Se pensa conhecer Amália Rodrigues mas desconhece o nome Alain Oulman, esqueça. Não conhece a Amália. Se pensa conhecer o "novo fado" e não sabe quem é Alain Oulman, não sabe nada do chamado "novo fado".
Com que voz é um longo trabalho documental realizado por Nicholas Oulman e é um filme tão indispensável para se compreender o "novo fado" como para se compreender a segunda metade do século vinte português. Está em competição na secção de longas metragens do doclisboa 2009, mas por mim a escolha está feita. Este filme é imprescindível. Volta a passar dia 19 pelas 23h no cinema Londres, em Lisboa.
MGM Sarajevo: Man, God, Monster
Qual é a natureza do Mal? Muitos pensadores debruçaram-se sobre esta questão. O psicanalista André Green organizou uma compilação de textos de vários autores muito interessante sob o nome "Le Mal". Jacques Lacan tentou escalpelizar a "natureza do mal" e parte dos "post-lacanianos" continuam a reflectir sobre o tema.
Este documentário é fundamental para quem ainda se interroga sobre a "natureza do mal". A natureza do mal é a própria "humanidade do homem", disse-o Heidegger na "Carta sobre o Humanismo", mas só quando nos confrontamos com o resultado desta natureza é que a perplexidade toma o lugar da reflexão. A perplexidade é a única possibilidade face à "presencialidade" do Mal enquanto parte da humana natureza e da ilimitada reprodução que ele é capaz de engendrar. E como o Mal é intrínseco à nossa humanidade, em vez de nos limitarmos a assistir à sua revelação enquanto "desvelamento do Ser" (o Heidegger não foi um simples observador das atrocidades dos nazis como pretendeu posteriormente), temos de, com a força do próprio Mal transfigurado em Bem - se isso nos fizer sentir melhor - analisá-lo e impedir a sua disseminação. Como Karl Popper dizia, há que defender as "sociedades abertas" com os meios adequados. MGM Sarajevo: Man, God, Monster é um filme-documento duro de se ver, que volta a ser projectado dia 19 pelas 10:45h, na sala pequena da Culturgest.