Lurdes Rodrigues, escolhida para dirigir a portuguesa educação por José Sousa, engenheiro não reconhecido pela Ordem e artista que desenhou várias casas muito "típicas" que um dia voltaremos a ver, Lurdes Rodrigues, dizia, nunca frequentou o equivalente ao ensino secundário completo (do 10º ao 12º anos).
Lurdes Rodrigues fez o antigo 5º ano do liceu. Daí seguiu para o Magistério Primário, onde o requesito de entrada era exactamente o 5º ano do liceu. No Magistério Primário completou os dois anos necessários para poder começar a trabalhar, dois anos de estudo esses que a habilitaram para ser professora primária. Seguiu como cooperante para Moçambique, através da Frelimo, que naquela época estava no início da aplicação prática da "ditadura do proletariado", que por cá muitos teorizavam. Dessa época não temos notícias, mas podemos imaginar a cooperante Rodrigues cooperando com a Frelimo na educação revolucionária e no extermínio dos "reaccionários" e outros adversos ao regime da ditadura do proletariado.
Lurdes Rodrigues pôde assim juntar o saber prático da aplicação da ditadura do proletariado a outros saberes práticos variados que adquiriu nos anos que passou na Casa Pia, no Colégio de Santa Clara.
Voltou para Portugal e começou a dar aulas na "primária", entrando para o ensino superior ao abrigo das vagas criadas para professores, que para serem admitidos necessitavam do antigo 7º ano do liceu, que entretanto (imagino...) deve ter concluído. Portanto, na melhor das hipóteses, a actual ministra da educação entrou para o ensino superior com o equivalente ao 11º ano.
Desta maneira Rodrigues começou a frequentar o turno da noite de sociologia no ISCTE, instituto onde mais tarde faria o doutoramento e onde ficaria a dar aulas. Eu conheço bem o Iscte. Estive proposto a doutoramento no Iscte (ainda que a minha média de final de licenciatura não seja 16, nem, na altura, tivesse concluído sequer a parte curricular de um mestrado: qualquer professor(a)-doutor(a) pode propôr a doutoramento um aluno, ou qualquer candidat@, que entenda estar ao nível do referido grau). Assisti a duas provas de doutoramento nesta escola e a única coisa que me ocorre dizer é que se fossem apresentadas na Universidade Nova, por exemplo, não tinham, muito provavelmente, nem passado nem sequer sido aceites. No Iscte passaram por unânimidade, aclamação e louvôr. Em Portugal é o/a orientador/a do/a candidato/a a doutor/a quem escolhe os membros do júri da prova de doutoramento. Este factor é muito sintomático porque deixa tudo à mercê do maior ou menor rigôr de cada pessoa e de cada instituição e sabemos que existem pessoas e instituições sem escrúpulos éticos e científicos.
A única maneira de elevar o ensino superior em Portugal seria criar ciclos de avaliações bi-anuais, por exemplo, feitas por duas instituições internacionais diferentes que fossem variando de biénio para biénio, para se poderem cruzar os dados. Na Argentina, por exemplo, onde os professores universitários ganham substancialmente menos (e de que maneira...) que os portugueses, os professores têm de prestar provas públicas regulares onde apresentam os trabalhos publicados e as investigações feitas. Podem surgir outros candidatos. Se apresentarem melhores condições e maior nível que o titular da cátedra, agregado ou associado, ficam-lhe com o lugar. O ensino superior não pode ser um espaço de acomodação. É o ensino superior que forma os futuros governantes e "quadros" empresariais. A exigência tem de ser máxima a todos os níveis. Tem de ser um ensino dinâmico onde os seus profissionais se actualizam e investiguem. A criação de lugares de investigador pode fazer todo o sentido na física quântica ou na investigação médica. Nas "ciências humanas" não faz. O José Gil, por exemplo, que foi considerado por uma revista francesa como sendo um dos 24 pensadores mais relevantes da actualidade (há cerca de dois anos), é professor na Universidade Nova de Lisboa. Costuma dar as aulas todas e fica furioso quando os alunos chegam atrasados. Escreve artigos e livros considerados importantes pela comunidade internacional, participa em colóquios internacionais, é professor convidado em universidades estrangeiras e até, há muitos anos, organizou uma conferência internacional sobre estética da arte, que trouxe a Serralves, no Porto, os mais importantes pensadores da época, como François Lyotard. Concilia, ou conciliava antes de se jubilar, o ensino rigoroso e superior "de facto", com a investigação e actualização permanentes e a produção bibliográfica.
Comentário do Apache a este texto em ocartel.blogspot.com*:
O assunto que você foi escolher… Que texto polémico, Álvaro. Não é claro que a dona Lurdes tenha completado o liceu (6º e 7º anos), como não é claro que o Sousa o tenha feito. Logo após o 25 de Abril vários Institutos Superiores (como por exemplo o ISEC e o ISEL), ávidos de alunos, aceitaram candidatos com o 5º ano.
Quanto a diplomas superiores saídos na “Farinha Amparo” há-os “aos montes”, infelizmente não só em Portugal. Uma população com elevado nível intelectual não interessa ao poder. Assim, há medida que o acesso à escola e à informação foi ficando facilitado, foi surgindo a contra-informação, ou o contra-ensino, se preferir. Um ensino de qualidade estará sempre guardado para as elites, para nós mortais, haverá sempre um misto de verdade e mentira, que quando pende escandalosamente para o lado da mentira é desmascarado, nos restantes casos permanece como verdade.
Ciências exactas não existem. A matemática anda lá próxima, depois segue-se a física, depois a química, a biologia e por aí fora. Quando as “ciências exactas” se tornaram populares, a política criou as ciências humanas, porque o termo ciência conferia credibilidade às doutrinas que se criam impor. Ciência pressupõe método científico, isto é: observação, formulação de hipótese, experimentação, confirmação da hipótese que passa a tese ou não confirmação e alteração da hipótese com retorno à fase de experimentação. Hoje, as teorias estão tão em voga que até as “ciências exactas” constroem modelos computorizados com o único fim de confirmarem as teorias que dão jeito, fugindo à experimentação. Estes são tão distorcidos para confirmarem a teoria (hipótese) que amiúde são negados pela realidade. A título de exemplo, nos programas dos vários anos, da disciplina de Físico-Química, as teorias não confirmadas ocupam já quase 50% do tempo de leccionação.
* retirei o post do dia 1 de Junho, para o colocar mais adiante, e com isso perdeu-se o comentário original do "Apache" em O Cartel. O que aqui transcrevo é fiel e exacto dado que fiz um copy/paste do original.
Nota: este post foi colocado online dia 1 de Junho, neste blog e em mais outros dois, dia 1 de Junho em que, muito estranhamente, este blog, devido a supostos problemas técnicos (se clicarem duas vezes no contador abre-se a página das estatísticas onde poderão verificar) só teve duas ou três entradas. Por isso é republicado hoje, dia em que o jornal Público, na sua edição impressa, denuncia em primeira página os estratagemas que foram aplicados nos exames nacionais para elevarem os resultados dos alunos e consequentemente branquearem as estatísticas.
Ele recusa e recusamos todos!
No mesmo sentido foram as declarações do primeiro-ministro sueco, Fredrik Reinfeldt, que recusou hoje a imposição à Irlanda de um calendário de saída para a crise, após o "não" em referendo. "[O chefe do governo irlandês] disse claramente que ainda não tem todas as respostas necessárias". "Eles precisam de tempo para reflectir", sublinhou Reinfeldt aos jornalistas, em Bruxelas, por ocasião da cimeira europeia que hoje tem lugar.
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Em contrapartida, a chanceler alemã Angela Merkel indicou também hoje que "a Europa não poderá permitir a ela própria outra fase de reflexão. O Conselho Europeu deverá tomar uma decisão de princípio o mais rapidamente possível". "Precisamos de saber como vamos organizar as eleições europeias em Junho de 2009", acrescentou. In publico.pt, 19.06.2008, 12h21 AFP
Comentário: a Merkel (como o Barroso) foi escolhida pelos Bilderberg.
Brown leva o Tratado no bolso
Na frente interna, apesar da pressão a que esteve sujeito nos últimos dias (ontem, no Parlamento, o líder conservador David Cameron voltou a desafiá-lo a "matar" o Tratado de Lisboa, acusando-o de não ter coluna vertebral), Brown pode pôr um ponto final numa das questões mais melindrosas com que teve de lidar desde que substituiu Tony Blair em Downing Street.
A partir de agora, por mais que os conservadores queiram tirar partido da situação ou que boa parte da imprensa lamente que os britânicos não tenham tido o mesmo direito dos irlandeses a pronunciar-se sobre um tratado que detestam, a verdade é que uma decisão de Westminster é uma decisão de Westminster.
2. A questão seguinte é saber como é que Londres vai utilizar esta vantagem. Alguns analistas consideram que pode fazê-lo nos dois sentidos. Para ajudar a encontrar uma solução que volte a colocar a Irlanda a bordo e salve o Tratado de Lisboa; para bloquear qualquer cenário alternativo que passa por uma Europa a várias velocidades e/ou por uma exclusão da Irlanda.
Dizia ontem Hugo Brady, do Centre for European Reform de Londres, ao PÚBLICO que Brown fará tudo para impedir uma solução que passe por uma Europa a duas velocidades.
Com a exclusão da Irlanda e a formação de um "núcleo duro" em torno da França e da Alemanha que ponha em prática fora dos tratados as principais disposições do Tratado, incluindo no domínio da defesa, onde o Reino Unido é fundamental.
Esse é o cenário de pesadelo para qualquer governo britânico que seja pró-europeu. Fazer parte desse núcleo seria sempre uma enorme dificuldade, dada a tradição eurocéptica dos britânicos. Ficar de fora seria igualmente impensável para um país que é uma das grandes potências europeias e que não abdica de influenciar as grandes da União Europeia.
Mas, para já, Brown chega a Bruxelas em condições de não precisar de se opor à estratégia da maioria dos Estados-membros - prosseguir os processos de ratificação o mais depressa possível, enquanto se espera que Dublin apresente as suas próprias propostas de solução para a crise.
Ontem, no Parlamento, Brown garantiu que não haveria pressão sobre os irlandeses. Um compasso de espera sem data marcada é também o que mais lhe convém a nível europeu. Entretanto, pode ir tranquilamente para Bruxelas reivindicar as suas ideias sobre as reais prioridades europeias e aquelas que os pragmáticos britânicos mais gostam: que é preciso tomar decisões sobre as questões cruciais da economia, do preço dos combustíveis, da regulação dos mercados financeiros e do combate urgente às alterações climáticas. Por uma vez, é este também o discurso que os seus pares europeus querem fazer. Teresa de Sousa In publico.pt, 19.06.2008
Comentário
Pois... Gordon leva no bolso... E futuramente vamos a ver como se conciliam interesses inconciliáveis: de um lado UK, do outro a Alemanha e a França que, para esquecerem um passado de guerras e ocupações, dizem que formam um eixo... Depois há os peôenzitos... Aqueles que não "riscariam" nada no futuro se o Tratado de Lisboa fosse avante.
Mas que bem, que bem, que bem...
Mardi, en présentant la réforme de la politique militaire de la France, il a tenu à souligner que la "vocation" de l'Europe était d'incarner dans le monde un "idéal de paix et de liberté", "quels que soient les aléas institutionnels".
"J'en ai la conviction, c'est la vocation de la France de porter cet idéal de paix et de liberté. C'est la vocation de l'Europe de l'incarner dans le monde actuel", a-t-il ajouté.
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M. Sarkozy et son équipe ont défini quatre sujets prioritaires pour la présidence européenne : la mise au point d'une stratégie de développement durable pour lutter contre le réchauffement climatique, l'adoption d'un pacte européen de l'immigration, la refondation de la politique agricole commune et la relance de la défense européenne.
Il a d'ailleurs rappelé cette dernière priorité mardi : "quel que soit l'avenir du Traité de Lisbonne, je ne changerai pas d'avis. J'entends faire de la politique de défense et de sécurité un exemple de l'Europe concrète, de l'Europe qui répond aux besoins des Européens".
La présidence française de l'UE sera ainsi "la première étape d'une véritable relance de la défense européenne pour les prochaines années", a promis Nicolas Sarkozy. Nadège PULJAK - AFP, In yahoo.fr, 19 Junho