2009/09/30

Um país esquizóide

O PR disse que suspeita andar a ser vigiado mas não apresentou provas sólidas (nem líquidas...), depois de em vésperas de eleições ter mudado de funções (provocando grande "ruído") o colaborador que aparentemente esteve na origem de uma "novela" que deve ter custado votos (muitos) ao partido do próprio PR...

No entanto é muito estranho um jornal (o DN) guardar um e-mail (que arranjou não se sabe como) para depois o publicar (ilegalmente pois trata-se de um e-mail de terceiros que não autorizaram a sua divulgação) exactamente em véspera de eleições.

Mas a verdade é que se esperava algo "sólido" por parte do PR no que concerne ás suas suspeitas de estar a ser vigiado...

Enquanto isso, o Caso Freeport é temporariamente esquecido (chegar à "verdade" depende da investigação exterior que só será convenientemente concretizada quando Gordon Brown, em Inglaterra, sair de cena) e os submarinos de PP vêm à tona, arrastando o "Caso Portucale" - também conhecido como "Caso dos Sobreiros" (abatidos sem terem culpa nenhuma) - que estava praticamente esquecido.

Nota 1: "Sigilo profissional. Foi este o argumento invocado pelo escritório Sérvulo & Associados, cujo sócio principal é Sérvulo Correia, para impedir que o juiz de instrução que ontem acompanhou as buscas ao escritório do advogado tivesse acesso a toda a documentação apreendida, relativa ao negócio da compra, em 2004, de dois submarinos pelo Estado português." (publico.pt)

O problema é que quem faz os negócios é quem fez as leis. E enquanto esta situação se mantiver Portugal será um paraíso para todos os corruptos.

Nota 2: apesar de ser um demagogo, PP tem alguma razão quando diz ser necessário aumentar a segurança. A não ser que queiramos continuar mal na "fotografia": A number of British nationals have been the victim of a serious sexual offence in the Algarve this summer. O código penal deve ser modificado e os crimes - incluindo os de "colarinho branco" - têm de ser substancialmente mais penalizados.

Nota 3: e a lei deveria ser aplicada (e endurecida) no que toca à tortura física e psicológica que é usada nas "praxes" que se praticam nas universidades e escolas superiores portuguesas, onde simultaneamente é feita a apologia da autoridade pela autoridade: uma autoridade bronca e labrega, de cariz fascista, revestida de patéticas capas negras.

Nota 4: Cova da Beira! Até o nome é sinistro. Talvez por isso destruíssem os dossiers...


Não tolerarão intimidações

Os juízes portugueses repudiam em absoluto esta actuação do Conselho Superior da Magistratura e não toleram nem tolerarão intimidações ou condicionamentos de qualquer espécie à sua independência e imparcialidade, em conformidade com os princípios que assumiram no "Compromisso Ético dos Juízes Portugueses".

A ASJP manifesta a mais viva repulsa por esta deliberação do Conselho e considera merecedora de elevada censura pública a actuação de todos os seus membros que, com os seus votos favoráveis ou abstenção, viabilizaram a iniciativa com conotação partidária que deu origem a uma decisão inédita que coloca em causa a independência de todos os juízes.

2009/09/29

Qual comunismo?

O editorial do Público de hoje revela um editorialista que parece demente. Diz que o BE quer o comunismo, isto é, confunde deliberadamente (porque JMF não é propriamente ignorante) anti-capitalismo com comunismo.

Evidentemente que o BE não é de todo um partido comunista e nem vale a pena falarmos da ausência do "centralismo democrático", da "ditadura do proletariado", e da abertura ás minorias que num regime comunista seriam consideradas "elitistas", "reaccionárias", "pervertidas" ou simplesmente "doentes", dependendo dos casos. O que o BE defende são os valores de desenvolvimento e solidariedade social que foram aplicados na Escandinávia, resultando nas sociedades socialmente mais evoluídas do mundo. Estes valores implicam uma sociedade transparente e a eliminação das várias formas de corrupção e compadrio, que destroem e impedem o desenvolvimento dos países.

Quem imagina um BE a criticar, por exemplo, a música de um certo compositor acusando-a de ser "incompreensível para povo", como aconteceu com as primeiras sinfonias de Shostakovich na ex-União Soviética, obrigando-o a adoptar uma estética (ainda mais) "neo-clássica", supostamente mais "acessível ao povo"?

Se existem aspectos com os quais se possa discordar nas linhas programáticas do BE não será seguramente o facto de o BE pretender instaurar um "regime comunista".

JMF sabe muito bem de tudo isto mas pretende lançar a confusão, o que coloca em causa as suas pretensas credênciais de jornalista isento e de qualidade.

Quanto ás "terríveis" nacionalizações, basta olhar para a França onde os sectores chave estão nas mãos do Estado. Quando não é possível uma concorrência verdadeira e livre, dado os meios essenciais, devido à sua complexidade, estarem nas mãos de um único player, esse player tem de ser o Estado, senão não temos capitalismo mas monopolismo. Já agora pergunte-se aos noruegueses se permitiram que o petróleo fosse entregue à exploração dos privados...

Nota 1: PP pensava que a coisa estava esquecida, mas não está.

Nota 2: os Zapatero foram tirar fotos públicas e oficiais e depois esperavam o quê?

2009/09/28

Agora os outros

Os países da União Europeia mostraram esta manhã a sua preocupação com os testes balísticos efectuados ontem e hoje pelos Guardas da Revolução iranianos, mas a Rússia pediu à comunidade internacional para “não ceder às emoções” e evitar uma escalada de tensão.

“Devemos manter a calma e lançar um processo de negociações produtivo”, sublinhou um responsável da diplomacia russa, depois de reacções mais inflamadas dos europeus ocidentais.

O Governo francês considerou que ao testar mísseis de médio e longo alcance, o Irão está a “reforçar as preocupações dos países da região”, tanto mais que estes ensaios coincidem com a revelação “da existência de uma unidade de enriquecimento [de urânio] clandestina”. Paris espera, por isso, que o regime iraniano “cesse imediatamente as actividades profundamente desestabilizadoras” que tem desenvolvido e “responda sem demoras” às exigências de transparência internacional.

Também o Reino Unido diz que os ensaios constituem “uma fonte de preocupação”, mas sublinha que “a questão principal continua a ser o programa nuclear” do Irão e a recusa do país em suspender o enriquecimento de urânio.

Por seu lado, o alto representante para a política externa da União Europeia – um dos principais interlocutores de Teerão nos contactos dos últimos anos – disse que as notícias vindas nos últimos dias do país são “fonte de preocupação”, tanto no que diz respeito ao programa nuclear, como no domínio dos vectores” balísticos.

Os Guardas da Revolução anunciaram esta manhã ter testado mísseis de médio e longo alcance, no segundo dia de manobras para reforçar as defesas do país. Um dos projécteis testados é o Shahab 3, um míssil que Teerão diz ter capacidade para atingir alvos a dois mil quilómetros, o que colocaria Israel e as bases americanas no Golfo ao alcance das baterias iranianas.

Nota: depois de destruirem a oposição interna os "Guardas" querem destruir Israel. Por agora...
The Day Afther

Todos os resultados eram previsíveis excepto dois: o facto dos deputados conjuntos do PS e do BE não constituirem uma maioria simples no parlamento e o facto da conjunção dos deputados do PS com os do CDS a conseguirem.

Vamos ser claros: Pinto de Sousa tem imensas coisas em comum com Portas (o dos submarinos e das fotocópias...) mas não creio que se atreva nem a uma aliança governamental nem a um acordo de incidência parlamentar, porque não é só a "ala esquerdista" do PS que está em causa. Se, com disse um penteado "comentador-jornalista" (daqueles que em Portugal aparecem não se sabe de onde e depois ficam "por aí"), pode haver um retorno de PdS ás "suas origens liberais" (uma indirecta ao facto de PdS ter sido da JSD), parece-me demasiado improvável que isso venha a acontecer porque o que está em risco de facto é não a "ala esquerdista" do PS mas a sua base eleitoral. PdS sabe disso.

Estranho que os "especialistas" não tenham previsto que iria acontecer uma deslocação massiva de votos do PSD para o CDS. Parecia claro que com o ódio que amplos sectores do PSD parece alimentarem contra Ferreira Leite não iriam votar PSD. Na Lapa, em Lisboa, não longe da sede nacional do PSD, está um graffiti que diz: "PSD: se a bruxa ganha... é o FIM!". Isto é claramente dirigido aos militantes e a quem normalmente vota PSD. Muitos desses "jovens turcos" que aspiram a liderar o PSD querem uma sociedade totalmente "liberalizada". Eles aprenderam com a "crise" e com a salvação dos bancos com o dinheiro dos contribuintes: querem uma sociedade totalmente liberalizada sim, mas, evidentemente, com o Estado a amparar os golpes da banca, usando para isso o dinheiro de todos, tal como aconteceu recentemente. É esse o "liberalimo" que eles desejam.

Obviamente que o BE e o PCP vão ter de se entender para viabilizarem o mínimo de estabilidade parlamentar, desde que PdS (sim... há que engolir o sapo, perdão... o Pinto: o "povo" elegeu-o e "o povo é quem mais ordena"...) se comprometa a resolver situações básicas e elementares para uma sociedade que se pretende "europeia". Não será difícil esse entendimento entre as duas forças: o que está em causa é tão elementar que esse entendimento será quase "natural", se existir de facto vontade de fazer avançar o país. Não estão em causa grandes questões ideológicas, mas sim questões básicas (mas cruciais) como, por exemplo, reduzir o terceiro-mundista leque de diferenças económico-sociais que atordoam e inviabilizam Portugal. Também é necessário tornar o ensino mais exigente e sério a todos os níveis, factor absolutamente essencial para Portugal se tornar mais produtivo e competitivo internacionalmente. O BE deverá deixar as ditas "questões fracturantes" para o PS. Se o PS decidiu ir buscar o "candidato gay" que era do BE, compete ao PS resolver o que prometeu ao candidato, se é que prometeu alguma coisa...

Entendo que nem o BE nem o PCP deverão teoricamente aceitar que PdS faça uns acordos à esquerda e outros à direita (com o PP) só para se ir mantendo no poder. Seguramente que PdS gostaria de ter Portas como principal (e único) interlecutor (teríamos a versão II do Bloco Central), mas isso não lhe será possível, mesmo que seja essa a preferência do PR (que ainda deve muitos esclarecimentos ao país...). Por isso o BE e o PCP não deverão por princípio aceitar que para umas coisas haja "unidade de esquerda" e para outras o famigerado Bloco Central.


Extraordinária vitória...

José Sócrates falou em "extraordinária vitória eleitoral", prometeu que o PS governará "com o seu programa eleitoral" mas não adiantou nem uma vírgula sobre como conseguirá a "estabilidade que esta legislatura merece". Se na pré-campanha deixou antever a vontade de governar sozinho, mesmo sem maioria absoluta, ontem não fechou a porta a nenhum tipo de acordo, nem sequer a coligações.


Ou vitória relativa?

Mas, depois de agradecer a todos os militantes que acompanharam esta campanha do PSD, Ferreira Leite relativizou a vitória socialista, comparando os resultados deste ano, que ficaram além dos de 2005: “O voto dos portugueses tirou a maioria ao PS”, lembrou.

2009/09/25

O Truque

as proporções de 'votos' são calculadas a partir da amostra de inquiridos com opinião (no=350), mas as margens de erro são calculadas como se toda a amostra tivesse emitido opinião (n=1000). Se n for apenas ligeiramente superior a no, não há problemas de maior com esta forma de cálculo errónea. No entanto, em situações de elevada 'abstenção', como é o caso, utilizar 1000 'respondentes' para avaliar o erro de medida de 350 respostas, é uma barbaridade. Com este "passe de magia", os intervalos de estimação deixariam de estar sobrepostos e Diana Chaves teria razões para estar muito mais contente com estes "resultados" do que Vital Moreira com os resultados das sondagens de Maio.

Nota: qualquer jornal com seriedade deveria alertar os seus leitores para este tipo de truques. Igualmente conviria que os distintos portugueses media tivessem esclarecido os portugueses que o TGV fica em Madrid e que nem sequer se encontra agendada a tal "ligação à Europa". A ideia de ir de Lisboa a Stockholm, em TGV, não passa de uma ridícula ficção. De TGV nem a Paris, quanto mais a Stockholm...


PS com Máfia dos Bingos

O dirigente do PS José Lello, e o secretário de Estado das Comunidades, António Braga, são acusados de negociar cargos em troca de financiamento partidário com o empresário Licínio Santos envolvido na Máfia dos Bingos, adiantou hoje a TSF. A acusação partiu de Aníbal Araújo, outro membro do PS que foi cabeça-de-lista pelo círculo de Fora da Europa, nas legislativas de 2005.

Tanto Lello como Braga disseram em declarações à rádio desconhecer se o empresário financiou o PS. Mas Aníbal Araújo afirmou que os dois negociaram directamente com o empresário. O cabeça-de-lista tinha sido também financiado pelo mesmo empresário que foi detido após a Operação Furacão que desmantelou a Máfia dos Bingos.

Segundo a TSF o ex-cabeça-de-lista acusou José Lello de oferecer o consulado honorário em Cabo Frio, no Brasil, um lugar na administração da empresa de telecomunicações Vivo e o controlo da Águas de Portugal na cidade brasileira. O empresário chegou a estar detido no Brasil, actualmente está em liberdade a aguardar o seu julgamento.

A Máfia dos Bingos foi acusada de negociar sentenças judiciais e decisões políticas para beneficiar casas de bingo e de máquinas de jogos de azar. in publico.pt, 24.09.2009 - 17h23

Nota: o BE pode ser a alternativa, ou um ingrediente relevante da alternativa ao estado em que o PS deixou Portugal. Votar no PS significa votar no chico-espertismo, significa votar num Estado ligado e dependente de interesses obscuros, significa votar na ditadura da "filosofia" rudimentar (muito rudimentar...) de PdS, significa votar no atraso cultural e social de Portugal e condenar Portugal ao definhamento e à vergonha. Os portugueses deviam ser audazes e votar igualmente nos pequenos partidos emergentes. O "Bloco Central" governa Portugal praticamente desde o fim da ditadura e o resultado está à vista: um país pobre, triste e a definhar.


Contribuintes com costas largas

O Banco Português de Negócios (BPN), que foi nacionalizado para não falir, terá feito pagamentos clandestinos próximos de 15 milhões de euros a 48 administradores e colaboradores do grupo.

Esta situação foi detectada no âmbito de uma auditoria encomendada pela anterior administração do banco, liderada por Miguel Cadilhe, e consta do relatório pedido à sociedade de advogados Telles de Abreu e Associados, conta a edição de hoje do “Diário Económico”.

O dinheiro era proveniente do Banco Insular (registado em Cabo Verde) e passava por uma off-shore, a Jared Finance LLC, transitando por uma conta criada pelo então presidente do banco, Oliveira e Costa, que a utilizava para regularizar despesas correntes e pagar a dezenas de ex-administradores.

O “Diário Económico” diz que teve acesso à lista de movimentos, que apontam, para situações de evasão fiscal, não havendo justificação para a grande maioria deles. idem 25.09.2009 - 08h47

Nota: deveria ter falido, assim como o BPP. O governo decidiu esbanjar o dinheiro dos contribuintes para os salvar, com a historieta do "risco sistémico".


Limites para os banqueiros

Os líderes mundiais chegaram a um acordo no que se refere aos limites dos prémios dos banqueiros, cujo comportamento contribuiu para a crise mundial, afirmou quinta-feira o secretário norte-americano do Tesouro, Timothy Geithner, em Pittsburgh.

Geithner anunciou que as potências do G-20 chegaram a um consenso em relação às "linhas base" da proposta de limitação das regalias dos banqueiros, que deverá estar pronta até ao final deste ano.

O secretário norte-americano do Tesouro explicou que o acordo vai incluir padrões diferentes em cada país, que serão supervisionados pelo Fundo Monetário Internacional, que reúne os bancos centrais.

Até ao momento, a Europa tem pressionado mais do que os Estados Unidos para fixar estes limites. Lusa, 25.09.2009


Pedagogia de PdS

«Colegas de curso ainda se lembram de uma cena inesquecível em que José Sócrates foi protagonista. No ISEL, no CESE (Curso de Estudos Superiores Especializados) em Engenharia Civil–perfil de Transportes e Comunicações em que se inscreveu, José Sócrates começou logo mal, habituado que já estava ao púlpito político e desacostumado dos bancos da escola, conforme relatos de presentes que presenciaram o acontecimento que ilustrava o seu comportamento peculiar, hoje notório junto do público. Na cadeira de Ordenamento do Território, no início do 1.º semestre, em Outubro de 1994, estava o professor, reputado como rigoroso, no anfiteatro a esclarecer o método de funcionamento da disciplina e de avaliação, discriminando os cuidados a ter nas provas, nomeadamente que não era permitido manterem apontamentos e livros, máquinas de calcular e telemóveis junto de si, quando José Sócrates se levantou (!) intempestivamente - como se estivesse no plenário da Assembleia da República – e interrompeu a aula para contestar o professor porque, em sua opinião, estava a tratar os alunos como crianças e a desconfiar da sua seriedade. Perante o desafio, fez-se silêncio na sala. O professor, conhecido por tratar todos os estudantes da mesma forma, explicou, com calma, ao aluno-deputado que não era seu costume responder a impertinências, mas que a desculpava tendo em conta a manifesta “ignorância” de José Sócrates das regras académicas, uma vez que estaria há muito tempo afastado da escola e já não se lembraria dos usos da academia. Sócrates sentou-se e calou-se - e os colegas mal conseguiram conter o riso

Nota: o percurso posterior de Pinto de Sousa na universidade privada onde adquiriu a licenciatura prova exactamente a seriedade (pessoal de PdS) que o mesmo PdS dizia (erradamente) o professor estar a colocar em causa.

2009/09/23

"Ver José Sócrates apelar à moral na política é tão convincente quanto a defesa da monogamia por parte de Cicciolina." Assim começa um artigo de João Miguel Tavares no DN (3 de Março) que o primeiro- -ministro, José Sócrates, não gostou.
Resultado: uma queixa-crime contra o colunista do DN por aquela e outras referências no texto. Sócrates tinha ameaçado com processos os jornalistas que escreveram sobre o Freeport.
João Miguel Tavares foi ouvido no DIAP de Lisboa. Contactado pelo DN, o colunista declarou: "Agradeço a atenção que o senhor primeiro-ministro me dedicou de que não me acho merecedor.", DN, 03 Abril 2009

2009/09/22

O governo do "inginheiro" só apoia ditadores

O polémico candidato egípcio, Farouk Hosny, ministro da Cultura do seu país há 22 anos, acabou por empatar com a única outra candidata que ainda se mantém na corrida, a búlgara Irina Bokova, ex-ministra dos Negócios Estrangeiros e actual embaixadora da Bulgária em França, no Mónaco e na própria UNESCO.

Portugal decidiu apoiar a candidatura egípcia, uma decisão que Carrilho procurou contrariar, tendo acabado por se recusar a comparecer na eleição. O ex-ministro da Cultura, que fez parte de um grupo de embaixadores que tentou, sem sucesso, patrocinar a candidatura de Al Gore, não quis ontem a comentar a sua posição, mas é de crer que tenha alegado razões de consciência para não votar em Hosny, um político acusado de praticar abertamente a censura no seu país, e que ainda recentemente afirmou que queimaria pessoalmente todos os livros israelitas que encontrasse na Biblioteca de Alexandria.

Nota: segundo o diário 24 Horas, o livro que estava para ser lançado esta semana já não o vai ser, por decisão da distribuidora...


Atrofia da liberdade de expressão

O primeiro-ministro, José Sócrates, requereu a abertura de instrução do processo que moveu contra o jornalista João Miguel Tavares, noticia hoje o blogue da TSF "Governo Sombra".

O Ministério Público tinha determinado que o processo fosse arquivado, considerando que o artigo de opinião, “José Sócrates, o Cristo da política portuguesa”, publicado no "Diário de Notícias", não ultrapassava os limites da crítica a Sócrates, enquanto figura pública. O primeiro-ministro, ao pedir a abertura de instrução do processo, mostra vontade de continuar com o litígio.

O artigo de 3 de Março deste ano criticava o líder socialista quando este pediu “a decência da vida democrática”, durante a abertura de um congresso. João Miguel Tavares defendeu que Sócrates deveria manter o “mínimo de decoro e recato em matérias de moral”, depois de ser confrontado com as polémicas da sua licenciatura, do Freeport, entre outros casos.

Para o jornalista, ainda mais grave foram as declarações feitas por José Sócrates que insinuavam a sua ilibação automática por ter sido o governante mais votado pelo povo, mantendo uma lógica semelhante à de Fátima Felgueiras ou Valentim Loureiro. Tavares termina o seu texto de opinião comparando o primeiro-ministro ao líder da Venezuela. “Como político e como primeiro-ministro, não faltarão qualidades a José Sócrates. Como democrata, percebe-se agora porque gosta tanto de Hugo Chávez."

Na altura em que o processo foi arquivado o jornalista disse ao PÚBLICO que esperava que a decisão do MP fosse a do arquivamento do processo, já que no passado tinha escrito "coisas mais violentas sobre Pedro Santana Lopes e Manuela Ferreira Leite e que nenhum deles o processou".


Dossier Freeport

O ex-autarca de Alcochete Zeferino Boal, alegado autor da carta anónima que desencadeou as investigações ao “caso Freeport”, foi constituído assistente no processo, confirmou hoje o próprio à agência Lusa.

O pedido para ser constituído assistente no processo Freeport deu entrada em Março, no Tribunal de Setúbal. Zeferino Boal adiantou que hoje a sua advogada lhe comunicou a resposta positiva do tribunal ao seu pedido.

Zeferino Boal, ex-militante do CDS-PP, é alegadamente o autor da denúncia anónima de alegadas irregularidades que originou a investigação da Polícia Judiciária ao "caso Freeport", em 2004.

Nota: só acredito em desenvolvimentos substanciais depois de Brown perder as eleições britânicas. Está para muito breve (Brown arrisca-se a passar da primeira para a terceira força política), no longo prazo... 10 de Maio de 2010. David Cameron dará liberdade ao Serious Fraud Office para continuar a trabalhar e a investigar o Dossier Freeport.


Casos duvidosos

Cinco dirigentes da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) pediram a demissão devido a “discordâncias internas sobre políticas de educação nacional”, anunciou o vice-presidente demissionário da estrutura António Amaral.
...
O motivo da demissão prende-se com “as posições de apoio do presidente da Confap ao Governo” e ao facto de estas “não terem eco nas associações de pais do distrito de Setúbal”, que os demissionários representam, explicou António Amaral.

Nota: em relação a esta suposta confederação das associações de pais, sabendo-se que recebia dinheiro directamente do gabinete da ministra da educação e sabendo-se que haviam dinheiros desaparecidos, dever-se-ia, após as eleições, mandar fazer auditorias independentes, porque sabe-se que quantias substanciais, a título de apoios e subsídios, entraram nesta "instituição" a partir do gabinete da ministra Lurdes Rodrigues. Se existe um ou mais professores dispensados de leccionar (como nos sindicatos dos professores) nesta confederação de pais, não se percebe o porquê do apoio monetário por parte da ministra. Ou será que a ministra também dá dinheiro aos sindicatos e outras associações de professores? Há também que continuar (ou reactivar) as averiguações em relação ás enormes quantidades de dinheiro entregues a João Pedroso para fazer trabalhos que poderiam ter sido efectuados pelos juristas do ministério da educação. Ou será que no entender da ministra os juristas do ministério da educação não têm competências para compilar a legislação produzida para a educação?! Toda a contabilidade do ministério da educação referente aos últimos 4 anos deveria ser passada a "pente fino".


Bizarro, muito bizarro...

O líder do Bloco de Esquerda (BE), Francisco Louçã, não exclui a possibilidade de o Presidente da República abandonar as suas funções, notando que “todos os responsáveis políticos não estão à altura do seu cargo quando alimentam factóides, quando criam inventonas, ou quando criam fenómenos para lançar confusão a partir de nenhuma fundamentação de factos”.

Numa reacção à notícia do afastamento de Fernando Lima do cargo de assessor da Presidência da República para a comunicação social, divulgada esta tarde, Louçã sublinhou que Lima “alegou ter a autorização da Presidência” para “transmitir informações que sabemos serem falsas”.

Instado a dizer se entende que Cavaco Silva tem condições para permanecer na Presidência da República, o bloquista não fechou a porta a essa hipótese, reiterando que, apesar de Cavaco ter afastado Lima, “esse colaborador alegou ter tido autorização superior” para “criar uma crise política totalmente artificial”, provocada pela notícia do PÚBLICO sobre as suspeitas de que Belém estaria a ser vigiado pelo Governo.

Nota: não sei o que levou o presidente a minar a campanha do seu próprio partido... No mínimo "bizarro", como diriam os franceses. No que toca ao primeiro-ministro há que dizer claramente que Pinto de Sousa já se devia ter demitido há muito. É muito grave ter-se um primeiro-ministro suspeito de corrupção e de ter comprado (conseguido com umas certas facilidades...) uma licenciatura. Para já não falarmos nas casas cujos projectos assinou, na história da Cova da Beira, no preço "especial" a que adquiriu o apartamento, etc... Noutro qualquer país (exceptuando talvez a Itália e os países dos Balcâs...) já teria sido obrigado a demitir-se. Se tivesse o mínimo de dimensão de estadista há muito que se teria afastado para proteger o "bom nome" do país e facilitar a governabilidade do mesmo (ou possíveis alianças para a governabilidade porque muito "boa gente" não aceita, "nem pintada", uma aliança com um partido dirigido por PdS). O BE se, por acaso, ousasse fazer uma aliança com PdS, perderia todo o "capital" ganho.


Esclarecimentos

Logo pela manhã Pacheco Pereira, no seu blogue Abrupto, reclamou do Presidente da República uma explicação ainda antes do final da campanha, sobre as circunstâncias que rodearam o caso das escutas a Belém e, ontem, a demissão do seu assessor Fernando Lima. Ferreira Leite Não vai por esse caminho e diz tratar-se de “um problema com o senhor Presidente da República”. “Eu não interfiro nas decisões do senhor Presidente da República”, acrescentou. in publico.pt, 22.09.2009 - 14h13


Precisam-se

O líder do Bloco de Esquerda (BE) deu uma resposta vaga quando questionado sobre se Cavaco Silva tem condições para permanecer em Belém, caso não esclareça a demissão de Fernando Lima até ao dia das eleições.

“Só me pronuncio sobre o esclarecimento que ele fizer. Assumir a responsabilidade política é contribuir para toda a clareza. É uma questão de sensatez dar esse esclarecimento”, respondeu, no final de uma visita às oficinas da EMEF, no Barreiro.

Francisco Louçã prefere, por ora, ser cauteloso na abordagem do tema, apontando que “as dúvidas não fazem bem à democracia” e que “não deve haver ambiguidade na vida democrática”.

Na segunda-feira à tarde, depois de conhecida a demissão de Fernando Lima da assessoria para a comunicação social da Presidência, Louçã colocou em causa a continuação de Cavaco Silva em Belém. Mas não o fez explicitamente.

Depois de sublinhar que o assessor alegou ter “autorização do Presidente da República” para “criar uma crise política artificial”, Louçã fez notar que “todos os responsáveis políticos não estão à altura do seu cargo quando alimentam factóides, quando criam inventonas, ou quando criam fenómenos para lançar confusão a partir de nenhuma fundamentação de factos”.

O líder do Bloco voltou hoje a insistir que o Presidente deve esclarecer “o mais depressa possível” o país sobre a sua decisão (“é essa a obrigação de todos os que têm responsabilidades políticas”). Até porque, lembrou em Coimbra, “as pessoa devem ter todas as condições para avaliar os cargos públicos de grande responsabilidade em função dos factos que lhes são dados.” idem, 23.09.2009 - 17h03

2009/09/20

Evidentemente

Francisco Louçã voltou a rejeitar a hipótese de uma coligação pós-eleitoral com o PS, no caso de os socialistas vencerem as legislativas sem atingirem a maioria absoluta, desvalorizando assim as declarações de Mário Soares, que admitiu não “repugnar” uma aliança do PS com o Bloco de Esquerda (BE).
...
Numa tentativa de esclarecer a posição do BE, o líder bloquista garantiu o Bloco “não faz uma aliança com um Governo que tem destruído o bem público essencial e cujo projecto é continuar com o Código do Trabalho.”. E sublinhou, apesar da “insistência” dos jornalistas: “Tem sido sempre essa minha resposta. Só tenho uma resposta e é a mesma. Não quero que ninguém tenha nenhuma dúvida.” Público, 20.09.2009 - 16h50


Sim, mas também...

O líder do PCP, Jerónimo de Sousa, afirmou hoje no Porto que o PS tem sido eleito porque engana os portugueses com o “papão da direita”, alertando que a actual situação do país não permite “novos enganos”.

No comício da CDU no Palácio do Cristal, onde o secretário-geral do PCP disse estarem “cerca de 5.000 pessoas”, Jerónimo de Sousa afirmou que “não se combate a direita fazendo-lhe o frete de fazer a política que é dessa mesma direita”.

“Não venha agora o PS agitar o papão do PSD e da direita, para continuar a fazer o que a direita gostaria de fazer directamente”, afirmou Jerónimo de Sousa.

Para o líder comunista, “é em nome desse papão que o PS tem conseguido ganhar eleição após eleição e levar ao engano milhares de eleitores”, mas agora “o tempo e a situação do país não está para novos enganos”. Público, 20.09.2009 - 19h46 Lusa

Nota: Pinto de Sousa ganhou porque o país se queria ver livre do Santanete Lopes, também conhecido por "candidato sempre em pé".


Degradação

A tentativa de seduzir os eleitores socialistas é tão forte que hoje, ao longo do dia, Louçã resgatou a “esquerda possível” e a “asfixia social” do discurso de Manuel Alegre em Coimbra. E juntou ainda ao lote de socialistas históricos que tem vindo a invocar (Alberto Martins, Alegre, António Arnaut) o nome de João Cravinho, que, recorde-se, apoiou a proposta bloquista de acabar com o sigilo bancário.
...
As declarações de Soares, que hoje disse que não lhe “repugnava” uma aliança do PS com o BE, não podiam ter sido mais propícias. Foi a oportunidade para Louçã insistir na existência de dois PS: aquele que é dominado por Sócrates (o “PS de Sócrates”) e o que é composto pelos dirigentes históricos, que “não são ouvidos” pelo secretário-geral (Louçã garante que os ouve “com muita atenção”). “Mário Soares tem sido uma voz própria no debate político que não representa o PS”, disse. Algumas horas antes afirmara que “a grande tradição socialista” luta “contra a degradação e essa degradação chama-se Sócrates”. Público, 20 de Setembro

Nota: a degradação chama-se Pinto de Sousa (PdS)* e eu pessoalmente não gosto nem do Mário Soares nem do clã Soares.

* até nisto PdS foi esperto (chico-esperto) pois todos os políticos são conhecidos pelos seus apelidos e ele conseguiu passar aos media o seu segundo nome, estrategicamente o nome de um filósofo (se alguém não tem nada, mesmo nada, de filósofo esse alguém chama-se PdS)...


Tratado da senilidade

Mário Soares fez hoje o mais audaz apelo aos eleitores desta campanha: “Dêem uma vitória muito confortável ao PS nas eleições do próximo domingo”. Horas depois de ter confessado aos jornalistas que o PS “talvez não [renove] a maioria absoluta” e que não o “repugna” uma coligação com o BE, o fundador do partido subiu ao palco para fazer o elogio a José Sócrates, o “homem do momento e para o futuro”. Público, 20.09.2009 - 21h37

2009/09/19

Thousands Rally in Iran

Tens of thousands of protesters chanted and carried banners through the heart of Tehran and other Iranian cities on Friday, hijacking a government-organized anti-Israel march and injecting new life into the country’s opposition movement.

The protests, held in defiance of warnings from the clerical and military elite, served as a public embarrassment to President Mahmoud Ahmadinejad, who had hoped to showcase national unity just two weeks before he is set to meet Western leaders for talks on Iran’s nuclear program.

He used the annual rally for Jerusalem Day, also known as Quds Day, to deliver a fiery anti-Israeli speech in which he called the Holocaust “a lie” and impugned the West again for its criticisms of Iran’s disputed June 12 presidential election.

But his efforts to recapture the stage were largely drowned out by a tumultuous day of street rallies, in which the three main opposition leaders marched with their followers for the first time in months. Flouting the official government message of support for Palestinian militants, they chanted, “No to Gaza and Lebanon, I will give my life for Iran.”
O jornal onde vale tudo (menos arrancar olhos *)

Aceitar e-mails privados pela "porta das traseiras" pode implicar cumplicidade com um crime. Publicar e-mails privados sem o consentimento das pessoas em causa é crime. Qualquer um destes actos, quando praticado por um orgão de comunicação social, demonstra que esse orgão não é de confiança. Eu conheço relativamente o DN pois escrevi "crítica de musica" para esse diário. Logo na segunda peça que me encomendaram fui chamado "à pedra" ("olhe que o concerto não foi assim tão mau") pelo secretário-geral (cargo ridículo que provavelmente já não existe), que era simultaneamente o presidente da Casa da Imprensa e auto-intitulado (o DN anunciava as críticas dele com dias de antecedência, como se de uma vedeta se tratasse...) grande crítico de ópera (evidentemente sem que tivesse qualquer background no assunto para além de assistir ás estreias do São Carlos...). Basicamente eu não podia escrever mal de nada que implicasse o governo: sobre o Teatro São Carlos e a Orquestra Sinfónica Portuguesa esperavam-se ou boas críticas ou críticas "razoáveis". E nem pensar colocar em causa o "normal" funcionamento das instituições! Claro que o fiz e claro que deixaram de me publicar. É assim que funciona, ou funcionava, o DN. Por isso não me espanta totalmente a atitude de andarem a "dar à estampa" e-mails privados de terceiros. Está dentro da "onda" do DN que conheci. **

* porque senão depois não podem escrever e editar o jornal (ainda que nada de particularmente interessante se perdesse).

** sabemos bem que o mesmo poderia acontecer em qualquer outro media português, mas é o DN que está em decadência, é o DN quem necessita desesperadamente de aumentar as vendas. O DN não tem um Belmiro e os accionistas querem "resultados". Mesmo admitindo o interesse público daqueles e-mails nada justifica expôr publicamente e-mails privados sem a autorização dos interessados, especialmente quando os "interessados" são jornalistas da concorrência.

Passam-se coisas muito estranhas nos media portugueses... Por exemplo, num outro diário, mais prestigiado que o DN, foi publicada uma entrevista feita por e-mail (por e-mail até pode ser outra pessoa a responder, ou a artista - normalmente alguém por ela - fazer copy/paste a partir de outras entrevistas ou de questões pré-respondidas ***). Mas tudo bem, se se indicar que a entrevista foi feita por e-mail (o que não aconteceu). Mas o estranho foi que a entrevista foi "solicitada" pela editora da artista que também "pediu" que fosse publicada antes do concerto. E assim aconteceu. Quem fez a entrevista nem sequer questionou o processo e a metodologia (ou porque é tão portuguesa que acha estas coisas normais, ou para evitar criar "ondas" que lhe poderiam ser prejudiciais).

*** eu reconheço que há jornalistas e "críticos" que não merecem mais que um copy/paste, mas isso é outra história...


O terrível caso do PPR

Em declarações aos jornalistas a propósito da manchete de hoje do Expresso, que revela que o líder bloquista e mais quatro dirigentes do partido investiram em PPR, Louçã advogou que tem dito «sempre o mesmo» e nunca «mudou de opinião» sobre este tema, tendo já votado «há cinco anos atrás» contra os benefícios fiscais destes produtos.

«Isto é um favor que me fazem, que a manchete do Expresso, o jornal de referência do país, seja dizer que a minha poupança de uma vida inteira são 30 mil euros, que eu não recebo o meu salário porque dou aulas de graça na universidade pública e porque defendo o interesse dos contribuintes e não o meu próprio interesse acho que só valoriza a clareza e a intransigência das posições do BE», acrescentou. Sol, 19 de Setembro

Nota: quantos políticos leccionam graciosamente nas universidades portuguesas?

2009/09/18

A anedota

A eurodeputada socialista e candidata à Câmara de Sintra pelo PS Ana Gomes afirmou hoje, em relação ao Rádio Clube Português, que o PS deveria chamar o Bloco de Esquerda a formar Governo, caso não consiga uma maioria absoluta.

Ana Gomes frisou que não só entende que esse entendimento é possível como seria “benéfico para o país”.

“Com o BE não só acho que é possível como é positivo”, diz Ana Gomes que acrescenta que esta coligação traduziria a “sociologia de esquerda” que marca a maioria da população.18.09.2009 - 12h16 PÚBLICO

Nota: será que a dona Ana estará a esquecer-se que o BE já avisou claramente que não faz coligações com o PS enquanto Pinto de Sousa fôr o secretário-geral? Será que pretende branquear o que o PS de PdS (Pinto de Sousa) tem feito ao país à custa de uma aliança governamental com o BE?


Serviços de informação governamentalizados

O secretário-geral do PCP considera que é “lamentável o estado a que tanto o PS e o PSD deixaram chegar os serviços secretos e de informação”, que estão “governamentalizados, e defende que deve ser levado a cabo um processo de investigação que apure o que se passou.

Para Jerónimo de Sousa, a maior preocupação é que “os serviços de informação não tenham controlo” e “sejam parte interessada desta ou daquela força”. “Não nos surpreendemos que o PS esteja a fazer isto: o PSD fez o mesmo”, criticou.

O candidato da CDU defende também que “tendo em conta a publicação e a documentação, e na perspectiva da veracidade daquelas notícias que ali estão, é um processo que exige investigação”. Mas até isso lhe deixa dúvidas: "O meu grande problema é que os serviços de informação não vão ser investigados com certeza. Estão governamentalizados, e há uma centralização [do seu controlo] por via legislativa". 18.09.2009 - 12h08, Público

Nota: se alguém anda a devassar os e-mails de um jornalista, estamos perante uma tremenda ilegalidade.
Porque não falou do Brown?

Pinto de Sousa falou no Zapatero, no Obama (não se percebeu a propósito de quê...) e no Sarkozy (já agora porque não no Berlusconi?). Esqueceu-se de Gordon Brown que é da sua família política! Porquê?

1 - porque a derrota que Brown já sofreu nas "locais" (passando em muitos sítios do primeiro para o terceiro e até quarto lugares) pode inspirar os portugueses.

2 - porque com David Cameron (conservador *) no poder (todas as sondagens dão uma vitória folgada a Cameron e uma derrota liminar para Brown), o Serious Fraud Office, que depende directamente do governo, pode avançar com novos dados sobre o caso Freeport e não convém nada que os portugueses se ponham a imaginar a vergonha que seria terem eleito um primeiro-ministro que pode aparecer claramente referênciado como suspeito de corrupção noutro país.

Por isso fala-se em Sarkozy mas esquece-se o "companheiro" Brown, que aparentemente até "nos" tem protegido, e muito...

* mas é um conservador que vai de bicicleta para o parlamento...

2009/09/17

12%

O Partido Socialista (PS) tem 38 por cento das intenções de voto, contra 32 por cento do PSD, revela a mais recente sondagem da Universidade Católica para a Antena 1, RTP, "Jornal de Notícias" e "Diário de Notícias".

Resultado de um trabalho de campo efectuado entre 11 e 14 de Setembro, já depois dos debates na televisão, o Bloco de Esquerda apresenta 12 por cento das intenções de voto, enquanto a CDU e o CDS/PP se encontram empatados com 7 por cento. Os votos brancos, nulos e noutros partidos representam 5 por cento das intenções.

A sondagem da Católica resulta de 1305 inquéritos válidos e tem uma margem de erro de 2,7 por cento. Sessenta e cinco por cento dos inquiridos disseram que vão votar de certeza, 11 por cento dizem que não votarão certamente. 17.09.2009 - 17h04 PÚBLICO

Nota: 12% é muito relevante e ainda pode crescer mais, porque o PS do Pinto de Sousa não é um partido de esquerda e Pinto de Sousa não é um político honesto, dois factores que terão um peso decisivo para quem tenha capacidade reflexiva. Quem é de direita deve votar nos partidos tradicionalmente de direita, não no Pinto de Sousa que é anfíbio.
Políticos corruptos

Manuela Ferreira Leite resumiu hoje a “boatos” e “cenas” as notícias sobre a denunciada compra de votos na distrital de Lisboa quando António Preto, candidato a deputado imposto pela presidente nas listas de Lisboa, liderava aquela estrutura. E não exclui que “mais histórias” apareçam até ao dias das eleições. “Já estou preparada para isso. É costume ser assim”, disse a líder social-democrata em Viana do Castelo.

“São casos que desconheço e cujas actuações condeno”, começou por reagir a líder do PSD, fazendo questão de acrescentar que se trata de “casos recorrentes e que ao ser apresentados oito dias antes das eleições leva a perceber qual o objectivo desse tipo de histórias”.

As primeiras horas de campanha foram submergidas pelas notícias não só da Sábado sobre António Preto, mas também com os efeitos do discurso da véspera do presidente da JSD, Pedro Rodrigues, que lembrou o caso da licenciatura de José Sócrates para ilustrar o facilitismo e falta de rigor na Educação. O ataque mereceu uma resposta pronta da parte do líder da JS, Duarte Cordeiro, que lamentou que este assunto volte a ser agitado em período eleitoral, dizendo que é “má educação”. Público, 17.09.2009 - 14h03


Nota: "má educação" é o que fazem os políticos corruptos deste país! Os casos de corrupção deviam vir à baila em campanha eleitoral, para os portugueses conhecerem melhor os políticos que têm. Esconder tudo é que não é lá muito honesto. Até parece que existe um acordo tácito de não mostres os meus podres que eu não mostro os teus...

O código penal tem de ser alterado e os políticos corruptos, tanto os que corrompem como os que se deixam corromper, devem sempre ser condenados a pena de prisão efectiva, para além da devolução dos lucros tidos, caso existam, e das multas a pagar ao Estado.

O crime económico (crimes de "colarinho branco") deve ser considerado um crime muito grave quando coloca em risco o interesse público. Os crimes cometidos por governantes e detentores de cargos públicos devem ser substancialmente mais penalizados que os praticados pelo "cidadão comum", de acordo com as respectivas responsabilidades na administração pública, assim como nas fundações, bancos, empresas participadas pelo Estado e outras empresas e instituições de utilidade pública (quanto maior a responsabilidade do cargo maior deve ser considerado o crime). Todo o acto de corrupção, activa ou passiva, cometido por governantes e detentores de cargos públicos, assim como detentores de cargos nas grandes empresas, bancos, fundações e outras instituições de interesse e utilidade pública, deve ser considerado automaticamente acto de corrupção "ilícito". Não há crime de Estado "lícito"! Só assim se pode "moralizar" a política e a sociedade.
Carácter "transparente"

O secretário-geral do Partido Socialista (PS), José Sócrates, pediu hoje em Paris uma "atitude de confiança" e afirmou "contar com a comunidade portuguesa" em França.

José Sócrates almoçou em Paris com algumas dezenas de representantes da comunidade portuguesa em França, numa acção de campanha em que participaram outros dirigentes socialistas e os candidatos pelo círculo da Europa às eleições legislativas.

O secretário-geral do PS pediu aos portugueses "uma atitude de confiança, não uma atitude de descrença. Uma atitude de vontade e de ambição, não de pessimismo e de negativismo".

"Um grande general norte-americano um dia disse que nunca viu um pessimista ganhar uma batalha. Eu também nunca vi", afirmou José Sócrates.

"Eu também nunca vi um pessimista crir um único posto de trabalho", acrescentou o líder socialista.

José Sócrates recordou a presidência portuguesa da União Europeia, a Cimeira Europa-África e a assinatura do Tratado de Lisboa, para realçar a importância da imagem internacional de Portugal.

"Eu sei a importância que isso tem para todos vós, mas contamos convosco ao serviço do nosso país", afirmou ainda o secretário-geral do PS.

No almoço de campanha em Paris, José Sócrates, acompanhado do responsável das Relações Internacionais do PS e do secretário de Estado das Comunidades, António Braga, apresentou Paulo Pisco e Maria Lurdes Rodrigues, cabeças-de-lista do PS pelo círculo da Europa. Público, 17.09.2009 - 15h09 Lusa

Nota: Pinto de Sousa como teve mêdo de colocar a Lurdes Rodrigues (ler o romance "A Ministra") numa lista com visibilidade em Portugal, pô-la na lista para os emigrantes portugueses na Europa, a ver se a "coisa" passa despercebida, o que é um desrespeito total para com os emigrantes.
Companhias perigosas

A lista negra.

2009/09/16

Não autorizado

– «E tu acreditas?».

Foi a pergunta que José Sócrates me fez, insistentemente, durante uma longa e tardia conversa que se foi revelando tensa, muito tensa.

Na última semana de Janeiro de 1999, mais precisamente no dia 28, uma quinta-feira, fui incumbido de telefonar ao então ministro adjunto do primeiro-ministro para o confrontar com o resultado de um pré-inquérito da Polícia Judiciária. (...) José Sócrates nunca deixou em mãos alheias a iniciativa de evitar a publicação de uma notícia. Os telefonemas, as ameaças e as pressões multiplicaram-se até altas horas da madrugada seguinte, depois de lhe ter telefonado.

Há mais de dez anos, já era assim. O resultado foi surpreendente: a notícia foi adiada, apesar de ter chegado a estar planeada e paginada para mais uma manchete. (...)»

A biografia – não autorizada – de José Sócrates revela a vida académica, profissional, partidária, política e governamental do “homem” e do “líder”.

É um caminho com 52 anos que começou em Vilar de Maçada, Alijó, e culminou no topo do poder Executivo, no palácio de São Bento, em Lisboa, depois de obter a primeira maioria absoluta do Partido Socialista, em 20 de Fevereiro de 2005.

Com sucessos e derrotas, sempre marcado pelas cartas anónimas e suspeições de envolvimento em casos de corrupção, tráfico de influências e paraísos offshore, por ora nunca comprovados na justiça, nem até ao momento cabalmente esclarecidos em termos de opinião pública.

Desde 1995, o desempenho de altas funções de Estado ficou ensombrado por dossiês polémicos – Cova da Beira e licenciamento do empreendimento comercial “Freeport” –, entre outros assuntos e negócios privados e de Estado.

Rui Costa Pinto revela novos factos sobre a investigação que envolve o nome próprio do primeiro-ministro de Portugal mais escrutinado de sempre.

Nota: será que vão censurar este como fizeram com o "Dossiê Sócrates"?


Portugal com 650 mil desempregados em 2010

A OCDE estima que no final de 2010 o desemprego em Portugal atinja 650 mil pessoas, o que significa que existirão mais 210 mil desempregados do que os contabilizados no final de 2007, segundo um relatório hoje divulgado.

De acordo com o Outlook sobre o Emprego em 2009, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Portugal chegará, assim, ao final de 2010, com uma taxa de desemprego na ordem dos 11,7 por cento.

No relatório, hoje publicado, a organização projecta assim para o último trimestre de 2010 uma subida de 47,9 por cento no número de desempregados, face a igual período de 2007.

Em Dezembro de 2007, segundo a OCDE, Portugal tinha 440 mil desempregados e uma taxa de desemprego de 7,9 por cento. Lusa, em Público, 16.09.2009 - 13h52

Nota: Pinto de Sousa prometeu 150 mil empregos. Nos entretantos destruiu 650 mil postos de trabalho. Será que ao falar em 150 mil empregos estava a pensar nos jobs para os jovens rosinhas?
Norman Borlaug: 1914-2009

Norman Borlaug, considerado o pai da agricultura moderna, morreu no passado sábado no Texas, de cancro, aos 95 anos de idade. Na Índia ou no México, choram a sua morte; por cá, é virtualmente um desconhecido. Não é de admirar: "mais do que qualquer pessoa da sua idade, ajudou a fornecer pão a um mundo com fome", declarava em 1970 o Comité Nobel norueguês ao anunciar ser ele o laureado do Nobel da Paz naquele ano.

Borlaug não era um filósofo nem um ensaísta, nem sequer um político: era biólogo vegetal - especialista das doenças das plantas e geneticista - e tinha lutado toda a vida para melhorar o rendimento dos cereais. Mas o comité Nobel tinha-o achado merecedor da recompensa por uma razão muito simples, que explicavam: "Fizemos esta escolha na esperança de que fornecer pão também sirva para conseguir a paz no mundo". Borlaug era, diziam ainda, directamente responsável por ter salvo centenas de milhões de vidas humanas.

Este homem, nascido em 1914 no Midwest norte-americano numa comunidade de agricultores de origem norueguesa, tinha crescido nos Estados Unidos em plena Grande Depressão e sabia que a fome gera a violência. Para ele, o fim da fome no mundo e a paz global só podiam andar de mãos dadas. Não podia haver paz quando os estômagos estivessem vazios e as crianças chorassem por comida. O fim da fome não era uma condição suficiente para a paz, mas era sem dúvida uma condição necessária, um primeiro passo nesse sentido.

Por isso, dedicou a sua vida a desenvolver variedades de trigo e de outros cereais que fossem não só resistentes às doenças que os assolavam, mas também capazes de produzir muito mais grãos do que as variedades tradicionais. E, em poucos anos, conseguiu fazer com que países como o México e a Índia, ou a China e o Brasil, confrontados com um crescimento populacional desmesurado a seguir à II Guerra Mundial, se tornassem auto-suficientes na produção dos seus alimentos de base.

Conta Leon Hesser, na sua biografia de Borlaug intitulada The Man Who Fed the World (O homem que alimentou o mundo) que quando o cientista, então com 56 anos, recebeu a notícia telefónica da atribuição Nobel da Paz, não acreditou. Foi por volta das seis da manhã (como é costume, devido à diferença horária entre a Europa e a América) que a sua mulher atendeu o telefone. Como Borlaug estava já a essa hora a trabalhar num campo de trigo nos arredores da Cidade do México, ela foi até lá de carro anunciar-lhe a boa nova - e recebeu como resposta um "alguém está a brincar contigo" incrédulo. Mais tarde, já convencido de que a informação era fidedigna, Borlaug disse que iria festejar o evento quando acabasse o trabalho.

"Ele fez provavelmente mais do que muitos, mas é conhecido por menos gente do que qualquer outra pessoa que tenha feito tanto como ele (...). Tornou o mundo melhor", declarou à imprensa, a seguir à morte de Borlaug, Ed Runge, amigo e colega de longa data na Universidade A&M do Texas, onde Borlaug trabalhou muitos anos.
Pelas estradas do México

Acabado o doutoramento, no início dos anos 1940, Borlaug foi recrutado pela empresa DuPont, que fazia investigação na área dos fertilizantes químicos. Mas a sua verdadeira carreira só começaria em 1944, quando foi enviado para o México pela Fundação Rockefeller para integrar um programa de luta contra a fome a pedido do Governo mexicano. Conta o New York Times que, ao deparar-se com a miséria em que viviam os pequenos agricultores mexicanos, com a degradação dos solos e a infestação das culturas pelo fungo da ferrugem do trigo - e com a desolação do campo mexicano em geral - escreveu à mulher, desesperado: "Não sei o que podemos fazer para ajudar esta gente, mas temos de fazer qualquer coisa."

Borlaug lançou-se de corpo e alma no projecto, trabalhando no campo, viajando milhares de quilómetros por estradas em estado calamitoso para conseguir cultivar as suas variedades experimentais de trigo ao longo do ano todo, aproveitando as diferenças climáticas. Conseguiu assim desenvolver, numa primeira fase, uma espécie muito mais adaptável e resistente à ferrugem. E também conseguiu vencer as barreiras psicológicas e convencer os agricultores e as autoridades mexicanos a adoptarem a nova variedade de trigo.

Entretanto, os fertilizantes à base de azoto começaram a ser utilizados, aumentando o crescimento e daí o rendimento do trigo. Mas havia um problema: como esses compostos químicos faziam crescer ao mesmo tempo o caule (já de por si comprido nas variedades mexicanas tradicionais) e as espigas, as plantas acabavam por vergar sob o peso dos grãos e as colheitas eram perdidas.

Numa segunda fase, já nos anos 1950, Borlaug percebeu que talvez uma planta mais pequena e robusta pudesse ser a solução contra este novo obstáculo. Existia justamente uma variedade japonesa cuja originalidade genética a tornava mais compacta, mais curta - e portanto, mais susceptível de resistir ao peso acrescido das espigas.

Borlaug decidiu cruzar a sua anterior variedade de trigo mexicano com essa espécie japonesa de trigo anão para transferir a vantagem genética para o trigo local. O resultado foi providencial: obteve uma planta compacta, baixinha, com a espiga carregada de grãos. "O resultado foi uma variedade que era resistente à doença e capaz de produzir 10 vezes mais grãos de trigo do que a variedade mexicana não tratada", escreve o Washington Post.

Depois disso, houve governos de vários países que pediram ajuda a Borlaug, a começar pela Índia e pelo Paquistão. Mais tarde, desenvolveu também novas variedades de alto rendimento de arroz, alimento de base nos países asiáticos. Em duas décadas, a América Latina, o Médio Oriente e a Ásia tinham entrado na era da revolução verde.

Segundo estimava numa entrevista (também referida pelo NYT) Gary Toenniessen, director dos programas agrícolas da Fundação Rockefeller, cerca de metade da população mundial vai para a cama à noite depois de consumir grãos derivados de uma das variedades de alto rendimento desenvolvidas pela equipa de Borlaug.

Críticas ambientalistas

Borlaug viria mais tarde a ser criticado pelos ambientalistas por ter fomentado o abuso de fertilizantes e pesticidas químicos e o recurso à monocultura, aumentando as necessidades em água de rega (as variedades de alto rendimento são mais sedentas) e reduzindo a diversidade genética dos cereais, promovendo assim o fim da pequena agricultura e o controlo das grandes multinacionais sobre a agricultura. "Os peritos norte-americanos difundem por todo o mundo práticas destruidoras e insustentáveis", dizia em 1991 Vandana Shiva, conhecida activista indiana.

A isso, Borlaug respondia que o problema não eram as técnicas agrícolas, mas o crescimento populacional descontrolado, e que se a população mundial continuasse a crescer, a espécie humana seria destruída. Para ele, as críticas reflectiam um modo de pensar "elitista", próprio de pessoas que nunca tinham tinha tido "de se preocupar com a próxima refeição". Porém, veio ulteriormente a reconhecer que nem todos os ambientalistas eram fundamentalistas e que era preciso reduzir a utilização de compostos químicos na agricultura.

Nem todas as críticas são disparatadas, concorda numa crónica no site da revista New Scientist a jornalista Deborah McKenzie, que o conheceu pessoalmente. Em particular, escreve, "é um facto que as culturas modernas precisam de muita água e que os solos não são indefinidamente sustentáveis. Mas não tenho paciência para os argumentos segundo os quais a revolução verde foi um complot capitalista egoísta. A fome costumava ameaçar regularmente o subcontinente indiano: em 1943, dois milhões e meio de pessoas morreram no Bengal. A revolução verde acabou com isso." Público (Temas)

2009/09/15

Necessidade da coesão

Sendo soberano nas suas decisões, o Governo que sair das eleições de 27 de Setembro terá que avaliar o custo de oportunidade que será dispensar fundos já garantidos e congelar os compromissos da cimeira da Figueira da Foz, onde, por exemplo, se decidiu que a ligação a Madrid seria feita por Badajoz (como queriam os espanhóis) e não por Cáceres (como até aí defendiam os portugueses). Do lado espanhol, o projecto não está em causa seja qual for a decisão de Lisboa - a principal justificação para levar a alta velocidade à sua fronteira ocidental é justificada com a necessidade da coesão económica e social do país. Em construção está já um troço de 70 quilómetros, que parte de Badajoz em direcção a Madrid. in publico.pt, 15.09.2009 - 09h13

Nota: "necessidade da coesão económica e social" de Espanha, não será assim? Enquanto Madrid mantiver uma visão estreita não vamos a parte nenhuma. Só se formos com os Galegos e os Catalães (com estes últimos é mais da ordem platónica, à distância)... Os fundos europeus virtualmente garantidos não me parecem um motivo suficientemente forte para avançar com um projecto que pode estar condenado à inutilidade (e quem vai pagar os custos de manutenção que são "eternos" e elevados?), quando há tanto para fazer em termos de ligações ibéricas que sirvam de facto todas as populações locais.


Zapatero encontra-se com Sarkozy

Se os argumentos não bastam, venham os exemplos. José Sócrates invocou hoje, num almoço com empresários de Santarém, os presidentes dos EUA, Espanha e França para justificar a sua forte aposta nos investimentos públicos, em particular o TGV.

“É preciso fazer investimento e nenhum país desiste disso. Vejam Barack Obama nos EUA, com um programa de modernização das infraestruturas. Zapatero encontra-se com Sarkozy e decidem um programa conjunto para acelerar a ligação de alta velocidade entre os dois países”, exemplificou.

E se alguém tinha dúvidas de que Sócrates falava do TGV, já que nunca o referiu, a prova foi dada: “Todos os empresários que aqui estão sabem que hoje é decisivo uma empresa estar ligada aos mercados do centro da Europa e isso, num país periférico como Portugal, exige uma boa rede de transportes”. Público, 15.09.2009 - 15h31

Nota: pensava que Sarkozy se encontrava mais com a Merkel mas parece que me enganei... Outra vez a ficção do comboio de mercadorias a 350 à hora... Falta saber o que é que Portugal tem para exportar... Quanto a Obama, duvido que se soubesse quem é o Pinto de Sousa (isto possui efectivamente duplo sentido sem que essa fosse a intenção original), sentisse qualquer simpatia e identificação em relação a ele.


A chantagem dos fundos

Depois de ter ouvido as queixas dos agricultores, Ferreira Leite estabeleceu a comparação com o que se passa com os fundos para a agricultura. “Mais de 800 milhões já foram perdidos, são irrecuperáveis e ninguém fala desse aspecto”, denunciou, manifestando a sua perplexidade quanto a um clamor sobre a eventual perda de fundos que não estão disponíveis.

Pacheco Pereira, o cabeça-de-lista do PSD por Santarém, lembrou a sua experiência de eurodeputado para tentar desmontar a teoria de que os sociais-democratas enveredaram por um discurso nacionalista inadequado a um país que pertence à União Europeia e recusou a “chantagem” dos argumentos da perda de fundos comunitários.

“Há muita coisa que pode ser negociada”, afirmou, evocando sessões no Parlamento Europeu em que, por exemplo, belgas e franceses se uniam contra os chocolates dos ingleses e dos irlandeses ou quando os portugueses se batiam – “ e bem” – em defesa das suas pescas. Público, 15.09.2009 - 13h27


Bandido é bandido

“PS e PSD têm a obrigação de dizerem se estão disponíveis para alterar as leis penais, tornar regra o julgamento rápido em flagrante delito e se aceitam alterar o regime da liberdade condicional, dizer o que fazem à reincidência e também à alteração dos prazos da prisão preventiva”, disse Portas, no final de uma arruada, no Porto, ao início da tarde de hoje.

Elegendo a segurança como tema do dia – aproveitando o facto de se assinalar dois anos sobre a entrada em vigor da reforma das leis penais – Portas quis demarcar-se da extrema-esquerda. “A extrema-esquerda é extraterrestre em matéria de segurança, parece que não há criminalidade ou então o criminoso é sempre o coitadinho. Não, o coitadinho é a vítima”, afirmou o líder centrista que percorreu ruas do Porto ao lado do ex-presidente do partido Ribeiro e Castro. Público, 15.09.2009 - 15h17

Nota: seguramente que as leis penais têm de ser alteradas. Um criminoso é antes de tudo um criminoso e os seus direitos devem ser reduzidos ao mínimo sob risco de se minar todo o funcionamento da sociedade. O crime económico (crimes de "colarinho branco") é também um crime grave quando coloca em risco o interesse público. Os crimes cometidos por governantes e detentores de cargos públicos devem ser substancialmente mais penalizados, de acordo com as respectivas responsabilidades na administração pública, assim como nas fundações, bancos e empresas participadas pelo Estado e outras empresas e instituições de interesse estratégico para o país (quanto maior a responsabilidade do cargo maior é o crime). Todo o acto de corrupção, activa ou passiva, cometido por governantes e detentores de cargos públicos, assim como detentores de cargos nas empresas, fundações e outras instituições de utilidade pública, deve ser considerado automaticamente acto de corrupção "ilícito".
Passage

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Netaudio Festival Berlin

Netaudio Festival Berlin 2009 / “East meets West”. De 8 a 11 de Outubro de 2009, o festival reune em Berlim a comunidade sonora que vive na net num evento de quatro dias de música e conferências.

2009/09/14

Recomeçou o treino para a estupidificação

É patético mas eles já andam outra vez por aí. Uns tipos com uns fatos pretos, com umas capas e gravatas (pretas), tipo funcionários de uma qualquer agência funerária.

Fazem-se acompanhar por uns tipos meio atarantados a quem chamam de "caloiros", guardando para si a auto-designação de "veteranos". Normalmente berram para o ar umas frases que o rebanho dos "caloiros" repete gritando.

Não fosse o fardamento fúnebre e pensar-se-ia estarmos face a novos recrutas que aderiram ao serviço militar. Mas não. Tratam-se de estudantes universitários, tratam-se dos futuros "especialistas", gestores e políticos portugueses, e isso diz muito sobre o futuro de Portugal.


“estamos integrados na Europa”

Ao segundo dia de campanha, continuam as palavras cruzadas entre os líderes dos dois maiores partidos sobre o TGV. Se de manhã Manuela Ferreira Leite usou o argumento da independência económica para ser contra a alta velocidade, ao almoço José Sócrates lembrou que “estamos na Europa em integração económica”.

“Independência económica só significa isolamento económico, pobreza, atraso e subdesenvolvimento”, afirmou, aplaudido por cerca de 600 pessoas que o esperaram durante mais de uma hora no núcleo empresarial de Beja. “Isto significa uma visão retrógrada e passadista”, frisou Sócrates, recordando que “nós já construímos o mercado único e isso é um bem para todos os países europeus”.

Para Sócrates, “acabou o tempo do Portugal atrasado”. in publico.pt, 14.09.2009 - 14h53

Nota: também a Roménia e a Bulgária estão (integradas na Europa) e é o que se sabe...

Pérola 1: “acabou o tempo do Portugal atrasado.” (pelos comentários que se encontram na net, escritos por portugueses "informados" que sabem usar a intermet e tudo, Portugal continua atrasado e em estado bronco)

Pérola 2: "Independência económica só significa isolamento económico, pobreza, atraso e subdesenvolvimento." (estará a Noruega isolada economicamente, subdesenvolvida, atrasada e a passar mal?)


Não é ficção

Podia ser ficção (negra) mas o nível dos comentários que este blog apagou e guardou para memória futura transcendem toda e qualquer ficção e dão-nos uma imagem muito pouco virtual de um certo país real. Infelizmente não é ficção.
Já nos bastam os estádios

Há algo que, concerteza devido ás minhas muitas limitações, me escapa na compreensão da importância de um TGV a ligar Madrid/Lisboa.

Se pensarmos que é mais fácil chegar a Londres que, por exemplo, ir de Chaves a Orense (de transportes públicos, porque de carro será pouco mais de meia hora), talvez se conclua que Portugal e Espanha necessitam de outras ligações que não um TGV a ligar duas capitais já bem servidas pelas linhas aéreas low-cost, nomeadamente.

Por mais ecológico que seja tenho as minhas dúvidas que as pessoas vão pagar o mesmo (ou substancialmente mais...) que pagariam pela viagem de avião só para fazerem a vontade aos governos...

Um TGV que vai andar vazio (por quem sois senhores: já nos bastam os 11 estádios de futebol construídos num acesso de esquizofrenia dos governantes, muito aplaudidos pelo "povo", estádios que agora só servem para dar despesas de manutenção) não me parece um bom investimento. Para servir de comboio de mercadorias acho a ideia delirante: as mercadorias urgentes são despachadas através de empresas especializadas que usam meios próprios e as mercadorias regulares não necessitam de andar a 350 Km à hora. Mas como disse, estar-me-á a escapar qualquer coisa...

2009/09/13

Um gato é um gato

"Um cão é um cão. Um gato é um gato. Portugal é um túmulo". Infelizmente não consegui encontrar o nome do autor destas linhas. Compreendo bem a ideia, e não posso discordar (nem é por acaso que José Saramago disse e escreveu que Portugal está num processo de decadência irreversível), mas alargaria o conceito (de túmulo) a grande parte da Europa. E alargaria não só pelo seu passado de atrocidades sobre atrocidades. Basicamente a Europa é fechada e tribal, sem laços significativos (que não sejam artificiais e forjados politicamente) entre o norte, o sul, o este e o oeste, mas Portugal, devido à sua periferia e ao facto de só ter um tipo de vizinhos, com os quais nem sequer tinha uma boa relação, desenvolveu um tipo de fechamento típico das sociedades árabes e africanas mais fechadas. A decadência a que se refere Saramago é absolutamente normal se tivermos em conta que todas as sociedades endogâmicas (sociedades onde a troca de mulheres acontecia exclusivamente dentro dos limites do grupo ou tribo) desapareceram. Por isso Portugal e Espanha deveriam resolver o "seu problema", porque se existem laços significativos entre países europeus eles encontram-se seguramente entre Portugal e Espanha.

Quanto ás "regiões", só não vê quem não quer, a norte do Rio Douro há uma só, que integra o norte de Portugal mais a Galiza. Assim era nas origens (o idioma, como é sabido, era o galaico-português) e assim será no futuro, se isso corresponder, como parece, à vontade de populações que foram artificialmente separadas por fronteiras políticas.

Num cenário de uma hipotética união ibérica, a Península Ibérica poder-se-ia chamar Ibéria, como Saramago propôs, e seria uma federação das várias regiões ou "nações", ficando por resolver que tipo de Estado federativo teremos.

Este irá ser o grande e verdadeiro dilema (monarquia ou república?)* porque em poucos anos, compelidos pela decadência acelerada de Portugal (evidentemente que os portugueses, mais o seu "modus vivendi", só porque compreenderam o buraco que criaram e querem mudar, não vão ser completamente diferentes de um dia para o outro, de um ano para o outro, de uma década para a outra: não vão passar de tribais a cidadãos do mundo, de repetitivos a criativos, assim como Portugal não vai passar da sociedade mais desigualitária da Europa à mais igualitária, sendo este último ponto uma das causas principais do actual afundamento de Portugal: mas até isto é simplesmente uma das consequências da estruturação afectiva, cultural, social e económica de uma sociedade tribal), poucos portugueses porão em causa a necessidade de "voltarmos às origens" e juntarmo-nos a Espanha.

Basicamente será muito bom para nós portugueses. Não só nem principalmente por questões económicas: nós os portugueses estamos "um pouco" fartos uns dos outros. É como num casamento que só se mantém para salvar as aparências: não pode durar muito e se durar é um falso casamento. A União Ibérica permitir-nos-á em certa medida sairmos deste casamento que não tivemos oportunidade de escolher. Seguramente que os do Norte vão-se sentir muito mais felizes com os da Galiza, os da Extremadura estarão bem uns com os outros, e os do Sul com os Andaluzes.


* existirão outros dilemas "menores", como a localização da capital, os idiomas oficiais, a bandeira e o hino que terão obviamente de mudar. Não há bela sem senão e a união só será possível se os espanhóis de Castilha-Leão compreenderem e aceitarem isso (se não aceitarem Portugal vai definhar e a Espanha também porque vai ficar sem a Catalunha e o País Basco). Claro que a Catalunha abrirá garrafas de Freixenet para comemorar e, integrada na Ibéria, talvez abandone os seus imptos separatistas, o mesmo acontecendo com os Bascos, apesar destes serem imprevisíveis...


Gallæcia

O galego-português (também chamado de galaico-português, proto-galego-português, português antigo, português arcaico, galego antigo, galego arcaico) foi a língua falada durante a Idade Média nas regiões de Portugal e da Galiza, (Espanha), da qual as atuais línguas portuguesa e galega descendem, assim, o galego-português é o idioma ancestral comum às línguas galaico-portuguesas.

A língua considera-se formada no século VIII, principalmente como desenvolvimento do latim vulgar falado pelos conquistadores romanos a partir do século II d.C. No seu momento, foi língua culta fora dos reinos da Galiza e de Portugal nos reinos vizinhos de Leão e Castela. Por exemplo, o rei castelhano Afonso X o Sábio escreveu as suas Cantigas de Santa Maria em galego-português. A sua importância foi tal que é considerada a segunda literatura mais importante durante a Idade Média europeia , só perdendo para o occitano.
...
A região que abrange os galegos da Galiza e os galegos do Norte de Portugal fazia parte da antiga província romana da Galécia ou Gallæcia (posteriormente Reino da Galiza) e ainda hoje, séculos depois da separação de Portugal e da Galiza, os cidadãos dos dois lados da Raia conformam uma mesma identidade cultural que é candidata a ser reconhecida património da humanidade pela UNESCO. in Wikipédia (Língua galego-portuguesa)

2009/09/10

Não serve

Não se pode dizer que de Espanha nem boa brisa nem boa Prisa, porque o clima para este monumental acto censório é da exclusiva responsabilidade de José Sócrates.

35 anos depois da ditadura, digam lá o que disserem, não volta a haver o Jornal de Sexta da TVI e os seus responsáveis foram afastados à força.

No fim da legislatura, em plena campanha eleitoral, conseguiram acabar com um bloco noticioso que divulgou peças fundamentais do processo Freeport.

Sem o jornalismo da TVI não se tinha sabido do DVD de Charles Smith, nem do papel de "O Gordo" que é (também) primo de José Sócrates e que a Judiciária fotografou a sair de um balcão do BES com uma mala, depois de uma avultada verba ter sido disponibilizada pelos homens de Londres.

Sem a pressão pública criada pela TVI o DVD não teria sido incluído na investigação da Procuradoria-geral da República porque Cândida Almeida, que coordena o processo, "não quer saber" do seu conteúdo e o Procurador-geral "está farto do Freeport até aos olhos".

Com tais responsáveis pela Acção Penal, só resta à sociedade confiar na denúncia pública garantida pela liberdade de expressão que está agora comprometida com o silenciamento da fonte que mais se distinguiu na divulgação de pormenores importantes.

É preciso ter a consciência de que, provavelmente, sem a TVI, não haveria conclusões do caso. Não as houve durante os anos em que simulacros de investigação e delongas judiciais de tacticismo jurídico-formal garantiram prolongada impunidade aos suspeitos.

A carta fora do baralho manipulador foi a TVI, que semanalmente imprimiu um ritmo noticioso seguido por quase toda a comunicação social em Portugal. Argumenta-se agora que o estilo do noticiário era incómodo. O que tem que se ter em conta é que os temas que tratou são críticos para o país e não há maneira suave de os relatar.

O regime que José Sócrates capturou com uma poderosa máquina de relações públicas tentou tudo para silenciar a incómoda fonte de perturbação que semanalmente denunciou a estranha agenda de despachos do seu Ministério do Ambiente, as singularidades do seu curriculum académico e as peculiaridades dos seus invulgares negócios imobiliários.

Fragilizado pelas denúncias, Sócrates levou o tema ao Congresso do seu partido desferindo um despropositado ataque público aos órgãos de comunicação que o investigam, causando, pelos termos e tom usados, forte embaraço a muitos dos seus camaradas.

Os impropérios de Sócrates lançados frente a convidados estrangeiros no Congresso internacionalizaram a imagem do desrespeito que o Chefe do Governo português tem pela liberdade de expressão.

O caso, pela sua mão, passou de nacional a Ibérico. Em pleno período eleitoral, a Ibérica Prisa, ignorante do significado que para este país independente tem a liberdade de expressão, decidiu eliminar o foco de desconforto e transtorno estratégico do candidato socialista.

É indiferente se agiu por conta própria ou se foi sensível às muitas mensagens de vociferado desagrado que Sócrates foi enviando. Não interessa nada que de Espanha não venha nem boa brisa nem boa Prisa porque a criação do clima para este monumental acto censório é da exclusiva responsabilidade do próprio Sócrates.

É indiferente se a censura o favorece ou prejudica. O importante é ter em mente que, quem actua assim, não pode estar à frente de um país livre. Para Angola, Chile ou Líbia está bem. Para Portugal não serve. Mário Crespo in jn.sapo.pt, 2009-09-07


Nota: o "Dossiê Sócrates", que estava disponível em lulu.com e incluía documentos sobre a hipotética licenciatura de Pinto de Sousa, também foi censurado. Porreiro pá!

Nota 2: claro que Pinto de Sousa não serve, como não servia o "candidato sempre em pé", Santanete Lopes (mas esse não foi eleito e teve vida curta como PM), e como não serve o cacique da Madeira, que está no poder - eleito legítima e democraticamente, de acordo com as leis portuguesas inspiradas no direito pós-nazi (que não sei se será assim tão "pós"...) alemão - há mais de 30 anos.


Chatices...

Em poucos dias um livro teve, em Portugal, sem cartazes nem entrevistas, mais de oito mil downloads. Esse livro chama-se “O Dossiê Sócrates” e o seu autor, António Balbino Caldeira descreve no seu blogue, Do Portugal Profundo, como numa grande editora portuguesa passaram a determinado momento de um imenso interesse pelo seu livro para não mais lhe atenderem o telefone. As peripécias editoriais deste livro tal como doutros num passado recente são um bom indicador não da maior ou menor liberdade existente em Portugal mas sobretudo da disponibilidade das empresas e dos cidadãos para aceitarem um maior controlo das suas vidas por parte do Estado.

Não me parece provável que as editoras pelas quais passou “O Dossiê Sócrates” tenham recebido algum recado do gabinete do primeiro-ministro desaconselhando a publicação do livro quanto mais não seja pela prosaica razão que tal não é necessário: o país é pequeno, os negócios não vão bem, cada vez mais os empresários vivem à sombra da máquina estatal (e na comunicação social das campanhas publicitárias das várias empresas estatais), o crédito, via BCP e CGD, está nas mãos de quem governa. Mais vale perder um bom negócio do que comprometer outros. Em conclusão, ninguém quer ‘arranjar chatices’.

2009/09/09

Maddie: no país de todas as censuras

A 13ª Vara Cível de Lisboa deferiu hoje a providência cautelar apresentada pelo casal McCann, pais de Maddie – desaparecida na praia da Luz em Maio de 2007 – no sentido de proibir a venda do livro de Gonçalo Amaral, ex-inspector da Polícia Judiciária, que defende a tese de que seriam os pais os responsáveis pelo desaparecimento e morte da criança.

O livro Maddie – A Verdade da Mentira não pode ser vendido a partir de hoje, e todos os exemplares que haja em banca ou armazém deverão ser recolhidos.

O tribunal decidiu também acolher o pedido do casal McCann de proibir a distribuição do filme com base no mesmo livro, que chegou a ser exibido pela TVI.

O tribunal intima a Valentim de Carvalho e a Guerra e Paz a recolherem todos os livros que ainda tenham para venda nas livrarias, proibindo-as de cederem para outros países os direitos de exibição do vídeo e de venda do livro.

Segundo a mesma decisão, as editoras não podem publicar estes ou outros livros ou vídeos que defendam a mesma tese.

Por fim, proíbe Gonçalo Amaral de fazer declarações sobre o conteúdo do livro ou do vídeo. in sol.pt, 9 Setembro 2009

Nota: eu pessoalmente também acredito que Maddie não está viva e que foram os pais os responsáveis pelo seu desaparecimento. Mas isto não passa de uma "crença" minha, pois nem sequer li o livro de Amaral. Penso, e isto já não será propriamente uma crença, que os McCann não demonstraram grandes escrúpulos ao fazerem dinheiro à custa do desaparecimento da filha. Todo o "caso Maddie" foi atroz e tenebroso, mas é simplesmente vergonhosa a maneira como Portugal diz "amen" aos britânicos (e a todos...)! Depois da incompetência total nas diligências de investigação e na perservação do local do desaparecimento, assim como dos veículos utilizados pelos McCann (que não foram logo declarados suspeitos...), incompetência que possibilitou e alimentou a sistemática desacreditação das teses de Amaral, levada a cabo pela eficiente e muito profissional "máquina" criada pelos McCann, só faltava o lambe-botas...

Já agora: será que se pode vislumbrar alguma ligação entre o atraso da investigação sobre fluxos, para offshores, de dinheiro relacionado com o caso Freeport, investigação a cargo do Serious Fraud Office que é dependente do governo de Brown, da mesma família política do governo de Pinto de Sousa, e esta decisão do tribunal português? É que os McCann são amigos do Gordon Brown...


A máquina de fazer $$$ não pára

Londres, 09 Set (Lusa) - A família McCann continua a exigir o pagamento de uma indemnização de pelo menos 1,2 milhões de euros ao ex-inspector da PJ Gonçalo Amaral pelas suas declarações consideradas difamatórias a propósito do desaparecimento de Madeleine.

"Estamos a pedir 1,2 milhões de euros de indemnização neste momento, mas reservamos o direito de rever este número em alta à medida que forem encontradas mais provas sobre os lucros que foram feitos com este livro", disse hoje à Agência Lusa o advogado da família, Ed Smethurst. Lusa, 09 de Setembro de 2009, 15:45


English Translation

2009/09/07

Ex-President Denounces Iran’s Government

Mohammad Khatami, Iran’s former president, made a fiery speech Sunday against the government, accusing its leaders of trying to smear their enemies and purge them from public life with “fascist and totalitarian methods.”

The speech by Mr. Khatami, a leading reformist, came a day after his ally, the losing presidential candidate Mir Hussein Moussavi, called on supporters to deepen their protest movement, in his first major statement in weeks.

Together, the two statements, posted on the Internet by opposition Web sites, made clear that opposition leaders — much like their hard-line foes — are girding supporters for a long-term battle to be waged as much through ideas and quiet social organizing as through the public protests that followed Iran’s disputed presidential election on June 12.

Both Mr. Khatami and members of the group he addressed, the Islamic Society of University Professors, expressed deep concerns about threats to academic freedom in the coming school year. On Saturday, after days of calls by conservatives to purge Iran’s universities of professors and curriculums deemed “un-Islamic,” the government announced the start of a high-level investigation on how the humanities are taught.

The conservatives appear to be planning a broader campaign that goes beyond university studies. On Saturday night, Iran’s supreme leader, Ayatollah Ali Khamenei, told a group of artists and cultural professionals that Iran was embroiled in a “soft war” against internal enemies. Anyone in the field of culture must now recognize important distinctions between “friends and enemies,” “attack and defense” and “explanation and propaganda,” the ayatollah said.

His speech echoed another one Friday night by the deputy chief of staff of Iran’s armed forces, Muhammad Bagher-Zolghadr, who outlined the distinction between “hard war” and “soft war,” in which “the enemy is everywhere.” He warned that the West, with its sophisticated media outlets, is better equipped for soft war than Iran.

The new emphasis on ideological warfare came as signs emerged that hard-liners might be relinquishing some of their more overt weapons, at least for now. A report on the pro-government Web site Jahan News said that what are now highly publicized show trials of groups of reformists will proceed on an individual basis and behind closed doors. There have been reports that the new head of Iran’s judiciary, Sadeq Larijani, was opposed to the continuation of the trials in their current form.

At the same time, the government clearly remains concerned about the possibility of renewed protests. The authorities have canceled a number of public events associated with the Muslim holy month of Ramadan in recent days, apparently out of fear that they could turn into opposition rallies. Last week, the annual Ramadan “Night of Strength” celebration at the immense shrine to Ayatollah Ruhollah Khomeini outside Tehran was canceled for the first time in 20 years. Mr. Khatami had been scheduled to speak at the event, and it was canceled under pressure from Iran’s security and judicial establishment, opposition Web sites reported.

Several smaller Ramadan dinners organized by reformists were canceled on orders from the authorities. And the annual mass prayer event to mark the end of Ramadan is being moved from its usual place, in a vast Tehran prayer hall, to a smaller location.

Although street protests have subsided, opposition leaders have made it clear that they are not giving up the option of direct political confrontation. In his statement on Saturday, posted on kaleme.com, Mr. Moussavi called for more public rallies — large and small — and for more of the nightly rooftop calls of “God is great” that have infuriated the authorities.

He also outlined a series of mostly familiar demands: an investigation of the election, which he and other opposition leaders say they believe he lost because of extensive fraud; an investigation of crimes carried out during the violent crackdown afterward; revised electoral laws; and guarantees of freedoms of assembly, speech and press.

Yet like his conservative counterparts, Mr. Moussavi also spoke of the need to deepen his movement with a “social approach, not only a political approach.” And he suggested that the opposition movement, despite its apparent weakness in the face of arrests, trials and intimidation, had won substantial moral victories.

“Despite the regretful, bitter developments of recent days,” Mr. Moussavi wrote, “people now have timeless convictions that are miles more important than the election of one man.” ROBERT F. WORTH in nytimes.com, September 6, 2009


Note: Iran is a country with a great culture and history. Deserves a (much) better governement and freedom to allow the creativity of it's brave people, specially it's courageous, intelligent and well educated women.
Bach by Leonhardt
Cadenza of Bach's Brandenburg Concerto 5 by Gustav Leonhardt

2009/09/04

Prisa nega interferência

O grupo espanhol Prisa negou hoje qualquer interferência na decisão que levou à suspensão de o Jornal Nacional de Sexta-feira da TVI, insistindo que se tratou de uma ordem da equipa de direcção em Lisboa e não da sede do grupo em Madrid.

"Foi uma decisão que se insere no âmbito da gestão da direcção da cadeia [de televisão] e com o envolvimento da Direcção-Geral da Media Capital", afirmou à agência Lusa fonte oficial da Prisa. "Quando se coloca à frente de uma empresa uma equipa de direcção temos que respeitar a sua decisão. E isso é tudo", acrescentou.

A mesma fonte rejeitou ainda notícias de que o próprio conselheiro delegado da Prisa, Juan Luis Cebrián, se tenha envolvido directamente no caso, insistindo que a Prisa "respeita a independência de gestão" de todas as suas empresas. "O conselheiro delegado tem o papel de marcar as directrizes gerais da empresa, definir por exemplo se vamos ou não reforçar a presença neste ou naquele país. Mas quando há uma empresa [Media Capital] que tem uma direcção-geral e um conselheiro delegado, são eles que gerem essa companhia", explicou.

Normalmente, frisou a fonte, decisões como estas na TVI são tomadas por cada equipa directiva, no local onde está, sem consultas prévias à sede em Madrid e porque a Prisa "confia nas equipas gestoras que tem em qualquer local". "Naturalmente que depois, a nível interno, há uma cadeia de comunicação, mas as decisões não são tomadas com consultas prévias", frisou.

Seria impensável, insistiu a fonte, considerar que cada decisão que se toma pelas empresas do grupo Prisa tivesse que passar pelo crivo da sede em Madrid. "A posição da Prisa é respeitar e confiar nas decisões das suas equipas de gestores, neste caso da TVI e da Media Capital", sublinhou, acrescentando que "cada uma das empresas tem a posição que tem e uma equipa de direcção que actua". "A Media Capital tem demonstrado ter mantido uma gestão que se evidencia nas audiências", continuou.

Em Julho de 2005, a Prisa, o maior grupo de comunicação social espanhol, que detém o "El País", a rádio cadena SER e o canal de televisão Cuatro, tornou-se o accionista principal da portuguesa Media Capital, entrando deste modo na TVI. Em Outubro de 2006, a Prisa lançou uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a totalidade das acções representativas do capital social da Media Capital, passando a controlar o grupo.
...
Vasco Pulido Valente, comentador residente do JN6, anunciou que irá deixar o programa Roda Livre, na TVI24, em solidariedade com a equipa do jornal. "Não é um acto próprio de um regime democrático. Não se suspende um programa com tão grande carga política, criticado pelo primeiro-ministro, processado por ele, em vésperas de eleições", disse ao PÚBLICO. 04.09.2009 - 08h25 (actualizada às 12h07)


O outro primo

Bernardo Pinto de Sousa, que se encontra actualmente em Benguela, Angola, é mencionado tanto no célebre DVD do processo como em trocas de emails entre os arguidos Charles Smith e Manuel Pedro.

José Paulo Bernardo Pinto de Sousa é primo de José Sócrates pelo lado paterno. E a investigação inclina-se para ele como uma das figuras-chave que podem esclarecer os indícios de pagamento de ‘luvas’ no processo de licenciamento do outlet de Alcochete e qual o envolvimento do primeiro-ministro.

Recorde-se que, em 2006, Alan Perkins – um funcionário da Freeport PLC enviado de Inglaterra para investigar o rombo financeiro que o empreendimento de Alcochete provocara na empresa, em Londres – filmou, durante duas horas e meia, uma conversa entre Charles Smith e João Cabral. Na gravação em DVD, estes dois consultores da Freeport em Portugal referem várias vezes, como seu ‘homem de mão’, um primo de José Sócrates. em sol.pt, 4 Setembro 2009

Nem bons ventos nem bons casamentos? *

A decisão de suspender o Jornal Nacional de sexta-feira partiu directamente do presidente da Prisa, em Espanha, e foi comunicada à direcção da TVI hoje de manhã, disseram à Lusa fontes da estação.

De acordo com as mesmas fontes, o director-geral da TVI, Bernardo Bairrão terá ainda tentado convencer a Prisa a não suspender o jornal de sexta-feira, apresentado por Manuela Moura Guedes.

O director-geral da TVI Bernardo Bairrão, que era vice de José Eduardo Moniz e que lhe sucedeu após a saída para o grupo Ongoing, tem estado incontactável.

O Jornal Nacional estava previsto recomeçar na próxima sexta-feira com uma investigação sobre o caso Freeport, com documentação "que contradiz as informações que têm sido publicadas", segundo disse à Lusa Manuela Moura Guedes.

O jornal de sexta da TVI é líder de audiências, não tem orçamento próprio e não é dispendioso, pois é praticamente todo feito com jornalistas da casa, asseguraram as fontes, desmentindo rumores de que a justificação para a decisão se prendia com os custos do noticiário.

A direcção de informação da TVI demitiu-se hoje em bloco devido ao cancelamento do Jornal de Sexta. Agência Lusa, 03 de Setembro de 2009 em ionline.pt

* ou será que há um dedinho tuga na decisão que "veio de Espanha"?