Em entrevista na sexta-feira à rádio Antena 1, o ministro da Economia e membro do Secretariado Nacional do PS, Vieira da Silva, questionou a legalidade das alegadas escutas de conversas de José Sócrates com o socialista Armando Vara, no âmbito do processo Face Oculta, no qual este é arguido, afirmando que as investigações se baseiam em «pura espionagem política».
«O que motiva essas forças e as pessoas que estão por trás do que me parece ser uma ilegalidade não é qualquer averiguação relativamente a qualquer processo de corrupção, é pura espionagem política, porque estar a ouvir um dirigente de um partido que também é primeiro-ministro sobre temas políticos e depois colocá-los nos jornais através de escutas cuja legalidade é mais do que duvidosa, considero isso algo de extremamente preocupante», declarou Vieira da Silva.
Reagindo na sexta-feira à noite à agência Lusa a estas declarações, o secretário-geral do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, Rui Cardoso, considerou-as de «extrema gravidade».
«Fazem crer à população que os tribunais andam dolosamente a cometer crimes», sublinhou, lembrando que «a PJ, com o controlo do juiz de instrução, aquilo que fazem, neste caso, como em todos, é investigar notícias de crime».
Rui Cardoso falava à Lusa, em Lisboa, à margem de um jantar de homenagem ao antigo presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público António Cluny.
O magistrado entende que o ministro da Economia «não foi sensato», uma vez que «não tem qualquer fundamento» para proferir as declarações «caluniosas e levianas» que fez.
«Todos nós corremos o risco de as nossas conversas ficarem registadas, gravadas por causa de uma investigação que envolve outra pessoa, isso é um risco da democracia», advogou, acrescentando que «as escutas são um meio de obtenção de prova excepcional, são usadas pelos magistrados em situações excepcionais, com respeito escrupuloso daquilo que diz a lei».
Segundo informações confirmadas pelo procurador-geral da República, Pinto Monteiro, o nome do primeiro-ministro, José Sócrates, apareceu nas escutas a Armando Vara, no âmbito do processo Face Oculta, que investiga alegados casos de corrupção e outros crimes económicos relacionados com empresas do sector empresarial do Estado e empresas privadas. Lusa / SOL
Nota: um dia teremos vulgares criminosos a atirarem com o mesmo argumento porque se encontram inscritos num partido político... Bandido é bandido, como dizem os brasileiros, seja ele um primeiro-ministro ou um Zé da Esquina. Argumentar com a política é tentarem reduzir os outros a meros idiotas.
52 cassetes
Augusto Santos Silva revelou sexta-feira, durante uma entrevista à SIC Notícias, que o primeiro-ministro José Sócrates foi alvo de escutas durante quatro meses, e que o conteúdo das conversas enche 52 cassetes, um facto desconhecido até agora.
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Confrontado pelo jornalista com a aparente revelação, Augusto Santos Silva declarou que era um dado conhecido através da imprensa, o que não foi comprovado até ao momento. sol.pt, 14 Novembro 2009
Nota: afinal não foi pela imprensa... diz que soube através da SIC Notícias...