2009/10/08

Começou a sangria

Um tribunal iraniano condenou à morte um homem que participou nas manifestações que rodearam as presidenciais de Junho, informou o site reformista Mowjcamp. Esta é a primeira notícia sobre a imposição da pena capital contra aqueles manifestantes pró-oposição.

Mohammad-Reza Ali-Zamani ficou a saber na segunda-feira da decisão do juiz, adiantou a mesma fonte. Não são conhecidos os detalhes das acusações que pendiam sobre ele, mas em Agosto a agência semi-oficial Mehr adiantara que Ali-Zamani estava a ser acusado de ter lutado contra o sistema islâmico e que era membro activo de uma associação monárquica “terrorista”, entre outros crimes. Também não há, até agora, comentários das autoridades iranianas à condenação.

As presidenciais, que reconduziram o Presidente Mahmoud Ahmadinejad ao cargo, foram altamente contestadas nas ruas, com a oposição a denunciar fraude. Ali-Zamani estava entre os 100 apoiantes da oposição, que incluem figuras reformistas importantes, acusados de fomentar os protestos numa série de julgamentos que decorreram em Agosto, denunciado por vários analistas como “espectáculo”.

Segundo o Mowjcamp, o arguido fez “extensas confissões” durante a sessão. O ex-Presidente reformista Mohammad Khatami, que apoiou o líder da oposição Mir Hossein Mousavi na corrida, afirmou que as confissões usadas nestes julgamentos foram obtidas sob “condições extraordinárias” e que são inválidas.

Dos quatro mil então detidos, centenas continuam na prisão, segundos os números oficiais. Há revelações de maus tratos, torturas, e a exigência de fianças milionárias.


Para memória futura

"À matéria dos autos disse:

«Que confirma as declarações prestadas no âmbito do presente inquérito as quais dá neste acta como reproduzidas.

«Que no ano de 1986, quando tinha apenas 5 anos de idade entrou para a Casa Pia de Lisboa, como semi-interno e para o Colégio Maria Pia. No ano seguinte e quando tinha seis anos, iniciou a escola primária, ainda como semi-interno, tendo passado ao regime de internato no início do ano seguinte, ou seja em 1988. Nesse ano de 1988, e mais concretamente no início do mês de Agosto, o depoente foi para uma colónia de férias para o Algarve, sendo certo que, acompanhava os outros colegas num autocarro da CPL, seguindo na retaguarda uma outra viatura que transportava material de apoio e conduzida pelo Cárlos Silvino e pelo senhor Óscar. Pararam numa área de serviço que não consegue identificar, mas que habitualmente e nos percursos efectuados de e para as colónias no Algarve é sempre utilizada para uma paragem habitual. Mal chegaram aquela área de serviço, o "Bibi" abordou o depoente, bem como o [...] e o [...] tendo-lhes pago um gelado. Ali o depoente bem como os seus colegas, foram à casa de banho, tendo o Carlos Silvino entrado, ao mesmo tempo que os seus colegas saíam e o depoente ainda ali permanecia.
...
«Em consequência dos abusos de que foi vítima nas alturas referidas, o depoente teve problemas de saúde que se reflectiam na incontinência das fezes, facto que a família e educadores associavam ao nervosismo em razão da morte da sua mãe, facto que não correspondia de todo à verdade e de que só o depoente conhecia o verdadeiro motivo. O que o levava a manter o silêncio era o medo que o Bibi lhe incutia e temia que a revelação dos factos pudesse ter consequências ainda piores, pelo menos na mentalidade do depoente e em razão da sua pouca idade.
...
Que ainda se recorda e sem qualquer dúvida que quando tinha apenas 10 anos o Bibi levou o depoente, bem como, dois colegas que apenas sabe chamarem-se [...] e [...] e que eram alunos do Colégio Pina Manique, até uma residência sita em Cascais, onde estavam três senhores, os quais identifica sem qualquer dúvida, como sendo o Dr. Ferro Rodrigues, o Embaixador Jorge Ritto e o Dr. Jaime Gama, cujas fotografias constam no apenso AJ, com os números 3, 15 e 60 respectivamente.


Fast-justiça

«O Ministério Público determinou a abertura de um inquérito para investigar a autoria e circunstâncias em que nasceu a carta anónima recebida, há pouco mais de um mês, pela Polícia Judiciária, envolvendo um primo de José Sócrates nas suspeitas de corrupção no licenciamento do outlet de Alcochete. Perante a confirmação de que as informações dadas são “objectivamente falsas”, a carta foi remetida para o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa “para o devido procedimento penal. » - PODEMOS ENTÃO CONCLUIR QUE EM MÊS E MEIO O MINISTÉRIO PÚBLICO CONSEGUIU DAR COMO PROVADO QUE AS ACUSAÇÕES FORMULADAS NA DITA CARTA SÃO FALSAS. AO MENOS ALGUMA COISA SE INVESTIGOU RAPIDAMENTE EM PORTUGAL E CHEGOU A CONCLUSÃO CLARAS: AS ACUSAÇÕES FORMULADAS NA CARTA SÃO FALSAS. AINDA BEM.