2008/05/25

Ó Assam! Baixa isso, pá!

O Assam é o dono do net-center onde eu vou nos fins-de-semana. De mim, directamente, nem a PT, excluindo o telemóvel porque "tem de ser", até ver, nem as outras servidoras de internet em Portugal, levam sequer um cêntimo. O Assam diligentemente baixa o volume à sua insuportável musiquinha paquistanesa, creio, mas parece-me que fica tudo igual a massacrar-me os ouvidos e a cabeça, até que o Assam, intuindo o meu sofrimento, desliga temporariamente o som. Para mais tarde o voltar a ligar... Não se pode esperar melhor por 5o cêntimos à hora... Mas o Assam, pelo menos, tenta satisfazer a minha necessidade de não ouvir aquelas mixórdias sonoras, nem outras, conciliando-a (e não é fácil) com a sua necessidade de as ouvir. Sem necessidade de mais reclamações lá continuamos a nossa coexistência pacífica. Isto vem a propósito de que só esta semana tive de fazer 3 reclamações devido à falta de educação básica dos empregados portugueses. Uma, enquanto eu começava a escrever a reclamação pelo mau serviço, com a habitual e portuguesa arrogância à mistura, disse textualmente: faça lá a reclamaçãozinha, pague o que comeu, e mais nada! Claro que não paguei a parte da conta referente à reclamação. Como a referente ao resto ia, evidentemente, pagar aqui fica um exemplo da inútil estupidez e burrice dos, pelo menos de muitos, portugueses. As outras duas reclamações (obviamente que não servirão para nada pois os portugueses continuam cada vez mais iguais a eles próprios graças ao seu eficiente sistema de ensino que os educa para serem umas bestas) foram de uma assentada. O sujeito é, creio, aluno do ensino superior em artes, portanto um "tal especial" à portuguesa. Estava eu a fazer uma reclamação por determinado motivo e o sujeito a passar brutalmente atrás de mim, empurrando-me dada a exiguidade do espaço. Peça licença antes de passar para eu me desviar, disse-lhe. Estamos mesmo bem, exclamou, olhando-me fixa e ameaçadoramente. Faça outra reclamação, sugere, olhando-me ainda mais fixamente. Já que lê tanto precisa também de treinar a escrita, acrescenta. E assim foi. Treinei a escrita.


Ideias de Grilo

Fez sentido o tempo da guerra (na educação)?

Quando se tem uma grande vontade de atingir um determinado objectivo, tem de se ser muito determinado e mobilizar os meios necessários para atingir o objectivo. É como numa operação militar.

Portanto, estamos a falar da avaliação dos professores.
Isto não se aplica só à educação, é para quando se tem uma política pública para atingir um determinado objectivo. Quando esse objectivo leva a que se criem condições tão negativas, o objectivo passa a ser secundário em relação a ter o sistema a funcionar minimamente. Se queremos reformas na área da saúde ou educação, não podemos separar-nos completamente dos protagonistas que estão no terreno, porque são eles que vão dar corpo ao que se pretende fazer.

Temos um conjunto de professores que fazem todos os dias o milagre de fazer funcionar muito bem as escolas públicas e privadas. Para que esses professores mantenham a sua capacidade e empenho no que fazem têm que ter estabilidade.

Um estudo feito há uns anos sobre o stress dos professores mostrou que um dos factores é a contínua mudança de regras, obrigando a uma sobrecarga de preenchimento de papéis. A certa altura, têm dificuldade em acomodar essas mudanças e as escolas têm de ser verdadeiras organizações. Há ainda um número significativo de escolas sem liderança, equipa formada, objectivos definidos e meios mobilizados. As escolas vão ter de ser autónomas, por definição. In educar.wordpress.com, 2008/05/25 (a entrevista de Marçal Grilo ao Público)

Autónomas por definição significa serem livres de contratar os amigos para professores? Se significa isso, eu digo: as escolas portuguesas nunca serão autónomas. Por definição.

Quanto ao resto, Marçal Grilo devia era ter-se preocupado com o Ballet Gulbenkian (única instituição portuguesa que foi conhecida e prestigiada mundialmente), destruído pela sua colega do Conselho de Administração da FCG que tutela o serviço de música, com o acordo do CA, portanto com o seu acordo - de Marçal Grilo - que não votou contra essa decisão. Já agora, e porque acabaram com o BG supostamente pelo dinheiro (os lucros do petróleo vão todos para os honorários da senhora e dos senhores do CA, mais os concertos com que se presenteiam?), ainda dão aqueles milhõezitos de sponsoring à ENO (English National Opera)?


Não existe? Não existe mesmo...

O senhor vive em França. Vieira da Silva também aí viveu e acabou francesa. José Saramago vive em Lanzarote. Estas opções têm algum significado colectivo ou são apenas produto de circunstâncias pessoais?

No meu caso, verdadeiramente, é um acaso.
...
O senhor é um estudioso de Portugal e da portugalidade, mas gostávamos de aproveitar para lhe colocar algumas questões sobre a actualidade portuguesa. Por exemplo, confrontou-se há pouco tempo com a aprovação, na Assembleia da República, do Acordo Ortográfico. Como é que vê este novo português que aí vem?

Não me interesso muito por esse género de questões, não tenho a competência mínima...

É irrelevante para si esta questão?

Irrelevante não será, mas não tenho os elementos para poder julgar de uma maneira muito séria essa questão. Apesar de tudo, assinei, realmente, com outras pessoas, o manifesto contra [o Acordo Ortográfico]. O que eu penso é que não é necessário esse acordo. A prática linguística brasileira far-se-á segundo os termos em que está a ser feita e a nossa também continuará a fazer-se. Talvez só para documentos oficiais.
...
O jogo político deixou de ter qualquer componente, digamos, de um dinamismo suficiente para que nós nos interessemos por este tipo de luta. A paisagem neste capítulo é muito desertificada, [tal] como se vive em regime único. A superioridade política, neste momento, do PS, é tal que… Pode ser também uma aparência. Mas PSD e PS não são opositores, numa oposição agressiva e dinâmica, como foi em tempos. São duas alternativas à mesma coisa. Isso arrasta uma dramatização menor da cena nacional e quem está lá fora, realmente, não se pode interessar por uma espécie de drama que não existe. Eduardo Lourenço (entrevista ao DN)

Comentário: o Sequeira Costa e o António Damásio vivem nos EUA, a Maria João Pires, depois do delírio português, pisgou-se para o Brasil, o Artur Pizarro vive em UK, e por aí fora...


Para compreender o que está a acontecer

Após três décadas de democracia, estamos a assistir a uma reconfiguração do poder político. Essa reconfiguração assenta em dois pilares: o actual PS e a ala cavaquista do PSD. Incapazes de segurarem este arremedo de estado social, essas duas facções do poder tecnoburocrático uniram-se para procederem à maior transferência de riqueza de que há memória nas últimas três décadas. Essa transferência de riqueza é absolutamente crucial para a manutenção dos privilégios dos oligarcas. Os professores, por serem 140000 e por estarem sistematicamente divididos enquanto grupo profissional, foram os escolhidos para a realização desse processo de transferência de riqueza. Dentro de meia dúzia de anos, dois terços dos professores não passarão do meio da carreira e estarão condenados a trabalharem até aos 65 anos (ou mais) com um salário inferior ao de um sargento. Para que essa transferência de riqueza se realize sem sobressaltos para os oligarcas, é necessário que o poder político limite ou anule a liberdade de expressão nos espaços e organismos públicos. A escola pública tem sido um espaço de eleição para o exercício das liberdades. Com ameaças de processos disciplinares, exacerbação dos conflitos entre professores titulares e não titulares e uma política oficiosa de guardar segredo sobre tudo o que se passa nas escolas, o poder político foi criando as condições ideológicas e repressivas para que essa transferência de riqueza se continue a fazer de forma doce. O objectivo é fazer parecer essa transferência como natural, de modo a que as próprias vítimas do processo de pauperização e proletarização a aceitem como inevitável.
Se lerem A Política de Aristóteles, está lá tudo o que é preciso saber sobre o processo de perversão da democracia e a sua tranformação em oligarquia. Em Portugal, esse processo está em marcha. Ramiro Marques em ProfAvaliação (recebido em e-mail)


Grande Golpe!

Um quadro superior da GALP, admitido em 2002, saiu com uma indemnização de 290.000 euros, em 2004.

Tinha entrado na GALP pela mão de António Mexia e saiu de lá para a REFER, quando Mexia passou a ser Ministro das O.P. e Transportes...

O filho de Miguel Horta e Costa recém licenciado, entrou para lá com 28 anos e a receber, desde logo 6600 euros mensais.

Freitas do Amaral foi consultor da empresa, entre 2003 e 2005, por 6350 euros/mês, além de gabinete e seguro de vida no valor de 70 meses de ordenado.

Manuel Queiró, do PP, era administrador da área de imobiliário (?) 8.000 euros/mês.

A contratação de um administrador espanhol passou por ser-lhe oferecido 15 anos de antiguidade (é o que receberá na hora da saída), pagamento da casa e do colégio dos filhos, entre outras regalias.

Guido Albuquerque, cunhado de Morais Sarmento, foi sacado da ESSO para a GALP. Custo: 17 anos de antiguidade, ordenado de 17.400 euros e seguro de vida igual a 70 meses de ordenado.

Um cargo não executivo (?) era remunerado de forma simbólica: três mil euros por mês, pelas presenças.

Mas, pouco depois da nomeação, passou a receber PPRs no valor de 10.000 euros, o que dá um ordenado "simbólico" de 13.000 euros...

Outros exemplos avulso:

Um engenheiro agrónomo que foi trabalhar para a área financeira a 10.000 euros por mês.

A especialista em Finanças que foi para Marketing por 9800 euros/mês...

Neste momento, o presidente da Comissão executiva ganha 30.000 euros e os vogais 17.500.

Com os novos aumentos Murteira Nabo passa de 15.000 para 20.000 euros mensais.

É claro que esta atitude, emula do clássico "é fartar, vilanagem", só funciona porque existe uma inenarrável parceria GALP/Governo.

Esta dupla, encarregada de "assaltar" o contribuinte português de cada vez que se dirige a uma bomba de gasolina, funciona porque metade do preço de um litro de combustível vai para a empresa e, a outra metade, para o Governo.
...
Antes sustentar as gasolineiras espanholas que estão no mercado do que estes vampiros! (recebido por e-mail)