Quero pedir desculpa às/aos leitor@s que cá vêm pela música, mas devo dizer que exceptuando os festivais internacionais de Verão - que é do melhor (claro!) mas, infelizmente, já decidi que nas próximas férias de Verão não vou andar de festival em festival porque quero fazer outras coisas - e os auditórios e orquestras de outros países que me oferecem convites mas onde raramente tenho a possibilidade de me deslocar quando acontecem os eventos que me interessam (aqueles bilhetes para concertos em Londres, para oferecer, que aqui foram anunciados foram devidos exactamente à impossibilidade de me deslocar naquelas datas), e como as instituições portuguesas deixaram de me dar convites (sem ser por opção vivo em Portugal...), o resultado é que não tenho sobre o que escrever. Por um lado é um alívio pois assim só escrevo sobre coisas que valem mesmo a pena (quando tenho a possibilidade de me deslocar a elas...). Mas, evidentemente, perco outras que também valem, e muito, a pena. Veja-se o caso do pianista Christian Zimmermann que é um dos mais geniais da actualidade: bilhetes na Casa da Música a 15 (exacto, quinze!) euros. Tinha convites mas até pagava os 15 euros de boa vontade. Não pude ir ao Porto naquele dia! Foi há um ou dois anos. Este ano voltou à Gulbenkian, instituição que tem petróleo e não necessita para nada do dinheiro que cobra pelas entradas dos concertos. Preço do bilhete para o balcão: 40 euros (na plateia alguns 70)! Como deixaram de me dar convites há cerca de 3 anos nem equacionei tenuamente a hipótese de pagar os 40 euros. Talvez apareça um fim de semana que o pianista vá dar um recital a Londres, para onde se viaja (de avião, claro!) ao mesmo preço que de Lisboa para o Porto em Alfa Pendular, Londres onde permanentemente acontecem exposições de arte de importância mundial (para além das galerias e museus cujas exposições permanentes são de entrada gratuíta), lá os preços dos bilhetes, no Barbican ou no Royal Festival Hall, começam em 9 libras (por vezes menos, quando é a BPO ou a WP um pouco mais) e todos os lugares têm boa condição acústica, independentemente de custarem 9 ou 80 libras. Um dia estava eu à espera do início de uma ópera na English National Opera, onde me ofereciam convites, e comecei a dar uma vista de olhos ao programa. Não sei porquê fui ver a lista dos sponsors. E não é que entre os principais, aqueles que dão milhões, estava a Fundação Calouste Gulbenkian, exactamente a mesma instituição que, por sair muito cara, acabou com a única companhia portuguesa com grande expressão mundial, o Ballet Gulbenkian? Claro que mandei "a boca" aqui, neste blog. Na temporada seguinte no invitations. Ele há coisas...
Nota: aos amantes do Jazz recomendo Jazz e Arredores