2009/09/15

Necessidade da coesão

Sendo soberano nas suas decisões, o Governo que sair das eleições de 27 de Setembro terá que avaliar o custo de oportunidade que será dispensar fundos já garantidos e congelar os compromissos da cimeira da Figueira da Foz, onde, por exemplo, se decidiu que a ligação a Madrid seria feita por Badajoz (como queriam os espanhóis) e não por Cáceres (como até aí defendiam os portugueses). Do lado espanhol, o projecto não está em causa seja qual for a decisão de Lisboa - a principal justificação para levar a alta velocidade à sua fronteira ocidental é justificada com a necessidade da coesão económica e social do país. Em construção está já um troço de 70 quilómetros, que parte de Badajoz em direcção a Madrid. in publico.pt, 15.09.2009 - 09h13

Nota: "necessidade da coesão económica e social" de Espanha, não será assim? Enquanto Madrid mantiver uma visão estreita não vamos a parte nenhuma. Só se formos com os Galegos e os Catalães (com estes últimos é mais da ordem platónica, à distância)... Os fundos europeus virtualmente garantidos não me parecem um motivo suficientemente forte para avançar com um projecto que pode estar condenado à inutilidade (e quem vai pagar os custos de manutenção que são "eternos" e elevados?), quando há tanto para fazer em termos de ligações ibéricas que sirvam de facto todas as populações locais.


Zapatero encontra-se com Sarkozy

Se os argumentos não bastam, venham os exemplos. José Sócrates invocou hoje, num almoço com empresários de Santarém, os presidentes dos EUA, Espanha e França para justificar a sua forte aposta nos investimentos públicos, em particular o TGV.

“É preciso fazer investimento e nenhum país desiste disso. Vejam Barack Obama nos EUA, com um programa de modernização das infraestruturas. Zapatero encontra-se com Sarkozy e decidem um programa conjunto para acelerar a ligação de alta velocidade entre os dois países”, exemplificou.

E se alguém tinha dúvidas de que Sócrates falava do TGV, já que nunca o referiu, a prova foi dada: “Todos os empresários que aqui estão sabem que hoje é decisivo uma empresa estar ligada aos mercados do centro da Europa e isso, num país periférico como Portugal, exige uma boa rede de transportes”. Público, 15.09.2009 - 15h31

Nota: pensava que Sarkozy se encontrava mais com a Merkel mas parece que me enganei... Outra vez a ficção do comboio de mercadorias a 350 à hora... Falta saber o que é que Portugal tem para exportar... Quanto a Obama, duvido que se soubesse quem é o Pinto de Sousa (isto possui efectivamente duplo sentido sem que essa fosse a intenção original), sentisse qualquer simpatia e identificação em relação a ele.


A chantagem dos fundos

Depois de ter ouvido as queixas dos agricultores, Ferreira Leite estabeleceu a comparação com o que se passa com os fundos para a agricultura. “Mais de 800 milhões já foram perdidos, são irrecuperáveis e ninguém fala desse aspecto”, denunciou, manifestando a sua perplexidade quanto a um clamor sobre a eventual perda de fundos que não estão disponíveis.

Pacheco Pereira, o cabeça-de-lista do PSD por Santarém, lembrou a sua experiência de eurodeputado para tentar desmontar a teoria de que os sociais-democratas enveredaram por um discurso nacionalista inadequado a um país que pertence à União Europeia e recusou a “chantagem” dos argumentos da perda de fundos comunitários.

“Há muita coisa que pode ser negociada”, afirmou, evocando sessões no Parlamento Europeu em que, por exemplo, belgas e franceses se uniam contra os chocolates dos ingleses e dos irlandeses ou quando os portugueses se batiam – “ e bem” – em defesa das suas pescas. Público, 15.09.2009 - 13h27


Bandido é bandido

“PS e PSD têm a obrigação de dizerem se estão disponíveis para alterar as leis penais, tornar regra o julgamento rápido em flagrante delito e se aceitam alterar o regime da liberdade condicional, dizer o que fazem à reincidência e também à alteração dos prazos da prisão preventiva”, disse Portas, no final de uma arruada, no Porto, ao início da tarde de hoje.

Elegendo a segurança como tema do dia – aproveitando o facto de se assinalar dois anos sobre a entrada em vigor da reforma das leis penais – Portas quis demarcar-se da extrema-esquerda. “A extrema-esquerda é extraterrestre em matéria de segurança, parece que não há criminalidade ou então o criminoso é sempre o coitadinho. Não, o coitadinho é a vítima”, afirmou o líder centrista que percorreu ruas do Porto ao lado do ex-presidente do partido Ribeiro e Castro. Público, 15.09.2009 - 15h17

Nota: seguramente que as leis penais têm de ser alteradas. Um criminoso é antes de tudo um criminoso e os seus direitos devem ser reduzidos ao mínimo sob risco de se minar todo o funcionamento da sociedade. O crime económico (crimes de "colarinho branco") é também um crime grave quando coloca em risco o interesse público. Os crimes cometidos por governantes e detentores de cargos públicos devem ser substancialmente mais penalizados, de acordo com as respectivas responsabilidades na administração pública, assim como nas fundações, bancos e empresas participadas pelo Estado e outras empresas e instituições de interesse estratégico para o país (quanto maior a responsabilidade do cargo maior é o crime). Todo o acto de corrupção, activa ou passiva, cometido por governantes e detentores de cargos públicos, assim como detentores de cargos nas empresas, fundações e outras instituições de utilidade pública, deve ser considerado automaticamente acto de corrupção "ilícito".