2010/01/23

Contra a banca marchar, marchar!

Na Suécia, por exemplo, a aplicação de um imposto de 0,036% sobre o valor do passivo anual de cada banco fez com que o governo conseguisse arrecadar o equivalente a 1% do PIB. Nem o estado das contas públicas nacionais o comove para admitir a introdução deste imposto?

Não comove nem deixa de comover. Estes problemas não se podem enfrentar com estados de alma. Qualquer imposto criado sobre a actividade da banca vai-se reflectir nas condições com que a banca oferece os seus produtos.

Quando o ouço dizer isso, não posso deixar de sentir que a banca está a fazer chantagem permanente. "Não nos podem taxar porque depois vamos repercutir isso nos clientes"...

Se você aumentar o IVA quem é que paga o IVA?

É verdade. Mas por que é que a banca não há-de suportar um esforço que é partilhado pela sociedade inteira? Como é que um poder político convence as pessoas que é preciso haver medidas sociais duras se depois não espalha esse sacrifício por toda a gente? ionline.pt, da entrevista a Vitor Bento (SIBS), 23 de Janeiro de 2010

Nota 1: Obama nos EUA quer acabar com esta chantagem escandalosa e permanente da banca. A banca, nos EUA, devido a especificidades típicas daquele país, vai provavelmente acabar por derrotar Obama, mas na Europa a batalha será ganha pelos cidadãos e os bancos americanos, se quiserem continuar a operar na Europa, terão de se sujeitar (senão que vão para a China, pois ficaremos para ver porque vai ser muito divertido). Estamos com Obama!

Nota 2: a banca mundial acabou de patrocinar a compra de uma companhia boa e prestigida (a ex-inglesa Cadbury) por uma companhia que não presta (a americana Kraft). Porquê? Porque (a banca e todos os intervenientes na negociata, incluindo os administradores da Cadbury) teve centenas de milhões de lucro, estando-se, como sempre, nas tintas para a qualidade e a eventual sobrevivencia no longo prazo de uma empresa com grande história e prestígio mundiais, assim como para os milhares de postos de trabalho que serão suprimidos. Tratou-se de uma mera jogada financeira de mais de 12 mil milhões de libras inglesas e a Cadbury acabará sacrificada pois com esta jogada financeira ficou detida maioritariamente pelos hedge funds que somente buscam o lucro rápido. Os bancos privados (praticamente todos) são o grande cancro das sociedades modernas.


Privatizar: vai-se o activo e o dinheiro

O facto de termos as contas públicas como estão não é um argumento para privatizar parte da CGD?

Eu não sou favorável a privatizações para resolver o problema das finanças públicas. Diz-me a experiência que se vai o activo e o dinheiro. Quanto mais dinheiro o Estado tiver mais gasta. idem