Veli-Matti Puumala's new Finnish opera, Anna-Liisa. A classical music anniversary concert will pay tribute to the vitality of Finnish music. Conducted by Sakari Oramo, the concert will feature Einojuhani Rautavaara's Anadyomede, commissioned by the Festival in 1968 and, in keeping with Festival tradition, the Sibelius violin concerto, performed by Elina Vähälä.

World music, powerful voices and village atmosphere at the Huvila Festival Tent

The Huvial Festival Tent will feature music from afrobeat to fado, from ska punk to schlager and from traditional Indian to rock. Launching the Huvila programme are Sweden's charismatic stars Eva Dahlgren and Peter Jöback. The following two nights will groove to an African beat – with Seun Kuti & Egypt '80 serving up energetic afro-funk and the sensuous Rokia Traoré enchanting the audience with her guitar.

Grammy winners The Klezmatics will be performing a set dedicated to the music of Woodie Guthrie. Also taking to the Huvila stage are Fado princess Ana Moura, the flamenco-influenced Estrella Morente and ladino songstress Yasmin Levy. Guitar legend Richard Thompson makes his debut appearance in Finland and the Russian Leningrad will rock the venue with their ska-punk madness.

The Indian Bombay Jayashri and the Avanti! orchestra conducted by John Storgårds are to perform Eero Hämeenniemi's Rain and the Red Earth. Eero Koivistoinen's Valtakunta album from 1968 makes a return, providing the perfect accompaniment to the literary delights on offer at the Night of the Living Poets.

Finnish dance venue favourite, Yölintu, will be driving the audience wild at Huvila's traditional Saturday-night dance. Finnish rock legend Kauko Röyhkä will be joined on stage by Riku Mattila and the Mikkeli City Orchestra. Huvila's Family day creates a village shindig atmosphere – as the young musicians of the Näppärit ensemble from Kaustinen strike up their instruments.

Urban events and cinema

The premiere of Peter von Bagh's city symphony Helsinki, forever kicks off the Helsinki Festival film programme. Free, open-air cinema will again be shown at the Kinopiha square and Orion cinema will screen the entire oeuvre of the Italian Michelangelo Antonioni (1912–2007).

The Night of the Arts takes over Helsinki on Friday 22 August. The largest of the hundreds of events taking place around the city is the free concert at the Senate Square, whisking the audience back to 1968.

Flow Festival will be showcasing urban music at the Suvilahti power plant on 15-17 August and the Poetry Moon will again weave its magic in the city on 16-22 August. Viapori Jazz kicks off at Suomenlinna island on 27-30 August and Art goes Kapakka offers cultural refreshments on 14-23 August.

Special guests Björk, the Berlin Philharmonic and Radu Lupu.

This year, Helsinki Festival gets a head start with a 40th anniversary music extravaganza. The Romanian poet of the piano, Radu Lupu will enchant audiences at the Finlandia Hall on 21 April and the Berlin Philharmonic, conducted by Sir Simon Rattle, will perform in Helsinki on 5 May. Icelandic pop princess Björk will be giving an open-air concert at the Finlandia Park on 10 July.

Tickets sales to start immediately – Baltic Sea still in Festival focus.

Helsinki Festival ticket sales start at noon on Tuesday 15 April at the Lippupiste box office, tel: +358 (0)600 900 900 (e1.50/min+lnc), open 7am to 10pm daily. By donating a e2 supplement, paid directly to the WWF, festival goers can help to conserve the Baltic Sea. In 2007, a total of 2275 Helsinki Festival visitors took action to protect this fragile marine habitat.

Helsinki Festival is brought to you in co-operation with:
-Partners: Helsinki Sanomat, Kemira, S-Group
-Sponsors: Accenture, Eastway, Elisa, Helsingin OP and Taloussanomat

Further information:
- www.helsinkifestival.fi
- Maarit Kivistö, Press Officer

2008/04/12

Música por um canudo

Quero pedir desculpa às/aos leitor@s que cá vêm pela música, mas devo dizer que exceptuando os festivais internacionais de Verão - que é do melhor (claro!) mas, infelizmente, já decidi que nas próximas férias de Verão não vou andar de festival em festival porque quero fazer outras coisas - e os auditórios e orquestras de outros países que me oferecem convites mas onde raramente tenho a possibilidade de me deslocar quando acontecem os eventos que me interessam (aqueles bilhetes para concertos em Londres, para oferecer, que aqui foram anunciados foram devidos exactamente à impossibilidade de me deslocar naquelas datas), e como as instituições portuguesas deixaram de me dar convites (sem ser por opção vivo em Portugal...), o resultado é que não tenho sobre o que escrever. Por um lado é um alívio pois assim só escrevo sobre coisas que valem mesmo a pena (quando tenho a possibilidade de me deslocar a elas...). Mas, evidentemente, perco outras que também valem, e muito, a pena. Veja-se o caso do pianista Christian Zimmermann que é um dos mais geniais da actualidade: bilhetes na Casa da Música a 15 (exacto, quinze!) euros. Tinha convites mas até pagava os 15 euros de boa vontade. Não pude ir ao Porto naquele dia! Foi há um ou dois anos. Este ano voltou à Gulbenkian, instituição que tem petróleo e não necessita para nada do dinheiro que cobra pelas entradas dos concertos. Preço do bilhete para o balcão: 40 euros (na plateia alguns 70)! Como deixaram de me dar convites há cerca de 3 anos nem equacionei tenuamente a hipótese de pagar os 40 euros. Talvez apareça um fim de semana que o pianista vá dar um recital a Londres, para onde se viaja (de avião, claro!) ao mesmo preço que de Lisboa para o Porto em Alfa Pendular, Londres onde permanentemente acontecem exposições de arte de importância mundial (para além das galerias e museus cujas exposições permanentes são de entrada gratuíta), lá os preços dos bilhetes, no Barbican ou no Royal Festival Hall, começam em 9 libras (por vezes menos, quando é a BPO ou a WP um pouco mais) e todos os lugares têm boa condição acústica, independentemente de custarem 9 ou 80 libras. Um dia estava eu à espera do início de uma ópera na English National Opera, onde me ofereciam convites, e comecei a dar uma vista de olhos ao programa. Não sei porquê fui ver a lista dos sponsors. E não é que entre os principais, aqueles que dão milhões, estava a Fundação Calouste Gulbenkian, exactamente a mesma instituição que, por sair muito cara, acabou com a única companhia portuguesa com grande expressão mundial, o Ballet Gulbenkian? Claro que mandei "a boca" aqui, neste blog. Na temporada seguinte no invitations. Ele há coisas...

Nota: aos amantes do Jazz recomendo Jazz e Arredores

2008/04/11

O nojo

Se a acção política e os contratos públicos fossem transparentes e escrutináveis, metade desta suspeição sobre a classe política esfumava-se. E metade dos ex-ministros perdia o emprego. in Jornal de Negócios, 11 Abril 2008, pag 3


Perseguição de bispos na Amazónia

Para D. Erwin, as ameaças prendem-se com o seu empenhamento em defesa da Amazónia, dos povos indígenas e contra a destruição da floresta. Outra razão que apontou é a sua posição firme contra a implantação da hidroeléctrica Belo Monte na região. in Meia Hora, 11 Abril 2008, pag 8

2008/04/10

Dona Maria deu aulas no ensino básico


Mais 3 casos residuais

Fazem a manchete de hoje do JN mas para a ME são, obviamente, amendoins: em Bragança duas agressões de alun@s a professor@s. Na Figueira da Foz uma aluna foi pontapeada na cabeça por cinco colegas.

Centrudo bloco central

Já tínhamos assistido à situação em que o ministro que negoceia uma concessão, onde inclui, vá-se lá saber porquê, uma "clausulazinha" de exclusividade sobre as travessias do Tejo com a Lusoponte, verdadeira privatização do Tejo, se torna Presidente desta mesma empresa uns anos depois. Assistimos agora a outro ministro, de outro Governo, a fazer o mesmo. Jorge Coelho vai para a Mota-Engil, uma das construtoras com maiores interesses nas actuais concessões de auto-estradas, algumas delas assinadas pelo próprio Jorge Coelho... Helena Pinto in Meia Hora, 10 Abril 2008, pag 6

2008/04/09

Foram pedidas, aviadas serão

Para o ano há um dilema, variados aliás. Só falta mesmo é saber quem vai papar a maior tranche da chichinha do gorducho capuchinho.


Olhó Recria!

Ali para os lados da Pc Luis de Camões, em Lisboa, um fabuloso prédio pombalino foi todinho remodelado com o lindo dinheirinho do Recria. Quando para a Junta (de Freguesia) se ligava, respondiam que só se podiam candidatar áquelas ricas casinhas quem na dita (junta) fosse nado. E assim foi! O filho da junta, digo, filho do presidente da junta, amiguitos e primitos, todos nados e criados naquelas paralelipipadas ruas por onde o Pessoa se passou, digo, passeou. Um belo dia passando e vendo um bonito placard, onde se lia "Vendo", dá-me o telemóbel já (expressão protegida por copyright), assim pedi o aparato celular. Quanto custa, perguntei. Num instante responderam: quatrocentos e trinta mil dele já!




(imagem do capuchinho extraída de wehavekaosinthegarden.blogspot.com)

2008/04/08

Vive la France!

À passagem pela Assembleia Nacional (Paris), perto de 40 deputados de todos os partidos políticos interromperam os trabalhos e manifestaram-se em defesa do Tibete. in Metro-Portugal, 8 Abril 2008, pag 6

O presidente do Comité Olímpico Português... avançou... desde Pequim que a Associação dos Comités Olímpicos Nacionais (portugueses concerteza) estava prestes a aprovar, por unanimidade, uma declaração contra o boicote aos Jogos. in Meia Hora, 8 Abril 2008, pag 8 (parêntises nossos)

Pois... Há-de haver sempre um grupo de Lusos que se colocarão ao lado dos corruptos e dos repressores. É o fado!

Não compres Made in China

A China tem um crescimento económico brutal... Mas quem compra os produtos fabricados na China, por enquanto, somos nós. Os chineses ricos, os que podem comprar marcas ocidentais, sinal de prosperidade e "moda", preferem-nas fabricadas no Ocidente... Não compremos os Made in China. São muitos e variados. Não são só, nem essencialmente, aqueles que se compram nas lojas dos chineses. Debaixo de uma conhecida marca ocidental esconde-se frequentemente um Made in China. Se os recusarmos, as marcas escolherão outros países para produzirem os seus produtos. Simplex!

2008/04/07

Sócrates em Inglaterra

José Sócrates visita a Inglaterra e vai jantar com a rainha.

Às tantas, pergunta:

- Vossa majestade, a senhora impressiona-me. Como pode estar sempre cercada de gente inteligente? Como é que a senhora faz?

Ela responde:

- É muito simples. Eu deixo-os sempre em alerta. Faço um teste de QI regularmente, só para ver se a inteligência deles ainda está bem viva.

Sócrates, surpreendido:

- E como é que a senhora faz isso?

A rainha concorda em mostrar um exemplo. Pega no telefone e liga ao Tony Blair:

- Bom dia, Tony. Tenho um pequeno teste para ti…

Tony, todo educado:

- Bom dia, Majestade. Tudo bem. Estou pronto para o teste. Pode perguntar.

- Muito bem, Tony. O teste é o seguinte:

“é filho do teu pai e da tua mãe, mas não é teu irmão nem tua irmã. Quem é?”

- Muito simples, Majestade. Sou eu mesmo…

- Bravo, Tony. Como sempre, inteligente. Até à próxima.

Sócrates fica impressionadíssimo. De volta a Portugal, decide pôr em prática a técnica que aprendeu com a rainha. Telefona à ministra da educação Maria de Lurdes Rodrigues e pergunta:

- Maria, é o Sócrates, companheira. Tenho aqui um pequeno teste de inteligência para ti.

- Tudo bem, pergunta.

- É o seguinte: é filho da tua mãe e do teu pai, mas não é teu irmão nem tua irmã. Quem é?

- Ah, Sócrates, eu não esperava um teste assim, de repente. Tenho que pensar alguns minutos. Telefono-te depois, ok?

- Sem problemas. Até logo.

Ela de seguida liga para o Cavaco Silva, já que ele tem fama de inteligente. Faz a mesma pergunta que lhe foi feita, ao que o Cavaco responde:

- Ora bolas Maria, sou eu mesmo, como é óbvio!…

- Muito bem, perfeito, Cavaco! Obrigado. E volta a ligar ao Sócrates:

- Sócrates, podes repetir a tua pergunta, por favor? Creio que tenho a resposta.

- Muito bem: é filho da tua mãe e do teu pai, mas não é teu irmão nem tua irmã. Quem é?

E a ministra da educação, vitoriosa:

- Simples!!! Ora bolas, é o Cavaco Silva!!!

- Não, estúpida!!! Tens que treinar mais!!! É o Tony Blair!!! in http://educar.wordpress.com (Abril 8, 2008, comentário 8 ao post "Despachando")

O Emplastro
BOYS and JOBS

ERSE – ENTIDADE REGULADORA DOS SERVIÇOS ENERGÉTICOS

Tutelado pelo Ministério da Economia, tem 63 colaboradores. O orçamento de 2008, é de 8,1 milhões de euros, e o Conselho de Administração é nomeado por um período de cinco anos, renovável uma vez. Tal como acontece na Anacom, o salário mensal do Presidente da Erse, Vitor Martins, é de 16.300,00 euros mensais. (Expresso 08/03/2008)

ANACOM – AUTORIDADE NACIONAL DE COMUNICAÇOES

Teve um orçamento de 60,7 milhões de euros em 2007, e emprega 400 pessoas.

Dedica-se à supervisão e fiscalização no terreno do sector das comunicações. É tutelado pelo ministério da obras públicas. O mandato do conselho de adminstração dura cinco anos, e não é renovável. O vencimento mensal bruto do Presidente, Amado da Silva, é de 16.300,00 euros mensais, equivalente ao vice-governador do Banco de Portugal.

COMISSÃO DO MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS

São 163 os trabalhadores. A polícia da bolsa, é responsável pela supervisão e regulação dos emitentes, auditores, intermediários financeiros e fundos, tem um orçamento para 2008 de 19,8 milhões de euros. O Presidente, Carlos Tavares, teve um rendimento anual de 236,9 mil euros.

Rede Eléctrica Nacional

Recebi juntamente com o jornal que adquiro diariamente, um exemplar do Relatório e Contas - 2006 - da REN - Redes Energéticas Nacionais... que brevemente avaliei e com especial interesse... as remunerações dos membros do Conselho de Administração. Para o efeito (e os dados são publicitados como manda a Lei), de pg.s 127/8 podem retirar-se as seguintes conclusões:

1 Presidente Eng.º José Penedos (Partido Socialista)
4 Vogais (Vítor Baptista, Aníbal Santos, Henrique Gomes e Soares de Pinho)
Remunerações (anuais) do Presidente :
"Venc. base" 272 658
Plano comp. de reforma 45 443
Subs. alimentação 2 238
Desp. representação 8 529
Total geral = 328 868 (Euros)
Média mensal = 27 405 (Euros) «» 5 495 contos !
Remunerações (anuais ) de cada um dos 4 Vogais):
"Venc. base" 172 205
Plano comp. de reforma 28 701
Subs. alimentação 2 238
Desp. representação 8 529
Total geral = 211 673 (Euros)
Média mensal = 17 639 (Euros) «» 3 536 contos

Complementarmente...

"O Presidente e os Vogais têm direito à utilização de viatura da empresa, com um plafond de 75 mil euros e 65 mil euros, respectivamente, em relação ao qual não beneficiam do direito de opção de compra, nos termos da Resolução do Conselho de Ministros n.º 121/2005."

Presidente da Ren - vencimento anual = 328.868,00

4 vogais da administração = 211.673,00 x 4 = 846.692,00

TOTAL ANUAL = 1.175.560,00 EUROS

BANCO DE PORTUGAL

O Conselho de Administração do Banco de Portugal, composto por seis membros, que auferem salários anuais de 1,596 milhões de euros anuais (uma média de 266 mil euros por ano).

A este valor médio de 266.000,00 euros por ano, acresce: cartão de crédito para despesas de representação, telemóveis, viagens, carro topo de gama com motorista e segurança privada a tempo integral, etc, etc, etc. A estas benesses, acresce também o facto destes senhores, no fim do mandato no Banco de Portugal, terem "direito" a uma pensão de reforma integral (mesmo que só tenham passado 4 ou 5 anos no cargo).

Agora vamos aos nomes e salários:

Vitor Constâncio

Rendimentos em 2006 – 282.191,00 euros

José Agostinho Martins de Matos

Rendimentos em 2005 – 244.536,00 euros

Pedro Duarte Neves

Rendimentos em 2006 – 254.586,00 euros

Jose Silveira Godinho

Rendimentos em 2005 – 364.184,00 euros (Salário Administrador Banco de Portugal + pensão Banco de Portugal de 139.550,00 euros).

Manuel Sousa Sebastião

Rendimentos em 2006 – 226.081,00 euros

Vitor Manuel Pessoa

Rendimentos em 2006 – 225.240,00 euros (salario Salário Administrador Banco de Portugal + pensão de 30.101,00 euros )

Em comparação com outros países, temos que na América (EUA), o Presidente da Federal Reserve Board - Ben Shalom Bernanke, que tem formação académica na Universidade de Havard, Massachussets Institute de Stanford, New York University, Princeton Universit, entre outras, ganha 126.938,80 euros anuais.

Tutelado pelo Ministério das Finanças, o Banco de Portugal tem 1687 trabalhadores. O Banco de Portugal é responsável pela regulação e supervisão das instituições financeiras, e não divulgou o orçamento que teve em 2007, nem tampouco o que tem para 2008. Expresso 08/03/2008 (texto em e-mail enviado por um leitor, sem identificação da fonte, editado pelo autor do blog)


OS REFORMADOS DA POLÍTICA

* Fernando Nogueira, Ministro da Presidência, Justiça e Defesa (governos de Cavaco Silva) / agora - Presidente do BCP Angola.

* José de Oliveira e Costa, Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais (governos de Cavaco Silva) / agora - ex-Presidente do Banco Português de Negócios (BPN)

* Rui Machete, Ministro dos Assuntos Sociais / agora - Presidente do Conselho Superior do BPN + Presidente do Conselho Executivo da FLAD

* Armando Vara, Ministro adjunto do Primeiro Ministro / agora - Vice-Presidente do BCP, antes foi Administrador da CGD com 20.000,00 euros por mês.

* Paulo Teixeira Pinto, Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros (governos de Cavaco Silva) / ex-Presidente do BCP (Saiu com 10 milhões de indemnização e mais 35.000€ x 15 meses por ano até morrer…)

* António Vitorino, Ministro da Presidência e da Defesa / agora - Vice-Presidente da PT Internacional - Presidente da Assembleia Geral do Santander Totta (e ainda umas "patacas" como comentador RTP).

* Celeste Cardona, Ministra da Justiça / agora - Vogal do Conselho de Administração da CGD, com um salário mensal de 17.000,00 euros.

* José Silveira Godinho, Secretário de Estado das Finanças / agora - Administrador do BES.

* João de Deus Pinheiro, Ministro da Educação e Negócios Estrangeiros de Cavaco Silva / agora - Vogal do CA do Banco Privado Português (entre outros cargos e funções)

* Elias da Costa, Secretário de Estado da Construção e Habitação / agora - Vogal do CA do BES.

* Ferreira do Amaral, Ministro das Obras Públicas de Cavaco Silva (foi quem entregou todas as pontes a jusante de Vila Franca de Xira à Lusoponte) / agora - Presidente da Lusoponte, com quem se tem de renegociar o contrato da nova ponte sobre o Tejo.

* Manuela Ferreira Leite, Ministra da Economia / agora no Banco de Portugal. (idem)

Nota: esta lista está desactualizada. O Jornal de Negócios de 11 Abril de 2008 traz uma lista actualizada, na pag 6 e seguintes.

Por precaução e por causa dos milhares de manifestantes anti-China espalhados pelas ruas da capital francesa por onde a chama vai passar, a polícia decidiu guardar a tocha dentro de um autocarro.

Por momentos chegou a pensar-se que a chama tinha sido apagada, mas não acabou por ser. Minutos depois e à saída de um dos muitos túneis de Paris, a tocha já seguia nas mãos de um outro atleta, mas não foi por muito tempo. A tocha olímpica voltou a entrar para o autocarro.

Nas ruas de Paris estão mais de três mil polícias. Nos céus da cidade vários helicópteros acompanham todo o percurso bem como várias patrulhas no rio Sena. in www.tvi.iol.pt (2008-04-07 13:34)

Nota: segundo o Meia-Hora de 8 de Abril, a chama olímpica dos chineses - na sua passagem por Paris - foi apagada 3 vezes, antes de viajar em bus.

2008/04/06


Imagem de um governante português

Natural de Penamacor, Valter Lemos tem 51 anos, é casado e possui uma licenciatura em Biologia: até aqui nada a apontar. Os problemas surgem com o curriculum vitae subsequente. Suponho que ao abrigo do acordo que levou vários portugueses a especializarem-se em Ciências da Educação nos EUA, obteve o grau de mestre em Educação pela Boston University. A instituição não tem o prestígio da vizinha Harvard, mas adiante. O facto é ter Valter Lemos regressado com um diploma na "ciência" que, por esse mundo fora, tem liquidado as escolas. Foi professor do ensino secundário até se aperceber não ser a sala de aula o seu habitat natural, pelo que passou a formador de formadores, consultor de "projectos e missões do Ministério da Educação" e, entre 1985 e 1990, a professor adjunto da Escola Superior do Instituto Politécnico de Castelo Branco.

Em meados da década de 1990, a sua carreira disparou: hoje, ostenta o pomposo título de professor-coordenador, o que, não sendo doutorado, faz pensar que a elevação académica foi política ou administrativamente motivada; depois de eleito presidente do conselho científico da escola onde leccionava, em 1996 seria nomeado seu presidente, cargo que exerceu até 2005, data em que entrou para o Governo. Estava eu sossegadamente a ler o Despacho ministerial nº 11 529/2005, no Diário da República, quando notei uma curiosidade. Ao delegar poderes em Valter Lemos, o texto legal trata-o por "doutor", título que só pode ser atribuído a quem concluiu um doutoramento, coisa que não aparece mencionada no seu curriculum. Estranhei, como estranhei que a presidência de um politécnico pudesse ser ocupada por um não doutorado, mas não reputo estes factos importantes. Aquando da polémica sobre o título de engenheiro atribuído a José Sócrates, defendi que os títulos académicos nada diziam sobre a competência política: o que importa é saber se mentiram ou não.

Deixemos isto de lado, a fim de analisar a carreira política do sr. secretário de Estado. Em 2002 e 2005, foi eleito deputado à Assembleia da República, como independente, nas listas do Partido Socialista. Nunca lá pôs os pés, uma vez que a função de direcção de um politécnico é incompatível com a de representante da nação. A sua vida política limita-se, por conseguinte, à presidência de uma assembleia municipal (a de Castelo Branco) e à passagem, ao que parece tumultuosa, pela Câmara de Penamacor, onde terá sofrido o vexame de quase ter perdido o mandato de vereador por excesso de faltas injustificadas, o que só não aconteceu por o assunto ter sido resolvido pela promulgação de uma nova lei.
...
Chegada aqui, deparei-me com uma problema: como saber o que pensa do mundo este senhor? Depois de buscas por caves e esconsos, descobri um livro seu, O Critério do Sucesso: Técnicas de Avaliação da Aprendizagem. Publicado em 1986, teve seis edições, o que pressupõe ter sido o mesmo aconselhado como leitura em vários cursos de Ciências da Educação. Logo na primeira página, notei que S. Excia era um lírico. Eis a epígrafe escolhida: "Quem mais conhece melhor ama." Afirmava seguidamente que, após a sua experiência como formador de professores, descobrira que estes não davam a devida importância ao rigor na "medição" da aprendizagem. Daí que tivesse decidido determinar a forma correcta como o docente deveria julgar os estudantes. Qualquer regra de bom senso é abandonada, a fim de dar lugar a normas pseudocientíficas, expressas num quadrado encimado por termos como "skill cognitivos".

Navegando na maré pedagógica que tem avassalado as escolas, apresenta depois várias "grelhas de análise". Entre outras coisas, o docente teria de analisar se o aluno "interrompe o professor", se "não cumpre as tarefas em grupo" e se "ajuda os colegas".

Apenas para dar um gostinho da sua linguagem, eis o que diz no subcapítulo "Diferencialidade": "Após a aplicação do teste e da sua correcção deverá, sempre que possível, ser realizado um trabalho que designamos por análise de itens e que consiste em determinar o índice de discriminação, [sic para a vírgula] e o grau de dificuldade, bem como a análise dos erros e omissões dos alunos. Trata-se portanto, [sic de novo] de determinar as características de diferencialidade do teste." Na página seguinte, dá-nos a fórmula para o cálculo do tal "índice de dificuldade e o de discriminação de cada item". É ela a seguinte: Df= (M+P)/N em que Df significa grau de dificuldade, N o número total de alunos de ambos os grupos, M o número de alunos do grupo melhor que responderam erradamente e P o número de alunos do grupo pior que responderam erradamente.

O mais interessante vem no final, quando o actual secretário de Estado lamenta a existência de professores que criticam os programas como sendo grandes demais ou desadequados ao nível etário dos alunos. Na sua opinião, "tais afirmações escondem muitas vezes, [sic mais uma vez] verdades aparentemente óbvias e outras vezes "desculpas de mau pagador", sendo difícil apoiá-las ou contradizê-las por não existir avaliação de programas em Portugal". Para ele, a experiência dos milhares de professores que, por esse país fora, têm de aplicar, com esforço sobre-humano, os programas que o ministério inventa não tem importância.

Não contente com a desvalorização do trabalho dos docentes, S. Excia decide bater-lhes: "Em certas escolas, após o fim das actividades lectivas, ouvem-se, por vezes, os professores dizer que lhes foi marcado serviço de estatística. Isto é dito com ar de quem tem, contra a sua vontade, de ir desempenhar mais uma tarefa burocrática que nada lhe diz. Ora, tal trabalho, [sic de novo] não deve ser de modo nenhum somente um trabalho de estatística, mas sim um verdadeiro trabalho de investigação, usando a avaliação institucional e programática do ano findo." O sábio pedagógico-burocrático dixit.

O que sobressai deste arrazoado é a convicção de que os professores deveriam ser meros autómatos destinados a aplicar regras. Com responsáveis destes à frente do Ministério da Educação, não admira que, em Portugal, a taxa de insucesso escolar seja a mais elevada da Europa. Valter Lemos reúne o pior de três mundos: o universo dos pedagogos que, provindo das chamadas "ciências exactas", não têm uma ideia do que sejam as humanidades, o mundo totalitário criado pelas Ciências da Educação e a nomenklatura tecnocrática que rodeia o primeiro-ministro. Maria Filomena Mónica (em e-mail enviado por leitor sem indicação da fonte)



Londres, 06 Abr (Lusa) - A polícia inglesa deteve hoje 36 pessoas que tentaram perturbar a passagem da chama olímpica por Londres enquanto protestavam contra a alegada repressão no Tibete pela China, país anfitrião dos Jogos Olímpicos em 2008.

Um dos manifestantes mais audazes tentou apagar a chama, transportada desde a cidade grega de Atenas, com um extintor, tendo sido rapidamente impedido pela polícia.

Outro tentou arrancar a tocha da mão da apresentadora de televisão Konnie Huq e chegou a segurá-la durante alguns segundos, até ser arrastado e imobilizado para que a marcha continuasse.

Os incidentes registaram-se ao longo dos cerca de 48 kilómetros que a chama percorreu desde o estádio nacional de Wimbledon, no norte da cidade, à O2 Arena, no sul, onde chegou perto das 18:00 horas.

Milhares de manifestantes pró-tibete aproveitaram a ocasião para protestar contra a China, que organiza este ano os Jogos Olímpicos em Pequim, e a forma como lidou com os recentes tumultos na capital tibetana, Lassa.
...
Pelo menos dois mil polícias foram alocados para proteger a chama olímpica e os intervenientes duraste os 48 kilómetros do percurso, numa operação com um custo estimado em um milhão de libras (1,27 milhões de euros). Lusa, 2008-04-06 19:55:02


O ovo e a serpente

São as grandes e poderosas sociedades de advogados que tecem, em Portugal, as intrincadas teias da legislação. Assim, as leis mais relevantes, as que definem quem ganha as grandes fortunas, são concebidas fora do sistema legislativo, naqueles gabinetes. O Governo e o Parlamento limitam-se a subscrevê-las. A regulamentação da actividade financeira, do urbanismo e ordenamento do território, as concessões de pontes e auto-estradas, estão assim longe do controlo democrático.

A alegada complexidade de algumas áreas legislativas é o pretexto para a contratação de jurisconsultos e sociedades de advogados, constituídas por deputados, antigos, actuais e futuros membros do Governo. Em funções públicas, declaram-se incapazes, mas contratam-se a si mesmos, enquanto privados.

São assim requisitados serviços jurídicos a troco de centenas de milhar de euros, através de contratos que não são alvo de concurso ou controlo. O resultado são leis extensas, complexas e confusas. Desta forma, tais sociedades garantem e cativam o aliciante mercado dos pareceres jurídicos: ser-lhes-ão contratados ‘ad eternum’ esclarecimentos sobre as leis indecifráveis que eles próprios engendraram. Por último, vão ainda oferecer às empresas os seus préstimos; pois, melhor do que ninguém conhecem as lacunas da lei, que podem beneficiar os privados e os seus negócios. A serpente, o veneno e o antídoto saem todos do mesmo ovo.

Houve tempos em que os poderosos subornavam governantes para introduzir uma vírgula numa lei, como então denunciava a jornalista Sanches Osório. Ainda hoje há casos extremos em os governos recebem ordens directas das empresas sobre como legislar, como ocorreu com o Casino Lisboa. Mas, mais grave, é que de forma sistemática este tráfico de influências acabou institucionalizado por sociedades de advogados que confundem interesse público com os interesses particulares dos seus clientes.

Por cá, já não é ‘a ocasião que faz o ladrão’. É cada ladrão que faz a sua própria ocasião. Paulo Morais in Correio da Manhã, 06/04/2008


Corrupção?! Onde?

Para Jorge Coelho, como para muitos gestores e ex-políticos, a passagem do público para o privado é um acto natural. Do conjunto de administradores das empresas do PSI 20, 10% já passaram por um ou mais governos. Alguns, fizeram carreira na banca, passaram para o Governo e voltaram à banca, como fez Armando Vara na Caixa Geral de Depósitos e no BCP. Ao todo, metade das vinte maiores empresas nacionais têm administradores que ocuparam cargos no Executivo. Olhando para osvinte CEO, só cinco assumiram funções em governos liderados pelo PS e PSD.

É assim que o Diário Económico encara o assunto da transferência do participante no programa de tv, Quadratura do Círculo, para a actividade empresarial, tipo executivo de topo. CEO, como se usa agora dizer.

Há uns tempos atrás, João Cravinho, outro socialista que abandonou o Parlamento e a intervenção política directa, passando para uma instituição financeira internacional e pública, por designação governamental, disse que o core business, da corrupção, em Portugal , residia mesmo no coração do Estado.

Um ex-Secretário de Estado deste governo, Amaral Tomás, avançou um pouco mais. Afirmou que algumas das mil maiores empresas, praticavam activamente o desporto nacional de fuga aos impostos, com a maior das naturalidades.

Ainda segundo o Diário Económico:

“ Contactados pelo Diário Económico, Pina Moura (antigo ministro das Finanças e actual presidente da Média Capital e da Iberdrola) e Manuela Ferreira Leite (administradora do Santander e também ex-ministra das Finanças) recusam-se a falar sobre o tema."

Vejamos o caso singular da... Cimpor, segundo aquele jornal:

“A Cimpor é um caso paradigmático. “A maioria do conselho de administração da Cimpor passou pelo Governo, mas não me recordo de todos”, conta fonte oficial da empresa, que sublinha o facto de esta ter pertencido ao Estado: “Os membros eram todos nomeados.” No fundo, é tudo uma questão de “elasticidade”, segundo um destacado empresário que ocupou cargos políticos. “

E outro ainda: Luís Filipe Pereira, o ex-governante de Cavaco Silva ( não temos salvação alguma):
“Quando criei os hospitais SA, tive uma preocupação com a gestão dos recursos”, diz Luís Filipe Pereira, que garante ter sido melhor ministro da Saúde (nos Governos de Durão Barroso e Santana Lopes) precisamente pelos vários anos de experiência que tinha como gestor. “Tive muitas propostas quando sai do ministério”, diz.

Os adubos da Quimigal e os choques eléctricos da EDP, deram-lhe o arcaboiço intelectualmente necessário para governar e agora para administrar a Efacec, depois de ter passado pela CUF e de ter administrado coisa na Saúde pública. Com muitos milhões de permeio, enterrados no sistema.

Dir-se-á: são os melhores! A nossa elite. A vida das empresas e dos negócios é assim mesmo.

É mesmo assim?! Então fiquemos por este pequeno apontamento do próprio Mira Amaral, sobre alguns destes génios das lâmpadas da fortuna:

“Falou Mira Amaral: “O Paulo Teixeira Pinto quando chegou ao Governo nem sabia o que era um banco e o Pina Moura o que era energia”, lembra o ex-ministro do Trabalho, que quando foi convidado por Cavaco Silva para ganhar 600 contos no Governo, em 1985, recusou o dobro que uma empresa privada lhe oferecia. “
Numa entrevista de época, Mira Amaral, perguntado que carro gostaria de ter um dia, respondeu candidamente: Um Mercedes 200 kompressor. Era então governante. Hoje, deve ter ultrapassado o seu então proclamado standard do luxo automobilístico, com toda a certeza.

As minhas perguntas continuam a ser as mesmas, tendo em conta que este panorama é o retrato mais perfeito que podemos ter de quem nos governa e das elites que os escolhem, nos últimos trinta anos:

Antes do 25 de Abril de 1974 era pior do que isto? Não? Então para que serviu a Revolução?

Para fazermos um país de bananas? Ou de laranjas, no caso, com algumas rosas de permeio?

Porca miseria.

Não entendem que é precisamente por causa disto que aí fica descrito que estamos atrás de todos, na Europa? Que somos um país submergente em vias de nos cruzarmos com os emergentes, na descida aos infernos da desgraça colectiva? in grandelojadoqueijolimiano.blogspot.com (Abril 03, 2008, 18:20)

2008/04/05

Eduqueses surrealistas - 1

Ano lectivo 2003/04, Escola EB23 nº 1 de Telheiras, teste de inglês. Aluno faz desenho "peculiar" e escreve "Fock you!". Professora faz participação. Pai do aluno é convocado. Trata-se de um jornalista, docente na Escola Superior de Jornalismo. O paizinho ouve, olha o teste do filhinho e diz da sua sábia justiça: existem aqui duas incorrecções por parte da professora. 1ª: ao mostrar o teste à Comissão Executiva da Escola violou a privacidade do meu filho. 2ª: a professora não corrigiu o erro de escrita (Fuck you!).

Não é anedota. Melhor: em qualquer parte do mundo civilizado ou pouco civilizado seria uma anedota. Em Portugal foi uma realidade, embora não deixe de ser uma anedota... O que demonstra que, por vezes, os portugueses "não são de outro país mas de outro planeta" (quem tornou esta frase famosa foi quem inventou o termo "comedor de sardinhas").