2009/10/30

França: 30 anos de prisão para pedófilo

Francis Evrard a été condamné ce vendredi à 30 ans de réclusion criminelle avec une période de sûreté de 20 ans, par la cour d'assises de Douai (Nord), pour l'enlèvement et le viol du petit Enis en août 2007 à Roubaix. La peine est assortie d'un suivi socio-judiciaire de 20 ans.

Nota: a acusação tinha pedido a prisão perpétua.


10.000 euros e uns almoços

Armando Vara, ex-governante e vice-presidente do BCP, é citado como tendo exercido influências junto do ex-ministro Mário Lino para servir os interesses de um empresário. José Penedos, líder da REN e histórico do PS, também é arguido.

Durante meses, a Polícia Judiciária não largou Manuel Godinho, dono do grupo empresarial de Ovar a que está ligado a "O2 - Tratamento e Limpeza Ambientais SA." e o único dos 13 arguidos do processo "Face oculta" que se encontra detido.

Escutou-o ao telefone e em vigilâncias constatou encontros, um pouco por todo o país, em que aquele empresário tentava resolver problemas de falta de contratos, bem como um contencioso que mantinha com a Refer, relativo a um processo por suposto roubo de carris na linha do Tua, em Macedo Cavaleiros, em que a empresa pública exigia uma indemnização de 105 mil euros.

De acordo com informações recolhidas pelo JN, a investigação dá como assente que, através de contactos com Armando Vara, Fernando Lopes Barreira (empresário e fundador da Fundação para a Prevenção e Segurança Rodoviária) e Paulo Penedos (advogado e filho do presidente da REN), Manuel Godinho chegou a exercer influências com vista à demissão do presidente da Refer.

No processo, há referências em escutas a contactos de Armando Vara com o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, e a um alegado conhecimento do problema por parte do primeiro-ministro, José Sócrates. Há ainda referências à secretária de Estado Ana Paula Vitorino, relutante em destituir o presidente da Refer.

Mas a preocupação principal de Godinho era angariar negócios para as suas empresas. E para tal terá tido um grande apoio de Armando Vara, que lhe apresentou um alto quadro ligado à EDP Imobiliária e abriu portas a outro influente elemento na Galp. Efectivamente, o dono da "O2" teve relações comerciais com estas empresas, através de concursos e consultas públicas, além de importantes negócios com a REN, alegadamente obtidos sob influência de Paulo Penedos, filho de José Penedos - o presidente daquela empresa de capitais públicos, constituído arguido após o regresso de uma viagem a Madrid.

Acreditam os investigadores que Vara terá efectuado supostos favores a Manuel Godinho a troco de uma contrapartida de 10 mil euros em notas. Pelo menos, um tal pedido é descrito como tendo acontecido à mesa de um almoço no restaurante "Mercado do Peixe", em Lisboa, a 23 de Maio passado. Dois dias depois, esta verba terá sido entregue ao antigo ministro do PS no seu gabinete nas instalações do Millennium-bcp, em Lisboa. Seguiu-se uma reunião, na EDP, com um dos contactos angariados por Armando Vara, na EDP. Findo o encontro, o agora administrador do Millennium ter-se-á manifestado agradado com o seu bom resultado.

Entre Vara e Godinho ocorreram mais almoços no "Mercado do Peixe", mas também em Ovar, na casa do empresário, e em Vinhais, terra do antigo ministro. Todos os encontros foram seguidos pela PJ. Neste contexto, o Ministério Público dá como assente que Godinho contactou Vara e Lopes Barreira precisamente para usar a influência, real ou suposta, junto de políticos e empresas públicas sempre para servir os seus interesses. JN, 30 Outubro 2009

Nota: independentemente dos 10.000 euros, uns trocos para um Rolex, e dos almoços, o que fica para a história é a forma como em Portugal qualquer um que tenha os contactos exactos, seja "discreto" e "fiel ao seu amigo", pode subir na vida, ocupar cargos de Estado, e acabar, por exemplo, a administrar bancos.


Ambiente

Um ministério que detém um enorme poder de licenciamento mas cujo peso político é cada vez menor e que para lá dumas medidas simpáticas, como o salvar uns animais ameaçados de extinção, os portugueses não percebem porque aprova uns projectos e chumba outros é também um óptimo caldo de cultura para situações menos claras. Recordo que quase todos os casos de corrupção envolvendo políticos no exercício dos seus cargos autáquicos e governamentais passam pela área do Ambiente – são os terrenos que se desafectam das zonas de protecção especial; os concursos para aterros; os licenciamentos com carácter de urgência, etc.
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É um ministério cujos quadros superiores, como se vê no caso Freeport com as acusações a Carlos Guerra e a José Manuel Marques, respectivamente ex-presidente e ex vice-presidente do Instituto de Conservação da Natureza, são enredados ou deixaram-se enredar nas perversões de muita da legislação aprovada em nome da defesa do ambiente – afinal chumbar um projecto pode ou não ser uma forma de pressionar o investidor com vista ao pagamento de luvas?