2009/10/11

Histórias do far-west europeu

O marido da presidente da Junta de Freguesia de Ermelo, Mondim de Basto, foi hoje morto a tiro junto à assembleia de voto pelo candidato adversário do PS. "Agiu em legítima defesa", alega Humberto Cerqueira, candidato socialista à autarquia de Mondim de Basto. Alegado homicida está ferido e terá fugido para o Parque Natural do Alvão. Vários jipes da GNR estão a patrulhar a área. Público, 11.10, 09h57


A realidade "real" *

Para o El País, somos assim: ” Um governo frágil e extremamente dependente, deverá lidar, no país mais pobre da União Europeia, com alarmantes níveis de dívida, déficit público e desemprego”. Quem, nós?

Mas então este não é o país de Sócrates ? O país maravilhosamente governado?

E segue o director do Jornal de Negócios “… o déficit orçamental vai mais que duplicar este ano para 5.9% do PIB….olhando para a dívida pública (75% este ano, 80% no próximo) ficamos a saber que Portugal nunca deveu tanto dinheiro. Só nos juros que pagamos todos os anos gastamos mais dinheiro que todo o investimento público. …um rol da desgraça que os políticos calam porque dizem que o fundamental é pôr a economia a crescer, isso diluirá o peso da dívida e dos déficits. É verdade ! Mas como se põe a economia a crescer? Como, se não damos estímulos fiscais e em vez disso temos de subir sucessivamente os impostos para obter receitas?

Em Espanha acaba de ser apresentado um Orçamento de Estado que agrava, em muito, os impostos. Na Alemanha, o grande objectivo é chegar a zero no déficit orçamental para 2015. Na Holanda, o governo prepara-se para cortar 20% nas despesas públicas, incluindo pensões e habitação social.

E nós? TGV, Aeroporto, Terceira Ponte, autoestradas, Contentores de Alcântara… (Pedro S. Guerreiro na Sábado)

* ou para além da realidade ficcionada (com o Acordo Ortográfico como se escreverá isto? "ficionada"?!).

Nota: "cortar 20% nas despesas públicas, incluindo pensões e habitação social": num país onde as pensões mais baixas valem o triplo das pensões mais baixas dos portugueses e onde o custo de vida não excede o dobro, será possível cortar-se 20% no valor de todas as pensões, ainda que para haver justiça social devesse ser escalonado, porque 20% não significa o mesmo para quem recebe 1000 e para quem tem 10.000 euros de reforma. Em Portugal também seria possível, se o corte não fosse cego: pense-se somente nas dezenas de milhares de pensionistas que disfrutam de uma pensão superior a 3000 euros, ou nas centenas de milhares que recebem reformas superiores a 2000 euros, a maioria ex-funcionários do Estado, num país onde o ordenado mínimo não chega aos 500 euros.

No que toca à habitação social, como esta diz respeito a um leque restrito de beneficiários e alguns podem estar a beneficiar de habitações económicas à custa de declarações falsas, ou de outros "esquemas", o corte de 20% afectará um número relativamente reduzido de pessoas obrigando a maior rigor na atribuição dessas habitações pagas com o dinheiro dos contribuintes. É importante realçar que na Holanda a disparidade entre os salários mínimo e médio e os preços médios da habitação não é uma absurdidade terceiro-mundista como em Portugal, sendo possível aos seus habitantes alugar ou adquirir habitação sem sacrifícios suplementares.