2009/10/24

Três milhões de libras de luvas

A conclusão das investigações está a ser marcada por revelações: há uma semana, a TVI divulgava um fax atribuído a responsáveis da empresa-mãe do Freeport de Alcochete, segundo os quais teriam sido pagos três milhões de libras de luvas. E, ontem, o semanário Sol revelava que um dos seis arguidos terá dito que um político terá recebido 750 mil euros para a aprovação do outlet. in publico.pt, 24.10.2009 - 09:40

Nota: aceitam-se apostas com o nome do político dos 750 mil euros. E dos outros (3 milhões de libras...). Ou seriam todos políticos?

Falha informática

Continuam retidos em Londres documentos requeridos pelos procuradores titulares do caso Freeport às autoridades britânicas, ao contrário do que o PÚBLICO noticiou anteontem. "Falha informática" foi a razão invocada para a inesperada suspensão da remessa daquela documentação considerada indispensável para a conclusão das investigações.

A permanência da documentação nos arquivos do Serious Office Fraud e da Polícia Metropolitana de Londres foi um contratempo para a conclusão da fase final das investigações.

Procuradores, investigadores e peritos já tinham planificado a análise dos dados provenientes de Inglaterra para definirem o rasto do dinheiro alegadamente usado para o pagamento de "luvas" para levantar os obstáculos à implantação do outlet de Alcochete no interior da Zona Especial de Protecção do Estuário do Tejo.

Enquanto aguardam pela superação da "falha informática", os investigadores e magistrados não devem ficar parados. E devem concentrar esforços na avaliação dos indícios recolhidos para o inquérito aberto em Fevereiro de 2005, na sequência de uma carta anónima remetida para a Polícia Judiciária de Setúbal, que motivou a realização de buscas à Câmara Municipal de Alcochete e em empresas e entidades envolvidas no licenciamento do megaempreendimento no interior da zona protegida do estuário do Tejo.

A ultimação das investigações implicou que os investigadores da Polícia Judiciária de Setúbal, nomeadamente a responsável por este departamento de investigação criminal, Maria Alice Fernandes, se dediquem em exclusivo ao processo Freeport. O envolvimento directo da experiente investigadora nas diligências do inquérito terá sido uma das razões que implicou o afastamento do responsável inicial pela investigação, o inspector-chefe Acúrsio Peixoto, ocorrido há cerca de seis meses e ontem noticiado pelo Diário de Notícias.

Segundo uma fonte da direcção nacional da PJ afirmou ao DN, a responsável pelo DIC de Setúbal terá entendido "que se tornava desnecessária uma chefia intermédia". Contactada pelo PÚBLICO, Cândida Almeida, coordenadora do Departamento Central de Investigação e de Acção Penal (DCIAP), afirmou que este departamento é alheio àquela mudança, sublinhando que, "enquanto titular da acção penal, o MP não escolhe, nem muda os investigadores". "Só há uma escolha, quando se trata da constituição de equipas especiais, cujos elementos são escolhidos pelos procuradores responsáveis." idem